Voltamos! Bem-vindo à sua nova (velha) newsletter de futebol
Depois de mais de um ano de afastamento, a newsletter que você se acostumou a ver está de volta, mas com outro nome. Bem-vindos à newsletter Meiocampo!
Newsletter Meiocampo #01 - 6 de dezembro de 2024
Desde a época das revistas, ter o número 1 de uma publicação era um artigo de luxo. Por isso, você pode se sentir privilegiado: está recebendo a edição número 1 da newsletter do Meiocampo. Edição de colecionador!
Sou Felipe Lobo, e esta newsletter é fruto da parceria incrível com meus amigos Leandro Stein e Bruno Bonsanti, com quem tive a honra de dividir responsabilidades na produção de conteúdo sobre futebol por mais de 10 anos. Eu fui fazer o Próxima Fase, meu canal de games no Youtube. Bruno Bonsanti foi fazer o seu canal de Football Manager, o BonsaFM. Leandro Stein teve a imensa responsabilidade de cobrir os Jogos Olímpicos pelo site oficial do evento, o Olympics.com - e você pode ler alguns dos textos dele aqui neste fio.
Desde janeiro, retornamos com o podcast, agora com o nome de Meiocampo. É justamente com esse nome que iniciamos mais uma etapa, agora a newsletter. Sentíamos falta de poder contar algumas histórias que nem sempre cabiam no podcast, de textos que sempre gostamos de fazer, mas estavam sem casa. Aqui, retomamos um pouco dessa tradição.
Esta primeira edição está recheada. Considere esta uma edição especial, uma retomada de algo que nos fazia falta e que esperamos que possa trazer a vocês um pouco de entretenimento, mas sempre munido de informação, visão crítica e o nosso jeito às vezes um pouco prolixo.
Convidamos você a pegar o seu café (ou sua bebida preferida), encontrar um lugar confortável e aproveitar. Preparamos esta newsletter com muito carinho para quem é apaixonado por futebol e boas histórias, como você.
Um abraço,
Felipe Lobo
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Um jogo entre duas decisões
O atropelamento em Anfield no último domingo contrastou um clube obrigado a mudar e outro que decidiu continuar como estava
Por Bruno Bonsanti
A famosa ironia britânica esteve em exibição para uma plateia de milhões de pessoas ao redor do mundo no último domingo. Porque quando Anfield foi preenchido com insinuações de que Pep Guardiola não chegaria ao próximo almoço com emprego, não havia ninguém que realmente acreditava que ele seria demitido.
Foi uma zombaria inofensiva, compreensível, dada a quantidade de decepções e frustrações que o Manchester City impôs àquela torcida - tenta fazer 97 pontos sem ganhar o título um dia e vê se é legal -, e oportunista porque não são apenas raros os momentos em que o desempenho de um time de Guardiola concede a premissa, mesmo que irrealista, de que ele talvez possa ser demitido.
Este provavelmente é o único.
Não é difícil encontrar simbolismo em um confronto entre os dois clubes que moldaram a última década da Premier League, mas o mais importante talvez não seja tão claro: o contraste entre uma organização que foi obrigada a mudar e outra que decidiu continuar como estava.
Antes de progredir, precisamos frisar que, se o Liverpool (aqui entendido como seu dono, presidente, todos os diretores, membros da comissão técnica, jogadores e torcedores, até as paredes do centro de treinamento e as minhocas do gramado de Anfield) pudesse ter escolhido, Jürgen Klopp ainda estaria lá. Estaria lá mesmo se todos soubessem que, com um novo técnico, a campanha seguinte começaria com 18 vitórias em 21 jogos.
Mas Jürgen Klopp não está mais lá porque não queria estar mais lá e não adianta debater a sabedoria da decisão. Se Klopp estava sem energia para continuar e precisava descansar, então tomou a decisão correta para ele. E para o Liverpool, tanto faz, porque não havia opção. Se ainda é cedo para cravar que Arne Slot é o homem certo para a próxima era - por mais que pareça no momento -, não é para perceber que há um cheirinho de carro novo em Anfield.
