Mujica, o troféu do Bologna e o turbilhão na CBF
Do abraço histórico de Mujica a Ghiggia ao triunfo improvável do Bologna, passando pela queda de Ednaldo e o novo tabuleiro de poder na CBF — tudo isso e muito mais na edição de hoje
Newsletter Meiocampo - 16 de maio de 2025
A edição desta semana traz três histórias imperdíveis: começamos com a emocionante reparação de Pepe Mujica a Alcides Ghiggia, o herói de 1950, selada num abraço histórico no Centenário que finalmente honrou aqueles que fizeram o rádio de válvula vibrar; seguimos pelo surpreendente triunfo do Bologna na Copa Itália, quebrando um jejum de 51 anos e mostrando que, mesmo com saídas de peças-chave e um calendário infernal, é possível superar expectativas; e, por fim, o turbilhão na CBF, com a Justiça afastando Ednaldo Rodrigues e abrindo uma guerra de poder em que Fernando Sarney assume o comando provisório. Aproveite!
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A reparação histórica de Pepe Mujica ao herói de sua infância
Do rádio ao palácio: a jornada de Mujica e a reparação histórica aos heróis de 1950
Por Leandro Stein
Pepe tinha 15 anos quando descobriu que os sonhos poderiam ter o tamanho do mundo, também para um pequeno país ao sul do mapa. O Uruguai se proclamou como o melhor time do planeta mais uma vez naquele 16 de julho de 1950, dia da maior de suas façanhas, acompanhada pelo adolescente com os ouvidos colados no rádio. "Eu metia o dedo num rádio velho, daqueles de válvula, porque de outra maneira não se escutava. Foi glorioso, mas eram outros tempos".
Pepe se tornou testemunha auricular da valentia de Obdulio, da ousadia de Ghiggia, do silêncio do Maracanã. “Todo o Uruguai estava vibrando e saímos como loucos pelas ruas. Nunca vi tanta explosão e alegria resumida na sociedade uruguaia. Talvez quando a ditadura se foi, mas nunca vi tanta alegria resumida em um povo”.
De forma ultrajante, os campeões do mundo não receberam o devido reconhecimento das ditas “autoridades” na volta para casa. Diversos jogadores da seleção uruguaia que conquistou a Copa do Mundo em 1950 se ressentiam pela maneira como políticos e dirigentes aproveitaram a euforia sem dar os créditos aos verdadeiros vencedores. Cartolas da federação uruguaia tiveram a pachorra de confeccionar para si medalhas de ouro pelo título, enquanto os futebolistas receberam medalhas de prata. Uma injustiça revisitada 60 anos depois, por aquele garoto de Paso de La Arena que celebrou a conquista através do rádio e saiu às ruas de Montevidéu.
Pepe não deixava de atender pelo apelido, mas também respondia como Presidente Mujica naquele momento. Em 2010, o tupamaro que passou 14 anos preso durante a ditadura foi eleito para governar democraticamente o Uruguai. E coube a ele, como chefe de estado, fazer as honras na despedida da seleção rumo ao Mundial da África do Sul. Em 26 de maio de 2010, com dois meses na presidência, Pepe também aproveitou a ocasião para homenagear os heróis de sua adolescência.
Naquele dia, o Uruguai disputou seu último amistoso em casa antes da Copa de 2010. A vitória por 4 a 1 sobre Israel (com direito a dois gols de Loco Abreu) é nota de rodapé diante da cerimônia que ocorreu no Centenário antes que a bola rolasse. Pepe Mujica entregou a bandeira uruguaia a Diego Lugano e Diego Forlán, capitães da Celeste. E num gesto bastante simbólico, também ofereceu uma medalha dourada a Alcides Ghiggia, a lenda do Maracanã. Àquela altura, o ex-atacante era o último dos 11 titulares uruguaios de 1950 a ainda estar vivo.
A emoção aflorou no Centenario. Ghiggia, aos 83 anos, abriu os braços para receber a honraria de Pepe, agora com 75. O ídolo e o fã. O cidadão e o presidente. Uma reparação histórica que, de certa forma, inspirou a Celeste a fazer uma nova campanha inesquecível na Copa do Mundo. “Que fique claro que vocês não vão a uma guerra, mas a uma festa esportiva”, vaticinou o presidente aos jovens que iriam à África do Sul. E a tal festa esportiva seria grandiosa, como os uruguaios não viviam há décadas, diante da caminhada do time de Óscar Tabárez às semifinais. Aquela noite no Centenario inaugurou a jornada do brilhantismo de Forlán, do sacrifício de Suárez, da loucura de Abreu.
