Textor, Marinakis e o controle do Botafogo
O empresário americano articula uma reformulação societária para afastar o Botafogo da sua holding Eagle e aproximá-lo do grupo do dono do Nottingham Forest
Newsletter Meiocampo - 1º de agosto de 2025
Muito fã de manobras, John Textor está em meio a mais uma, com o objetivo de, ao mesmo tempo, manter o controle do Botafogo e aproximá-lo da rede de Evangelos Marinakis, dono do Nottingham Forest e do Olympiacos. Explicamos essa situação e também refletimos sobre o que parece ser uma quantidade cada vez maior de adolescentes ganhando chances em grandes clubes, além do caso mais famoso de Lamine Yamal no Barcelona. Será uma tendência ou apenas circunstancial? O mercado de transferências segue aquecido, Lucas Paquetá foi finalmente inocentado e tudo que rolou no futebol mundial essa semana.
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Botafogo, Textor e Marinakis: a estratégia para blindar o controle do clube
Textor articula a recomposição societária do Botafogo com apoio de Marinakis — integrando-o à rede europeia do magnata
Por Felipe Lobo
John Textor e Evangelos Marinakis planejam uma dobradinha para, de uma só vez, manter o americano no poder do Botafogo e integrar o clube à rede do grego. Os dois trabalham juntos há algum tempo e o grego parece disposto a ajudar o americano a sair do conflito que vive na sua própria rede, a Eagle.
Em meio a um litígio com os investidores da Eagle Football Holdings — especialmente Ares Management e Iconic Sports —, Textor procura recomprar o Botafogo e transferi-lo para uma nova empresa sediada nas Ilhas Cayman, da qual seria o acionista majoritário.
Para isso, conta com o apoio de Evangelos Marinakis, dono do Nottingham Forest e Olympiacos, que entraria como investidor minoritário e credor direto, financiando a transição e permitindo que o Botafogo se desvincule da parte europeia da Eagle.
A proposta é parte de uma estratégia que busca preservar o poder de comando de Textor na SAF e ao mesmo tempo oferecer ao clube carioca acesso à rede esportiva e comercial de Marinakis na Europa
Contexto e disputa com a Eagle/Ares
John Textor, sócio majoritário da Eagle Football Holdings desde dezembro de 2021, controla cerca de 90% do Botafogo e pretende recomprar o clube para transferir sua gestão a uma nova empresa sediada nas Ilhas Cayman, da qual será acionista majoritário. Para isso, busca apoio de Evangelos Marinakis, que teria participação minoritária nessa nova estrutura.
Desde junho de 2025, Textor enfrenta litígio com investidores da Eagle — em particular Ares Management e Iconic Sports — que controlam a gestão da holding e pressionam para retirá-lo do comando do Botafogo, alegando débitos de cerca de US$ 500 milhões relacionados ao financiamento do Lyon.
Crise no Lyon e retirada de Textor
Em 24 de junho de 2025, o Lyon foi administrativamente rebaixado à Ligue 2 pela DNCG devido a dívidas que variaram entre €175 milhões e €200 milhões, apesar de infraestruturas e vendas recentes ao Crystal Palace. John Textor se retirou da gestão diária do clube no final de junho, e Michele Kang, do fundo Ares, assumiu como presidente em 30 de junho. Em 9 de julho, a própria DNCG reverteu o rebaixamento, permitindo que o Lyon siga na Ligue 1 e participe da Europa League em 2025/26.
Textor admitiu que sua postura como “agente de mudança” provocou resistências no futebol francês e influenciou o rebaixamento apesar da estabilidade financeira do grupo Eagle – o que é bastante discutível, aliás.
A estratégia de Textor para o Botafogo
Textor afirmou publicamente em 26 de julho de 2025, após o empate com o Corinthians, que “o Botafogo está gerando dinheiro e financiando o Lyon”, invertendo narrativas que circulavam acerca do fluxo de recursos entre os clubes. Ele reforçou que pretende recomprar o Botafogo e separá-lo da “parte europeia” da Eagle, mantendo o controle da nova estrutura e viabilizando parcerias internacionais.
