50 anos de Brian Clough no Nottingham Forest
Brian Clough marcou época pelo Nottingham Forest, em um período muito diferente do que vemos atualmente com o clube de volta às primeiras posições na tabela
Newsletter Meiocampo #6, 10 de janeiro de 2025
MANTENHA O MEIOCAMPO VIVO!
O Meiocampo é uma iniciativa que criamos para seguir produzindo conteúdo sobre futebol. Começou no podcast, chegou aqui na newsletter e em breve chega em um outro meio. Para que isso aconteça, precisamos de vocês! Seja membro no nosso canal de Youtube. Planos a partir de R$ 7,99!
O que os 50 anos de Brian Clough no Nottingham Forest diz sobre o passado e o presente
Registrar o que está acontecendo no mundo para a posterioridade pode ser um trabalho ingrato. Mesmo com todo o cuidado para se ater ao momento, sem grandes previsões ou exageros, esses registros nem sempre envelhecem bem. Mas, às vezes, eles são este trecho do jornal Football Post, de Nottingham, logo depois do primeiro jogo de Brian Clough no comando do Nottingham Forest, que completou 50 anos nesta semana:
“Não foi tanto um sopro de ar fresco que varreu os corredores do City Ground nesta semana - foi mais um furacão. Os ventos da mudança vieram ao clube e, uma hora após chegar, Brian Clough causou mais impacto do que a maioria dos treinadores consegue a vida inteira”.
É, e ele também causou um pouco mais depois.
O futebol não seria tão apaixonante sem o seu talento único para produzir histórias e, em toda a sua existência, conseguiu poucas melhores do que o Nottingham Forest de Brian Clough.
Clough, um ex-centroavante de muito sucesso do Sunderland que havia ganhado fama como técnico pelo título inglês com o vizinho e rival Derby County e por passar apenas 44 turbulentos dias no comando do Leeds, e principalmente por não conseguir manter a boca fechada, reconfigurou a jornada do herói no futebol para as gerações futuras.
A referência do quanto uma única pessoa pode revolucionar o presente e o futuro de um clube.
Ok, não foi uma única pessoa. O Forest decolou depois da chegada do seu braço direito Peter Taylor, a personalidade mais detalhista e ponderada para equilibrar o temperamento de Clough, e havia os jogadores, nomes como Peter Shilton, Viv Anderson, John Robertson e Tony Woodcock, mas ninguém concebe que tudo que aconteceu teria acontecido se Clough não fosse quem ele era.
Porque a ascensão do Nottingham Forest foi calcada em mais do que apenas o intelecto e a personalidade de seu treinador - mas não em muito mais.
O Forest não era grande coisa dentro do ecossistema do futebol inglês. Havia conquistado duas Copas da Inglaterra, uma em 1959 e outra na Era Vitoriana, e teve um período relativamente longo de estabilidade na primeira divisão antes de ser rebaixado no começo da década de 1970. A cidade era mais conhecida pela literatura e por aquele maluco que roubava dos ricos para dar aos pobres com um arco e flecha. Estava no meio da tabela da segunda divisão.
Dinheiro nunca não teve influência no destino dos clubes, mas as distâncias não eram tão oceânicas. Era possível aumentar significativamente seu poder de investimento com um time que empolgasse os torcedores a lotar as arquibancadas. O futebol ainda estava descobrindo direitos de televisão e patrocínios. A noção de que um oligarca russo ou um país produtor de petróleo compraria jogadores era ridícula. Dava para encontrar futuros craques que ninguém conhecia nas divisões inferiores.
E às vezes eles já estavam no elenco. Anderson, Robertson, Woodcock, Ian Bowyer e Martin O’Neill agonizavam no meio da tabela da segunda divisão quando Clough chegou e se transformaram em heróis do título inglês e das jornadas continentais, quase todos titulares nas finais contra o Malmö e Hamburgo (O’Neill saiu do banco de reservas na primeira e Woodcock já havia sido vendido ao Colônia na segunda).
Floresceram no ambiente criado por Clough, um exímio motivador, um daqueles treinadores que dão bronca com as portas fechadas e assumem a bronca com as portas abertas, como quando se esforçou para reduzir a pressão sobre Trevor Francis, que havia se tornado o primeiro jogador de 1 milhão de libras da história. Também foi astuto no mercado e, em parceria com Taylor, sabia como construir uma estrutura tática, mas foi principalmente a revolução de confiança, métodos e cultura no City Ground que fundamentou não apenas aqueles cinco anos mágicos em que o Nottingham Forest pulou da segunda divisão ao panteão da Europa, mas quase duas décadas em que foi um time relevante e competitivo. Não à toa a queda foi quase imediata após a saída do treinador em 1993.
