Adeus, Ozzy: flanelinha do Villa Park, orgulho do Aston Villa
Nascido numa família operária de Birmingham, Ozzy Osbourne cresceu nos arredores do Villa Park e exaltou o Aston Villa em diferentes momentos da vida, em relação mais de pertencimento que de paixão
Newsletter Meiocampo - 25 de julho de 2025
Ozzy Osbourne é um ícone do rock que transcende sua própria voz marcante. O Príncipe das Trevas é um símbolo muito além da música, também para a cidade de Birmingham e para o Aston Villa, seu clube de coração. Mesmo sem ser um torcedor tão apaixonado, Ozzy representa o pertencimento daqueles que frequentam o Villa Park, especialmente por ter crescido nas vizinhanças de Aston, e ajuda a levar o escudo do clube mais longe. Na Newsletter Meiocampo desta sexta, prestamos um tributo à lenda do rock, falecida na última terça, assim como falamos do novo órgão regulador do futebol inglês e damos um giro, das transferências mais importantes dos últimos dias aos principais resultados das competições internacionais.
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O adeus a Ozzy: de flanelinha do Villa Park a orgulho do pertencimento ao Aston Villa
Por Leandro Stein
A cada vez que a bola rola no Villa Park, uma mesma música soa nos alto-falantes. Nem mesmo os tempos incertos da pandemia restringiam a energia em forma de som no estádio. Se os torcedores não estavam presentes, a vibração se fazia notada de outra forma, para dar seu empurrão ao Aston Villa. “Crazy Train”, afinal, é uma injeção de adrenalina através dos ouvidos oferecida por guitarra, baixo, bateria e principalmente vocais. Uma voz potente e tresloucada que sempre gritou em Aston. Que para sempre soará, por mais que o maquinista Ozzy Osbourne tenha partido para outro plano.
Seria um erro pintar Ozzy como um fanático torcedor do Aston Villa. A relação do músico britânico, falecido aos 76 anos, com o futebol não é tão carnal quanto com o rock. "Não me importo de assistir a um jogo, mas não sou um torcedor compulsivo", definia. Outros membros do próprio Black Sabbath são bem mais doentes pelo clube do que o Príncipe das Trevas, em especial o baixista Geezer Butler. Todavia, a relação de pertencimento ecoava de ambas as partes. O Villa fazia parte das raízes do garoto pobre que cresceu na periferia de Birmingham. Já Ozzy era o filho ilustre de Aston sobre o qual os demais torcedores dos Villans se orgulhavam. É a maneira de bradar a força do time de uma forma que o resto do mundo entenda. Uma identificação que se aprofundou nos últimos anos de vida da lenda.
Ozzy Osbourne cresceu a poucos quarteirões do Villa Park, numa família operária com condições financeiras limitadas. Tanto sua mãe quanto seu pai trabalhavam em fábricas, este ferramenteiro do turno da noite em uma companhia localizada nos arredores do estádio. Nem sempre o garoto tinha dinheiro para comprar ingressos às partidas do Aston Villa – por mais baratos que fossem nos anos 1950 e 1960. No entanto, por lá, ele dava um jeito de ganhar uma grana para si: era flanelinha nos dias de jogo.
"Meus pais tinham seis filhos e pouco dinheiro, e quando se está nesse tipo de situação desesperada, você faz o que for preciso para conseguir a refeição seguinte. Não tenho orgulho do que fiz, mas não sou um desses caras que dizem: 'Oh, estou bem agora, tenho muito dinheiro, só quero esquecer do meu passado'. É a base de quem sou", conta o vocalista na autobiografia 'Eu sou Ozzy', em trecho no qual admite pequenos roubos para se sustentar e cita, pela única vez no livro, o Aston Villa.
"Outro esquema que montamos foi parar do lado de fora do estádio do Aston Villa em dias de jogos e cobrar meio shilling dos fãs para 'cuidar' dos carros. Todos deixavam os carros destrancados naquele tempo, assim, durante o jogo entrávamos neles só para zoar. Às vezes, tentávamos ganhar um extra lavando-os. Era um plano brilhante até decidirmos lavar o carro de um pobre fodido com uma esponja de aço. Metade da pintura tinha desaparecido quando terminamos. O cara ficou puto da vida", continuou. "Eu não era um cara mau, apesar de querer ser. Só era um garoto tentando ser aceito pelas gangues locais".