A proposta envolve criar uma nova holding nas Ilhas Cayman que incluiria o Botafogo e o RWD Molenbeek (Bélgica). Esse novo veículo seria financiado por Marinakis, que entraria como investidor minoritário e credor direto, substituindo a Ares nessa posição.
O papel de Evangelos Marinakis
Marinakis, que já detém o Nottingham Forest e o Olympiacos, tem estreitado relações com Textor desde o início de 2024, com movimentações que superam R$ 700 milhões em transferências entre os clubes. A entrada do grego na nova empresa de Textor não se limita ao aporte financeiro: sua rede multiclubes facilitaria scouts compartilhados, rotas de transferência e visibilidade do Botafogo na Europa.
Além disso, pessoas próximas a Marinakis participam das negociações com Ares e os acionistas da Eagle, reforçando o peso institucional e estratégico do grupo dele no processo.
Cenários futuros e riscos
Se consumada a operação, Textor manterá o controle do Botafogo fora da Eagle europeia e Marinakis ingressará como investidor minoritário, abrindo caminho para integrar o Alvinegro à sua rede de clubes. Em troca, Marinakis exigiria integração esportiva e econômica com Forest e Olympiacos, fortalecendo a estratégia multiclubes.
Contudo, o futuro segue incerto:
A investigação interna da Eagle por má gestão expôs riscos operacionais e contábeis no Botafogo, como falta de transparência e concentração de dívidas futuras (como mostra o UOL).
A negociação ainda depende de aprovação da Ares e dos demais acionistas, que se mostraram reticentes enquanto Textor seguir à frente da gestão.
Finalmente, o modelo multiclubes pode enfrentar restrições regulatórias em ligas europeias, especialmente em relação a conflitos de interesse e legislação da UEFA.
Textor quer se manter no Botafogo, tem apoio político para isso no Brasil e financeiro com Marinakis. Resta saber se ele conseguirá desenrolar esse emaranhado de questões que parece ter virado a SAF do Botafogo, Eagle e o Lyon.
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🎧PODCAST MEIOCAMPO #155
Corinthians, Atlético Mineiro e Fluminense conseguiram vantagens importantes nos primeiros jogos das oitavas de final da Copa do Brasil. Enquanto isso, na Europa, finalmente saiu a decisão do caso de manipulação de resultados de Lucas Paquetá e também damos um giro pelas principais notícias do mercado.
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Vamos nos acostumar a essa precocidade?
Por Leandro Stein
Desde que um rapaz mineiro de 17 anos arrebentou na Suécia para conquistar a Copa do Mundo, ver a eclosão de adolescentes no futebol não é uma novidade. Tantos craques começaram a surgir aos 17 ou 18 anos, com títulos inesquecíveis e lances assombrosos. Há exemplos até mais precoces, embora mais pontuais, desses fenômenos dos gramados. Até por essa raridade, chama atenção uma pré-temporada na qual dois garotos despontam como promessas, em clubes como Arsenal e Liverpool, do alto de seus 15 ou 16 anos – estou falando de Max Dowman e Rio Ngumoha, respectivamente. E isso quando Lamine Yamal soa como um veterano há tanto tempo nas manchetes, logo após completar 18 anos.
Não existe uma idade certa para a maturação do corpo e da mente no esporte de alto rendimento. O futebol é até um pouco tardio, se comparado com modalidades como a ginástica artística ou os saltos ornamentais. Os exemplos podem ser vários, inclusive bem recentes. Uma das revelações do Mundial de Esportes Aquáticos que ocorre em Singapura é a chinesa Yu Zidi, medalhista no revezamento aos 12 anos. Ficou a centésimos da medalha nos 200m medley, quarta colocada. Olhando para o próprio umbigo, o Brasil tem uma veterana em Rayssa Leal, que levou sua segunda medalha olímpica aos 16 anos. Na mesma modalidade, Ema Kawakami ganhou a primeira medalha no vert dos X-Games aos 10, mas tinha apenas sete quando repetiu Tony Hawk e executou o lendário 900.