Ghiggia voltaria ao Centenario para um novo tributo, ainda mais forte, três anos depois. Em 2013, a reprodução de seu gol famoso no telão do estádio permitiu que os torcedores uruguaios comemorassem o lance mais repetido da história do país. A vibração emocionou o octogenário, em um de seus últimos atos públicos antes de falecer em 2015 – anedoticamente, num 16 de julho, o dia de sua eternidade. Entre aqueles que exaltaram o herói em seu adeus, mais uma vez rendeu homenagem o velho Pepe, poucos meses depois de deixar a presidência.
"O nome de Ghiggia será permanente, porque não há dúvida de que esse gol marcou a maior façanha esportiva da grande história do Uruguai, e provavelmente a maior façanha que poderia ser escrita", comentou Pepe. "Foi embora um bom pedaço da história esportiva do país e de um dos momentos de maior orgulho nacional. É um ícone que representa uma história particular resumida no seguinte: como o Uruguai, não há".
Dez anos depois, é a outra parte daquele abraço no Centenario que se despede. As lições de Pepe Mujica são muitas: de consciência, de resiliência, de combatividade, de solidariedade. E entre tantos atos que concretizaram seus discursos, aquele em maio de 2010 serviu para reforçar um dos maiores orgulhos uruguaios: honrou o passado, como seus pares políticos nunca se dignificaram a fazer, abrindo caminho para que uma nova história também fosse escrita à geração mais jovem.
As ligações de Pepe Mujica com o futebol
Como presidente de um país tão boleiro, Pepe Mujica esteve ligado ao esporte em diversos momentos de sua vida pública. Seus laços futebolísticos são até menos unânimes que seus posicionamentos políticos, muito por conta da relação com o empresário Paco Casal, agente de diversos craques e que controla a modalidade no país também através da mídia. Mujica tentou tirar o monopólio de Casal sobre os direitos de transmissão, sem sucesso, enquanto perdoou uma dívida que o empresário tinha com o estado – que, por um erro de cálculo, poderia gerar um processo e um rombo muito maior às contas públicas. Independentemente das críticas, Pepe contribuiu com suas reflexões que falaram de bola.
Mujica não era necessariamente o mais aficionado dos presidentes uruguaios, apesar do elo com o futebol em diferentes momentos. Cresceu frequentando o Centenario, levado por seu pai ao estádio. Também batia sua bola, embora admitisse que era ruim: "Eu jogava de entreala. Dava muitas pancadas e também me davam". No fim das contas, interessava-lhe mais o fenômeno social que extrapola as quatro linhas.
Além disso, Pepe fugia do dualismo de Nacional e Peñarol: era torcedor do Cerro, um clube local, de sua região. Dizia até que não torcia pelo Huracán de Paso de La Arena, de seu bairro, só porque a equipe não tinha sido fundada em sua infância. O que não o impediu, certa feita, de dar um discurso aos jogadores do Huracán que brigavam pelo acesso – e isso solicitado quando passava por perto, após sair de casa para comprar uma tampa de privada.
Neste adeus a Pepe Mujica, relembramos algumas de suas citações sobre o futebol. Dizem muito sobre o jogo, mas sempre com um olhar que não se limita.
Dez declarações de Pepe Mujica que abordam o futebol (e não só)
"É fundamental ter um propósito para viver, só assim você conseguirá se levantar quando cair. E não sugiro que você tenha o mesmo propósito que nós temos, uns malucos que sonham em mudar a sociedade, porque ter um propósito pode ser a paixão científica, a paixão esportiva, a pintura, a pesca, jogar futebol, deitar de cara para o sol ou qualquer coisa! Mas você tem que ter alguma paixão que se torne o propósito da sua vida” – em conversa com Noam Chomsky, ao livro de Saúl Alvídrez.
“Há um talento natural no futebol. Mas quando vemos as cifras que se gastam, principalmente na Europa, então nos damos conta que nossas disponibilidades são ridículas. Real Madrid e Barcelona devem gastar mais com salários no ano do que o futebol uruguaio em toda a sua vida. Então, esse é um fenômeno que dá charme ao futebol: apesar do dinheiro, times com recursos escassos podem ter sucesso. Porque o futebol não é uma ciência, mas uma combinação de ciências que tem muito de arte”.
“Existe uma tradição futebolística que vem do mais profundo da história. Empurra, motiva e compromete quem põe a camisa celeste. Ajuda muito que um pequeno país, com escassa população, possa ter uma interessante presença internacional no futebol. Além do mais, devemos a tradição aos antigos. Tudo isso se compõe numa cultura que pesa de forma inquestionável e motiva as pessoas para levar o resto da vida”.
