O cara de jogo grande
Vinícius Júnior tem provado em campo que é o melhor do mundo - e sendo decisivo quando importa
Newsletter Meiocampo #11 - 14 de fevereiro de 2025
A Champions League teve pela primeira vez a fase de playoffs com um jogão e vários duelos interessantes. A semana também teve um clássico histórico na Inglaterra. Isso além de Liga Europa e Conference League. Pegue um bom café e aproveite! ☕
O cara de jogo grande
Por Leandro Stein
O futebol é um jogo predominantemente mental. Você pode ter qualidade refinada, capacidade física, fôlego invejável e até tudo isso junto, mas outros tantos também terão suas aptidões. Se não tiver a mentalidade afiada, porém, as chances de prevalecer em campo são bem menores. As grandes competições ainda exigem um tom além. E não se destrói em repetidos jogos de Champions League por mero acaso, sem ter uma força mental acima da maioria. Vinícius Júnior, que por habilidade já seria naturalmente um dos melhores, provou de novo como sua mente o torna um dos maiores.
Vini gosta de jogos grandes, e isso já depõe a favor de sua predominância mental dentro das quatro linhas. Basta olhar para a Champions e notar quantas partidas ele já decidiu, sobretudo em mata-matas. São gols decisivos em duas finais distintas, ambas encurtando o caminho do Real Madrid ao caneco. Outros tentos vieram aos montes em duelos de peso, assim como as assistências. Destas, mais uma contra o Manchester City dentro do Estádio Etihad, para possibilitar um triunfo inédito dos merengues no território celeste e garantir o prêmio de melhor em campo, numa noite em que o camisa 7 foi mais que o passe decisivo.
Já seria uma partida pesada por si, entre diversos fatores. O duelo entre Manchester City e Real Madrid pintou como uma das potenciais validações ao novo formato da Champions, tão fatal de maneira precoce. O baque de cair antes mesmo das oitavas de final será experimentado por um dos favoritos. O histórico recente respalda os dois campeões, de campanhas quase sempre longas e de recorrentes embates desde a última década. Entre um gigante que investe demais para seguir no topo e um endinheirado que joga sua temporada neste confronto, só um sobreviverá.
Por todo esse contexto, Vinícius Júnior já teria seu banquete à mesa no Etihad, num jogo grande o suficiente para triunfar. Contudo, a torcida do Manchester City resolveu provocá-lo. As discussões sobre a Bola de Ouro são um pé no saco há anos, e isso não tende a mudar de maneira breve. Fica uma disputa de narrativas que se arrasta e tantas vezes sequer olha o campo. Não se pode tirar, no entanto, o direito de ir à forra aos torcedores em Manchester. Foi uma atitude pequena o bandeirão dedicado a alfinetar? Pode até ser, mas a provocação é do futebol, um dos seus elementos que mais dão vida ao jogo. E num esporte mental, não deixa de ser uma ferramenta na hora de tentar desestabilizar quem mais assusta do outro lado.
O problema é incitar alguém como Vinícius Júnior, um jogador que se sente bem com as grandes ocasiões. Tentar tirá-lo de si com aquela mensagem foi basicamente alimentar a fera. Rodri levou a Bola de Ouro? Pois bem, Vini tinha faturado a Champions. Mostrou no gramado quem é o atual campeão, numa noite em que chamou a responsabilidade para si o tempo todo. Sorriso no rosto, como de praxe, tantas vezes debochado.
O Manchester City se manteve vivo na partida o tempo todo, mas convenhamos que a superioridade durante quase todo o tempo foi do Real Madrid. Vinícius tinha parte nisso. Deu caneta, deixou marcador perdido, fez adversário comer poeira. Pode não ter sido constante, mas seu repertório incluía passe de três dedos e pancada no travessão. Não se cansou de colocar os companheiros em ótimas condições e acelerar mais o já veloz ataque merengue. E se faltou seu gol, da sua participação nasceram os tentos da virada agonizante. Um rebote para Brahim e uma batida por cima de Ederson, que nem foi certa, mas valeu para Bellingham decretar a reviravolta.
