O caso Dani Olmo
Sem conseguir inscrever Olmo por questões financeiras, o Barcelona se vê em uma situação ridícula e que poderia ser evitada sendo menos estúpido
Newsletter Meiocampo #5, 3 de janeiro de 2025
Feliz ano novo! Entramos em 2025 cheios de planos para o Meiocampo e com uma newsletter que fala sobre o caso Dani Olmo, lista clubes para ficar de olho na temporada europeia, um giro pela Europa e movimentações no mercado. Aproveite!
Por que o Barcelona contratou Dani Olmo?
Por Bruno Bonsanti
O Barcelona está confiante que ainda conseguirá inscrever Dani Olmo no Campeonato Espanhol, apesar de ter perdido o seu segundo recurso nos tribunais. Caso não consiga, pode ficar sem o jogador e sofrer um prejuízo de dezenas de milhões de euros. É potencialmente uma das maiores barbaridades administrativas da história do futebol - e, senhoras e senhoras, é difícil quantificar (ou qualificar) quantas barbaridades administrativas o futebol já viu.
O Barcelona contratou Dani Olmo, do RB Leipzig, por cerca de € 60 milhões sem ter certeza de que conseguiria inscrevê-lo em La Liga. As regras de fair play financeiro da Espanha ficaram famosas quando Lionel Messi chorou em um pódio no Camp Nou, obrigado a abandonar o clube da sua vida porque o cálculo que determina um teto salarial de acordo com as receitas não encontrou espaço para registrar o seu novo contrato.
Elas continuaram famosas porque o Barcelona parece que nunca consegue cumpri-las.
Olmo, um dos destaques da seleção espanhola campeã da Eurocopa, não teria sido inscrito em La Liga se não fosse por uma exceção nas regras que permite aos clubes alocarem 80% dos salários de jogadores machucados por pelo menos quatro meses para outros atletas. Os infortúnios de Ronald Araújo, Andreas Christensen e Marc-André ter Stegen permitiram que Olmo exercesse sua profissão plenamente nos últimos seis meses, com cinco gols em 11 partidas pela liga espanhola.
Araújo retornou em dezembro, Christensen deve fazê-lo em janeiro e apenas Ter Stegen - que ainda levou o Barcelona a contratar e registrar outro jogador, Wojciech Szczesny - provavelmente não retornará até o fim da temporada. A licença excepcional sob a qual Olmo estava registrado expirou em 31 de dezembro. Foi um pedido para que ele e o atacante Pau Victor fossem preventivamente inscritos que os tribunais espanhóis recusaram duas vezes. Ambos foram apagados da lista de jogadores registrados do Barcelona.
Em temporadas passadas, o Barcelona conseguiu lidar com essas regras acionando “alavancas financeiras”, injeções excepcionais de dinheiro que incrementaram suas receitas e abriram espaço para registrar reforços como Robert Lewandowski, por exemplo. Isso foi feito vendendo ativos (como seu braço de mídia), com contratos de patrocínio (os naming rights do Camp Nou) ou comprometendo receitas futuras (seus direitos de transmissão).
Os catalães estão otimistas que a situação será resolvida porque esperam que um novo acordo com a Nike e as vendas de camarotes VIP do novo Camp Nou sejam suficientes para inscrever Olmo e Víctor. No entanto, La Liga alertou que isso não poderia ser feito por “canais normais” porque regras da Federação Espanhola impedem que um jogador seja “des-registrado” e registrado novamente na mesma temporada, segundo o The Athletic, o que aumenta a incerteza da novela.
Se Dani Olmo não for mesmo inscrito, uma cláusula em seu contrato permite que ele fique livre no mercado sem indenizações ao Barcelona. Pelo contrário: o clube ainda teria que bancar o seu salário até 2030, um valor total de aproximadamente € 50 milhões, e a taxa de transferência, normalmente amortizada ao longo dos anos do contrato, entraria de uma vez só na contabilidade da atual temporada - deixando o Barça com as mãos ainda mais atadas em um futuro próximo.