"Os salários de alguns jogadores de futebol ofendem, sobretudo pela forma como estão nossos povos. Mas não é culpa deles. Os jogadores são pretexto para uma mobilização econômica que gira ao redor deles. Ele não podem escapar da realidade do nosso tempo. O futebol foi se transformando em um negócio. Um negócio que em parte tem arte, magia. Mas, claro, as sociedades modernas e atuais se caracterizam em transformar em negócio até os suspiros. Tudo é negócio. O futebol também".
“Não se enganem jamais em conseguir a vitória fácil, porque toda vitória significa trabalho e suor. Não há nenhum triunfo virando a esquina. Joguem bola, mas, por favor, queiram e respeitem a vida, que é o melhor capital que vocês têm. Não deixem que roubem suas ferramentas e nem que a transformem em uma droga. Trabalhem, mas… Sabem de uma coisa? A vida é charmosa. E na etapa em que vocês estão, não podem deixá-la escapar. É charmosa, não percam o tempo de sua juventude” – durante a abertura do Quinto Encontro Latinoamericano de Futebol de Rua.
“Eu precisaria ser torcedor do Huracán de Paso de La Arena, que foi o bairro onde nasci. Mas quando eu era pequeno o time não existia ainda, então fiquei com o Cerro. O Huracán é um time que tem muitos méritos e está ligado à questão do bairro, que cresce muito. Vive gente trabalhadora por excelência, que ajudou no crescimento da cidade e adquire cada vez mais importância. O Huracán tem futuro” – sobre a ligação com o clube de seu bairro.
“Vocês têm que seguir em frente, trabalhar muito e ter objetivos claros. Há vezes em que o espírito humano pode mais que qualquer feito econômico, quando não temos garantias neste sentido” – em preleção para os jogadores do Huracán.
"A Fifa é uma corja de velhos filhos da puta. O caso Suárez será uma vergonha eterna do futebol. Poderia se entender uma injustiça ou uma sanção, mas não uma monstruosa agressão. Não só a um homem, mas a um país, fundamentalmente pela forma. Estamos loucos, nenhuma entidade pode proibir alguém de entrar em um estádio ou em qualquer evento esportivo sem ter a assinatura de um juiz” – após a punição a Luis Suárez na Copa de 2014, em declarações que teriam custado a Mujica o Nobel da Paz.
"Nunca consegui entender os problemas do futebol. É verdade que tenho simpatia por Casal, mas teria gostado de afastá-lo um pouco do negócio. O que acontece é que você se mete ali, no meio, e se dá conta de que nem sendo presidente da república consegue mudar muita coisa. É brutal a grana e o poder que o futebol maneja" – sobre a influência de Paco Casal no futebol uruguaio e a tentativa de mudar os esquemas dos direitos de transmissão no país, dominados pelo empresário.
“Eu me eduquei em um país muito diferente. Eu me lembro de quando meu pai me levava ao Centenario para desfrutar o espetáculo. As torcidas podiam conviver sem problemas. Agora é preciso separá-los como se fossem feras. [...] Grades e polícia não são a solução. É hora de colocar fim à barbárie e castigar os que merecem, não os que amam o futebol. A segurança nos estádios não se faz com presença policial, mas com a maturidade da sociedade" – ao discutir a violência no futebol uruguaio, sugerindo até suspender a presença de forças policiais.
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Quem diria: dava para melhorar
Do quinto lugar histórico à taça inédita após 51 anos: o Bologna supera saídas de estrelas, lesões e dúvidas iniciais para erguer a Copa Itália
Por Bruno Bonsanti
O Bologna terminou a última temporada em quinto lugar. A sua melhor colocação na Serie A desde 1970/71. No entanto, para um clube acostumado ao meio da tabela quando as coisas vão bem e com recursos financeiros limitados, continuidade é um luxo. Perdeu Thiago Motta para a Juventus, Joshua Zirkzee para o Manchester United e Riccardo Calafiori para o Arsenal. Técnico, centroavante e zagueiro. E o camisa 10, Lewis Ferguson, sofreu uma séria lesão no joelho em abril que o deixaria seis meses enfurnado no departamento médico.
Em outras palavras, o quinto lugar e a vaga na Champions League pareciam o ápice, o melhor resultado possível dentro do patamar em que o clube, seis vezes campeão italiano antes da Segunda Guerra Mundial, está hoje em dia. E realmente a sensação era que do topo da montanha o único caminho seria para baixo quando venceu apenas uma das primeiras oito rodadas do Campeonato Italiano com o seu novo comandante, Vicenzo Italiano.
Esta semana, descobriu que ainda dava para subir um pouquinho mais: no Estádio Olímpico de Roma, venceu o Milan por 1 a 0 na final da Copa Itália e conquistou seu primeiro título após 51 anos.