O placar apertado fica barato pela forma como o Real Madrid produziu bem mais no ataque que o Manchester City. A maneira épica como a vitória se deu, por outro lado, permitiu a revanche perfeita para Vinícius – com requintes de crueldade em seu heroísmo. O bandeirão erguido nas arquibancadas teve que ser enrolado e levado como um rabo entre as pernas daqueles que o provocaram, para não dizer outra coisa. Podem fazer outro: de Vini com outro troféu em mãos, o de melhor em campo. Mais um.
O debate sobre o foco e a mentalidade de Vinícius Júnior veio à tona algumas vezes, sobretudo no Campeonato Espanhol. O atacante já perdeu o tom, embora em boa parte dos episódios sob um contexto de racismo. Para lidar com os racistas da maneira como faz, todavia, Vini também precisa ter um mental acima do que se exige da maioria. E essa força se renova a quem sabe aonde quer chegar. A quem tem a mentalidade certa de um campeão, a inteligência de um craque.
Quiseram acusar Vinícius de ser “chorão”? Na bola ele respondeu, como um vulto nas costas da defesa, e com um sorriso pertinente em cada comemoração. Nem precisou bailar para ser um baile. A discussão sobre a mentalidade de Vinícius ressurgirá outras vezes, pode ter certeza, porque ela também recorrentemente vem carregada de racismo. Quando duvidarem, basta consultar o retrospecto do atacante na Champions. É homem de jogo grande, e não se consegue isso num contexto como o do Etihad sem ter a mente dos maiores.
MEIOCAMPO #107: REAL MADRID SE IMPÕE NA CHAMPIONS
A edição #107 do podcast trouxe um balanço dos jogos de ida do playoff da Champions League, com destaque para o Real Madrid de Vinícius Júnior, mas passando por todos os outros jogos. Vem com a gente!
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O que aconteceu na Champions League?
Por Bruno Bonsanti
Esgotado
Quando o jogo começou, a primeira coisa que eu pensei é que, se o Crystal Palace causou problemas colocando a bola nas costas do Manchester City, imagina um time com Vinicius Jr. e Kylian Mbappé. Foi logo depois do brasileiro acertar um drible no meio-campo e lançar o francês em velocidade pela direita para uma boa defesa de Ederson. Mas os ingleses conseguiram se estabilizar, depois de abrir o placar com um gol que nos lembrou que, apesar de tudo, existe muita qualidade nesse time, e chegaram ao intervalo em vantagem. A faca estava nos dentes do Real Madrid no começo do segundo tempo. Mbappé empatou com um voleio estranho e a pressão era forte. De repente, pênalti, e o City passou à frente. Era só aguentar dez minutos. Seria um divisor de águas? Será que as coisas finalmente começariam a dar certo? Não. Porque essa interpretação do Manchester City tem uma falha fatal: uma hora eles entregam. Dê uma olhada em todas as derrotas chocantes da pior temporada da carreira de Pep Guardiola e sempre há alguém errando a saída de bola, sendo desarmado no campo de defesa ou dormindo na marcação. E simplesmente não dá para fazer isso contra um Real Madrid que construiu grande parte do seu sucesso recente punindo exatamente esse tipo de coisa. Poucas vezes eu vi um time tão esgotado mentalmente.
Isso que dá não ficar entre os oito primeiros
Não sei qual era o plano de jogo de Brendan Rodgers para enfrentar o Bayern de Munique. Qualquer que fosse, provavelmente não incluía deixar Harry Kane sozinho na segunda trave em uma cobrança de escanteio. Completamente livre, Kane dobrou a vantagem bávara no começo do segundo tempo com uma ótima finalização de primeira. Como Kasper Schmeichel, cujo pai participou de uma noite mais ou menos memorável contra o Bayern em 1999, estava fazendo grandes defesas, ótimas finalizações eram mesmo necessárias para superá-lo, como a de Michael Olise que havia aberto o placar. Um gol um pouco menos bonito quando você percebe que ele errou o domínio e deu sorte de a bola bater no joelho de Greg Taylor. O Bayern era favorito para avançar, e agora é superfavorito, mas o destino entregou um exemplo muito claro da vantagem de avançar entre os oito primeiros da fase da liga. Enquanto o Bayer Leverkusen descansou e se preparou para um confronto direto crucial pela Bundesliga, o Bayern viajou a Glasgow (em janeiro) para uma partida mais difícil do que se imaginava. Ou que pelo menos continuou sendo uma partida até os minutos finais e o impediu de tirar completamente o pé do acelerador.