A pergunta mais importante aqui, no entanto, não é se o Barcelona conseguirá inscrever Dani Olmo. É por que o Barcelona contratou Dani Olmo.
Ninguém aprova vender o jantar para pagar o almoço como o Barcelona fez em 2022, quando acionou aqueles alavancas financeiras, e houve vários questionamentos, mas pelo menos dava para justificar que um elenco que passou tanto tempo dependendo da perna esquerda de Messi precisava de uma renovação, de novos líderes técnicos, de uma roupagem diferente para a próxima era.
Não era o caso quando Olmo foi contratado, e a principal evidência que temos para apresentar aos jurados é que ele foi o único reforço relevante do mercado, e para uma posição em que Hansi-Flick poderia usar Pedri ou Gavi adiantados ou Raphinha centralizado.
Dani Olmo é um bom jogador? Não. É ótimo. Ele torna o Barcelona mais forte? Claro. A temporada seria pior se os minutos de Olmo fossem dados a Fermín López? Provavelmente. Mas muito pior? Pior o bastante para assumir o risco de uma contratação que talvez não fosse inscrita? Pior o bastante para arriscar um prejuízo tão grande? Pior o bastante para se colocar em uma situação constrangedora como essa? Claro que não. Não era uma necessidade urgente, mas o Barcelona não fez esse cálculo. Poucos dirigentes fazem, poucos clubes fazem.
O Barcelona contratou Dani Olmo porque estamos em um momento do futebol europeu em que parece inconcebível simplesmente não fazer uma contratação. Porque a roda midiática precisa girar, e as redes sociais precisam de conteúdo, e os torcedores querem reforços porque reforços são divertidos ou simplesmente porque é assim os clubes estão sendo geridos hoje em dia e quem sou eu para fazer diferente. Se a contratação é necessária e/ou se o clube consegue pagar por ela são apenas alguns dos fatores considerados - e muitas vezes parecem os menos importantes.
É até engraçado lembrar de quando existia a falsa dicotomia de que o Real Madrid era um clube que comprava e o Barcelona era um clube que formava. Isso nunca foi verdade, não da maneira como as pessoas imaginavam, e faz tempo que não dá nem mais para fingir que é, embora o elenco catalão realmente esteja (neste momento) repleto de pratas da casa. Mas eles deveriam justamente dissuadir os dirigentes de cometer loucuras como a contratação de Dani Olmo pode acabar se tornando.
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As movimentações do mercado – 03/01
Por Felipe Lobo
A janela de transferências de inverno foi aberta no dia 1° de janeiro e faremos a seguir um compilado entre contratações e especulações sobre o mercado europeu.
Com toda essa lambança com Dani Olmo no Barcelona, tem muita gente de olho no espanhol de 26 anos. Liverpool e Manchester City estão prontos para fazer proposta pelo jogador, caso ele fique disponível (Sky Sports Alemanha).
O Real Madrid espera um reforço para a defesa no mercado de janeiro. Os torcedores podem estar sonhando, mas na verdade é só a esperada volta de David Alaba, que está há 12 meses sem atuar (The Athletic). Ainda assim, o clube estaria de olho no zagueiro Dean Huijsen, do Bournemouth, de 19 anos.
O meio-campista Seko Fofana deixou o Al Nassr, da Arábia Saudita, e acertou com o Rennes. O marfinense, nascido na França, passou o último ano emprestado ao Al-Etiifaq. Aos 29 anos, o jogador tinha feito uma grande temporada pelo Lens em 2022/23 quando surpreendeu a todos indo para a Arábia Saudita.
Ainda na França, o goleiro Anthony Lopes deixou o Lyon depois de 22 anos (13 como profissional) e acertou com o Nantes. Aos 34 anos, ele se sentiu desrespeitado depois de ser colocado como quarta opção da equipe. Ele foi afastado depois de pedir para ser negociado e não conseguir sair no último mercado. É a primeira transferência da carreira do português, que quer redenção.