Não foi um acaso, nem no macro, nem no micro, porque o Bologna embalou depois da virada do ano e chegou a ser o time italiano em melhor forma em certo momento. Perdeu apenas uma vez em 11 rodadas entre meados de janeiro e fim de março e se colocou na briga por uma nova vaga na Champions League, torcendo para poder aproveitá-la melhor desta vez, depois de ter feito uma das piores campanhas da fase da liga - apenas seis pontos (duas vitórias) em oito jogos.
A Copa Itália nem de longe tem o mata-mata mais custoso das principais ligas europeias, mas, entre as semifinais contra o Empoli e um calendário difícil, o seu desempenho pela Serie A despencou. Eu quero frisar a parte do calendário difícil: o Bologna enfrentou Napoli, Atalanta, Internazionale, Udinese, Juventus e Milan em suas últimas seis rodadas, e, se apenas seis pontos não foi o aproveitamento ideal, quem conseguiria muito mais?
Saiu da zona de classificação à Champions League, mas ainda tem chances de retornar a ela, porque, na Itália, todo mundo tem. Está a apenas dois pontos da Velha Senhora, em quarto lugar. Depois da derrota para o próprio Milan na semana passada, e nas vésperas de outro duelo contra os rossoneri, Riccardo Orsolini sabia qual preferia vencer: entre a vaga e o título, ficaria com o título.
Orsolini foi um daqueles jogadores que a Juventus contratava quando fingia que tinha dinheiro e nunca colocou para jogar. Chegou do Ascoli, em 2017, e imediatamente saiu para um empréstimo de dois anos, que começou na Atalanta e foi assumido pelo Bologna. Quando ele terminou, foi contratado em definitivo pelo clube que defende até hoje e está em sua terceira temporada consecutiva marcando pelo menos 10 vezes pela Serie A, bom para um ponta, ótimo para um ponta que não atua em um grande esquadrão ofensivo.
Ele tem a ajuda de alguns nomes conhecidos, como Tommaso Pobega, volante emprestado pelo Milan, o lateral direito veterano Lorenzo De Silvestri, ex-Lazio, e o suíço Remo Freuler, de volta à Itália, onde teve uma ótima carreira pela Atalanta. Falando nisso, o maestro do elenco do Bologna é o ex-diretor do time de Bergamo, Giovanni Sartori, aparentemente especialista na estratégia de contratar barato, vender caro e reinvestir no elenco, o pilar da ascensão da Dea.
O processo ainda está em seus estágios iniciais porque as melhores vendas até agora - Zirkzee e Calafiori - renderam lucros modestos, mas parece que ele continua com a visão em dia porque alguns reforços que trouxe começam a se firmar, como o centroavante Santiago Castro, substituto do holandês, o zagueiro Sam Beukema e o ponta Dan Ndoye, autor do gol do título da Copa Itália.
A maneira como o Bologna apoiou o seu ex-treinador Sinisa Mihajlovic, que durante sua passagem de três anos e meio precisou se afastar duas vezes para tratar uma leucemia, indicava um ambiente especial no clube. Mihajlovic teve uma grande arrancada em 2018/19 para sair da briga contra o rebaixamento ao décimo lugar na tabela e emendou mais três campanhas de meio de tabela. As bases que Thiago Motta encontrou para alçar voos mais altos e levar o Bologna à Europa.
A sequência de bons trabalhos continuou com Vincenzo Italiano, responsável pelo acesso do Spezia e por mantê-lo na Serie A, antes de se classificar para três finais com a Fiorentina (uma na Copa Itália, duas na Conference) e perder todas elas. Estava ciente que, se fosse vice novamente, seria rotulado como “perdedor”, mas soube navegar os primeiros meses de transição para a sua filosofia e cumpriu a promessa que havia feito de preencher a Piazza Maggiore com torcedores jubilantes novamente, como os que comemoraram a vaga na Champions um ano atrás
Ele hesitou em aceitar o chamado do Bologna. E era uma dúvida compreensível: a Fiorentina teoricamente está acima na cadeia alimentar da Itália, e como todo mundo, ele sabia que seria difícil que a sua temporada não parecesse decepcionante depois do que o seu antecessor havia conseguido.
Quem diria: difícil, mas não impossível.