A estrela de um time sem estrelas
Estamos acompanhando uma amostra do que poderia ter sido a carreira de Ousmane Dembélé sem tantas lesões. Em um Paris Saint-Germain menos estrelado e mais dependente de pratas da casa, franceses e jovens com potencial, um Paris Saint-Germain mais legal de assistir que os anteriores, ele assumiu o protagonismo e chegou a 23 gols em 28 partidas nesta temporada com os dois que anotou contra o Brest. Pelo menos houve isso em um confronto que não era o mais palpitante da repescagem. O Brest começou a Champions League com 10 pontos em quatro rodadas, um pouco fruto da ordem dos jogos porque as vitórias vieram contra Sturm Graz, Red Bull Salzburg e Sparta Praga. O empate foi contra o Bayer Leverkusen, um ótimo resultado sem nenhuma ponderação. Mas quando a meia-noite bateu, ela bateu com força. Não dava para esperar muita coisa contra Barcelona e Real Madrid e o sorteio lhe foi bastante cruel. De qualquer maneira, no geral foi uma campanha legal para um estreante em competições europeias. E ainda não acabou, né, vai saber.
Instável
O que diabos aconteceu com Rafael Leão, craque de uma temporada da Serie A que agora fica cara a cara com o goleiro e não sabe o que fazer? Tivemos outra ilustração da instabilidade do Milan porque a derrota para o Feyenoord também contou com falha do geralmente seguro Mike Maignan. Kyle Walker, outro dia um dos melhores laterais do mundo, sofreu com Igor Paixão, que anotou o primeiro gol em jogada individual e depois acertou o travessão com uma movimentação parecida. O grande pecado do começo de trabalho de Sérgio Conceição havia sido a derrota para o Dínamo Zagreb que impediu os italianos de passarem entre os oito primeiros. E considerando que o Feyenoord trocou de treinador na segunda-feira, provavelmente insatisfeito por, entre outras coisas, levar 6 a 1 do Lille, o favoritismo no confronto era claro. Agora, o Milan precisará dar algumas respostas no San Siro para não expandir demais a confissão do seu treinador.
A nova Velha Senhora
Faz algumas semanas que a Juventus tomou a decisão de parar de empatar todos os seus jogos, o que em um primeiro momento pareceu controverso porque perdê-los não parecia muito melhor. Mas um time jovem e promissor treinado por um treinador jovem e promissor está fadado a altos e baixos e fevereiro parece ser um mês de altos. Não era garantia que derrotaria um PSV que ainda briga ponto a ponto pelo título holandês com o Ajax, apesar de apenas duas vitórias nas últimas sete rodadas. E não foi mesmo porque Perisic, que às vezes passa a sensação que jogará até os 58 anos de idade, empatou depois de McKennie abrir o placar com um golaço. Foi Samuel Mbangula, uma das revelações da temporada e símbolo da renovação da Velha Senhora, quem permitiu que a Juventus levasse a vantagem para Eindhoven na semana que vem.
O Borussia Dortmund é estranho
Que time estranho é o Borussia Dortmund. Nos primeiros 35 minutos, pareceu que o Sporting estava encantado de enfrentar um sistema defensivo mundialmente famoso por sua irregularidade. Exigiu diversas defesas de Kobel, uma delas com o antebraço, e acertou o travessão. Mas Serhou Guirassy tem faro de artilheiro e aparentemente visão de jogo porque também encontrou Pascal Gross com um cruzamento perfeito. Karim Adeyemi fechou o placar em contra-ataque e, de repente, uma partida que começou complicada terminou com o Dortmund próximo das oitavas de final. O vice-campeonato europeu na última temporada compensou uma campanha fraca em âmbito nacional e, em 11º lugar na Bundesliga, talvez outro seja necessário. E é difícil encontrar um caso mais claro em que a saída de um treinador descarrilou a temporada. O mesmo time do Sporting que escancarou a crise do Manchester City ganhou apenas sete jogos (no tempo normal) desde a saída de Rúben Amorim para o Manchester United em novembro.