A pergunta que essa pré-temporada europeia me deixa é: será que vai se tornar cada vez mais comum ver esses jovens talentos também no futebol? Pelé pode ter aberto portas há quase sete décadas, claro, mas era um extraclasse muito à frente de seu tempo em relação ao atleticismo e à mentalidade. Outros, não tão excepcionais como ele, tiveram eclosões tão precoces quanto – no Brasil temos uma porção de exemplos, de Coutinho a Endrick. Neste sentido, Yamal pode ser mais um caso. Contudo, pode também apontar um caminho a uma prática que se tornará mais comum entre os clubes de elite do futebol europeu.
A pré-temporada muitas vezes serve como uma abertura, nem sempre como um parâmetro do que acontecerá. Você também pode se lembrar de outros jogadores que ganharam chances com 15 ou 16 anos, mas cuja transição seria feita com um pouco menos de pressa rumo às principais competições – Lionel Messi tinha 16 quando estreou em amistoso contra o Porto, embora tenha esperado mais de um ano para disputar um jogo de La Liga. Pelo protagonismo que Dowman e Ngumoha tiveram nos últimos dias, talvez Arsenal e Liverpool não aguardem tanto para utilizá-los na Premier League.
A linha do tempo da “vida ativa” de um jogador de futebol se ampliou significativamente neste século, pensando em futebolistas mais velhos. É cada vez mais comum ver atletas de altíssimo nível quebrando recordes de longevidade e alcançando os 40 anos nas principais competições. Claro que lendas como Gianluigi Buffon, Fábio, Luka Modric e Cristiano Ronaldo precisam ser tratados como excepcionais exemplos. Mesmo assim, há uma evolução da medicina esportiva e da própria preparação que permite aos superprofissionais irem além do que a literatura normalmente sugere como idade ideal para pendurar as chuteiras. Talvez essa linha do tempo se estenda um pouco mais para baixo, facilitando a participação dos mais jovens?
Num futebol cada vez mais físico, seja pela intensidade das partidas ou pela frequência dos compromissos, exige-se uma evolução muscular para que a transição ocorra de forma mais segura à integridade do próprio atleta. Neste ponto, a medicina esportiva pode contribuir para a ampliação da linha do tempo de forma cada vez mais precoce. Contudo, a chegada aos profissionais possui um fator ainda mais preponderante no aspecto psicológico, de lidar com a pressão num esporte tão exposto e ter maturidade para encarar da melhor maneira os desafios no gramado. Isso depende da preparação em diferentes aspectos desde as categorias de base. Algo que vem sendo aprimorado nos clubes de maior investimento no setor formativo.
Yamal é uma exceção da exceção. O que fez no Barcelona, a partir dos 16 anos, é um absurdo. Ser insistentemente decisivo numa Eurocopa às vésperas de completar 17 é uma raridade. Mas também parece indicar a outros clubes que a transição não precisa esperar tanto. Além dos aspectos técnicos, Yamal se destaca pela tomada de decisão e pela maturidade do raciocínio com a bola. O trabalho na base pode apontar que outros adolescentes de idade próxima estão preparados para grandes passos, sobretudo em posições que exigem mais agilidade que força propriamente dita. Que não se aproximem de Yamal, Dowman e Ngumoha podem seguir sua trilha e ampliar essa percepção.
E existe até um fator financeiro que o caso de Yamal ajuda a quebrar receios: o de lançar atletas tão jovens que, sem um contrato de longo prazo assinado, podem servir de presas fáceis a ofertas de outros clubes. Equipes menores tendem a continuar temerosas, mas as potências europeias têm dinheiro o suficiente para amarrar seus fenômenos. O Barcelona, apesar das dificuldades dos últimos anos, não perdeu Yamal. Liverpool e Arsenal têm condições até melhores para segurar seus prodígios. E, afinal, com o fluxo de informações, tantas dessas promessas são conhecidas por volta dos 12 anos. O impacto inicial no time adulto costuma ser a prova cabal do que se projeta desde antes.
