Mundial mostra o que a Copa vai perder
O novo Mundial surpreendeu pela competitividade e emoção, enquanto a Copa de 2026 levanta dúvidas com seu formato inchado
Newsletter Meiocampo - 27 de junho de 2025
O Mundial de Clubes nos trouxe tudo que uma boa fase de grupos pede: surpresas, equilíbrio, bons jogos e uma disputa acirrada até o final na maioria dos grupos, mas isso pode se perder para a Copa do Mundo de 2026. Trazemos um resumo do que rolou na Copa do Mundo de Clubes desde a última edição da newsletter. Ainda fazemos um giro do que vimos nesta fase de grupos, incluindo um vídeo oportunista da CBF sobre o torneio, além de outras atualizações do mundo da bola, como o rebaixamento do Lyon e a renovação de Cristiano Ronaldo no Al Nassr.
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Mundial mostra por que 32 times é o formato ideal — e o que a Copa de 2026 pode perder
Disputa até a última rodada na fase de grupos mostra que o formato é ideal e a Copa do Mundo pode ter um problema em 2026
Por Felipe Lobo
A fase de grupos da Copa do Mundo de Clubes terminou com uma sensação de loucura e imprevisibilidade revigorante. Mesmo que os classificados tenham sido mais ou menos os esperados, houve surpresas e disputa até o fim. O formato parece ter sido um acerto: 32 times, oito grupos e um critério de desempate diferente — algo que talvez percamos em 2026, quando a Copa do Mundo estreará com 48 seleções.
O fato de dois entre os quatro times de cada grupo avançarem à fase eliminatória é um elemento importante para que a disputa tenha sido, em grande parte, emocionante e indefinida até a última rodada.
Essa emoção e a briga por vaga devem ser bem diferentes na Copa do Mundo de 2026, que terá 48 seleções pela primeira vez — um aumento em relação às 32, como era até 2022. Serão 12 grupos de quatro times cada e, além dos dois primeiros colocados de cada chave, oito dos melhores terceiros também avançarão.
Já vimos problemas semelhantes em torneios com 24 seleções, como foi o caso entre 1982 e 1994. Com alguns terceiros colocados passando de fase, a tendência é vermos classificações mais fáceis. Afinal, dos 48 times que iniciarão a disputa, 32 estarão na fase de 16-avos de final — a Copa de 2026 terá uma etapa extra de mata-mata antes das oitavas de final.
Neste Mundial de Clubes, apenas um dos oito grupos chegou à última rodada com os dois classificados já definidos. Foi o Grupo G, em que Juventus e Manchester City dominaram. Restou apenas a disputa pela colocação — e o Manchester City passou como um trator pelos italianos.
O Grupo A foi bastante disputado e até o Palmeiras, que terminou como líder, esteve ameaçado de eliminação em determinados momentos. A última rodada foi um espetáculo de emoção: o Inter Miami abriu 2 a 0 e colocou o Palmeiras em sério risco, enquanto Porto e Al Ahly fizeram um jogo maluco, que terminou em 4 a 4.
O Palmeiras acabaria arrancando o empate contra o Inter Miami para garantir a primeira posição, mas a tensão durou até o fim e causou um grande drama — o que tornou cada jogo um espetáculo à parte. Algo excelente do ponto de vista esportivo e comercial, pois transforma as partidas em um grande produto, seja para quem está no estádio ou assistindo pela TV.
Isso, em parte, tem a ver com o bom desempenho de clubes de fora da Europa. Havia o temor de que os europeus dominassem o torneio com facilidade, o que não aconteceu. Os clubes brasileiros foram responsáveis pelas maiores surpresas, como a vitória do Botafogo sobre o PSG e a goleada do Flamengo sobre o Chelsea. O Atlético de Madrid, que estava no grupo do Botafogo, acabou eliminado.
Outro elemento importante foi o novo critério de desempate. Competições da Fifa costumavam usar o saldo de gols como primeiro critério. Desta vez, foi o confronto direto — inclusive em casos de empate triplo. Essa mudança ampliou bastante as possibilidades.
O critério de confronto direto começa com pontos, depois saldo (entre os empatados, no caso de mais de dois) e gols marcados. Só se os times continuassem empatados é que se passaria ao saldo geral do grupo, depois gols marcados e, eventualmente, cartões amarelos e vermelhos. Isso manteve a disputa aberta até o fim.