Mais do que 1um susto
O Club Brugge deu um susto no Manchester City e parecia que daria outro na Atalanta quando Ferran Jutglà, cujo nome não esconde sua origem em categorias de base da Catalunha, dominou na entrada da área e bateu sem deixar a bola cair. Um gol de centroavante de alto nível. E ainda parecia apenas um susto quando Pasalic empatou no final do primeiro tempo. Mas os belgas voltaram do intervalo mais perigosos e quase fizeram o segundo com um chute cruzado de De Cuyper que passou rente à trave. A Atalanta exigiu boas defesas de Mignolet e criou uma ótima chance desperdiçada por Samardzic. Nos minutos finais, porém, o árbitro marcou um daqueles pênaltis que você olha o replay várias vezes perguntando “que que ele marcou aqui?”. Um pênalti que levou Gasperini a tirar o casaco, nos 6º Celsius de Bruges, e abandonar o gramado. As imagens mostraram que a mão direita de Isak Hien meramente encostou no rosto de Gustav Nilsson, então também foi um daqueles pênaltis que você precisa querer muito dar. O próprio Nilsson converteu e impôs muito mais do que apenas um susto à Dea, que parece não ter tido um bom Réveillon - ou teve um Réveillon bom demais: apenas três vitórias desde 28 de dezembro.
Faltou mentalidade assassina
Estatísticas mentem o tempo inteiro, mas quando um time dá seis finalizações no primeiro tempo e 17 no segundo, tem 38% de posse de bola antes do intervalo e 71% depois, dá para deduzir que alguma coisa mudou. A expulsão de Al Musrati por reclamação, que deixou a turma do Monaco possessa, é a principal suspeita. Mas àquela altura o Benfica já havia aberto o placar com a prevalência física de Pavlidis sobre Salisu e um toque de classe na saída do goleiro Radoslaw Majecki. Como os portugueses tiveram um jogador a mais por 40 minutos, o resultado pareceu pior para eles do que para o time que perdeu em casa. Adi Hütter, treinador do Monaco, elogiou a atuação da sua equipe em inferioridade numérica e disse que o confronto continua aberto. O que é verdade. Bruno Lage, comandante das Águias, queria mais um gol, afinal de contas, quem não quer mais um gol, e disse que faltou mentalidade assassina aos seus jogadores. Ele provavelmente falou metaforicamente. Espero.
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O gol de Tarkowski foi uma despedida digna do Derby de Merseyside ao Goodison Park
Por Felipe Lobo
O último Derby de Merseyside no histórico estádio prometia ser uma despedida amarga para o Everton. De um lado, um time lutando para escapar do rebaixamento; do outro, o Liverpool, líder confortável da Premier League. Mas o futebol, em sua imprevisibilidade gloriosa, escreveu um final digno de cinema.
O jogo seguiu o roteiro esperado: o Everton abriu o placar com uma jogada ensaiada, mas viu o Liverpool virar para 2 a 1. Aos 97 minutos, parecia o fim. Foi então que o imponderável aconteceu: uma bola alçada na área, um desvio de cabeça de Tim Iroegbunam, e a queda perfeita para James Tarkowski.
Não foi um craque técnico, nem um artilheiro famoso. Foi um zagueiro-zagueiro (alô, Vanderlei Luxemburgo!), daqueles que vivem para cortar bolas, não para fazer gols, quem estufou a rede com um chute de peito de pé, impecável. Alisson, estático, só observou. Tarkowski correu como um homem possuído, e Goodison Park, em seu derradeiro suspiro, rugiu ferozmente. O empate (2-2) não salvou o Everton do sufoco, mas garantiu que o estádio não se calasse sem um último êxtase em um clássico.
Foi o 38º empate entre os rivais em Goodison Park – um número que sintetiza a rivalidade: 41 vitórias do Everton, 41 do Liverpool. Até o destino pareceu sorrir para a simetria perfeita.
O recorde histórico de 1948
Se o empate de 2025 marcou o adeus, o jogo de 18 de setembro de 1948 simbolizou o auge de uma era. Naquele dia, 78.299 torcedores se espremeram em Goodison Park – um recorde jamais superado – para ver Everton e Liverpool empatarem por 1 a 1 na Primeira Divisão.
Em um país ainda se reconstruindo após a Segunda Guerra, o futebol era mais que esporte: era alívio, identidade, esperança. Willie Fagan abriu o placar para os Reds; Ephrain Dodds, de pênalti, igualou para os Toffees. Não houve vencedores, mas a multidão em pé, amontoada nas arquibancadas de madeira, testemunhou o poder do futebol como força unificadora.