É muito louco pensar que havia tanto talento, talento de primeira linha, talento bicampeão europeu em um time que, antes da chegada de Clough, não parecia tão diferente de muitos outros tentando desvendar o mistério do acesso. Não era tanto uma exceção naquela época. Anos antes, o Liverpool encontrara Kevin Keegan no Scunthorpe United. Quantos outros estariam na vizinhança do Forest na tabela e simplesmente nunca tiveram o contexto certo?
Hoje em dia ainda há espaço para diamantes escondidos nas divisões inferiores que pegam todos de surpresa, como um Viktor Gyökeres batalhando pelo Coventry City ou um Jamie Vardy tentando promover o Leicester, mas é difícil imaginar que o Swansea ou o Queens Park Rangers tenham uma espinha dorsal campeã europeia à espera do treinador certo.
Histórias de grandes reconstruções comandadas por personalidades fortes e talentosas como a de Brian Clough estão terminando com a chegada à Premier League e talvez um bravo nono lugar, mas em pouco tempo, Marcelo Bielsa é demitido porque perdeu quatro jogos seguidos. Ou são essencialmente milagrosas como o Leicester campeão inglês, e ninguém sabe explicar, porque Claudio Ranieri não é uma personalidade especialmente forte ou um técnico especialmente talentoso. E em pouco tempo, também foi demitido.
Independente da natureza, são menos sustentáveis, curtas e menos explosivas.
Não quero que isso pareça uma grande revelação, soem os tambores, porque a resposta é terrivelmente óbvia, mas, agora, o que de repente eleva um clube e o mantém lá em cima é quase exclusivamente dinheiro, de uma pessoa muito rica, de um consórcio de pessoas muito ricas ou de um país muito rico. Dependendo da quantidade, você ainda precisa fazer um ótimo trabalho para ser o Brighton, mas, se for muito, pode só atirar para todos os lados e ser o Chelsea.
As maiores mudanças de patamar deste século - Chelsea, Manchester City, Paris Saint-Germain - foram impulsionadas por quantidades incalculáveis de dinheiro, parte de projetos mais amplos de relações exteriores. Com a fórmula anterior, talvez dê para citar o Atlético de Madrid surfando na intensidade de Diego Simeone. Mesmo entre as ascensões que não atingiram níveis tão elevados, é mais comum rastrear o começo delas aos donos do que aos técnicos.
O que nos leva de volta ao Nottingham Forest. Cinco anos atrás estava na parte de baixo da tabela da segunda divisão e agora é o terceiro colocado da Premier League. Tudo bem. Não é a mesma trajetória que inspirou este texto, mas foi um salto relevante e ele será mais associado aos investimentos do magnata grego Evangelos Marinakis, principalmente depois do acesso, do que a qualquer outra coisa, mesmo o trabalho de Nuno Espírito Santo - excelente, mas recente.
E, sei lá, me chamem de saudosista, mas pessoalmente prefiro Brian Clough.
OUÇA O PODCAST MEIOCAMPO!
O podcast Meiocampo acontece toda segunda às 17h e sexta às 14h ao vivo no nosso canal de Youtube e logo depois entra em todas as plataformas de podcast. Se você ouve o podcast pelos tocadores, como o Spotify ou iTunes, vá até o nosso canal no Youtube, se inscreva, dê like nos vídeos, mande comentários. Isso ajuda a divulgar mais o podcast e chegarmos mais longe!
Guangzhou, símbolo das ruínas do El Dorado Chinês
O futebol teve diferentes “el dorados” em sua história. O El Dorado Colombiano inaugurou uma série de episódios em que centros menos expressivos da modalidade foram capazes de atrair uma quantidade respeitável de jogadores de primeira linha, sobretudo medalhões, pagando salários suntuosos. A Arábia Saudita é o fenômeno mais recente, enquanto Japão e Estados Unidos tiveram seus auges. Na China, o oásis que se abriu há mais de uma década, contudo, agora se mostra apenas uma miragem.