Na Alemanha, o Hoffenheim ganhou um presente: Gift Orban, nigeriano que chega do Lyon por € 9 milhões. Pelo Gent, ele foi artilheiro da liga belga e foi contratado há um ano, em janeiro de 2024. Sem atuar muito pelo Lyon na atual temporada, com apenas cinco jogos disputados, foi negociado.
Quem pode trocar a Alemanha pela Inglaterra é Donyell Malen, que interessa ao Aston Villa. A proposta é de € 18 milhões, mas o clube alemão quer mais. O holandês de 25 anos tem 20 jogos na temporada e cinco gols, e normalmente é reserva no clube alemão.
Clubes da Premier League estão de olho no lateral esquerdo El Hadji Malick Diouf, do Slavia Praga. Nottingham Forest, Crystal Palace e Brentford seriam os principais interessados.
Mikel Arteta jogou um balde de água fria nas expectativas dos torcedores do Arsenal sobre contratações dizendo que está feliz com o elenco que tem, mas o Talksport diz que o clube está de olho no atacante Evan Ferguson, de 20 anos, do Brighton.
Arteta admitiu que dois jogadores podem deixar o clube nesta janela de janeiro e de graça: Jorginho, 33 anos, e Thomas Partey, 31, ambos com contrato apenas até o fim da temporada.
Outro jogador que pode deixar o Arsenal é o lateral esquerdo Kieran Tierney, de 27 anos. O defensor não está sendo utilizado e há negociações para o escocês retornar ao Celtic, onde foi revelado e brilhou de 2016 a 2019.
O Manchester City deve ir ao mercado a um alvo potencial é o zagueiro Abdukodir Khusanov, do Lens, de 20 anos. O jogador é uzbeque e está no Lens desde 2023.
A Fiorentina tem interesse em levar Federico Chiesa de volta à Itália. O jogador está no Liverpool, mas é pouco aproveitado por Arne Slot. O ponta de 27 anos começou a carreira no clube de Florença antes de defender a Juventus. Para voltar para casa, ele teria que aceitar uma redução de salário dos atuais € 7 milhões anuais.
O meia paraguaio Miguel Almirón pode estar de saída do Newcastle e o Charlotte FC, da MLS, é quem quer levá-lo. Ele já foi ligado a outros clubes, como o Botafogo no Brasil, além do Olympiacos, da Grécia, mas o retorno à liga norte-americana parece mais provável. Almirón viveu grandes momentos no Atlanta United.
Para surpresa de muitos, Rúben Amorim disse que o Manchester United irá “alegremente acionar” a cláusula de renovação do zagueiro Harry Maguire, que só tem contrato até o fim da temporada.
Marcus Rashford, do Manchester United, está afastado e sequer deve ser relacionado para o jogo contra o Liverpool no fim de semana. Sua saída é especulada e ele já teria recusado três propostas da Arábia Saudita, segundo o Daily Mail. Outro que pode deixar o Manchester United é o atacante brasileiro Antony, que interessa ao Betis. O clube espanhol quer o empréstimo do ponta.
20 histórias para acompanhar na segunda metade das ligas europeias
Por Leandro Stein
Aproveitamos a virada do ano para apresentar um listão de 20 equipes (na verdade, 21) que merecem ser observadas com atenção nas ligas nacionais da Europa. Todos os mencionados fazem boas campanhas e lutam para romper uma grande marca – seja um feito inédito ou o fim de um jejum, entre título ou classificação às copas europeias. Confira:
Nottingham Forest: Um dos clubes favoritos dos saudosistas (eu me incluo nessa), o Forest consegue honrar sua bonita história nesta campanha pela Premier League. Depois de duas temporadas em que gastou muito em reforços e lutou pela permanência na elite, o time virou a chavinha com Nuno Espírito Santo. A defesa é forte, o ataque se impõe e a sequência de vitórias se sustenta mesmo contra adversários badalados. Chris Wood é o artilheiro, mas também se destacam outros bons talentos como Murillo, Elliot Anderson, Morgan Gibbs-White e Anthony Elanga. A terceira colocação atual renderia a melhor campanha desde 1994/95 e uma volta à Champions desde 1980/81, quando os alvirrubros eram bicampeões continentais. Mais abaixo, menção honrosa ao Bournemouth, que joga muito bem com Andoni Iraola e pode beliscar uma vaga inédita nas copas europeias.