Na prática, esse critério significa que, no caso de um empate triplo, os resultados contra o quarto time do grupo são desconsiderados. Um dos assinantes do Meiocampo, Lucca, chamou esse critério de “regra Auckland” em conversa no nosso grupo de WhatsApp para membros (exclusivo para assinantes do plano Centenário no YouTube ou membros fundadores aqui na newsletter).
O Grupo E, por exemplo, chegou à última rodada com muitas possibilidades. Se o Monterrey vencesse o já eliminado Urawa Reds e Internazionale e River Plate empatassem, os três times ficariam com os mesmos pontos. Empates com ou sem gols classificariam times diferentes.
Esse é um critério que a Uefa já utiliza há algum tempo e que já causou eliminações surpreendentes — e até polêmicas — como lembrou uma matéria do UOL. Na Eurocopa de 2004, Dinamarca e Suécia chegaram à última rodada depois de vencerem a Bulgária e empatarem com a Itália por 1 a 1 e 0 a 0, respectivamente.
Com isso, um empate por 2 a 2 classificaria os dois países nórdicos e eliminaria a Itália. Depois de um jogo equilibrado, foi justamente esse o placar, alcançado graças a um gol sueco aos 44 minutos. Os italianos reclamaram, mas não adiantou nada.
Apesar de criar esse tipo de situação — em que um resultado prévio pode classificar dois times —, como poderia ter ocorrido com River e Inter num empate por 2 a 2 (o que não aconteceu, pois a Inter venceu por 2 a 0), o critério sem dúvida deixou os jogos mais movimentados.
Se houvesse a possibilidade de classificação como um dos melhores terceiros colocados, muitos dos jogos emocionantes que vimos nessa última rodada poderiam ter sido bem mais mornos, com os times se contentando com empates que mantivessem suas chances vivas.
Nunca tivemos uma Copa do Mundo com 48 seleções — e pode ser que sejamos surpreendidos por uma fase de grupos emocionante até o fim. Mas, pela nossa experiência com torneios com 24 seleções que classificam terceiros colocados, a tendência é que a fase de grupos perca intensidade. E, assim, uma das melhores partes da Copa pode se enfraquecer. É claro que a fase eliminatória é a mais importante, mas a fase de grupos oferece uma variedade de disputas que torna a competição emocionante desde o início. Talvez percamos isso em 2026.
Até por isso, foi ótimo aproveitar essa disputa intensa na Copa do Mundo de Clubes — e esperamos que a Fifa não decida aumentar esse torneio para 48 times também, como já foi especulado. Que esta fase de grupos sirva de inspiração para que tudo permaneça como está na próxima edição, em 2029.
🎧PODCAST MEIOCAMPO #145
A fase de grupos termina e é hora de fazermos um balanço. O que funcionou, o que foi divertido, quais foram os pontos altos e os pontos baixos e o que podemos esperar para o mata-mata. Será que os brasileiros vão continuar surpreendendo?
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NA EDIÇÃO ANTERIOR DA NEWSLETTER…
A Newsletter Meiocampo conta com duas edições fixas semanais: às terças, exclusiva para assinantes, e às sextas, gratuita para o público em geral. Ocasionalmente, nossos assinantes também ganharão textos extras. A edição da última terça-feira contou a emocionante história do acesso do Oviedo, com Santi Cazorla, formado por lá e torcedor do clube, como protagonista. Confira e assine!
Resumo dos jogos da Copa desde a última edição
Bayern de Munique 0x1 Benfica: Uma surpreendente vitória dos Encarnados mudou tudo no Grupo C. O gol da vitória veio com Andreas Schjelderup, depois de boa jogada de Fredik Aursnes. A vitória classificou o Benfica em primeiro e jogou o Bayern para segundo – além de eliminar o Boca Juniors.
Auckland City 1x1 Boca Juniors: Um resultado histórico. O Boca só conseguiu fazer um gol no primeiro tempo, em um gol contra do goleiro Nathan Garrow. Os neozelandeses empataram com Christian Gray, que voltará para casa podendo dizer que fez um gol contra os poderosos sul-americanos. O jogo chegou a ser parado por questões de mau tempo e, quando o jogo foi retomado, o Benfica já tinha vencido. Ou seja: o Boca já estava eliminado. A motivação para fazer outro gol não foi muita.