Uma característica marcante do ocaso dos anos de ouro do futebol chinês é justamente o desaparecimento de times que um dia protagonizaram as glórias no país – algo mais próximo do que aconteceu nos Estados Unidos, com a extinta NASL nos anos 1980. Nesta semana, pintou nas manchetes a prova cabal de que a história recente do futebol na China se esfumaça: o Guangzhou FC, antigo Guangzhou Evergrande, não recebeu permissão para disputar a segunda divisão nacional por conta de suas dívidas. Vai no mínimo interromper suas atividades profissionais, sem data para retorno.
O Guangzhou simboliza muito bem o processo de ascensão e queda do futebol chinês nos últimos anos. Alguns dos clubes que surfaram no El Dorado sequer eram tradicionais, se aproveitando da onda de investimentos de grandes empresas locais para decolar. O Guangzhou foi abraçado pela Evergrande, companhia que representava o momento pulsante na construção civil do país. A partir de 2010, o salto sem precedentes aconteceu para a agremiação de uma cidade importante da China, mas sem ter exatamente grande lista de glórias dentro de campo.
Fundado em 1954, o Guangzhou era um clube de aparições intermitentes na primeira divisão do Campeonato Chinês e sem conquistas tão relevantes. Pelo contrário, representava algumas dificuldades típicas das décadas anteriores à expansão do Campeonato Chinês: a luta por profissionalizar o futebol nos anos 1990, em meio à abertura maior do mercado nacional, e os recorrentes episódios de manipulação de resultados que contaminavam a lisura dos torneios. Sob apoio de diferentes patrocinadores, o Guangzhou viveu na gangorra entre a primeira e a segunda divisão na virada do século. A queda em 2009 foi seguida pelo acesso em 2010. Então, a história se transformou num estalar de dedos.
A Evergrande chegou ao Guangzhou exatamente neste momento de retorno à primeira divisão. Com respaldo do poder público, o futebol chinês recebeu massivos aportes financeiros das grandes companhias locais e desfrutou de benefícios que permitiram grandes contratações – num processo com similaridades ao que já ocorrera no vizinho Japão durante os primórdios da J-League, por exemplo. A China se firmou como um destino cobiçado, especialmente pelos altos salários que pagava. Existia um projeto de longo prazo, para aprimorar os talentos locais e levar as maiores competições do mundo ao país.
Obviamente, o El Dorado Chinês se inseria num contexto específico se comparado aos demais episódios do tipo. Após 15 anos de fronteiras ampliadas com a Lei Bosman e de um futebol europeu dominante sobretudo por suas cotas de TV, não chegou um Alfredo Di Stéfano, um Pelé ou um Zico aos times chineses. Mesmo assim, eles foram capazes de garimpar talentos inegáveis em mercados secundários, como Brasil e Rússia, assim como tiraram coadjuvantes de clubes de primeira prateleira da Europa. Além do mais, tinham técnicos renomados para oferecer um tempero a mais.
O Guangzhou Evergrande aproveitou tantos desses nomes. Na lista de destaques que saíram de clubes brasileiros, Darío Conca foi contratado como protagonista do Fluminense recém-campeão da Série A. Até então, os Tigres do Sul da China pinçavam talentos brasileiros espalhados por times menos competitivos financeiramente, como Muriqui e Cléo. O argentino foi um dos primeiros a desbravar o El Dorado, com a benesse de receber o terceiro maior salário do futebol mundial na época, atrás apenas de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Fincou bandeira para fazer um time multicampeão e abriu portas a muitos outros na sua esteira.
Do Brasil ainda chegaram ao Guangzhou alguns futuros ídolos, como Elkeson e Ricardo Goulart. A grande jogada da Evergrande, de qualquer maneira, era atrair outros que já estavam na Europa. Paulinho, Talisca, Robinho e Alan desembarcaram com renome, sobretudo o primeiro. Paulinho foi capaz de sair duas vezes de clubes das grandes ligas, Tottenham e Barcelona, para se aventurar na China. E atletas de outros países também abraçaram a ideia, alguns ainda com boa lenha para queimar – Lucas Barrios, Alessandro Diamanti, Alberto Gilardino e Jackson Martínez, todos vindos das cinco grandes ligas.