Se não há registros sobre a qualidade de Ozzy com uma bola, não é que ele deixava de se aventurar – mas de um jeito bastante específico nas suas peladas, conforme afirmou à Sky Sports, em 2010: "A gente se divertia batendo bola. No meu bairro, se você não conseguia chutar uma bola, então você dava um pontapé no garoto mais próximo. A gente tinha nossas regras, eram times de 25 meninos em cada, nas ruas e na escola".
Durante o início da adolescência de Ozzy, o Aston Villa experimentou um breve momento de glórias. A potência dos primórdios do Campeonato Inglês se transformara num time de meio de tabela e teve até uma breve passagem pela segunda divisão na virada dos anos 1950 para os 1960. Contudo, os Villans reafirmaram sua veia copeira. Em 1957, a conquista da Copa da Inglaterra encerrou um jejum de 37 anos na competição – e, desde então, o feito não se repetiu. Já em 1961, o clube se sagrou como primeiro campeão da Copa da Liga Inglesa. São desses momentos os ídolos de Ozzy no futebol.
"Eu e meus amigos costumávamos ficar nos arredores do Villa Park em dias de jogo. Cuidávamos dos carros por uns trocados, garantindo que ninguém os roubasse ou arranhasse. Lembro-me também de torcer na Holte End (setor das arquibancadas) algumas vezes. Era sempre uma diversão do caralho. Tinha alguns jogadores preferidos - Peter McParland, Jimmy MacEwan, Alan Deakin. Tinha pôsteres deles colados na parede do meu quarto quando criança. Mas nunca fui tão fanático quando Geezer. Sempre que o Villa perdia, ele se trancava na porra do quarto por um dia, apagava as luzes e fechava as cortinas. Ele ficava depressivo por séculos. Eu nunca levei isso tão longe", afirmou Ozzy, em 2010, à revista Uncut.
O futebol tocou o líder do Black Sabbath de outras maneiras, além do Aston Villa. Às vésperas de completar 18 anos, Ozzy pôde ver a Inglaterra receber uma Copa do Mundo e conquistar seu único título no torneio. O rock era o que realmente enlouquecia o Madman, fã dos Beatles antes de começar a escrever sua própria história. De qualquer maneira, aquele título dos Three Lions também permaneceu em suas lembranças.
"A única Copa do Mundo da qual me lembro é a de 1966, quando a Inglaterra jogou a final contra a Alemanha Ocidental e Bobby Moore era o capitão. Foi brilhante quando o último gol aconteceu na prorrogação. Eu estava com meus pais, na casa em que cresci. Estávamos assistindo em uma TV em preto e branco, você poderia ouvir um alfinete cair no chão, porque meu pai estava absorvido por aquilo", relembrou Ozzy, também à Sky Sports.
"Eu não gostava tanto de futebol, curtia mais o estilo de vida rock 'n' roll naqueles tempos. Não sou um torcedor dedicado, mas 1966 foi muito memorável para mim. Foi inacreditável. Eu tinha quase 18 anos, mas depois não teve festa, não tínhamos dinheiro para isso, uma festa naqueles dias era um olho roxo. Acho que eu tinha uma namorada vendo futebol comigo. Ela estava tentando falar comigo e eu dizia para ficar quieta", completou.
Quando a carreira de Ozzy Osbourne estourou com o Black Sabbath, o Aston Villa atravessava dias sombrios no início da década de 1970, entre a segunda e a terceira divisão. De qualquer maneira, tanto clube quanto banda eram símbolos de Birmingham. Uma história unida que se nota inclusive em uma foto da época, na qual Ozzy usa uma camiseta com o escudo do clube – ao lado de Geezer Butler, claro. E se as referências eram tão somente pontuais, houve um auge concomitante no começo dos anos 1980.