Toda a precocidade vista nesta pré-temporada pode ser circunstancial. Porém, não parece ser mera coincidência. Da forma como o futebol evolui, as mudanças ajudam a estabelecer tendências, que não precisam ser também uma verdade absoluta. É ver como o futebol lança jogadores mais jovens e discute outros temas importantes, como a exposição ao sucesso e o direito desses garotos de viverem fases da vida que são fundamentais – mas que se perdem quando são submetidos tão cedo à rotina profissional ou à falta de privacidade. Outras modalidades estão à frente do futebol nesse sentido.
NA EDIÇÃO ANTERIOR DA NEWSLETTER…
A Newsletter Meiocampo conta com duas edições fixas semanais: às terças, exclusiva para assinantes, e às sextas, gratuita para o público em geral. Ocasionalmente, nossos assinantes também ganharão textos extras. Na última, Felipe Lobo se despediu do seu primo Beto, essencial para a sua paixão pelo futebol, e falamos sobre o título da Inglaterra na Eurocopa Feminina.
Giro
- Cada um de nós pode ter uma opinião sobre o caso. A da comissão regulatória independente da Federação Inglesa, no entanto, é de que não há provas suficientes para condenar Lucas Paquetá pelas quatro acusações de ter recebido cartões amarelos de propósito para manipular o mercado de apostas. E essa é a que vale no fim. Então, um ótimo dia para ele. O problema é que esse processo demorou dois anos. Paquetá chegou a ser cortado da seleção brasileira, perdeu uma transferência para o Manchester City e, em um mundo que não dá mais tanta importância a evidências, muita gente nunca deixará de considerá-lo culpado. Tudo isso seria justo se ele realmente o fosse. Como não é, como fica o prejuízo para a carreira dele? E para o West Ham, que deixou de receber dezenas de milhões de libras? O processo precisa ser meticuloso. Precisa ser eficiente. Precisa ser rigoroso. Mas também precisa ser justo e, para isso, precisa ser mais rápido. (Bruno Bonsanti)
- Eu não sei exatamente que bicho mordeu Messi durante a Copa do Mundo de Clubes. Talvez ter se encontrado em posição de desvantagem em tantos confrontos e levar uma lavada do Paris Saint-Germain nas oitavas de final tenha acendido aquela chama da competitividade - que, convenhamos, se apagou quando ele aceitou jogar na Major League Soccer. Azar da Concacaf. Messi fez oito gols e deu quatro assistências em seis jogos desde o fim do Mundial. Marcou duas vezes em quatro partidas diferentes. Na última quarta-feira, deu o passe decisivo para o gol da vitória de Marcelo Weigandt aos 51 minutos do segundo tempo e, ao apito final, soltou um gritão na cara de um pobre jogador do Atlas que devia estar pensando: “Bicho, é a primeira rodada da Leagues Cup”. Quando caras com a competitividade necessária para chegar ao nível que Messi chegou estão realmente motivados, não importa. (Bonsanti)
- Depois de Florian Wirtz, Xabi Alonso e Jeremie Frimpong, o Bayer Leverkusen sofreu mais uma baixa significativa. Ninguém conseguiu convencer Granit Xhaka a permanecer e ajudar com esse momento de transição. Nem o seu técnico, Erik Ten Hag, que chegou a dizer em público que o clube não venderia mais jogadores importantes. O curioso da história é que ele queria muito, muito, muito jogar no Sunderland. O The Athletic publicou que ele informou ao Leverkusen que não aceitaria nenhuma outra transferência. De volta à Premier League depois de oito anos, o Sunderland está gastando pesado: € 130 milhões em reforços como Simon Adingra, do Brighton, Enzo Le Fée, da Roma (que disputou a segunda divisão emprestado), e Habib Diarra, do Estrasburgo. A estratégia é claramente tentar trazer jovens. Xhaka foi um raro exemplo de jogador mais experiente e sem valor de revenda pelo qual o Sunderland pagou uma taxa de transferência significativa (cerca de € 20 milhões). Porque não tem investimento melhor do que ficar na Premier League e a experiência do volante suíço pode ser crucial. (Bonsanti)