Espérance 0x3 Chelsea: Os Blues entraram em campo com a vaga quase assegurada e terminaram de garantir a classificação com uma vitória tranquila. Tosin Aderabioyo marcou 1 a 0, Liam Delap fez o seu primeiro gol com a camisa do Chelsea para ampliar para 2 a 0, e Tyrique George fechou a conta nos acréscimos. O Chelsea enfrenta o Benfica nas oitavas de final.
Los Angeles FC 1x1 Flamengo: Os rubro-negros entraram recheados de reservas, porque já estavam classificados em primeiro lugar. Filipe Luís aproveitou para poupar jogadores pensando no Bayern. Tomou um gol de Danis Bouanga aos 39 minutos do segundo tempo, mas Wallace Yan, em passe de Jorginho, empatou aos 41. Um jogo com cara de amistoso. O Flamengo enfrentará o Bayern nas oitavas de final.
Borussia Dortmund 1x0 Ulsan: Um jogo bem pouco movimentado, mas o Dortmund foi quem criou as melhores chances. Poderia ter ganhado por mais, mas ficou mesmo na vitória simples. Como o Fluminense só empatou com o Mamelodi Sundowns, termina como líder no grupo e enfrentará o Monterrey nas oitavas de final.
Mamelodi Sundowns 0x0 Fluminense: Com alguns poupados, o Fluminense entrou em campo sem a mesma eficiência ou a intensidade da estreia contra o Dortmund e nem foi tão movimentado quanto o jogo contra o Ulsan. A tensão permaneceu, com o Flu administrando o resultado até o final do jogo. O Flu se classificou em segundo e vai enfrentar a Internazionale.
Internazionale 2x0 River Plate: O confronto prometia, mas ficou abaixo do esperado. O River não conseguiu ser perigoso, sentiu os desfalques e a Inter, também desfalcada, foi bem superior, especialmente no segundo tempo. A expulsão de Lucas Martinez Quarta pesou muito e Francesco Pio Esposito marcou 1 a 0, antes de Alessandro Bastoni fazer um golaço. Ainda teve confusão no final, com o River saindo de campo fazendo bagunça. A Inter enfrenta o Fluminense nas oitavas de final.
Urawa Reds 0x4 Monterrey: Particularmente não acreditava que o Urawa seria um adversário fácil pro Monterrey, mas o que aconteceu foi o contrário. Ainda no primeiro tempo, o placar já era 3 a 0 e os Rayados encaminharam a classificação, torcendo apenas para River e Inter não empatarem por mais de dois gols. E não aconteceu. Nelson Deossa, Germán Beltrame (2) e Tecatito Corona marcaram. O adversário agora será o Borussia Dortmund.
Juventus 2x5 Manchester City: Foi uma pelada das mais divertidas. Quer dizer, não se você torce para a Juventus. Os dois bons jogos dos bianconeri caíram por terra diante de uma grande atuação do Manchester City - que a bem da verdade, nem chegou a atuar na intensidade máxima. E olha que até que depois de Jérémy Doku fazer 1 a 0 para o City, Teun Koopmeiners empatou em um erro de saída de bola de Ederson. Só que depois disso… Pierre Kalulu marcou contra, Erling Haaland, Phil Foden e Savinho marcaram os outros gols, antes de Dusan Vlahovic diminuir. Uma sapecada. A Juventus vai pegar o Real Madrid, enquanto o Manchester City terá pela frente o Al Hilal.
Wydad Casablanca 1x2 Al Ain: Em um dos jogos mais desimportantes da Copa do Mundo, o Al Ain conseguiu sair com uma vitória do campeonato. Cassius Mailula marcou 1 a 0 para o Wydad, só que Kodjo Laba empatou, de pênalti. Alejandro Romero marcou o gol da vitória.
Al Hilal 2x0 Pachuca: Em um jogo em que foi melhor na maior parte do tempo, o Al Hilal venceu os mexicanos do Pachuca com um golaço de Salem Al-Dawsari no primeiro tempo. O jogo ficou pendurado até o final, mas o brasileiro Marcos Leonardo fechou a conta em 2 a 0 para garantir os sauditas na fase de mata-mata. E agora o confronto será contra o Manchester City - cujos donos são dos Emirados Árabes.
Red Bull Salzburg 0x3 Real Madrid: Com tranquilidade, o Real Madrid venceu bem, com gol e assistência de Vinícius Júnior. O primeiro ele fez, o segundo ele deixou de calcanhar para Federico Valverde. O terceiro sairia no segundo tempo, com o garoto Gonzalo García, garoto de 21 anos, marcando o terceiro. O Real Madrid teve sua melhor atuação nesta fase de grupos e fecha em primeiro lugar. Agora enfrentará a Juventus nas oitavas de final.