Queda de Ednaldo desencadeia guerra pelo poder na CBF
Justiça afasta Ednaldo Rodrigues e coloca Fernando Sarney à frente da CBF, reacendendo a corrida eleitoral e alianças nos bastidores
Por Felipe Lobo
A edição de terça-feira, 13 de maio, da newsletter trazia o título “CBF tem técnico novo e talvez um presidente velho”. Isso porque Ednaldo estava por um fio na presidência da entidade e, por isso, acelerou o anúncio de Carlo Ancelotti como novo treinador da Seleção. Na última quinta-feira, 15 de maio, aconteceu: Ednaldo Rodrigues foi afastado do seu cargo pela Justiça.
O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do TJ-RJ, determinou o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues e nomeou Fernando Sarney, o vice-presidente mais velho — e que foi quem protocolou o pedido de investigação — como interventor. Ele terá a responsabilidade de convocar novas eleições o mais rápido possível.
Se você leu a nossa newsletter, não é uma surpresa. A raiz do problema está na assinatura de Antonio Carlos Nunes, conhecido como Coronel Nunes. Um laudo pericial concluiu que a assinatura não era de Coronel Nunes, o que é gravíssimo. Mas isso não é tudo.
Isso, somado ao diagnóstico de neoplasia cerebral maligna (um tumor no cérebro) desde 2018 e a um laudo médico de junho de 2023 que atesta “déficit cognitivo”, deu ao magistrado elementos mais do que suficientes para anular o acordo realizado em janeiro de 2015, que contava com a assinatura de Coronel Nunes, entre outros dirigentes — como o próprio Fernando Sarney.
Ednaldo foi informado sobre o seu afastamento em Assunção, onde participava de congresso da Fifa. A decisão cabe recurso no STJ e no STF, e Ednaldo certamente irá recorrer. Ainda mais sabendo o quanto a CBF e ele próprio gastam com advogados — na casa dos milhões — para atuar em seus interesses.
Em dezembro de 2023, quando foi afastado da presidência, ele recorreu da decisão no STF e retornou ao cargo graças à decisão de Gilmar Mendes — com todo o conflito de interesse que possui com a entidade. Só que, desta vez, a situação é mais grave.
A denúncia que surgiu inicialmente no portal Leo Dias sobre o déficit cognitivo de Coronel Nunes, que invalidaria o acordo, fez com que opositores de Ednaldo se mexessem rapidamente.
No dia 5 de maio, a deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) protocolou pedido de anulação do acordo e destituição imediata de Ednaldo Rodrigues diretamente ao ministro Gilmar Mendes. Dois dias depois, no dia 7, Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, fez o mesmo. Em ambos os pedidos estava o laudo feito pela perita Jacqueline Tirotti, que estabelecia que a assinatura havia sido falsificada.
Isso se soma a um processo de desgaste de Gilmar Mendes que começou quando ele tomou a decisão de restabelecer Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF. A matéria “Coisas extravagantes”, publicada pelo repórter Allan de Abreu na revista Piauí, expôs ainda mais tanto o presidente da CBF quanto o ministro do STF — a ponto de alguns deputados tentarem articular uma CPI para convocar o presidente da CBF a explicar sua relação com Gilmar Mendes.
A relação é bastante pública. O ministro é sócio e fundador do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), que tem contrato com a CBF para gerir a CBF Academy, onde são ministrados os cursos obrigatórios para qualquer um que quiser ser técnico no Brasil.
As licenças só são emitidas para quem faz os cursos. Um negócio de milhões de reais. Gilmar Mendes nunca se declarou impedido de julgar o caso por isso, embora, evidentemente, fosse o mais adequado.
Com tudo isso, Gilmar Mendes parece ter abandonado Ednaldo. No dia 7, mesmo dia em que Fernando Sarney protocolou seu pedido ao ministro, Gilmar Mendes enviou o caso ao TJ-RJ e pediu apuração urgente — ainda que negando o afastamento imediato de Ednaldo.
Apenas sete dias depois, no dia 15 de maio, Zéfiro publicou a decisão de nove páginas que decretou o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. Sarney ganha força como interventor para convocar as eleições. É ele quem deve organizar isso, e isso lhe dá bastante poder.
Fernando Sarney tem laços bastante antigos com a CBF. Ele está na entidade desde 1998, quando se tornou diretor de relações governamentais ainda com Ricardo Teixeira na presidência. Passou por vários cargos desde então, nas diferentes gestões de Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e Rogério Caboclo. Em 2015, quando Del Nero foi afastado da CBF por investigação no Fifa Gate, ele herdou o cargo no conselho da FIFA.
Há um motivo para Sarney ter se tornado opositor de Ednaldo Rodrigues. Na última eleição, ele foi deixado de fora da chapa que acabou eleita. Isso se soma a uma insatisfação de vários dirigentes contra Ednaldo — embora nenhum deles tenha coragem de confrontá-lo diretamente.