Atalanta: Ver a Atalanta bem na Serie A virou costume nas últimas temporadas, graças ao trabalho espetacular de Gian Piero Gasperini, com classificações frequentes à Champions League. A Dea, contudo, lidera e flerta com um Scudetto que seria inédito. Nestes últimos anos, os Orobici bateram na trave na Copa da Itália, mas talvez a Liga Europa conquistada em 2023/24 marque um ponto de virada. O trio formado por Ademola Lookman, Charles De Ketelaere e Mateo Retegui tem entregado bastante. Éderson é outro que voa baixo no meio-campo. Mais abaixo na tabela, a Fiorentina se fortaleceu com a chegada de Raffaele Palladino e sonha ao menos com a volta à Champions após 15 anos. David de Gea vive uma redenção no gol.
Mainz 05: Acostumado à primeira divisão neste século, o Mainz 05 já revelou muita gente (em especial, técnicos) e pintou por três vezes na Liga Europa. A atual temporada, ainda assim, tem algo a mais. O time vem em crescente, com direito a vitórias sobre Dortmund, Bayern e Frankfurt. A ver o quanto pode sustentar, mas foram pontos valiosos à equipe de Bo Henriksen. Robin Zentner e Paul Nebel estão entre os melhores da temporada na Alemanha, enquanto Jonathan Burkardt e Lee Jae-sung brilham no ataque. É uma edição da Bundesliga com muita gente querendo um lugar ao sol. O Eintracht Frankfurt é outro que agrada, em busca da vaga na Champions que recentemente só conquistou via Liga Europa. Omar Marmoush vem fazendo miséria.
Athletic Bilbao: Os melhores resultados do Athletic Bilbao nas últimas temporadas foram na Copa do Rei. O time competitivo crescia nos confrontos de peso das fases decisivas e chegou ao título em 2023/24, mas as oscilações em La Liga vinham sendo custosas. Não mais: a equipe de Ernesto Valverde se mostra fatal até o momento, sem desperdiçar tantos pontos contra adversários mais frágeis. Se o ritmo imposto pelos líderes é muito forte, os Leones se veem confortáveis no G-4 e podem voltar à Champions após dez anos. Os irmãos Iñaki e Nico Williams são as estrelas, mas coadjuvantes como Álex Berenguer e Oihan Sancet rendem muito bem. Destaque ainda ao Celta, que vinha de temporadas duras e agora tem bola para beliscar uma vaga nas copas europeias após oito anos.
Santa Clara: Depois de descolar uma vaguinha na Conference 2021/22, o Santa Clara entrou em declínio e foi rebaixado no Campeonato Português. A volta à primeira divisão acontece nesta temporada, e agora com a Liga Europa no horizonte. Os açorianos ocupam uma honrosa quarta colocação, só abaixo do trio de ferro, e dois pontos acima do Braga, além de seis acima do Vitória de Guimarães. O técnico Vasco Matos dirige um elenco repleto de brasileiros, com destaque ao goleiro Gabriel Batista, ao ponta Gabriel Silva e ao centroavante Vinícius Lopes. Seria um feito e tanto para o futebol de Açores.
Rijeka e Hajduk Split: Uma menção dupla no Campeonato Croata, porque o momento de quebrar a dinastia do Dinamo Zagreb é agora. O clube da capital conquistou 17 dos últimos 18 troféus, mas se vê por um fio. É o terceiro colocado, com 29 pontos, e até contratou Fabio Cannavaro para o comando. Rijeka e Hajduk dividem o topo com 36 pontos. Ainda invicto, o Rijeka foi o responsável por romper a sequência do Dinamo com o título em 2016/17. O jovem Toni Fruk é a referência até o momento. Já o Hajduk tenta encerrar a seca que perdura desde 2004/05, mas com duas copas recentes. Gennaro Gattuso dirige o grupo reforçado por Ivan Rakitic e que possui em Marko Livaja seu homem decisivo.