- O elenco de José Mourinho continua colecionando figurinhas carimbadas. Milan Skriniar, emprestado pelo PSG nos últimos meses, foi contratado em definitivo. Ele havia feito 23 partidas e marcado três gols na segunda metade do Campeonato Turco e no mata-mata da Liga Europa. Ainda tem 30 anos, o que me pegou um pouco de surpresa. O outro reforço foi Nélson Semedo, que deixou o Wolverhampton, do qual estava sendo titular na Premier League, ao fim do seu contrato. Também é mais jovem do que eu pensava: 31 anos. São veteranos, mas não tanto assim, e reforçam um time que já havia recebido Sofyan Amrabat e Jhon Durán e ainda conta com Diego Carlos, Caglar Söyüncü, Fred, Anderson Talisca, Cengiz Ünder, Cenk Tosun e Youssef En-Nesyri. Tudo para tentar ganhar a Superlig pela primeira vez desde 2013. (Bonsanti)
- Samir Xaud se tornou alvo de investigações da operação Caixa Preta, da Polícia Federal, na última quarta-feira (30). A suspeita é de crimes eleitorais e o alvo primário das investigações são a deputada Helena Lima, do MBD, e seu marido, Renildo Lima, ambos de Roraima, estado do atual presidente da CBF. A inclusão do dirigente veio pela citação do seu nome em um áudio de Renildo Lima, preso em setembro de 2024, às vésperas das eleições municipais, com R$ 500 mil, com parte do dinheiro na sua cueca. A suspeita? Compra de votos. Pela citação a Samir Xaud, a Justiça Eleitoral autorizou uma busca e apreensão contra ele na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mesmo sob oposição do Ministério Público de Roraima. Xaud era secretário-adjunto de Saúde de Boa Vista na gestão do prefeito Arthur Henrique, também do MDB, que se reelegeu. Xaud concorreu a deputado federal, mas não conseguiu se eleger. Ainda é tudo muito preliminar e a investigação ainda tem muito o que correr, mas será que Xaud será mais um presidente da CBF envolto em problemas na Justiça, como os anteriores? (Lobo)
- O Istambul Basaksehir já passou de sua fase mais chamativa ao apostar em medalhões internacionais, mas monta um elenco interessante para tentar perseguir o trio de ferro no Campeonato Turco. A equipe será, inclusive, um laboratório para a seleção do Uzbequistão rumo à sua estreia na Copa do Mundo de 2026. Um dos principais reforços do elenco nesta janela de transferências é Eldor Shomurodov, emprestado pela Roma. Vem de boa temporada e é a grande referência técnica dos uzbeques. Já o atrativo mais recente é o meia Abbosbek Fayzullaev, contratado junto ao CSKA Moscou por €7,5 milhões. É a principal revelação de seu país nos últimos anos e um jogador que tende a ganhar cartaz no Mundial. Antes disso, poderá experimentar uma liga mais competitiva e com holofotes maiores de outros centros europeus. (Stein)
- Alguns podem até acusar o Manchester City de perder dinheiro com James Trafford – o que, de fato, aconteceu em certos aspectos. O goleiro foi vendido para o Burnley por €17,3 milhões há duas temporadas e retorna aos celestes nesta janela, recontratado por €31,2 milhões. Contudo, o negócio parece demonstrar a certeza dos Citizens em relação ao futuro de sua meta. A experiência de Trafford com o Burnley foi importante para encarar diferentes ambientes e se testar em nível mais alto do que a reserva no Estádio Etihad. Apesar do rebaixamento na Premier League 2023/24, o jovem acabou eleito o melhor goleiro da Championship 2024/25, com o acesso e números absurdos: foram só 16 gols sofridos em 45 partidas, 29 delas sem ser vazado. Decisivo nas seleções de base e atualmente reserva da principal, o arqueiro de 22 anos possui um potencial inegável e um estilo de jogo que se casa com o City. Vem como potencial sucessor de Ederson, em transição que talvez não demore a acontecer. (Stein)