O afastamento de Ednaldo Rodrigues da CBF não afeta a contratação de Carlo Ancelotti, ao menos em teoria. O contrato do técnico é com a entidade, não com a pessoa. Ancelotti, a essa altura, sabia do risco. O treinador italiano inclusive já monta sua comissão técnica para atuar na data Fifa de junho.
Segundo a ESPN, novas eleições devem ser convocadas em até uma semana. A grande questão agora é quem serão os candidatos. E mais do que isso: como serão julgados os recursos de Ednaldo? Haverá uma ação tão rápida quanto foi nesse processo de afastamento? E, se for acatado, o processo eleitoral que ocorrer nesse meio tempo será anulado?
Isso tudo é um problema porque pode inibir candidatos de surgirem. Afinal, se Gilmar Mendes novamente aceitar a liminar de Ednaldo e ele puder retornar à presidência, certamente voltará com sede de vingança contra quem tentou se eleger em seu lugar.
Este, porém, é o cenário menos provável. Com tudo que aconteceu — e algo tão grave quanto uma falsificação de assinatura — parece improvável que Ednaldo Rodrigues consiga voltar à presidência desta vez.
A questão é: quem tem força e articulação suficiente para montar uma candidatura à presidência da CBF? Um nome é quase certo: Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol. Ele tenta se viabilizar como candidato há algum tempo, mas esbarrou na força que Ednaldo mostrou, de forma até surpreendente, desde que assumiu o cargo interinamente em 2021.
Ronaldo tentou se viabilizar meses atrás e sua candidatura morreu antes mesmo de nascer, porque ele não conseguiu superar a cláusula de barreira de ter o apoio de quatro federações e quatro clubes. É possível que esse cenário tenha mudado, mas o próprio Ronaldo se desiludiu com o processo. É mais provável que vejamos outros nomes.
Um nome muito forte nos bastidores, e que tem antagonizado com Gilmar Mendes no cabo de guerra de poder ao redor da CBF, é Luiz Zveiter. Sim, ele mesmo: ex-presidente do STJD — responsável pelas anulações de 11 jogos no escândalo de arbitragem em 2005. O que o tornou realmente influente foi ter se tornado desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 1995. Atualmente com 70 anos, Luiz Zveiter tem interesse em aumentar sua influência na CBF.
O filho de Luiz Zveiter, Flavio Zveiter, esteve envolvido no projeto de criação de uma liga de clubes e ajudou a formar a Libra. Depois, em 2022, foi para a diretoria da CBF, onde se tornou vice-presidente da entidade. Foram apenas oito meses na entidade antes de se desligar da CBF, em 2023.
Em dezembro de 2023, após o afastamento de Ednaldo Rodrigues, Flavio Zveiter se lançou candidato à presidência da CBF. Assim como o pai, foi presidente do STJD e tinha a experiência de atuar como vice-presidente da CBF. Ele seria adversário de Reinaldo Carneiro Bastos. Isso tudo foi por água abaixo quando Ednaldo conseguiu a liminar para retornar à CBF.
É muito possível que vejamos novamente esses dois nomes — Reinaldo Carneiro Bastos e Flavio Zveiter — como candidatos à presidência da CBF. Ao menos até que alguma liminar mude tudo. Vai se acostumando, Carleto.
PODCAST MEIOCAMPO!
Ednaldo Rodrigues cai da presidência da CBF após decisão na Justiça e abre uma disputa pelo poder na entidade. Como fica a situação agora? E Ancelotti? Na Itália, o Bologna conquistou o título da Copa da Itália sobre o Milan, em uma conquista histórica. Na Espanha, o Barcelona conquistou, enfim, o título de La Liga.
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Giro
- O Barceleona conquistou o título de la Liga nesta quinta-feira. A vitória sobre o Espanyol por 2 a 0, na casa do rival de cidade, garantiu a taça com uma rodada de antecipação. Era o que todo mundo esperava que acontecesse e parecia uma questão de tempo depois da vitória no clássico contra o Real Madrid. O time dee Hansi Flick consegue recuperar o título em uma temporada com Lamine Yamal, Raphinha, Pedri, Lewandowski e tantos outros brilhando. A tríplice coroa não veio, mas a dobradinha de Copa do Rei e La Liga já é histórica. O time precisará de alguns ajustes, mas é um time com potencial de repetir os feitos na próxima temporada - e quem sabe ir além. O retorno ao renovado Camp Nou na próxima temporada tem tudo para ser glorioso.