Universitatea Cluj: A tabela do Campeonato Romeno é uma das mais malucas desta metade de temporada. Os cinco primeiros colocados estão separados por apenas dois pontos. E a liderança é do Universitatea Cluj, clube tradicional na elite, mas que só possui um título da copa em 1964/65 e não joga as competições europeias desde 1972/73. A agremiação faliu recentemente e precisou se reconstruir a partir da quarta divisão desde 2016/17. Nesta temporada, a redenção é dirigida por Ioan Sabau, cria do U Cluj que foi importante na seleção romena dos anos 1990. Steaua Bucareste e CFR Cluj são outros campeões recentes na briga, mas também figuram o Dinamo Bucareste (em jejum desde 2007) e a Universitatea Craiova (sem a taça desde 1991).
Lugano: O Campeonato Suíço prima por temporadas recentes mais abertas, o que se nota bem em 2024/25. Lá também o torneio pega fogo, com dois pontos de diferença entre os cinco primeiros. O topo é do Lugano, atual vice-campeão e com aparições recentes até na Champions, mas sem o título desde 1948/49. Mattia Croci-Torti treina um time em que o rodado Renato Steffen garante os gols. Outros times sedentos estão no páreo: o Lausanne não ganha desde 1965; o Luzern, desde 1989; e o Servette, desde 1999. Ainda há o Basel, vice-líder, em jejum desde 2017 e que tem Xherdan Shaqiri de volta como craque. Figuras carimbadas do futebol de seleções, Ludovic Maignan e Mario Frick são os técnicos de Lausanne e Luzern, respectivamente.
Panathinaikos: O Campeonato Grego se tornou um dos mais competitivos da Europa nos últimos anos. Depois de décadas hegemônicas do Olympiacos, a alternância aumentou, com títulos recentes de PAOK e AEK Atenas. Quem tenta encerrar o jejum é o Panathinaikos, segunda força do país, mas que não leva o troféu desde 2009/10. A esperança aumentou com o atual troféu da Copa da Grécia. O Trevo é o terceiro colocado, com 32 pontos, numa tabela embolada com Olympiacos (34), PAOK (33) e AEK (31). Rui Vitória dirige o grupo em que o brasileiro Tetê está entre os protagonistas, ao lado de Anastasios Bakasetas e Azzedine Ounahi.
Austria Viena: A dominância do Red Bull Salzburg no Campeonato Austríaco acabou na temporada passada, com o título do Sturm Graz. E não vai ser neste ano que os Touros Vermelhos devem se reerguer, num impensável quinto lugar. O Sturm ponteia de novo, mas o Austria Viena traz o peso de sua camisa na perseguição, vice-líder com três pontos a menos. Os violetas não são campeões desde 2012/13 e vinham de uma fraca campanha recente, na oitava posição, sem sequer disputar o hexagonal final. Stephan Helm dirige o time em que Maurice Malone e Dominik Fitz garantem os gols. O rival Rapid Viena, que não é campeão desde 2007/08, aparece em terceiro – mas já oito pontos abaixo da liderança.
Utrecht: A Eredivisie oferece três vagas para a Champions League e, por enquanto, o Utrecht pode ir para as preliminares. Os alvirrubros estão em terceiro, um ponto à frente do Feyenoord. Pode ser a melhor posição do clube desde 1980/81. O Utrecht possui 14 participações europeias, mas nunca jogou a Champions. Já o VV DOS, parte da fusão que originou o atual clube, disputou a antiga Copa dos Campeões em 1958/59. O veterano Ron Jans dirige uma mescla de jovens promissores e medalhões que dá liga. Jens Toornstra, Nick Viergever e Mike van der Hoorn estão entre os mais rodados.