Como nenhum outro, o Guanghzou dominou a Super League Chinesa. O acesso de 2010 já se emendou com o título inédito na primeira divisão em 2011. O Evergrande acumulou um hepta consecutivo na elite até 2017, com ainda um troféu isolado em 2019 e dois vices até 2020. Os Tigres do Sul da China celebraram ainda dois títulos da Copa da China. Já o ápice ocorreu na Champions League Asiática, com as taças de 2013 e 2015. O Guangzhou pôs fim a um jejum de 23 anos dos clubes chineses na competição. Era o sinal mais claro de como o impacto da Super League extrapolava fronteiras, mesmo que a seleção patinasse.
O Guangzhou Evergrande não estava sozinho na força de mercado do Campeonato Chinês. Durante o auge do investimento, nomes até mais notáveis vestiram camisas de clubes como o Shanghai Shenhua, o Shanghai SIPG, o Beijing Guoan, o Shandong Luneng e o Jiangsu Suning. Didier Drogba foi o maior astro a jogar no país, logo após vencer a Champions com o Chelsea, mas durante um tempo se especulou até Gareth Bale. Como diferencial em relação à concorrência, o Guangzhou Evergrande soube construir times competitivos ao aliar estrelas estrangeiras em ótima forma e jogadores relevantes locais. As apostas em treinadores consagrados, sobretudo Marcello Lippi e Felipão, também deixou os Tigres num nível acima.
Os sinais de desgaste do modelo adotado pelo Campeonato Chinês foram gradativos, a começar pela “taxa de luxo” de 100% nas contratações de jogadores, imposta em 2018. Já era uma tentativa de fechar a torneira e redirecionar os investimentos a um modelo que promovesse mais o autodesenvolvimento. A pandemia e a crise imobiliária na China, por fim, impactaram inegavelmente no negócio. Os grandes nomes se tornaram cada vez mais raros. Um teto salarial também foi imposto. Os patrocinadores tiveram que tirar suas referências dos nomes das equipes. Sem a mesma prosperidade de outrora, alguns clubes importantes fecharam as portas.
Já tinha sido emblemático quando, em 2021, o Jiangsu Suning encerrou suas atividades. O clube acabara de conquistar a Super League em 2020, mas se extinguiu diante da crise na Suning, holding que também era proprietária da Internazionale. O eixo do futebol chinês mudava, embora antigas potências tenham se sustentado bem nessa metamorfose, sobretudo o agora dominante Shanghai Port – o antigo SIPG. Com o colapso e a seguida falência da Evergrande, o Guangzhou desabou junto. Foi rebaixado em 2022 e, desde então, vinha sendo um figurante na segunda divisão.
Agora, o Guanghzou FC sequer consegue viabilizar sua licença profissional no Campeonato Chinês, por conta de suas dívidas. Em sua nota oficial, a atual direção pediu desculpas e apontou que ainda buscará uma forma de apoiar o desenvolvimento do futebol local. Restam as raízes e a tentativa de preservar ao menos o espírito do velho Guangzhou, que possui uma expressiva base local. A média de público chegou a bater na casa dos 47 mil espectadores por jogo durante o auge do heptacampeonato.
O Campeonato Chinês atual é muito mais modesto em termos de referências. Ainda há uma legião importante de brasileiros, inclusive alguns naturalizados, como Elkeson, Alan e Fernandinho. Contudo, Oscar era o último grande elo com a bonança e se despediu recentemente após sete temporadas no Shanghai Port, herói em três conquistas da liga, inclusive em 2024. Sua saída soa como uma página virada em relação aos salários faraônicos e à capacidade de tirar figuras de relevo do futebol europeu.
Outro retrato de ruptura da Super League veio nos tribunais, em dezembro: Li Tie, astro da seleção que disputou a Copa do Mundo de 2002 e assistente do Guangzhou por quatro temporadas, foi condenado a 20 anos de prisão. Ele confessou ter participado de manipulação de resultados enquanto era treinador do Hebei China Fortune e do Wuhan Zall, além de aceitar e oferecer subornos nos dois anos em que treinou a seleção. O montante da corrupção chegava a US$ 16,5 milhões, segundo a justiça local. O caso mostra como o dinheiro corrente no futebol chinês nem sempre foi usado para o real benefício do esporte local.