Klopp é muito comparado com Bill Shankly, e eu juro que a gente parará de fazer isso quando as histórias pararem de ser parecidas. Shankly era o cara de personalidade expansiva que quebrou o ciclo de fracassos do Liverpool e decidiu sair por conta própria depois de um processo de renovação do elenco - viu como é difícil evitar? Houve consternação, claro, e ninguém sabia exatamente o que esperar do seu sucessor, o ex-auxiliar Bob Paisley.
Aqui as histórias divergem um pouco porque Arne Slot não era tanto uma incógnita, não estava já dentro do clube e havia feito um trabalho excepcional à frente do Feyenoord. Ainda assim, o salto que deu sempre gera incertezas (alô, Ten Hag!) e dá para traçar paralelos entre os perfis de ambos, corrigindo a moeda para as eras midiáticas que ocupam: são mais sóbrios que seus antecessores, sem socos no ar, atentos aos detalhes, rigorosos na disciplina.
Uma liderança mais silenciosa - o título da biografia de Bob Paisley é “O Gênio Silencioso”.
Não são fenômenos sobrenaturais. Um olhar novo e competente em cima de uma fundação muito sólida pode gerar bons resultados em qualquer lugar, e os dois pegaram times montados em diferentes graus de renovação. Slot tem sido perfeito, até agora, em misturar a continuidade com suas próprias ideias.
O Liverpool virou um time tão letal, entre outros motivos, porque melhorou a parte defensiva. Os rivais apontaram, com certa razão, a tabela mais fácil para justificar as vitórias no começo da temporada, mas, desde então, Manchester United, Milan, Real Madrid, Chelsea, RB Leipzig, Bayer Leverkusen e Manchester City foram batidos pela Slot Machine. O Liverpool sofreu dois gols nesses jogos.
Porque está sendo um time mais paciente na posse de bola, cedendo menos oportunidades de contra-ataque - o contraponto do estilo da administração anterior que frequentemente transformava as partidas em uma grande caça-níquel. Seguro atrás, com Ryan Gravenberch ancorando o meio-campo (um desses detalhes observados por Slot) e um ataque que castiga de maneiras diferentes, o Liverpool consegue abrir o placar e depois entra em campo a memória muscular de uma das melhores transições ofensivas da história.
Curiosamente, Pep Guardiola costuma fazer essas coisas sozinho: de repente Messi é falso 9, e Philipp Lahm é volante, e Mascherano é zagueiro, e Eric Abidal é zagueiro e David Alaba é zagueiro, e qualquer um que não é zagueiro agora é zagueiro, e John Stones é volante, e Bernardo Silva é ala direito, e agora não é mais 4-3-3, é 3-4-3 ou 4-2-4 ou a gente voltou para 1950 e é um WM.
Não acho que ele de repente não tem mais ideias, mas talvez não haja mais ideias para se ter com o elenco atual do Manchester City.
Há duas opções para estender ciclos longos e/ou vitoriosos: renovar o elenco ou trocar o técnico. Alex Ferguson passou quase 27 anos à frente do Manchester United porque não tinha muitos sentimentos. Quando achava que alguém precisava ir embora, tchau - Paisley, aliás, era igual. Zidane adotou uma abordagem diferente depois de ser tricampeão europeu. Decidiu que quem precisava sair era ele. Estava (parcialmente) errado. Voltou e teve relativo sucesso.
Guardiola começou a temporada no último ano do seu contrato. E várias coisas pairavam sobre a renovação: as possíveis punições ao Manchester City por 115 acusações de violações financeiras, o sentimento de dever cumprido depois de uma Tríplice Coroa e do tetracampeonato inglês, um elenco que precisa de ar fresco, o cansaço depois de oito anos em ritmo acelerado, o desgaste depois de oito anos de um estilo exigente e o interesse de seleções nacionais. Ele decidiu ficar, e uma das análises mais populares é que ficou motivado pelo desafio de renovar o elenco e montar um novo time vencedor.
Bom, quando Deus quer te punir, ele atende suas preces. Parece que esse realmente será um desafio.