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Messi pode fazer o Inter Miami ir além do sonho?
Depois de uma surpreendente campanha na fase de grupos, o Inter Miami de Messi encara seu maior desafio: o campeão europeu. Seria possível sonhar além do que parece humanamente viável?
Por Felipe Lobo
A presença de Lionel Messi no Mundial de Clubes parecia, à primeira vista, apenas um atrativo midiático. O Inter Miami não é dos times mais confiáveis e caiu em um grupo com pesos pesados. Além do Palmeiras, que conhecemos bem, havia o Porto — um clube europeu tradicional, embora em má fase — e o Al Ahly, gigante do futebol africano. Mas o Inter Miami sobreviveu, eliminou o Porto e se classificou após um jogo duríssimo contra o forte Palmeiras.
A participação do time americano no torneio já causou controvérsias. A vaga veio com a conquista do Supporters’ Shield, que é um título relevante na MLS, mas não o de campeão da liga — esse pertence ao Los Angeles Galaxy, vencedor da MLS Cup. A Fifa classificou o Inter Miami como representante do país-sede antes da realização do playoff local, numa clara tentativa de garantir Messi no torneio.
A classificação do Inter Miami no Grupo A já foi uma surpresa. Era mais fácil apostar no Porto ou no Al Ahly, equipes mais consolidadas no cenário internacional. Mas o Inter Miami tem Messi. E, convenhamos, pouco mais além disso. O time é frequentemente chamado de “o time do Messi” porque, fora as presenças de Jordi Alba, Sergio Busquets e Luis Suárez, o elenco é curto e desequilibrado. A equipe tem problemas defensivos e muitas vezes sofre para acompanhar o ritmo físico das partidas.
Esse desequilíbrio ficou evidente na estreia contra o Al Ahly. Os egípcios desperdiçaram várias chances — incluindo um pênalti — e poderiam ter construído uma vantagem de 3 a 0 ainda no primeiro tempo. Mas não o fizeram. Na etapa final, houve uma clara mudança de postura do Inter Miami, com méritos para o técnico Javier Mascherano, que ainda tem muito a provar. O time melhorou e quase venceu. O empate por 0 a 0 acabou sendo lamentado pelos norte-americanos.
Foi no segundo jogo que veio o impacto maior. Enfrentando um Porto que está longe de seus melhores dias, o Inter Miami criou dificuldades constantes. Saiu atrás no placar, mas virou o jogo com autoridade, mostrando uma defesa mais sólida e vencendo por 2 a 1 com méritos. A classificação se tornou provável.
A partida contra o Palmeiras era, no papel, o maior desafio do grupo. O time brasileiro era o mais forte e, com razão, o favorito da chave. Mas o Inter Miami não se intimidou. Messi, jogando mais recuado para escapar da marcação alviverde, foi peça-chave para o time abrir 2 a 0, com direito a um golaço de Luis Suárez. O Palmeiras reagiu, buscou o empate com dificuldade e sobreviveu ao susto — uma derrota poderia até ameaçar sua vaga.
O que se viu nesse terceiro jogo foi um Inter Miami mais seguro defensivamente e muito mais incisivo no ataque. A equipe mostrou evolução ao longo da fase de grupos e encerrou em alta, com uma atuação que poderia até ter lhe dado a vitória e a liderança da chave — algo impensável diante do nível do grupo.
Agora, o desafio é ainda maior. O PSG é o campeão europeu, venceu a Champions League há poucas semanas e entra em campo com o alerta ligado, ainda mais após ter sido surpreendido pelo Botafogo. O Inter Miami precisará de algo próximo da perfeição para ter chances reais.
Esperar que Messi lidere o Inter Miami além das oitavas de final soa como um sonho. Mas será que o time pode ir além disso? Em condições normais, é difícil imaginar uma surpresa da magnitude da que o Botafogo protagonizou. Messi ainda é genial, Suárez tem lampejos do craque que já foi, e Busquets e Alba têm seus momentos. Mas será preciso muito mais do que isso para superar o PSG em um jogo eliminatório.