Puskás Akadémia: Fundada na cidade natal do presidente autoritário Viktor Orbán e com muito apoio político por trás, a Puskás Akadémia tem três pódios no Campeonato Húngaro. Agora, lidera e pode ganhar um troféu inédito, marcando a ascensão do clube criado em 2005. O time lidera com 35 pontos, um a mais que o hexacampeão Ferencváros. Nome frequente da seleção, o lateral Zsolt Nagy é também a liderança técnica em campo. O técnico Zsolt Hornyák está desde 2019 à frente da equipe principal da Puskás.
Pafos: Os clubes do Chipre são a sensação da Conference League, com três classificados aos mata-matas. O Pafos cumpriu sua parte, enquanto almeja também a conquista do Campeonato Cipriota. A equipe ficou na quinta posição da última temporada, mas levou o troféu inédito na copa e agora também tenta faturar a liga pela primeira vez. O espanhol Juan Carlos Carcedo está à frente do elenco repleto de brasileiros, com os atacantes Jairo, Anderson Silva e Jajá entre os mais efetivos do campeonato. Aris Limassol e AEK Larnaca são os principais concorrentes, este em busca também de um título inédito.
Eyüpspor: O Galatasaray lidera com oito pontos de vantagem e deve levar mais um título do Campeonato Turco. A expectativa fica para os classificados às copas europeias, diante das campanhas ruins de Besiktas e Istambul Basaksehir. O cenário aparece aberto e um candidato é o Eyüpspor, atual quinto colocado. O clube estreia na elite e pode logo de cara expandir as fronteiras. O técnico é Arda Turan, com Caner Erkin de capitão. A terceira posição é do Samsunspor, outro potencial novato europeu, com o alemão Thomas Reis à frente da empreitada. Já o quarto, o Göztepe, não joga copas continentais desde 1970/71 – chegou a ser semifinalista da Taça das Cidades com Feiras (precursora da Liga Europa) em 1968/69. Uma série de brasileiros está por lá, incluindo o artilheiro Rômulo.
Dinamo Tirana: Segundo maior campeão albanês, o Dinamo Tirana passou por uma reformulação profunda em 2020. Chegaram novos donos, que rebatizaram a equipe como Dinamo City e até mudaram seu escudo, flertando com o City Football Club – embora não haja ligação direta. Nesta temporada, o Dinamo lidera a liga nacional com um ponto de vantagem e pode garantir seu 19° título nacional, o primeiro desde 2010. Também tem brasileiro por lá: o meio-campista Lohan, ex-Vasco.
Krasnodar: O Campeonato Russo segue fora dos holofotes na Europa, com a exclusão dos clubes do país nas competições continentais. Ainda assim, há boas histórias rolando, e o Krasnodar flerta com seu primeiro título nacional. Os Touros foram vice-campeões da última edição e desta vez lideram, à frente do Zenit no confronto direto. Jhon Córdoba e Eduard Spertsyan são centrais ao conjunto do técnico Murad Musaev, assim como os brasileiros Victor Sá, Diego Costa e Vítor Tormena. O Dynamo Moscou, que tenta encerrar o amargo jejum desde 1976, é o quarto e soma quatro pontos a menos. Bitello brilha nos moscovitas.
Randers: Superar Copenhague e Midtjylland não costuma ser missão simples no Campeonato Dinamarquês, mas o Randers está no páreo. Ocupa a terceira colocação, só três pontos atrás de ambos os ponteiros. É um clube de meio de tabela, com apenas aparições esporádicas nas competições europeias e que nunca passou da terceira colocação da liga, além de ter vencido duas copas nacionais em sua história. A confiança atual se deposita no técnico Rasmus Bertelsen e na grande temporada do atacante Simen Nordli, artilheiro do campeonato. Dois pontos atrás, o Aarhus dirigido por Uwe Rösler tenta encerrar o jejum que perdura desde 1986.
Noah: Mesmo sem avançar, o Noah fez um papel bem digno na atual Conference League, na qual brigou pela vaga nos mata-matas até os últimos instantes. O potencial é visível e se nota no Campeonato Armênio, com a chance de primeiro título ao clube fundado em 2017. A disputa apertada inclui a perseguição de Urartu, Pyunik e Ararat Armênia, mas o Noah lidera com dois pontos de vantagem. O clube conquistou a copa local em 2020 e, dirigido pelo português Rui Mota, possui uma grande colônia lusófona. O português Gonçalo Gregório e o brasileiro Matheus Aiás se destacam no ataque.