O que mais chama a atenção no calvário do Manchester City é o quanto ele parece um time velho. E nem é tanto assim. De Bruyne, Walker e Gündogan estão entre os 33 e 34 anos. O resto deveria estar no auge físico e técnico. Mas joga como um time velho. Foi gritante a disparidade de intensidade em Anfield. Há lentidão na frente e atrás. A quantidade de erros defensivos ficou insustentável para uma proposta que sempre andou no fio da navalha quando o adversário recuperava a bola ou quando a levava ao ataque com passes curtos e arriscados.
A lesão de Rodri obviamente prejudicou, assim como a clara decadência de Walker e a transformação de Kevin de Bruyne em Morgan Freeman: parou de fazer papéis principais, de vez em quando topa uma aparição especial e você diz “nossa, é mesmo, o Morgan Freeman”. Ou talvez as circunstâncias tenham apenas exposto um problema mais estrutural.
Apenas cinco jogadores com 26 anos ou menos fizeram 1.000 minutos pelo Manchester City nesta temporada e apenas três podem ser considerados pilares de um time altamente competitivo - Haaland, Foden e Gvardiol.
Esse número é sete no Liverpool, com mais dois (Núñez e Jones) quase lá. Sete no Arsenal, sete no Real Madrid, sete no Barcelona, sete no PSG, sete na Atalanta (quando eu comecei a estrutura deste parágrafo não imaginava que todo mundo seria sete), e oito (finalmente) no Chelsea.
Não conta a história inteira porque não estaria tudo bem com o Manchester City se Rúben Dias tivesse um ano a menos e Matheus Nunes tivesse jogado 84 minutos a mais. E a Internazionale, por exemplo, tem apenas Alessandro Bastoni entre seus principais jogadores com 26 anos ou menos. Mas ilustra como ainda são os mesmos caras de sempre e que as operações de renovação até agora - um Savinho aqui, um Doku ali, um Rico Lewis surgindo - foram limitadas.
E de certa forma é como perguntar ao Paul McCartney, assim que ele compôs Let It Be, quando vai sair a próxima que definirá uma era da música: o Manchester City acabou de ser o primeiro tetracampeão inglês da história e acabou de conquistar uma Tríplice Coroa. Mas o futebol avança rápido.
Talvez, se Guardiola não apenas tivesse se recusado a renovar contrato como acompanhado Klopp na administração de um quiosque de praia em Ibiza, a situação do Manchester City fosse pior. Talvez um novo treinador, como Arne Slot, conseguisse inserir um impulso renovado neste mesmo elenco. Ou talvez tomasse a decisão de começar uma profunda renovação antes da temporada, e a situação seria pior, mas com o entendimento de começo algo novo.
Embora seja importante não subestimar a capacidade de Guardiola de encontrar soluções e emendar 30 vitórias seguidas sem você nem perceber, a situação atual parece o fim de algo velho.
E dizer isso, ou que o elenco do Manchester City precisa de renovação, ou que talvez a passagem de Guardiola por lá tenha se esgotado, não é tanto uma crítica quanto um reconhecimento de que a água molha, o pássaro voa e o tempo passa.
Foste herói em cada jogo, Botafogo
Por Felipe Lobo
Gritar “é campeão” pela primeira vez no torneio mais importante da América do Sul é um fato marcante e é sempre impressionante quando acontece com um clube com muita história. O Botafogo foi o mais recente a conseguir o feito e viu seu torcedor celebrar a plenos pulmões uma conquista que marca a reconstrução de um dos clubes com mais história no futebol.
Não é preciso muito para entender o peso histórico do Botafogo no futebol. Garrincha, Didi, Heleno de Freitas, Gerson, Jairzinho, Amarildo, Nilton Santos, Manga, Quarentinha, Paulo César Caju. São muitos nomes históricos e fundamentais para o futebol brasileiro – e por consequência, parte da história do futebol mundial.
Só que a história parecia envelhecida no preto e branco das imagens antigas. A última grande glória tinha sido no Campeonato Brasileiro de 1995. Desde então, foram muitos altos e baixos, com mais baixos que altos. Veio o rebaixamento, depois anos lutando para se manter na primeira divisão. Dívidas, times que não eram competitivos e momentos difíceis.
Em 2022, o clube tomou o passo histórico de se tornar SAF, um caminho inicialmente seguido apenas por quem parecia insolúvel. Era o caso do Botafogo. Era preciso uma reconstrução quase completa, do departamento de futebol à base. Daquele clube que brigava para evitar o rebaixamento para o que levantou a taça da Libertadores só há uma semelhança: a torcida.