A exclusão do Guangzhou FC, por fim, se torna o sinal mais expressivo do término de uma era. As taças empilhadas são apenas um souvenir na estante da instituição que precisa interromper sua história. O Campeonato Chinês ainda tem potencial para ser relevante na Ásia, dada a importância da economia local, assim como o investimento nos jogadores locais pode acertar a mão nos métodos de formação e aprimoramento. Contudo, daquele império sonhado, hoje restam ruínas do que foi um El Dorado. Sem Copa do Mundo no país, sem sequer Mundial de Clubes, com concorrência de outros emergentes, sem tantos figurões e sem sequer o clube que mais atraiu atenção do planeta.
Passa, repassa ou paga: as especulações da semana
A janela de meio de temporada na Europa é normalmente para corrigir rumos e clubes em crise em geral usam para tentar melhorar sua situação. Alguns jogadores em busca de espaço também tentam recolocação e às vezes essas duas situações se encontram.
É o caso de Randal Kolo Muani. O atacante da seleção francesa já é considerado descartável pelo PSG, que não sentiu que os € 95 milhões para tirá-lo do Eintracht Frankfurt foram correspondidos. Diversos clubes estão de olho no atacante, todos eles em situação não tão boa. A Juventus, que vive uma série de empates, o Manchester United, que lida com a crise há anos, e o Tottenham, que anda mais imprevisível que o clima em São Paulo.
A Juventus pode estar a caminho de abrir espaço no seu orçamento para a chegada de reforços com a possível saída de Douglas Luiz. Contratado por € 50 milhões, o brasileiro pouco jogou no time de Thiago Motta, afetado por lesões e atuações abaixo do esperado. O Nottingham Forest e o seu ex-time, Aston Villa, são candidatos a contratar o jogador, mas querem um empréstimo.
A Internazionale pensa em reforçar a sua defesa, que tem alguns jogadores acima de 30 anos, e quer Juma Bah, zagueiro de apenas 18 anos do Valladolid. Com 1,95 metro de altura, o jogador de Serra Leoa tem impressionado e está emprestado ao clube espanhol pelo AIK Freetong, do seu país-natal. Esse empréstimo não tende a durar muito: o Valladolid deve comprar o jogador, nem que seja para revender a um grande clube europeu.
Marcus Rashford parece mesmo sem espaço no Manchester United e prioriza o Milan como seu destino. O clube italiano se mostra disposto a levar o jogador, o que é curioso. A posição ideal de Rashford é justamente onde atua o melhor jogador do time, Rafael Leão. Ele também pode entrar na direita, onde joga Christian Pulisic, em ótima fase. Também pode ser centroavante, onde o clube se reforçou com Álvaro Morata e Tammy Abraham. Difícil entender por que tanto esforço para um atleta que nem parece tão necessário.
Enquanto o PSG quer a saída de Kolo Muani, se prepara para uma contratação de peso: Khvicha Kvaratskhelia. O clube de Paris tornou o georgiano sua prioridade, mas convencer o Napoli a vender o jogador em meio a uma campanha em busca do título da Serie A será uma tarefa árdua. O preço pedido pelos napolitanos é alto: € 80 milhões. E estão certos. Newcastle e Liverpool também estão de olho no atacante, mas o preço e os salários altíssimos oferecidos pelos franceses tornam sua ida para Paris o resultado mais provável.
Danilo, defensor da seleção brasileira, foi afastado na Juventus e terá o seu contrato encerrado seis meses antes do fim. O lateral direito, que atua como zagueiro nos bianconeri, deve fechar com o Napoli por um ano e meio. Antonio Conte vê boas qualidades no brasileiro para ajudar o clube do sul a conquistar o título italiano.
Enquanto isso, a Juventus tenta convencer o Barcelona a emprestar o zagueiro Ronald Araújo para que ele jogue na Itália, com a opção de compra estabelecida. O uruguaio é um jogador desejado para substituir Danilo, mas a Juve tem a concorrência do Arsenal, que também quer o defensor. Com o Barcelona em dificuldades financeiras, o negócio se torna mais provável.
O Manchester City está disposto a contratar nesta janela e um brasileiro pode chegar ao clube. É o zagueiro Vitor Reis, de 18 anos, do Palmeiras. O valor, segundo The Athletic, é de € 30 milhões (mais de R$ 188 milhões), com outras variáveis de desempenho que poderiam fazer o total chegar a € 40 milhões se forem atingidas.
Talvez até a semana que vem tenhamos algumas confirmações entre tantas. Até lá!