Sinceramente, ficaria surpreso se Messi conseguisse eliminar o PSG. Mas não me surpreenderia se ele liderasse uma atuação que ao menos incomodasse os comandados de Luis Enrique. E só é possível acreditar nessa possibilidade porque é Messi. Um lance genial pode causar um abalo inesperado. Superar o PSG seria algo além do talento — seria quase divino. E, por vezes, Messi toca o divino.
Giro
- A fase de grupos chegou ao fim e, com todas as variáveis de temperatura, cansaço e interesse, os europeus colocaram nove dos seus 12 participantes nas oitavas de final. As exceções foram o Porto, que definitivamente não usou a Copa do Mundo de Clubes para se recuperar de uma péssima temporada europeia, o Red Bull Salzburg, e eu entendo a ideia de ampliar os países participando do torneio, aplaudo essa ideia, mas se é para fazer figuração, melhor que seja um time da Ásia ou da África, a Europa estaria bem representada sem o Red Bull Salzburg, ô se dá para redistribuir uma ou duas vagas da Europa para outros continentes, enfim, o Atlético de Madrid também não passou. E não cometeu nenhum crime. Levou mais gols do que deveria do PSG, dois depois dos 42 minutos do segundo tempo, e bateu o Seattle Sounders como deveria bater, mas a gigantesca vitória do Botafogo o deixou em uma situação quase impossível. Em seguida, aparece a Conmebol, com quatro classificados entre seus seis representantes: os quatro brasileiros. Falaremos dos argentinos em breve. A Concacaf conseguiu colocar dois, um deles emprega Lionel Messi, o mesmo um que não deveria estar no torneio, e a Ásia terá o Al-Hilal, que é basicamente um semifinalista da Liga Europa, no mínimo. De qualquer maneira, até que ter quatro das cinco confederações relevantes (desculpa, Oceânia) representadas nas oitavas de final é um bom resultado do ponto de vista da diversidade para a primeira edição de um torneio que quer ter caráter mundial, apesar de 13 dos 16 times serem de apenas duas.
- As torcidas argentinas foram um dos grandes destaques da fase de grupos da Copa do Mundo de Clubes. O Hard Rock parecia a Bombonera quando recebeu Bayern de Munique x Boca Juniors. Pronto. Agora as más notícias. O River Plate fez provavelmente o pior jogo de um time sul-americano contra um europeu em toda a competição. Principalmente no segundo tempo, a Internazionale conseguia quebrar a linha do meio-campo sempre que recuperava a bola, com uma simples troca de passes ou um drible ou uma arrancada, que deixaram seus atacantes correndo com espaço para cima da defesa argentina o tempo todo. Os gols não saíram antes por erros de execução, Lautaro Martínez perdeu uns dois ou três, mas o resultado do jogo estava claro mesmo antes da expulsão de Lucas Martínez Quarta. Os torcedores do Boca Juniors não podem nem tirar sarro porque empataram com um time semi-amador (e estavam empatando com um time semi-amador antes da partida virar um amistoso), apesar de terem sido competitivos contra Benfica e Bayern. Falamos bastante sobre diferentes níveis de futebol nas últimas semanas e não precisávamos do Mundial para saber o quanto o brasileiro está à frente do argentino no momento. Bastava olhar a lista de últimos campeões da Libertadores. Cinco dos dez cartões vermelhos do Mundial foram de jogadores de Boca Juniors ou River Plate, então, se ser aguerrido é o suficiente, parabéns!
- Eu não sei quem disse que o Brasil “iria a passeio” à Copa do Mundo de Clubes ou que “não daria para o cheiro”, não sei se era alguém relevante o suficiente para exigir uma resposta da Confederação Brasileira de Futebol, não sei também qual o problema de Brasil com Z, não é que a CBF fala United States, mas tivemos uma resposta mesmo assim porque a CBF fez aquela coisa muito comum nas redes sociais de usar críticos imaginários para dar uma lacradinha. O vídeo, até que bem produzido, exalta a participação dos clubes brasileiros na fase de grupos. O detalhe que a CBF esqueceu de mencionar é que essa participação (que merece exaltação mesmo) foi alcançada apesar da maneira como ela organiza o nosso futebol. Se alguma coisa, escancarou o potencial que o Brasileirão poderia ter como uma das ligas mais fortes do mundo se os clubes não começassem a disputá-lo com 25 jogos nas costas, se o Brasileirão não precisasse ser espremido em sete meses, se os jogadores não retornassem de suas seleções algumas horas antes da rodada para que ela possa mentir que respeita as Datas Fifas, se houvesse regulamentação financeira ou alguma preocupação de promover o equilíbrio, se houvesse melhor arbitragem, etc, etc. Em outras palavras, fica de boa, CBF: não foi por sua causa que o Brasil teve um brilhante Mundial de Clubes até agora.