- A Liga Francesa de Futebol (LFP) e o DAZN encerraram antecipadamente o contrato de transmissão da Ligue 1, que iria até 2029. Há uma briga na Justiça francesa entre as partes e a rescisão de contrato é parte do acordo. Tudo isso porque o DAZN pagou € 400 milhões por temporada, mas quis rever o contrato porque não vinha tendo sucesso com a venda de assinaturas. Pedia, assim, indenização de € 573 milhões. A LFP não aceitou e exigia o pagamento integral do contrato. O acordo de rescisão inclui o pagamento de € 140 milhões pelo DAZN como indenização aos clubes da Ligue 1. O preço cobrado pelo DAZN (€ 29,90 mensais por todos os jogos, € 14,99 por um jogo por rodada) era considerado caro e houve aumento da pirataria no país: 65% dos entrevistados disseram aceitar recorrer à pirataria em vez de pagar pela assinatura. Isso tudo depois da LFP ter dificuldades pra fechar com o DAZN por € 400 milhões, dizendo que o campeonato valia € 1 bilhão. Pelo jeito, não vale nem os € 400 milhões, ao menos para o DAZN (via Máquina do Esporte).
- ESPN cria um streaming nos Estados Unidos que vai oferecer todo o conteúdo da emissora em uma só assinatura, o que ainda não acontecia por lá. O nome é genial: ESPN. Isso mesmo: o streaming com todos os canais da ESPN na América do Norte terá o nome da empresa. A ESPN é o maior canal de esportes do país e antes só tinha toda a sua programação disponível via operadoras de TV. O presidente da ESPN, Jimmy Pitaro, disse que essa iniciativa “irá redefinir o nosso negócio”. O streaming completo da ESPN custará US$ 29,99 por mês (via The Athletic).
- O Everton desistiu de demolir o Estádio Goodison Park e irá usá-lo como casa do time feminino (na BBC, via Juliano no grupo de membros do Meiocampo). É uma forma de manter o estádio ativo e uma construção que é histórica para o clube e para o futebol inglês.
- Beira o inacreditável a derrocada do Ajax na Eredivisie. Quando restavam mais cinco partidas para o término do campeonato, os Godenzonen sustentavam uma vantagem de nove pontos sobre o rival PSV – derrotado no confronto direto pouco antes. Quatro rodadas depois, a liderança agora cai no colo do próprio PSV, um ponto à frente e que só depende de si para ser campeão. O derretimento do Ajax começou com um empate em casa com o Sparta Roterdã, antes de tomar 4 a 0 na visita ao Utrecht e 3 a 0 do NEC em Amsterdã. Por fim, nesta quarta-feira, a perda da liderança se consumou com o empate por 2 a 2 contra o Groningen, que buscou a igualdade aos 54 do segundo tempo. Enquanto goleava o Heracles por 4 a 1, o PSV saltou de volta para a primeira posição, que foi sua até o início do returno. Na rodada final, os Boeren visitam o 11° colocado Sparta, enquanto os Ajacieden recebem o sexto colocado Twente. A competição flui para o bicampeonato em Eindhoven.
- O meio de semana serviu para diversos campeões serem coroados no Leste Europeu. O Galatasaray deu o primeiro passo à dobradinha com o título na Copa da Turquia, ao bater o Trabzonspor por 3 a 0, com dois gols de Victor Osimhen. A Copa da República Tcheca ofereceu o segundo troféu ao Sigma Olomouc, o primeiro desde 2012, ao superar o Sparta Praga. O Páks foi bicampeão da Copa da Hungria, com o segundo título sobre o Ferencváros, vencido nos pênaltis. O Cluj reconquistou a Copa da Romênia após nove anos, enquanto o Celje rompeu uma espera de 20 anos na Copa da Eslovênia. Já na Ucrânia, o Shakhtar venceu o Dynamo Kiev nos penais e levou seu prêmio numa temporada em que os rivais devem faturar a liga.
- A lista de feitos da Sampdoria inclui uma final de Champions, um título da Recopa Europeia, um Scudetto e quatro troféus da Copa da Itália – tudo isso conseguido no auge do Calcio, entre os anos 1980 e os 1990. Um passado cada vez mais longínquo, ainda mais num momento em que os blucerchiati são rebaixados à terceira divisão do Campeonato Italiano. É o segundo descenso da Samp em três anos, relegada na Serie A em 2022/23. Pior, será a primeira vez que os genoveses não estarão nas duas principais divisões da Itália, com 65 participações na elite desde a fundação do clube em 1945. O desastre poderia ter sido pior já em 2023, quando o risco de falência era real, diante da série de imbróglios protagonizados pelo então presidente Massimo Ferrero. Novos donos chegaram, mas isso não aliviou as finanças apertadas e nem encontrou um rumo para o departamento de futebol. A queda acontece após uma campanha fraquíssima na Serie B, em que não salvaram os antigos ídolos na comissão técnica ou os medalhões em campo – incluindo Fabio Borini, Massimo Coda, M’Baye Niang e Alessio Cragno. De alento, só mesmo a fidelidade da torcida, que manteve média de 22 mil presentes no Marassi.