Sileks: A tabela do Campeonato Macedônio promete fortes emoções na metade final. Três times somam os mesmos 37 pontos no topo. E se os títulos de Shkëndija e Rabotnicki são mais costumeiros, o Sileks não é campeão desde um tricampeonato consecutivo que se concluiu em 1998. A equipe passou tempos mais atribulados, com dois títulos da segunda divisão desde 2014, mas sonha de novo, sob o técnico Aleksandar Vasoski. Ainda vale mencionar o Gostivar, recém-promovido da segundona e só dois pontos atrás. Nunca jogou nem copas europeias.
Zilina: O domínio do Slovan Bratislava no topo do Campeonato Eslovaco é consistente, com um hexacampeonato atual e clara superioridade desde a independência do país. O time da capital é líder em 2024/25, mas apenas três pontos atrás aparece o Zilina. Os auriverdes já incomodaram essa hegemonia, com sete títulos neste século, mas não são campeões desde 2017 e nem o vice conseguem desde 2020. É pouco para quem até fase de grupos da Champions League já disputou. O elenco atual conta com jogadores da seleção como Peter Pekarík e David Duris, além do experiente zagueiro Tomas Hubocan.
Giro
- O Milan decidiu demitir o técnico Paulo Fonseca e já tem o substituto: Sérgio Conceição. Apenas oitavo colocado na Serie A, o Milan teve um desempenho ruim desde o começo da temporada e a escolha de Paulo Fonseca se mostrou equivocada - o que não era difícil de prever, convenhamos. Conceição, 50 anos, chega ao sétimo clube na carreira. Seu trabalho de maior destaque foi o último, no Porto, com três títulos portugueses e quatro Taças de Portugal. Seu estilo parece combinar mais com o Milan e curiosamente ele faz sua estreia contra o seu filho, Francisco Conceição, atacante da Juventus. Os dois times se enfrentam nesta sexta pela Supercopa da Itália.
- A novela sobre a renovação de Trent Alexander-Arnold é um caso de estudo interessante sobre a imprensa esportiva e a máquina de rumores e here we go’s. O próximo contrato de Arnold, 26 anos, cobrirá o período de pico físico e técnico da carreira da maioria dos jogadores profissionais. Ele está decidindo se prefere passá-lo no clube da sua cidade, onde sempre sonhou em jogar e um dia usar a braçadeira de capitão, ou em um colosso europeu com toda a mística do Real Madrid. Não é uma decisão simples e ela não fica mais fácil com um acompanhamento dia a dia, passo a passo, lance a lance que, editorialmente, tem muito pouco mérito. Jornalistas espanhóis dizem que ele já comunicou o Liverpool que sairá para o Real Madrid. Jornalistas ingleses dizem que isso não aconteceu. E você pode acreditar em quem quiser porque, neste cenário, a verdade não importa. Ou ele renovará ou ele não renovará e eu tenho certeza que nem Liverpool, nem Real Madrid, e nem o próprio Alexander-Arnold esconderão a decisão do público. Não podemos apenas esperar?
- O Borussia Dortmund também se despediu nessa semana de um dos personagens mais queridos de sua história: Wolfgang de Beer, falecido de forma repentina aos 60 anos. “Teddy” foi goleiro do BVB por 15 anos, de 1986 a 2001. Embora titular por cinco destas temporadas, o arqueiro era o dono da meta na conquista da Copa da Alemanha 1988/89, que marca um antes e um depois no período vitorioso dos aurinegros. Durante a década de 1990, com a ascensão de Stefan Klos e uma grave lesão, Teddy virou reserva. Mesmo no banco, continuava tendo seu nome cantado pelas arquibancadas e nunca quis deixar o Dortmund, recusando ofertas em sinal de gratidão. Seguiu como uma liderança nos vestiários do time que faturou a Champions em 1996/97. Após pendurar as luvas, De Beer seguiu sempre no Signal Iduna Park. Foi treinador de goleiros de 2001 a 2018, essencial sobretudo por sua parceria com Roman Weidenfeller. Já nos últimos seis anos, trabalhou como um contato oficial do clube com os torcedores. Dono de uma alegria espontânea, o amor que recebia da Muralha Amarela diz ainda mais que seus 16 títulos pelo clube.