- Em sua defesa, John Textor tentou de tudo: vendeu as principais promessas, vendeu parte do time feminino, vendeu jogador para o Botafogo, vendeu jogador do Botafogo, emprestou jogador do Molenbeek, vendeu até metade do atual campeão da Copa da Inglaterra, mas nada disso conseguiu convencer o órgão regulador das finanças do futebol francês (DNCG) de que as suas contas estão saudáveis. Talvez porque uma quantidade histórica de manobras financeiras em tão pouco tempo não passe aquela sensação de confiança. Ainda cabe recurso, mas, neste momento, o heptacampeão francês está rebaixado à segunda divisão. Uma punição similar e menos branda às recentemente aplicadas a outras camisas pesadas, como Bordeaux (enviado à quarta divisão) e Sochaux (terceira). As receitas da Champions League parecem ter sido a última cartada de Textor porque, do contrário, depois de tantas ameaças de sanções, transfer bans e reuniões com os reguladores, não faz sentido investir quase € 150 milhões em reforços. Se esse era o plano, teria sido melhor não colocar o futuro do seu clube nas mãos de um técnico interino porque ele conseguiu vaga na Liga Europa apenas para demiti-lo em janeiro. Apesar de tudo, e da suspensão de Paulo Fonseca por nove meses por ter intimidado fisicamente um árbitro (é, esse foi o tipo de temporada que o Lyon teve), a vaga na Champions bateu na trave, a apenas três pontos de distância, mas bater na trave não adianta muita coisa nessa situação.
- “Este capítulo acabou”, escreveu Cristiano Ronaldo depois da última partida do seu contrato com o Al-Nassr, mas, como não rolou defender um clube que está disputando a Copa do Mundo de Clubes, e o próprio admitiu que houve contatos, e como os sauditas voltaram com outro caminhão de dinheiro, o capítulo ganhou uma sobrevida. A renovação até 2027 significa duas coisas imediatamente. A primeira é que ele aparentemente pretende jogar até os 42 anos e quase certamente estará na próxima Copa do Mundo (de seleções, é horrível isso, vamos voltar a chamar o Mundial de Clubes de Mundial de Clubes, como a gente fez durante 60 anos?). A segunda é que, com 938 gols e baixas expectativas de que as defesas do Campeonato Saudita de repente aprendam a… defender, é provável que o milésimo gol saia com a camisa do Al-Nassr. Ele teria que marcar 31 por temporada nos próximos dois anos, sem contar a seleção portuguesa. Fez 35 na última e 44 na anterior.
- Myles Lewis-Skelly renovou contrato com o Arsenal até 2030, e não quero chutar, mas provavelmente por mais do que as £ 4 mil por semana que ele recebeu em sua primeira temporada no time profissional. É uma boa notícia porque começaram a pipocar rumores de Real Madrid, e o Real Madrid aparentemente desistiu de pagar por jogador, e o garoto estava entrando nos últimos 12 meses do vínculo que assinou em outubro de 2023. Ele foi a grande revelação da temporada inglesa: estreou entrando nos minutos finais contra o Manchester City e acabou fazendo 39 partidas por todas as competições. Foi titular tanto nas quartas de final quanto nas semifinais contra Real Madrid e PSG, o que em si já é impressionante para alguém tão novo. Em março, aos 18 anos e 176 dias, quebrou o recorde de Marcus Rashford de jogador mais jovem a marcar em sua estreia pela seleção inglesa ao castigar a Albânia. A lateral esquerda era uma posição problemática do Arsenal. Kieran Tierney e Riccardo Calafiori tiveram problemas físicos, Jurriën Timber foi improvisado, e também teve problemas físicos, e alguns jogadores contratados, como Nuno Tavares e Oleksandr Zinchenko, nunca se firmaram. E a solução, de repente, saiu das categorias de base. Legal quando isso acontece.