Lopetegui e Dyche movimentam ciclo de demissões na Inglaterra
Julen Lopetegui chegou com a banca de ser alguém para mudar o quadro do West Ham. Conhecido pela sua mentalidade de jogo ofensivo, ele teria a missão de suceder a David Moyes para melhorar a qualidade de futebol dos Hammers.
O que se viu foi um time que não conseguiu ter bom desempenho em praticamente nenhum momento. Lopetegui foi demitido depois de 22 jogos, o que o torna o técnico a ficar menos tempo no comando do West Ham nos 124 anos de história do clube. Um feito. E olha que a sensação foi de que ele durou até muito. Por pouco ele não foi demitido ainda em novembro.
Lopetegui perdeu nove dos 20 jogos de Premier League que fez e a torcida do próprio West Ham cantava “You’re getting sacked in the morning” para o treinador após a derrota por 4 a 1 para o Manchester City, um canto que é normalmente usado pela torcida adversária para tirar um barato.
Lopetegui fez bons trabalhos na seleção sub-21 da Espanha e no Porto, antes de ser chamado para ser treinador da seleção espanhola, em 2016. Dirigiu o time até dias antes da estreia na Copa de 2018, quando acabou demitido pelo anúncio de que seria treinador do Real Madrid depois do torneio.
Sua passagem pelo Real Madrid foi um fracasso previsível, com apenas 14 jogos no comando antes de ser demitido. Assumiu o Sevilla em 2019, onde conseguiu ir bem em um clube organizado e que tem dado condições excelentes para seus treinadores. Não por acaso muitos deles conseguem em Sevilha seu melhor trabalho em anos.
Quando deixou o Sevilla para assumir o Wolverhampton, foi um salto de fé do clube inglês. Que não deu certo. Após 27 jogos, ele também foi demitido. Sua escolha no West Ham, em maio de 2024, já era questionável.
Ele parece um treinador supervalorizado pelos seus feitos, com seus defeitos minimizados. Os bons trabalhos já são minoria na sua trajetória. O Sevilla é o único de longo prazo, com três anos no comando dos rojiblancos.
O West Ham escolheu Graham Potter como substituto de Lopetegui. O técnico inglês estava sem trabalhar desde que foi demitido do Chelsea, em abril de 2023, depois de apenas sete meses no cargo em Stamford Bridge.
Potter é uma escolha interessante, com um histórico bom no Östersund e no Brighton. O Chelsea é um clube que oferece poucas condições de trabalho e o próprio Potter não conseguiu se adaptar ao caótico ambiente por lá.
Terá uma nova chance de mostrar sua capacidade em um clube tradicional e que tem elenco para ir além da briga contra o rebaixamento que ameaçou sob o comando de Lopetegui.
De volta para o futuro
Mais ao norte da Inglaterra, o Everton perdeu a paciência com Sean Dyche e demitiu o treinador. Não foi uma surpresa. Nesta semana, o próprio Sean Dyche disse à nova direção do Everton que levou o time o mais longe que poderia e que seus métodos não pareciam mais ter o mesmo impacto. Ele não se demitiu, mas deixou o terreno pronto para a direção fazer isso. E fizeram.
O curioso é que os novos donos do Everton pensam justamente em uma volta ao passado para tentar resolver os problemas do clube. O nome que liga as duas histórias de demissão de técnico nesta semana: David Moyes. Mas voltaremos a ele mais adiante.
O Everton vive uma crise financeira e por anos persistiram especulações sobre a sua venda. Ela finalmente se concretizou em dezembro, quando The Friedkin Group (TFG), donos da Roma, assumiram o comando dos Toffees. Os proprietários preferiam manter o técnico até o fim da temporada antes de pensar em mudança, mas as circunstâncias fizeram com que tomassem outra decisão.
Dyche foi uma escolha que fez sentido para o Everton. O técnico se especializou em um estilo de futebol rústico, que caracterizou o seu Burnley por anos, adequado à briga contra o rebaixamento que o Everton vivia. Mas a fórmula, ainda que tenha funcionado antes, parecia desgastada.
O Everton vive mais uma briga contra o rebaixamento. Está apenas um ponto acima do Ipswich, primeiro time dentro da zona de descenso. E este é um ponto crucial para entender a busca pelo substituto.