A construção de um sonho
Goodison Park nasceu de um sonho. Em 1892, o Everton, cansado de pagar aluguéis abusivos em Anfield (sim, a casa atual do Liverpool já foi dos Toffees), comprou um terreno em Mare Green Field e construiu seu próprio estádio.
Inaugurado em 24 de agosto de 1892, com água quente, banheiros modernos e tribuna de imprensa, Goodison Park era "o estádio mais completo do Reino Unido", segundo os jornais da época. O amistoso inaugural contra o Bolton atraiu 12 mil pessoas – um marco para um clube que, pela primeira vez, tinha um lar verdadeiramente seu.
Palco de glórias mundiais
Goodison Park transcendeu o Derby de Merseyside. Em 1894, recebeu a primeira final da FA Cup fora de Londres (Bolton 4x1 Notts County).
Em 1966, foi um dos estádios da Copa do Mundo, com Pelé, Garrincha e Eusébio brilhando em seu gramado. Na histórica vitória de Portugal sobre a Coreia do Norte (5×3), Eusébio marcou quatro golos – um espetáculo imortal.
Até Franz Beckenbauer deixou sua marca ali, na semifinal da Copa de 1966, quando a Alemanha Ocidental derrotou a URSS (2×1).
O legado pós-Everton
Em 2025, o Everton se despede de Goodison Park, mas o estádio não será esquecido. O terreno, aprovado para moradias e escritórios em 2021, seguirá o caminho de ícones como Highbury: transformado, porém vivo na memória.
Sua demolição não apagará o eco dos 78 mil gritos de 1948, nem o rugido ensurdecedor após o gol de Tarkowski em 2025. Como um fantasma feliz, Goodison Park permanecerá nas ruas de Liverpool – lembrança de um tempo em que estádios não eram arenas, mas templos de paixão coletiva.
Em 1894, Goodison Park assistiu ao primeiro Derby de Merseyside; em 2025, ao último. Entre esses dois momentos, escreveu-se a história de um lugar que foi teto para sonhos, guerras e reconciliações. Tarkowski, o herói improvável, talvez nunca saiba que seu gol foi um verso final nessa epopeia secular.
O que assistir: Clássico italiano e jogão na Alemanha
O fim de semana chega com bons duelos para acompanhar pela TV. De clássico na Itália a duelo de líderes na Alemanha, passamos também por confrontos interessantes na Premier League. Veja os duelos que selecionamos:
Campeonato Inglês: Leicester x Arsenal
Sábado, 9h30 – Disney+
O Arsenal, vice-líder, visita o Leicester, 18º, ainda na perseguição ao Liverpool. A lesão de Kai Havertz deixa o técnico Mikel Arteta com poucas opções no ataque e Leandro Trossard deve ganhar um lugar no time, assim como Raheem Sterling. Nos Foxes, a dúvida é o veterano Jamie Vardy, que está se recuperando de lesão, mas deve estar em campo. Bom jogo para tomar um café na mão.
Campeonato Inglês: Manchester City x Newcastle
Sábado, 12h00 – ESPN, Disney+
Ainda com a derrota para o Real Madrid doendo, o Manchester City recebe o Newcastle em um duelo do quinto com o sexto. Os dois times estão empatados e o City deve poupar alguns jogadores pensando no jogo de volta da Champions. O Newcastle vai tentar aproveitar o mau momento do City para levar os pontos para casa e assim passar o rival na tabela.
Campeonato Italiano: Lazio x Napoli
Sábado, 14h00 – ESPN, Disney+
O líder Napoli vai até a capital enfrentar o bom time da Lazio, quarta colocada, em busca de manter a liderança. Depois de dois empates, o time de Conte quer quebrar a sequência negativa, mas a Lazio vem de duas vitórias e quer manter o embalo. Vale ficar de olho em Frank Anguissa, que tem sido o principal jogador do Napoli, e em Mattia Zaccagni, camisa 10 dos laziali, que tem comandado o ataque do time da capital.