Foi a torcida que aguentou todos os momentos ruins antes dos bons. O departamento de futebol mudou para melhor. Errou, mas acertou mais. A partir do segundo semestre de 2023, fez um grande mercado de transferências e construiu um time que quase se tornou campeão ali mesmo.
E a torcida revisitou alguns dos seus fantasmas quando a demolição da equipe, mentalmente, fisicamente e em campo, fez com que o título do Campeonato Brasileiro escapasse. O sonho do título ganhou um gosto amargo de decepção.
Veio o pior momento desse novo Botafogo, com relatórios duvidosos, acusações infundadas e uma histeria injustificável do dono, John Textor, apontando os dedos para o exterior para tentar expurgar a própria frustração, sob uma falsa bandeira de luta contra a corrupção – uma bandeira frequentemente usada de modo torto.
Era preciso continuar a reconstruir. Era preciso menos Good Game e seus relatórios estúpidos e mais jogo bom, boa cabeça, boa memória do que significa ser Botafogo. O clube que tem tradições aos milhões. Na estrada dos louros, um facho de luz. Tua estrela solitária te conduz.
O clube já estava nesse processo internamente, no seu departamento de futebol, e precisaria novamente se reconstruir em campo. Artur Jorge chegou para ser o técnico de 2024 e até a se irritou com perguntas sobre o colapso do ano anterior.
Vieram reforços, houve uma mexida importante no elenco, seja com jogadores que ganharam espaço, seja com caras novas. E o Botafogo mais uma vez se mostrou forte. A campanha na Libertadores foi uma mostra de força.
Palmeiras, São Paulo, Peñarol e Atlético Mineiro foram os adversários, todos derrubados pela Estrela Solitária com autoridade de quem foi melhor, indiscutivelmente. Ser melhor nem sempre é o bastante, como o futebol já cansou de mostrar. Desta vez foi.
A torcida é o elo que torna o Botafogo de Garrincha, o do rebaixamento e o campeão da América um único fio. Foi ela quem vibrou, com seus mosaicos, com o estádio Nilton Santos pulsando, com a fé estarrecedora de quem se acostumou a ajoelhar no cimento esperando por milagres.
Desta vez, nem foi preciso intervenção dos deuses do futebol. Foi o Botafogo, em reconexão com a sua alma, com a sua história e contando com dinheiro, mas principalmente organização que foi possível transformar lágrimas de desespero em lágrimas de felicidade incontida.
Os joelhos estavam no cimento de novo, mas desta vez não para ver a cabeça cair em desilusão, mas para a erguer aos céus, junto com os braços, para celebrar e se reconectar. De John, o goleiro, Bastos, o zagueiro, Marlos Freitas, o volante, Almada, o meia, Luiz Henrique, Savinho e Igor Jesus, um time que foi herói em cada jogo e que, ao final, foi e há de ser o imenso prazer da sua torcida.
É tempo de Botafogo.
O adeus a Duckadam, estrela tão eterna quanto fugaz da Champions
Por Leandro Stein
Noventa minutos são mais do que suficientes para consagrar uma lenda do futebol. Helmuth Duckadam, na verdade, precisou de bem menos do que isso. Os 120 minutos de bola rolando ofereceram poucas ameaças ao goleiro do Steaua Bucareste durante a final da Copa dos Campeões de 1985/86. O que ele realizou depois disso em Sevilha, porém, é um dos maiores feitos individuais do futebol europeu: defendeu quatro pênaltis do Barcelona, tornou os romenos surpreendentes campeões em plena Espanha, levou a Orelhuda pela primeira vez para dentro da Cortina de Ferro. Seu nome é sinônimo de Champions.
A carreira de Duckadam, no entanto, não se estendeu muito além daquele brilho tão intenso quanto fugaz. A despeito de seus 27 anos, o goleiro nunca mais entrou em campo pela Champions e encerrou sua carreira em alto nível num rompante. O mesmo braço direito que negou o inédito título continental ao Barça e o deu ao Steaua seria responsável por encurtar a trajetória de Duckadam quando mais se tinha expectativas sobre ele. Ainda assim, o camisa 1 imponente na marca da cal nunca deixou de ser herói. Os quatro pênaltis valeram a eternidade e a constante lembrança, inclusive diante de seu adeus nesta semana, falecido aos 65 anos.