- Hugo Sotil, uma das maiores lendas do futebol peruano, recebeu seu último adeus nesta semana. O ex-atacante faleceu aos 75 anos, gravado na memória pelo protagonismo que teve na Blanquirroja durante os anos 1970. A trajetória de El Cholo foi meteórica, mas garantiu tempo suficiente para que ele formasse uma “trindade santa” com Teófilo Cubillas e Héctor Chumpitaz. Sua ascensão aconteceu às vésperas da Copa de 1970 e, com 21 anos, participou da campanha marcante no México. Foi um trunfo do técnico Didi, muito bem especialmente quando saiu do banco, contra Bulgária e Brasil. Como titular, brilhou na vitória sobre Marrocos. Sotil também foi reserva na Copa de 1978, além de ter marcado gols notáveis nos clássicos contra o Chile. Foi dele também o tento que definiu a conquista da Copa América em 1975. Por clubes, Sotil surgiu no Deportivo Municipal e de lá partiu ao Barcelona, com o qual faturou La Liga em 1973/74. Era um ótimo sócio de Johan Cruyff, com 11 gols na campanha vitoriosa, incluindo o último nos lendários 5 a 0 sobre o Real Madrid. Ainda foi bicampeão peruano pelo Alianza Lima. Entre dribles desconcertantes e poder de decisão, foi um dos melhores exemplos da qualidade do futebol peruano.
- Alberto Gamero é uma instituição no Millonarios. O ex-lateral defendeu as cores do clube num momento fundamental da história, na virada dos anos 1980 para os 1990, participando de importantes conquistas. Já como treinador, Gamero retornou para um período de glórias desde 2020. O comandante possui identificação forte com Boyacá Chicó e Deportes Tolima, ambos trabalhos longos que renderam o título nacional. Pode-se dizer que se igualou em Bogotá, com cinco anos especiais no Millonarios. Conquistou a Copa da Colômbia e o Campeonato Colombiano, além de fazer outras campanhas de topo de tabela. Os últimos meses, entretanto, tiveram resultados aquém e pressão da torcida, inclusive com ameaças. Gamero optou por sair. Pôs fim a um bonito ciclo de 277 partidas, que, apesar dos problemas, deixa gravado seu nome pela segunda vez na história do clube.
- Steffen Baumgart teve uma passagem marcante à frente do Colônia entre 2021 e 2023. Com um futebol ofensivo e carisma, o treinador de boina levou os Bodes à sétima colocação da Bundesliga. Antes disso, também marcou seu nome no Paderborn, com dois acessos consecutivos até a volta à elite em 2019/20, ficando no cargo mesmo após o rebaixamento. Não deu certo na tentativa recente com o Hamburgo (quem dá?) e nesta semana foi anunciado para um promissor casamento com o Union Berlim. As personalidades combinam e a história é mais antiga: Baumgart foi centroavante do clube entre 2002 e 2004, com 21 gols em 64 jogos pela segunda divisão. Os Eisernen demitiram Bo Svensson, que até começou bem a temporada, mas entrou em derrocada recente e não conseguiu encaixar seu estilo de pressão alta. Intenso, Baumgart soa como o mais promissor herdeiro de Urs Fischer, que levou os berlinenses da segundona à Champions.
A VOLTA DO PODCAST MEIOCAMPO!
O podcast Meiocampo retorna para seu primeiro episódio de 2025 neste dia 6 de janeiro, segunda-feira, às 17h ao vivo no nosso canal no Youtube. Fique ligado nos nossos canais no Youtube e no seu tocador favorito para não perder!
Voltamos na semana que vemAcho que! Um excelente 2025 para todos!