- Os últimos anos da carreira de Pierre-Emerick Aubameyang são curiosos. Desde que deixou o Arsenal, o centroavante teve uma passagem impactante (mas curta) pelo Barcelona, não se encaixou no Chelsea, virou ídolo no Olympique de Marseille e aumentou sua fortuna o Al-Qadsiah. Sem contrato, retorna ao Vélodrome para impulsionar o Olympique mais uma vez. Aos 36 anos, continua com capacidade de deixar a sua marca num ambiente que conhece tão bem. E carregando sonhos mais altos. Gabão está no páreo por uma vaga inédita na Copa do Mundo e ter seu melhor jogador de volta às principais competições pode ser uma ajuda extra. (Stein)
- O Olympique de Marseille ainda conseguiu outro reforço excelente nesta sexta-feira, ao anunciar a compra de Igor Paixão por €30 milhões. Os franceses negociaram Luis Henrique com a Internazionale, mas asseguraram uma reposição que tende a ser até melhor. Os últimos anos de Paixão com o Feyenoord foram excepcionais, inclusive pelo protagonismo que teve em grandes partidas e na conquista da Eredivisie. A temporada passada indicou como o De Kuip estava pequeno para o amapaense, dono de números ótimos na liga nacional e também na Champions League. Aos 25 anos, o Vélodrome pode ser tanto a transição a passos maiores quanto a garantia por mais reconhecimento e idolatria. (Stein)
- Até o momento, o Strasbourg recebeu cinco jogadores emprestados pelo Chelsea para a próxima temporada, em que disputará a Conference League. As maiores expectativas se concentram sobre Kendry Paez, um dos últimos anunciados. Aos 18 anos, o meia provavelmente seria mais um reserva no inchado elenco dos Blues. A ida à França pode fazer bem a essa transição, de quem já demonstrou qualidade técnica tantas vezes desde cedo. A afirmação no Independiente del Valle foi positiva, sobretudo pelas atuações que teve nas competições continentais. E a seleção equatoriana também não esperou muito para contar com sua qualidade em jogos importantes, como nas Eliminatórias. Vai ser um jogador para ser observado com cuidado. (Stein)
- O Nottingham Forest está entre os clubes que mais movimentaram o mercado desde que retornou à Premier League. Depois de levarem Jair e Igor Jesus do Botafogo, os alvirrubros fizeram um negócio graúdo nesta semana, com a compra de Dan Ndoye junto ao Bologna. O Forest pagou €42 milhões, uma parcela do recebido na venda de Anthony Elanga ao Newcastle, €61,4 milhões. Ainda que seja uma reposição, o valor soa razoavelmente alto, mesmo que o suíço estivesse entre os principais jogadores dos rossoblù nas históricas duas últimas temporadas. O setor de observação do Forest trabalha bastante por tentativa e erro, agora com um risco maior que o clube se classificou à Liga Europa – ao menos, a taxa de acerto tem sido considerável, diante de tantos jogadores que deram um salto no City Ground. (Stein)
- Gabriel Strefezza escreveu uma história bem bonita desde que deixou a base do Corinthians para atuar nas divisões de acesso da Itália. O ponta criou laços genuínos com alguns clubes, em especial ao liderar o acesso do Lecce à Serie A e ao participar da afirmação do Como na elite. Permanecer à beira do famoso lago seria bem tentador, diante do trabalho feito por Cesc Fàbregas e do investimento do Como, mas a transferência para o Olympiacos sugere um passo além ao brasileiro de 28 anos. Vai figurar num clube dominante em seu país, que garantirá títulos e vitrine nas principais competições continentais. É o reconhecimento a quem demorou um pouco a explodir, mas merece os degraus escalados – e pode virar ídolo de uma das torcidas mais fanáticas do planeta. Tem bola para mais. (Stein)