Foi em agosto de 1980 que Ozzy lançou Blizzard of Ozz, seu primeiro álbum na carreira solo. Um disco consagrado sobretudo pelo sucesso de Crazy Train – a música que, anos depois, passou a ecoar no Villa Park. Naquela mesma temporada de 1980/81, o Aston Villa conquistou o Campeonato Inglês depois de 71 anos. Um ano depois, os Villans faturaram seu maior troféu, a Copa dos Campeões da Europa. Também em 1982, Ozzy se casou com sua principal companheira da vida, a não menos icônica Sharon Osbourne. No entanto, naquele ano faleceu um de seus maiores parceiros na música, o guitarrista Randy Rhoads.
O Aston Villa permaneceu 41 anos longe da Champions League a partir de 1983. O clube lidou com altos e baixos, assim como Ozzy Osbourne. A volta dos Villans aos seus melhores dias, todavia, também permitiu uma reverência ao Príncipe das Trevas no final de sua vida – com limitações de saúde e acometido pelo Mal de Parkinson desde 2003. Foi quando a relação entre o torcedor ilustre e o time de coração se tornou mais cristalina, como um símbolo de exaltação às raízes. Para o Villa, dizer as cores dentro do peito de Ozzy foi uma maneira de homenagear o cidadão mais ilustre de Aston e também de ganhar novos seguidores ao redor do planeta.
Ficou genial a propaganda para o lançamento da camisa do Aston Villa em 2024/25, a que foi usada na volta à Champions League. Ozzy aparece debilitado, mas com seu carisma intacto, ao lado de Geezer Butler. Pede suas chuteiras à esposa Sharon, que faz uma pontinha calçada com as clássicas Adidas Predator. Mas nada melhor que o momento no qual Príncipe das Trevas é anunciado como camisa 11 e se autodefine como o “maior homem de frente a já ter surgido em Birmingham”. A mais pura verdade. Ao som de Paranoid, a voz inconfundível grita o igualmente característico “Up the Villa!” no fim.
O marketing do Aston Villa e da Adidas lançaram alguns produtos do clube com referências a Ozzy nestes últimos meses – como camisas do clube com o nome da lenda e até uma versão das chuteiras com as cores do Black Sabbath, roxo e preto. Nada que se comparasse ao impacto visual do bandeirão feito pelos Villans e exibido antes do jogo contra o Celtic, pela Champions. O erudito hino da competição soava nos alto-falantes, mas o coração dos torcedores batia num ritmo bem mais intenso.
Por fim, a relação entre Ozzy Osbourne e Aston Villa se tornou eterna há poucos dias, no show que marcou a despedida dos palcos do Madman com o Black Sabbath – e de uma forma tão emblemática, às vésperas de sua morte. O Villa Park foi o palco escolhido para o ato derradeiro dessa história grandiosa, numa volta do músico às suas origens em Aston, onde guardou carros nos arredores e comemorou gols. O nome “Back to Beginning”, dado ao concerto, enfatizou justamente esse berço. Se tanto Ozzy e Black Sabbath quanto Aston Villa são sinônimos de Birmingham, definitivamente vocalista e clube se tornaram também inseparáveis com a memorável apresentação.
Em suas páginas oficiais, o Aston Villa prestou tributo a Ozzy Osbourne e ofereceu condolências à família. Novas homenagens certamente acontecerão, em breve ou mesmo num futuro mais longínquo. Não foi preciso ser o torcedor mais apaixonado para que Ozzy transmitisse, fielmente, o tamanho dos Villans. Futebol é muito sobre pertencer, e já não parece mais possível citar os dois orgulhos de Aston sem vislumbrar eternamente o elo.
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🎧PODCAST MEIOCAMPO #153
Ozzy Osbourne, um dos maiores rockstars da história e o filho mais ilustre do Aston Villa, morreu nessa semana, pouco depois de fazer o seu último show justamente no estádio do clube tão associado a ele. Também falaremos sobre as novidades do mercado do futebol europeu, os problemas dos clubes brasileiros na Copa Sul-Americana e a final da Eurocopa feminina.