Roteiro do fim de semana
É jogo decisivo que você quer? Então toma que o fim de semana tá cheio:
Campeonato Alemão: Borussia Dortmund x Holstein Kiel
Sábado, 10h30 - TV Cultura, Canal GOAT
O Dortmund mais uma vez decidirá a sua vida na última rodada da Bundesliga. Em 2022/23 perdeu o título que estava na mão ao empatar com o Mainz. Desta vez, a história é para conseguir a vaga na Champions League: o time comandado por Niko Kovac vem de quatro vitórias seguidas e está em 5º, um ponto atrás do Freiburg, que terá pela frente o Eintracht Frankfurt, 3º com 57 pontos. Se o Dortmund vencer por três gols de diferença, se classifica independente do resultado desse jogo por causa do saldo de gols. Se vencer por menos gols, tem que torcer por um empate ou uma vitória do Frankfurt.
Final da Copa da Inglaterra: Crystal Palace x Manchester City
Sábado, 12h30 - ESPN, Disney+
O Crystal Palace sonha em conquistar o título da Copa mais antiga do mundo, algo inédito. Foi vice duas vezes (1989/90 e 2015/16) e tenta o seu primeiro grande título. O Palace só conquistou troféus de divisões inferiores em sua história. O Manchester CIty vive uma das suas piores temporadas recentes, mas mesmo assim vai à próxima Champions e quer ao menos conquistar um título. O time tem sete Copas da Inglaterra, sendo a última delas em 2022/23, quando conquistou a tríplice coroa.
Campeonato Francês: Nice x Brest
Sábado, 16h00 - Cazé TV
Última rodada da Ligue 1 e o título está definido, mas ainda falta saber quem cai e quem vai às competições europeias. Os três primeiros já estão na Champions (PSG, Marseille e Monaco), mas a quarta vaga está em jogo. O Nice é 4º (19 gols de saldo), mas tem a mesma pontuação de Lille (5º, saldo 15) e Strasbourg (6º, saldo 13). O Nice recebe o Brest, o Lille recebe o Stade Reims e o Strasbourg recebe o Le Havre. Se persistir o empate em pontos, o saldo de gols é que define - e é o que deixa o Nice em 4º atualmente.
Campeonato Português: Sporting x Vitória de Guimarães
Sábado, 14h00 - Disney+
Última rodada do Campeonato Português e o Sporting precisa apenas de uma vitória para ficar com o título. O duelo é contra o Vitória de Guimarães, que faz boa temporada e é o 5º colocado. Curiosamente, o atual técnico do Sporting, Rui Borges, começou a temporada pelo Vitória e assumiu os Leões em dezembro. Foi quando o Sporting demitiu João Pereira, que era da base e substituiu Ruben Amorim, que foi para o Manchester United em novembro. O Benfica precisa que o Sporting perca pontos, além de vencer o seu jogo contra o Braga fora de casa, para conquistar o título. No caso de empate por pontos, a vantagem é do Sporting pelo confronto direto.
Campeonato Italiano: Inter x Lazio
Domingo, 15h45 - Disney+
A Inter recebe a Lazio na penúltima rodada da Serie A e precisa vencer para seguir na disputa do título. Se perder o jogo e o Napoli vencer, os Partenopei conquistam o título. Mas se a Inter vencer e o Napoli empatar ou perder, são os nerazzurri que chegam à última rodada na frente. A Lazio tem muito pelo que jogar: 5ª colocada, precisa da vitória para superar a Juventus, que tem o mesmo número de pontos e está em 4ª, posição que leva à Champions. A Juventus enfrenta a Udinese. A Roma, 6ª com um ponto a menos que Juventus e Lazio, enfrenta o Milan e também precisa vencer para seguir na disputa. O Napoli enfrenta o Parma, fora de casa.
Campeonato Argentino: Boca Juniors x Independiente
Segunda, 21h30 - ESPN, Disney+
O mata-mata do Campeonato Argentino está a toda e teremos clássico nas quartas de final. Boca Juniors e Independiente se enfrentam na Bombonera para definir quem chega às semifinais. O duelo é em jogo único e já vimos favoritos como o Racing caindo na fase anterior. O Boca, comandado por Mariano Herron, confia em Carlos Palacios para conseguir um bom desempenho. O Independiente tenta seu primeiro título de primeira divisão desde 2002. O Boca ganhou em 2022.