Campeonato Alemão: Leverkusen x Bayern de Munique
Sábado, 14h30 – Sportv, RedeTV, Cazé TV
Primeiro contra segundo colocado na liga federal (tradução literal de Bundesliga) e tem tudo para ser interessante. Os bávaros lideram com oito pontos de vantagem e o Leverkusen precisa da vitória de qualquer jeito. Olho em Florian Wirtz, camisa 10 do Leverkusen, que faz grande temporada. No lado do Bayern, Harry Kane, o artilheiro, tem 21 gols em 19 jogos na Bundesliga (29 no total da temporada em 29 jogos).
Campeonato Inglês: Tottenham x Manchester United
Domingo, 13h30 – ESPN, Disney+
Quem tem um pouco mais de idade vai lembrar de um quadro famoso no programa de Serginho Mallandro chamado A PORTA DOS DESESPERADOS. Se encaixa no duelo entre Tottenham x Manchester United, 14º e 13º na Premier League. Os dois times têm desfalques importantes, como Lisandro Martínez no United e Micky van de Ven no Tottenham. No primeiro turno, os Spurs meteram 3 a 0 em Old Trafford. Bruno Fernandes tentará liderar o United, com Son como destaque do outro lado.
Campeonato Italiano: Juventus x Internazionale
Domingo, 16h45 – ESPN, Disney+
Diria o poeta que clássico é clássico e vice-versa e aqui temos o Derby D’Italia entre Juventus x Inter em Turim. Enquanto a Velha Senhora briga por vaga na Champions, atualmente em quinto lugar, a Inter disputa ponto a ponto com o Napoli o scudetto – está um ponto atrás do líder. A Inter é favorita, mas a Juventus vem se recuperando e a chegada de Kolo Muani animou os bianconeri. Marcus Thuram e Lautaro Martínez, pelo lado nerazzurri, tentam levar os três pontos para Milão.
GIRO
- A Liga Europa indicou nesta semana como a colocação dos classificados na fase de liga pode não significar tanto assim. Os times com pior posição venceram quatro dos oito duelos, com três derrotas. A chance de abrir o confronto em casa significou vantagem significativa a algumas equipes. O Fenerbahçe quase não avançou aos mata-matas, mas, sabidamente melhor no papel que o Anderlecht, fez 3 a 0 em Istambul, apesar da décima colocação dos belgas. Já o AZ sapecou um inesperado 4 a 1 diante do Galatasaray em Alkmaar, outro time à frente na tabela de classificação. Na Champions e na Conference, prevaleceram nos jogos de ida os times de melhor campanha. Foram 5 vitórias a 3 para os visitantes na Champions e 4 a 2 na Conference, com dois empates.
- A Conference, aliás, contou com a maior surpresa desta rodada de jogos de ida nas competições europeias. O Víkingur oferece uma presença curiosa independentemente do que fizer, como inédito representante entre os clubes da Islândia num mata-mata continental. E o azarão sequer pôde atuar em seu país, por conta do rigoroso inverno nesta época do ano. Assim, o duelo diante do Panathinaikos ocorreu em Helsinque, distante a cerca de 2,5 mil km de Reykjavík. De qualquer maneira, os islandeses se provaram como eficientes mandantes e venceram por 2 a 1, cedendo o gol grego apenas no apagar das luzes. As chances de um milagre em Atenas são reais.
- A primeira fase classificatória da Libertadores já tem seus grandes personagens. O El Nacional arrancou uma grande virada sobre o Blooming, com protagonismo de Fidel Martínez, autor de um belo gol de cavadinha e de um pênalti batido com toda a tranquilidade do mundo. Os equatorianos perderam por 3 a 2 em Santa Cruz de la Sierra e também saíram atrás em Quito, mas viraram para 2 a 1 no segundo tempo e passaram nos pênaltis. O Monagas passou pelo Defensor sem deixar sombra de dúvidas, com vitórias dos venezuelanos por 2 a 0 em Maturín e também em Montevidéu. Tomás Rodríguez balançou as redes em ambos os duelos. Mas nada comparado ao brilho de Hernán Barcos, que do alto de seus 40 anos continua fatal pelo Alianza Lima. Fez o gol no empate suado diante do Nacional em Assunção e também deixou o seu nos 3 a 0 decisivos de Lima, com outros dois de Kevin Quevedo. Desta vez El Pirata foi titular, deixando Paolo Guerrero no banco.
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