- Lá se vão sete anos desde que o Atlético de Madrid pagou €72 milhões ao Monaco para contratar Thomas Lemar. Faz tanto tempo que até parece esquecido o investimento perdido pelos colchoneros no ponta francês. Apesar da longa estadia no Metropolitano, a antiga promessa foi uma das maiores furadas do período de Diego Simeone no clube. Teve muitas lesões, poucas sequências e limitados brilhos. Tanto é que muita gente sequer lembrava que ele ainda estava no Atleti, relegado a 247 minutos em campo somando as duas últimas temporadas de La Liga. Mudar de ares pode fazer bem e o Girona ganha uma alternativa tarimbada, de apenas 29 anos. Pela forma como sua carreira estagnou, surpreende pensar que ele foi campeão do mundo como reserva no Mundial de 2018. (Stein)
- Oscar Gloukh tem sua fama como promessa das seleções de base de Israel e de games de futebol. O meia de 21 anos vestirá agora a camisa 10 do Ajax, após negócio avaliado em €14,75 milhões – um valor relativamente módico por sua badalação. Gloukh foi revelado pelo Maccabi Tel Aviv, mas passou as últimas duas temporadas e meia no Red Bull Salzburg. Foi uma das referências técnicas do time, com destaque na Champions e no Mundial, mas não preponderou na perda de hegemonia do clube no Campeonato Austríaco. Surge como principal aposta para recuperar os Ajacieden após as decepções das temporadas recentes. (Stein)
- O Manchester City vive uma temporada de transição, algo que se nota tanto no elenco quanto na comissão técnica. A mudança mais importante dos celestes, todavia, ocorre na direção. Depois de 13 anos no cargo, Txiki Begiristain não será mais o diretor esportivo do clube. A saída era sabida há quase um ano, embora oficialmente anunciada nesta semana. Pensando em hierarquia, o antigo jogador do Barcelona talvez seja o segundo nome em importância à ascensão dos Citizens, só atrás de Pep Guardiola. Depois do enorme sucesso que fez na direção do Barça, ao lado de Frank Rijkaard e do próprio Guardiola, de 2003 a 2010, Begiristain foi uma referência na condução do City desde os tempos de Roberto Mancini. Trouxe grandes nomes para Manchester, influência decisiva inclusive para a mudança de Pep à Inglaterra. Participou da maioria absoluta das conquistas do clube e da renovação de forças, garantida também pelo dinheiro emiradense. De qualquer maneira, a revolução do clube dependeu de ideias, e da mente de Begiristain vieram algumas das principais. Seu substituto é o português Hugo Viana, ex-Sporting. (Stein)
- A Champions League concluiu sua segunda fase classificatória sem tantas surpresas. A maioria das camisas pesadas prevaleceram, com destaque à classificação do Rangers em cima do Panathinaikos. A principal zebra se deu na Macedônia do Norte, onde o Shkendija despachou o FCSB (o renomeado Steaua Bucareste), com direito a duas vitórias. Com isso, o Shkendija se assegurou ao menos na fase de liga da Conference, o segundo clube do país a disputar a fase principal de um torneio da Uefa – repetindo o Vardar na Liga Europa 2017/18. Menção ainda ao Pafos, que tirou o Maccabi Tel Aviv. Os cipriotas já tinham se sobressaído na Conference passada, em sua primeira aparição nos torneios continentais, e de novo pegarão fase de liga. O gol da classificação foi do brasileiro Jajá. (Stein)
- A lista de classificados na Champions reúne: Malmö, Dynamo Kiev, Pafos, Estrela Vermelha, Ferencvaros, Lech Poznan, Copenhague, Ludogorets, Shkendija, Slovan Bratislava, Qarabag, Kairat Almaty, Red Bull Salzburg, Viktoria Plzen e Rangers. Todos estarão na fase de liga ao menos da Conference, algo que não é inédito a nenhum deles. O Ludogorets foi o único que dependeu da prorrogação, para superar o Rijeka na Croácia. Já o Kairat virou a derrota por 2 a 0 na ida contra o KuPS na Finlândia para um 3 a 0 na volta. (Stein)