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Um adulto na sala do futebol inglês
Por Bruno Bonsanti
O futebol inglês agora tem um órgão regulador independente. A lei que o estabeleceu entrou em vigor nesta semana, fruto de um processo de análise que começou com a falência do Bury em 2019 e foi acelerado a partir da tentativa de criação da Superliga. Quando os seis clubes mais poderosos do país tentaram dar as costas à pirâmide para se juntar a um grupinho elitista e fechado, ficou claro que não poderiam continuar sem a supervisão de um adulto.
O órgão atende à principal demanda dos protestos daquela época ao garantir “novos padrões” de participação de torcedores em tomadas de decisão, além de proteger “aspectos chave” do legado dos clubes, como a cor dos uniformes, o design do escudo e o estádio onde eles mandam as partidas. Também pode explicitamente proibir que se juntem a competições dissidentes que forem fechadas, não meritocráticas ou que ameacem a pirâmide nacional.
Haverá um regime de licenciamento para garantir o cumprimento de regras financeiras provavelmente mais rígidas. O órgão terá o poder de aplicar os seus próprios padrões para aprovar ou vetar novos donos e diretores e assegurar que esses padrões continuem sendo cumpridos. Poderá aplicar multas sobre as receitas por violações do regime de licenciamento ou até contra indivíduos e, em último caso, forçar a venda do clube.
O ponto mais contestado é o poder de intervenção para forçar acordos financeiros, caso sinta que a redistribuição de receitas entre as ligas não é suficiente para um ambiente sustentável, como, por exemplo, se houver um impasse em negociações entre a Premier League e a Football League (responsável pelas três divisões profissionais abaixo da primeira).
É um bom sinal, aliás, que a Premier League não tenha gostado dos parâmetros sob os quais passará a ser supervisionada, dizendo em um comunicado em outubro de 2024, quando a lei foi reintroduzida pelo governo Trabalhista após empacar no parlamento Conservador, que, “embora reconheça que alguns elementos chave possam ajudar a fortalecer o futebol inglês”, estava preocupada que poderia haver um “impacto negativo na competitividade da liga, em investimentos em talentos de primeira classe e, acima de tudo, na aspiração que conduz nosso apelo e crescimento globais”.
Gostou de mais participação dos torcedores, das proteções ao legado dos clubes, da proibição de que eles se juntem a novas ligas (claro) e do encorajamento a uma administração mais responsável. Não gostou da regulamentação financeira rígida ao “estilo bancário” (óbvio) e dos poderes “sem precedentes e sem testes” de intervenção sobre a distribuição de suas receitas (não diga).
NA EDIÇÃO ANTERIOR DA NEWSLETTER…
A Newsletter Meiocampo conta com duas edições fixas semanais: às terças, exclusiva para assinantes, e às sextas, gratuita para o público em geral. Ocasionalmente, nossos assinantes também ganharão textos extras. Na última terça, falamos sobre o agitado mercado de centroavantes, a volta das torcidas visitantes na Argentina e mais no nosso giro.