Helmuth Duckadam chamava atenção de diferentes maneiras. A começar por suas próprias origens, parte da minoria de alemães étnicos no oeste da Romênia. Com origens germânicas por parte de pai e de mãe, o garoto começou a sonhar em ser jogador de futebol desde cedo. Desejava ser goleiro. Ambicionava ser ídolo. "Quando era criança, sempre sonhei em disputar um grande jogo e ser o herói, levando meu time à glória. Mas, mesmo criança, não ousava imaginar que isso aconteceria numa final de Champions", confessou em 2019, à revista FourFourTwo.
Nascido e criado na cidade de Semlac, Duckadam iniciou a carreira em pequenas equipes locais. Já a partir de 1977, o jovem de 18 anos passou a defender o elenco principal do UTA Arad, força regional e seis vezes campeão nacional. Num clube habituado a disputar a primeira divisão do Campeonato Romeno, Duckadam contribuiu para o acesso em 1981. Depois de fazer sua estreia na elite durante a temporada seguinte, enfim mudaria sua história a partir de 1982: chegou à seleção e assinou com o Steaua Bucareste, potência local apoiada pelo exército.
Ainda levou um tempo até que Duckadam se firmasse na meta do Steaua. Durante as duas primeiras temporadas, o novato oscilou entre reservas e titulares, com 17 partidas pelo Campeonato Romeno. A mudança de patamar aconteceu mesmo em 1984/85, quando o arqueiro tomou conta da posição. Não seria uma temporada qualquer: depois de sete anos em jejum, o Steaua reconquistou o título da liga nacional. Duckadam esteve entre os destaques de um time que sofreu apenas 24 gols em 34 partidas. Também garantiu a dobradinha na Copa da Romênia.
A temporada 1984/85 ainda proporcionou a estreia de Duckadam nas competições continentais. O Steaua disputou a Recopa Europeia e não passou da primeira fase, eliminado por uma forte Roma treinada por Sven-Göran Eriksson. Antes da derrota por 1 a 0 no Estádio Olímpico, os romenos até seguraram o empate por 0 a 0 em Bucareste. Foi um resultado na conta de Duckadam, que defendeu um pênalti cobrado por Ubaldo Righetti aos 41 do segundo tempo. Um aperitivo ao que ocorreria na temporada seguinte.
Os pênaltis, afinal, eram sabidamente a especialidade de Duckadam – muito antes de sua apoteose em Sevilha. O goleiro gostava de ficar além do horário nos treinamentos, apostando com os companheiros. Isso permitiu não apenas que barrasse alguns dos melhores jogadores do Campeonato Romeno nos 11 metros, mas que também marcasse um gol de penal, logo depois da mítica final da Champions. Gostava de se colocar no lugar do batedor e praticar as cobranças, para entrar na mente deles.
"Um goleiro tem que se esquecer de tudo o que aconteceu e focar exclusivamente no momento. Ele precisa observar o batedor de perto e tentar ler sua mente, adivinhar suas intenções. Depois de cada treino, eu praticava pênaltis com meus companheiros, sempre tentando enganar ao me mover ligeiramente para uma direção. Ele então chutaria do lado oposto e, como eu sabia disso, pulava e defendia", comentou, ao site da Uefa, em 2009.
Ou como brincou Duckadam, em entrevista a Jonathan Wilson para o livro 'The Outsider: A History of the Goalkeeper': "Se eu não tivesse me tornado futebolista, eu definitivamente seria psiquiatra. Sempre gostei de andar na rua, olhar as pessoas e pensar: 'O que se passa pela sua cabeça agora?'. Gosto de poker, sou bom nisso”.