- A Liga Europa classificou oito times para a próxima etapa: Cluj, AEK Larnaca, Braga, Legia Varsóvia, Häcken, Utrecht, Midtjylland e Shakhtar Donetsk. O resultado de maior peso foi do Shakhtar, com duas vitórias sobre o Besiktas, agora um 2 a 0 no campo neutro na Polônia. De novo os brasileiros desequilibraram, com gols de Kevin (tinha feito dois na ida) e Kauã Elias. Outro brasileiro a dar show foi Júnior Brumado. Anotou um golaço de voleio aos 14 do segundo tempo da prorrogação, nos 2 a 1 do Midtjylland sobre o Hibernian em Edimburgo. Braga e Cluj também dependeram da prorrogação, enquanto o Häcken superou o Anderlecht nos pênaltis em Gotemburgo. (Stein)
- Por fim, na Conference avançaram: Levadia (Estônia), Linfield (Irlanda do Norte), Differdange (Luxemburgo), Olimpija Ljubljana (Eslovênia), Milsami Orhei (Moldova) e Egnatia (Albânia) na Rota dos Campeões. Virtus (San Marino) e Vikingur (Ilhas Faroe) passaram diretamente, sem jogar, por ficarem no chapéu. O Differdange, do veterano goleiro Felipe e vários brasileiros, chama atenção. O campeão de Luxemburgo venceu os dois jogos contra o The New Saints. (Stein)
- Já na Rota da Liga da Conference avançaram Dundee United (Escócia), Larne (Irlanda do Norte), Neman Grodno (Belarus), Vaduz (Liechtenstein), Silkeborg (Dinamarca), Rosenborg (Noruega), Dinamo City (Albânia), Austria Viena (Áustria), Ballkani (Kosovo), Viking (Noruega), AEK Atenas (Grécia), Györ (Hungria), Riga (Letônia), Raków Czestochowa (Polônia), Sabah (Azerbaijão), Ararat (Armênia), Santa Clara (Portugal), Kauno Zalgiris (Lituânia), Paks (Hungria), Vikingur (Islândia), Hammarby (Suécia), KÍ (Ilha Faroe), Jagiellonia (Polônia), Polissya Zhytomyr (Ucrânia), Lausanne (Suíça), Brondby (Dinamarca), Partizan (Sérvia), Spartak Trnava (Eslováquia), St. Patick's Athletic (Irlanda), AIK (Suecia), Universitatea Craiova (Romenia), Aris Limassol (Chipre), Shamrock Rovers (Irlanda), AZ (Holanda), Hajduk Split (Croácia), Arda (Bulgária), Sparta Praga (República Tcheca), Astana (Cazaquistão), Rapid Viena (Áustria), Maccabi Haifa (Israel), Araz-Naxçivan (Azerbaijão), Omonia (Chipre), Istambul Basaksehir (Turquia) e Beitar Jerusalem (Israel). (Stein)
- A história curiosa da Rota da Liga fica por conta do Vaduz. Liechtenstein não tem uma liga, com os clubes inseridos no Campeonato Suíço, e por isso só possui uma vaga continental assegurada, referente à copa local. Dominante na Copa de Liechtenstein e por vezes na elite suíça, o Vaduz despachou o Dungannon Swifts. O clube do principado perdeu a ida em casa por 1 a 0, mas devolveu o placar na Irlanda do Norte e concluiu o serviço com mais dois gols na prorrogação, fechando em 3 a 0. O Vaduz já disputou a fase de grupos da Conference em 2022/23, tirando o Rapid Viena do caminho. Nos demais jogos, o Polissya Zhytomyr impediu a zebra de Andorra, ao reverter a derrota da ida para o FC Santa Coloma, grande surpresa da competição na etapa anterior. O Arda, novato da Bulgária, tirou o tradicional HJK Helsinque nos penais, dentro da Finlândia. Já o estreante Araz, do Azerbaijão, cometeu o crime contra o Aris graças ao empate em Salônica. (Stein)
- A temporada no futebol português começou com o grande clássico entre Benfica e Sporting, na Supertaça. Apesar do domínio sportinguista nos últimos tempos, os benfiquistas tiveram uma perspectiva de novos ares com a vitória por 1 a 0. Os encarnados fizeram investimentos massivos no mercado, alguns deles já titulares, como Richard Ríos, Amar Dedic e Enzo Barrenechea. O triunfo ficou na conta de Vangelis Pavlidis, recorrentemente decisivo, mas agora com a sombra do jovem Franjo Ivanovic, croata de 21 anos comprado da Union St. Gilloise. O trabalho dos leoninos tende a ser grande, na tentativa de se reconstruírem sem mais a preponderância de Viktor Gyökeres. (Stein)