Giro
- O Milan foi em uma bola de segurança para repor a saída de Theo Hernández para a Arábia Saudita. Pervis Estupiñán, o primeiro equatoriano a vestir rossonero, é um jogador pronto. Experiente, com Copa do Mundo no currículo e vivência tanto em ligas como a espanhola e a inglesa quanto em competições europeias. Mas não é velho, ainda aos 27 anos, e foi barato. Custou menos de € 20 milhões, já contando as variáveis. Talvez não chegue perto do nível mais alto que seu antecessor apresentou pelo Milan, mas deve ser uma opção sólida no corredor esquerdo. É o que foi durante três anos na Inglaterra, tirando no segundo, quando sofreu um pouco com lesões. A concorrência ficaria mais forte com a chegada de Maxim de Cuyper, 24 anos, do Club Brugge e, com a propensão do Brighton a priorizar o futuro e jogadores mais jovens, ter saído com a titularidade do Milan não é um mau negócio. (Bruno Bonsanti)
- Enquanto todos os olhos estão voltados para o comando de ataque, o Arsenal atendeu outra necessidade e ampliou as suas opções para o miolo da defesa. Jakub Kiwior personificou aquele meme “de repente me tornei importante no trabalho” como o terceiro zagueiro com mais minutos na última temporada, principalmente depois da lesão de Gabriel Magalhães. Foi titular em quase todo o mata-mata da Champions League. Nenhum outro jogador da posição teve uma participação relevante, embora nomes como Ricardo Calafiori, Ben White e Jurriën Timber, mais usados nas laterais, tenham quebrado o galho de vez em quando. Todos eles se machucaram também. Todo mundo no Arsenal se machucou. Ponto a favor do seu novo zagueiro porque Cristhian Mosquera disputou 90 minutos em 37 das 38 partidas do Valencia no Campeonato Espanhol e chegou a estar em campo durante 56 rodadas consecutivas entre agosto de 2023 e janeiro de 2025. Cria das categorias de base que estreou aos 17 anos e tem apenas 21. O perfil perfeito para reforçar a rotação de Mikel Arteta. (Bruno Bonsanti)
- Dávid Hancko provavelmente falará muito sobre como quando uma janela fecha uma porta se abre. Ou o contrário. Sei lá. O Feyenoord havia concluído a sua transferência para o Al-Nassr, mas, ao se apresentar no hotel onde o clube saudita está concentrado na Áustria, descobriu que não era mais esperado. Assim, sem mais nem menos. Ele chegou lá e não pôde entrar. Por meio de um porta-voz, o Feyenoord chamou a situação de “escandalosa”. Financeiramente, um golpe para suas perspectivas de um dia talvez comprar uma ilha, mas pelo menos disputará uma liga mais competitiva após participar do sucesso do Feyenoord nos últimos três anos. Mais um integrante da reformulação do Atlético de Madrid que, entre outros, contratou Álex Baena, Johnny Cardoso, Thiago Almada e Matteo Ruggeri. (Bruno Bonsanti)
- O novo Mundial de Clubes talvez sirva como uma vitrine ainda mais potente que a Copa do Mundo para a transferência de jogadores. Além da visibilidade num torneio de tiro curto, as condições de temperatura e pressão são mais fiéis ao ambiente que se vive nos clubes. Você enfrenta adversários estabelecidos e dentro de um esquema de jogo no qual atua o ano todo. Natural que se conheça melhor as características do jogador do que no recorte específico de uma seleção. Jhon Arias e Richard Ríos estiveram entre os melhores do Mundial 2025. O talento de ambos é bem conhecido na América do Sul, inclusive na seleção colombiana, mas a amostra nos EUA foi cabal para atrair mais olhares e convencer os europeus. Aos 27 anos, Arias vem para ser protagonista no Wolverhampton. Aos 25, Richard Ríos será o motor do Benfica e pode progredir ainda mais. (Leandro Stein)
- Roberto Firmino esteve entre os reforços estelares do futebol saudita que mais deram certo. Chegou ao Al-Ahli logo após o retorno do clube à primeira divisão e, em duas temporadas, conquistou a Champions Asiática. Que não sejam os números mais dilatados, com 21 gols e 17 assistências em 65 partidas, não se nega que marcou seu nome na história dos alviverdes e do próprio esporte local. Fez a diferença para que a Arábia Saudita alcançasse um lugar de destaque continental que não teve no primeiro ano dos novos astros no país. Vai embora com o dever cumprido, agora para ser garoto-propaganda do futebol no Catar. Certamente terá mais alguns milhões em sua conta ao assinar com o Al-Sadd e permanece com chances de levar a Champions, bem como de estar no próximo Mundial. (Leandro Stein)