Uma opção seria Graham Potter. Seu estilo de jogo o tornaria uma opção popular, mas à medida que a negociação caminhou, os dirigentes hesitaram. Potter teria que trabalhar em uma situação muito específica, uma luta contra o rebaixamento que pode ser brutal para o clube se acabar mal. Não parecia o ambiente ideal.
David Moyes surge como favorito para retornar ao clube onde esteve por 11 anos, de 2002 a 2013. O escocês foi demitido pelo West Ham ao final da temporada passada justamente por oferecer apenas mais do mesmo. Se o seu estilo conservador foi uma das razões da sua saída do time de Londres, essa pode ser uma razão para sua contratação em Goodison Park.
Moyes não é um treinador criativo e ofensivo como Graham Potter, mas tem mais recursos na manga que Sean Dyche, competente no que faz, mas que não tem outro estilo. Moyes pode ser um técnico da velha guarda, mas é alguém que conhece a Premier League, o clube e sabe o tamanho do desafio.
Conhecido por uma boa gestão de grupo, Moyes é uma escolha segura para os novos donos do Everton. Eles podem trazer até uma nova mentalidade, mas às vezes olhar o passado e garantir um pouco do que deu certo antes também pode ser um caminho. Certamente parece o mais seguro, em um momento tão delicado da história do Everton.
Graham Potter chegou para substituir Julen Lopetegui, que tinha sido contratado para substituir David Moyes, que agora pode substituir Sean Dyche. É o ciclo de treinadores que se fecha na Premier League.
Giro
- Paolo Guerrero já seria um atleta bastante lembrado por sua carreira em clubes. O centroavante possui uma ligação forte com o Alianza Lima onde surgiu, viveu bons anos na Bundesliga, rodou pelo Brasil com direito a gol do tamanho do mundo pelo Corinthians. A aura do veterano, todavia, sempre será medida pela seleção peruana. A torcida da Blanquirroja é uma das mais fanáticas da América do Sul. A veneração que Guerrero recebe de seus compatriotas é digna de uma relação que basicamente só se nota em clubes. Os peruanos viveram a seleção por muitos anos através de Guerrero. Entre os grandes nomes revelados pelo país durante a virada do século, era ele quem defendia a camisa de maneira mais carnal. Deu esparsos orgulhos em momentos de vacas magras, em especial nas Copas Américas. E virou uma espécie de Messias quando o Peru voltou a se classificar para uma Copa do Mundo após 36 anos, ainda mais com todo o drama ao redor de si rumo à Rússia. Brilhou na única vitória dos Incas em 2018. Aos 41 anos, com a braçadeira de capitão, Guerrero seguia onipresente na seleção. Não que surpreenda, mas o anúncio de sua aposentadoria das convocações acontece de forma repentina. Será um amor atemporal dos peruanos por aquele que, com 39 gols, é o maior artilheiro da seleção e fez muito por esse posto.
- Sébastien Haller vivia o auge da carreira quando descobriu um tumor nos testículos. O tratamento interrompeu sua adaptação no Borussia Dortmund, após viver meses excepcionais no Ajax. Mais importante, o centroavante se curou da doença. O futebol, contudo, não voltou ao mesmo nível para o artilheiro. Teve bons números na retomada com o Dortmund, embora mais marcado pelo fracassado desfecho na rodada final de 2022/23. Já em 2023/24, amargou o banco do time vice da Champions, enquanto se tornou herói do título da Costa do Marfim na Copa Africana de Nações. Emprestado ao Leganés neste primeiro semestre, não rendeu na parte inferior da tabela de La Liga. Aos 30 anos, Haller tem bola e tempo para desfrutar novamente de alegrias mais constantes. Assim, uma volta para casa soa bem-vinda: retorna por empréstimo ao Utrecht, pelo qual estourou entre 2014 e 2017, com 51 gols e 16 assistências em 98 partidas. Pode parecer pouco à fama de Haller, mas há uma ligação forte e também ambição de um clube que briga por vaga na Champions na atual Eredivisie.