Programação de TV: Roteiro do fim de semana
Para ajudar você a se preparar para o fim de semana e a fase de mata-mata da Copa do Mundo de Clubes, trazemos os jogos para você se programar. Vale ressaltar que a CazéTV está disponível no Youtube, Prime Video, Disney Plus e canais lineares da Samsung TV Plus e LG Channels. Jogos no horário de Brasília:
Palmeiras x Botafogo
Sábado, 28 de junho, 13h
Lincoln Financial Phield, na Filadélfia
Globo, Sportv, CazéTV, DAZN
Depois da Brazilian Storm ser um dos grandes assuntos da fase de grupos, dois deles se enfrentam e um volta para casa no sábado. Botafogo e Palmeiras têm feito duelos de muita rivalidade na disputa por títulos importantes e este será um dos maiores, sem dúvida. A ver o que vai acontecer.
Benfica x Chelsea
Sábado, 28 de junho - 17h00
Bank of America Stadium, em Charlotte
Globo, Sportv, CazéTV, DAZN
Um duelo europeu nas oitavas de final, com o Benfica que chega como primeiro do grupo. Curioso para ver o que os dois times conseguem fazer, já que os Blues entregaram pouquíssimo na primeira fase, mas têm um elenco com potencial, enquanto os Encarnados parecem um time mais pronto e mais experiente, disposto a fazer história.
PSG x Inter Miami
Domingo, 29 de junho - 13h00
Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta
Globo, SporTV, Cazé TV, DAZN
Messi vs. PSG é um duelo interessante pela história, divertido porque coloca o argentino contra um time que ele jogou sem criar muita identificação em dois anos. Messi terá que protagonizar um milagre para derrubar o campeão da Champions League, mas, como disse Renato Paiva, “o cemitério do futebol está cheio de favoritos”.
Flamengo x Bayern de Munique
Domingo, 29 de junho - 17h00
Hard Rock Stadium, em Miami
Globo, SporTV, Cazé TV, DAZN
O maior confronto das oitavas de final é este: o Flamengo tenta superar o poderoso Bayern de Munique, um dos times mais fortes da Europa, com o artilheiro Harry Kane. Mesmo não sendo o melhor Bayern dos últimos anos, ainda é um time extremamente forte e será um desafio dos maiores para os comandados de Filipe Luís. Tem tudo para ser um bom jogo.
Internazionale x Fluminense
Segunda, 30 de junho - 16h00
Bank of America Stadium, em Charlotte
Globo, SporTV, Cazé TV, DAZN
Finalista da última Champions, a Inter mudou de técnico e ainda está se recuperando da paulada que recebeu na final diante do PSG, mas segue sendo um bom time e perigoso. Não se engane com as atuações mais ou menos na primeira fase: o adversário do Flu é difícil. E o time de Renato Gaúcho precisará de uma atuação no nível daquela contra o Dortmund para avançar.
Manchester City x Al Hilal
Segunda, 30 de junho, 22h00
Camping World Stadium, em Orlando
Globo, SporTV, Cazé TV, DAZN
Maldosos diriam que é um clássico Abu Dhabi x Arábia Saudita, mas eu não escreverei isso. Depois de massacrar a Juventus no último jogo da fase de grupos, o Manchester City chega grandão para enfrentar o Al Hilal. O time de Guardiola tem muito potencial não aproveitado ao longo da temporada e o time saudita, agora comandado por Simone Inzaghi, terá que mostrar mais futebol com suas estrelas vindas da Europa para conseguir enfrentar os Citizens.
Real Madrid x Juventus
Terça, 1 de julho, 16h00
Hard Rock Stadium, em Miami
Globo, SporTV, Cazé TV, DAZN
Um duelo que já foi final da Champions duas vezes, a última em 2015/16, tem tudo para ser interessante. Real Madrid e Juventus ainda tentam se reconstruir. Os merengues com técnico novo, Xabi Alonso, enquanto a Juventus tenta sair de uma temporada que acabou bem, mas foi medíocre de forma geral. E depois da sapecada que tomou do Manchester City, precisará jogar muito melhor para enfrentar o forte ataque dos madridistas.
Borussia Dortmund x Monterrey
Terça, 1 de julho, 22h00
Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta
Globo, SporTV, Cazé TV, DAZN
O Borussia Dortmund parece o europeu que se classificou jogando menos futebol, mas agora é mata-mata e a chance de fazer tudo diferente. Do outro lado, o Monterrey, time mexicano que conta com Sergio Ramos. O Dortmund tem futebol guardado em algum lugar, o problema é que eles parecem ter deixado na Alemanha. O Monterrey tem brio e vai brigar. Pode ser interessante.