- A segunda fase classificatória da Champions League garantiu times já graúdos em campo nesta semana. Não rolaram grandes surpresas nos jogos de ida. O Rangers venceu o duelo mais pesado, ao anotar 2 a 0 sobre o Panathinaikos em Ibrox. Destaque também para os 4 a 1 do Red Bull Salzburg fora de casa sobre o Brann, da Noruega. Figurões como Dynamo Kiev, Malmö, Ferencváros e Estrela Vermelha ganharam longe de seus domínios, encaminhando a classificação. (Leandro Stein)
- Com menos partidas, a Liga Europa teve o jogo mais interessante da semana, com a vitória do Shakhtar Donetsk por 4 a 2 sobre o Besiktas, em Istambul. Tammy Abraham anotou seu primeiro gol pelos turcos, mas os destaques foram brasileiros. Alisson fez um e deu passes para mais dois tentos ucranianos, enquanto Eguinaldo e Kevin igualmente balançaram as redes. O técnico do Shakhtar nesta temporada, vale lembrar, é Arda Turan. Outro resultado importante, o Utrecht fez 3 a 1 sobre o Sheriff Tiraspol em Moldova. Já a Conference proporcionou as principais zebras. O Aktobe ganhou a ida sobre o Sparta Praga no Azerbaijão, onde o Araz derrotou também o Aris Salônica. Na Finlândia, o Ilves desbancou o AZ num eletrizante 4 a 3. Já o FC Santa Coloma, que tirou o Borac Banja Luka na fase anterior, continuou aprontando para Andorra, com os 2 a 1 diante dos ucranianos do Polissya Zhytomyr. (Leandro Stein)
- Ninguém refuta a tradição do Alianza Lima, mas foram anos como um saco de pancadas nas competições da Conmebol. Há um novo brio ao redor dos peruanos nos tempos recentes, em especial em 2025. Os aliancistas já tinham eliminado o Boca Juniors nas fases prévias da Libertadores e, repescados para a Sul-Americana, tiraram agora o Grêmio. Os 2 a 0 da ida tinham ficado baratos e o 1 a 1 da volta selou o feito, com requintes de crueldade, pelo golaço de Hernán Barcos no contra-ataque que concluiu a classificação, após muito os tricolores martelarem. O Pirata se firma cada vez mais como um ídolo dessa retomada dos Potrillos. Cabe lembrar que o clube só foi salvo do rebaixamento em 2020 pelo tapetão e, logo depois, o centroavante liderou um bicampeonato nacional. Essas façanhas continentais ocorrem com seus gols, agora o maior artilheiro da história da Copa Sul-Americana. (Leandro Stein)
- O Atlético Mineiro, com sofrimento e salvo por Everson, foi o único brasileiro a avançar na fase de playoffs da Copa Sul-Americana. Além da queda do Grêmio, o Vasco não teve forças para uma dificílima virada contra o Independiente del Valle e o Bahia pagou caro pelo resultado da ida em Salvador contra o América de Cali, derrotado na Colômbia. Assim como no Mundial, o torneio mostra como o escalão médio do Brasil não está tão distante assim dos tradicionais e emergentes de outros países vizinhos. Galo e Fluminense seguem como candidatos ao título, mas só o Flu indica um ambiente estável o suficiente para realmente brigar, impulsionado pelas semanas mágicas no Mundial. Dentre os classificados na fase de playoffs, times de peso como Bolívar, Once Caldas e Universidad de Chile mostraram suas credenciais, enquanto o Central Córdoba segue em frente e inspira cuidados depois do que aprontou antes diante do Flamengo na Libertadores. (Leandro Stein)
- A final da Eurocopa Feminina terá um embate digno da grandeza da competição: Inglaterra e Espanha farão um tira-teima não só em relação à final da Copa do Mundo 2023, vencida pelas espanholas, mas também das quartas de final da Euro 2022, quando as inglesas avançaram para faturar o troféu. O embate reflete a força recente das duas seleções, bem como a atual ordem de forças no futebol feminino, com a importância de ambos os países no âmbito dos clubes. As vagas, contudo, só vieram na prorrogação. Aitana Bonmati foi a heroína espanhola no 1 a 0 sobre a Alemanha, enquanto o gol derradeiro das inglesas na virada por 2 a 1 sobre a Itália foi de Chloe Kelly, num rebote de pênalti aos 14 minutos do segundo tempo extra. (Leandro Stein)