- O sobrenome Cudicini é sinônimo de goleiros na Itália. Fabio Cudicini recebeu sua vocação do pai, Guglielmo, e transmitiu ao filho, Carlo. Ainda assim, foi ele quem mais elevou o nome da família sob as traves da Serie A. O fato de nunca ter entrado em campo pela seleção italiana, apesar de convocações como reserva, não diminui a importância de Fabio Cudicini como um dos maiores da posição no Calcio. Seu talento garantiu que se tornasse ídolo de duas grandes torcidas e conquistasse todos os principais troféus de sua época. Primeiro gravou seu nome na Roma, de 1958 a 1966, com a qual conquistou Copa da Itália e Taça das Cidades com Feiras (a atual Liga Europa). Mais veterano, virou lenda no Milan ao enfileirar Serie A, Recopa Europeia, Copa dos Campeões, Copa Intercontinental e mais uma Copa da Itália de 1967 a 1972. O ‘Aranha Negra’ ostentava o mesmo apelido de Lev Yashin no auge concomitante com o soviético, não só pelo uniforme preto, mas também pela envergadura e agilidade. A grandeza de Cudicini ainda ecoa, apesar do falecimento nesta semana, aos 89 anos.
- Sérgio Conceição não poderia viver um início melhor no Milan. Em duas partidas, conquistou vitórias emocionantes sobre os dois maiores rivais dos rossoneri, com direito a uma inesquecível virada no dérbi final contra a Inter para conquistar a Supercopa da Itália. Há objetivos bem maiores no horizonte, mas, indo além do troféu em si, deu para notar um time mais competitivo e aceso. Se antes os milanistas não se acertavam com Paulo Fonseca, a expectativa fica ainda maior para o rendimento daqueles jogadores que já eram destaques da temporada e contam agora com um treinador mais capacitado. Youssouf Fofana se prova como um excelente acerto do clube, especialmente pelos módicos €20 milhões, valor baixo pelo dinamismo do volante. Enquanto isso, em sua segunda temporada, Tiijani Reijnders sublinha sua qualidade técnica e a vocação para o protagonismo. Figuras como Christian Pulisic, Rafael Leão e Theo Hernández podem até atrair mais manchetes, mas o coração de um Milan mais forte está neste meio-campo.
- O Como voltou à Serie A com holofotes sobre seus investidores, em especial pelo também técnico Cesc Fàbregas. O elenco ganhou adições de alguns medalhões do porte de Pepe Reina, Sergi Roberto, Andrea Belotti e do agora aposentado Raphaël Varane. Contudo, um dos grandes méritos da agremiação nessa ascensão é a capacidade de fisgar ótimas promessas. Aos 20 anos, Nico Paz veio do Real Madrid por € 6 milhões e vem sendo o melhor jogador do time na digna campanha de retorno à elite. Já nesta janela de inverno, a contratação de Assane Diao por € 12 milhões chama atenção. O atacante de 19 anos não teve tanta regularidade no Betis, após surgir no time profissional de maneira estrondosa. O gol recente contra o Barcelona, todavia, é um belíssimo cartão de visitas sobre seu potencial. É também um sinal do Como dentro das cinco grandes ligas europeias: não voltou para ser ioiô.
- John Kennedy possui um status de herói no Fluminense que não depende dos rumos de sua carreira. O que o atacante fez na reta final da Libertadores 2023, em especial na final contra o Boca Juniors, garante a eterna gratidão tricolor. Aos 22 anos, de qualquer maneira, o jovem pode muito mais. E se não deu para seguir crescendo em Laranjeiras, sua empreitada no México vai ser uma história boa de se acompanhar. O novo ambiente, quem sabe, auxiliará John Kennedy em seu foco dentro dos gramados. O Pachuca é um time com suas qualidades, algo visível no último duelo contra o Botafogo, que ainda garante a aparição do atacante no próximo Mundial de Clubes. O futebol mexicano, tão receptivo a bons talentos sul-americanos, terá uma potencial estrela brasileira. Se ver jogadores de primeira linha do Brasil na Liga MX é um tanto quanto incomum, Kennedy talvez impulsione um momento já reforçado por André Jardine entre os treinadores.
- Didier Deschamps anunciou que deixará a seleção francesa após a Copa 2026. O treinador, que está no comando dos Bleus desde 2012, dirigiu o time em três Copas do Mundo: quartas de final em 2014, campeão em 2018 e finalista em 2022. Sua renovação após o vice no Catar foi surpreendente, porque um nome já pintava como substituto: Zinedine Zidane. O craque da Copa 98 nunca escondeu o sonho de dirigir a seleção francesa e seu nome está mais forte do que nunca para assumir o cargo. Deve ter que esperar apenas um ano e meio, até o fim da Copa 2026.
Até a semana que vem!