O Steaua Bucareste, embora tradicional na Romênia, nunca tinha ido além das quartas de final de qualquer competição europeia. O histórico recente, aliás, estava repleto de eliminações mais precoces do que isso. A temporada de 1985/86, de fato, marcou um antes e um depois ao clube. Até havia ligação com os Ceausescu, responsáveis pela repressiva ditadura do país desde 1965. Não são poucas as histórias de benesses ao time apadrinhado pelo regime. Mas não se nega que, às ordens do técnico Emerich Jenei, também havia talento em abundância.
Jenei prezava por um futebol dominante, de toques curtos e qualidade ofensiva, mas sem renegar os cuidados ao preparo físico e à segurança atrás. Grandes nomes apareciam em todos os setores. O ataque era liderado por Marius Lacatus, figura notável da seleção romena, ao lado do artilheiro Victor Piturca. O meio-campo desfrutava da cátedra de Gavril Balint e da experiência de László Bölöni. Miodrag Belodedici despontava como um dos melhores defensores da Europa. Duckadam nem era visto como uma estrela, mas transmitia segurança e era regular, dono do gol.
Ao longo da campanha, o Steaua Bucareste eliminou os dinamarqueses do Vejle, os húngaros do Honvéd e os finlandeses do Kuusysi. Embora tenha superado adversários relevantes em contextos nacionais, a primeira força realmente continental a aparecer no caminho foi o Anderlecht, nas semifinais. O favoritismo pendia aos violetas, donos da Copa da Uefa 1982/83 e liderados por talentos como Morten Olsen, Enzo Scifo e Frank Vercauteren. Avançaram os romenos, com vitória por 3 a 0 em Bucareste após a derrota por 1 a 0 em Bruxelas. Duckadam já foi essencial para evitar um placar pior na ida.
A decisão em Sevilha consagraria um campeão inédito. Se de um lado o Steaua já experimentava o maior momento do futebol de clubes romeno, do outro o Barcelona tentava cumprir uma ambição que escapava há tempos. Não ter a Copa dos Campeões era uma lacuna ao clube duas vezes campeão da Recopa Europeia e três da Copa das Cidades com Feiras, precursora da atual Liga Europa. A final da Champions perdida para o Benfica em 1961 já era uma lembrança distante. E a decisão dentro da Espanha servia como motivo a mais de confiança para o time treinado por Terry Venables, liderado em campo por Bernd Schuster, Steve Archibald e Victor Múñoz.
Antes da decisão, Duckadam pregava respeito. "A mentalidade ocidental tende a subvalorizar o futebol dos países do leste, talvez por falta de conhecimento. Nós podemos imitar o Dynamo Kiev e demonstrar que podemos estar entre os melhores da Europa", declarou, ao Mundo Deportivo, na época. “Nossa defesa é muito segura e é por esta razão que vou estar muito bem protegido. Você viu o Belodedici contra o Sportul? Não te pareceu um defensor extraordinário?"
A decisão em Sevilha não ofereceu o melhor futebol a quem assistiu aos 120 minutos de bola rolando. O Steaua Bucareste adotou uma postura mais cautelosa e preferiu se centrar no trabalho defensivo. Não deu muitos espaços ao Barcelona, que também não estava com a pontaria em dia. Duckadam trabalhou pouquíssimo, mais exigido em bolas alçadas na área. Quando suas redes balançaram, já no segundo tempo da prorrogação, o gol foi anulado por impedimento. Diante do empate por 0 a 0, os pênaltis seriam cabais à glória. Definiriam a história do camisa 1 imponente por sua altura e pelo volumoso bigode.
O Barcelona vinha de uma classificação nos pênaltis já nas semifinais daquela Champions, diante do IFK Göteborg. E se hoje em dia seria obrigatório ao goleiro adversário ter estudado seus oponentes, Duckadam fez o oposto: não assistiu aos lances. O que, a seu ver, foi até favorável ao jogo psicológico estabelecido a partir de então. "Talvez isso tenha se tornado uma vantagem. Eles provavelmente pensaram que eu sabia como eles chutaram da última vez e isso os deixou mais inseguros", analisou, à FourFourTwo.
Duckadam começou os trabalhos sob pressão. Mihail Majearu abriu a série para o Steaua e parou no goleiro Urruti, experiente titular do Barcelona, que logo depois foi reserva da Espanha na Copa de 1986. O arqueiro romeno precisaria compensar contra Alexanko, capitão do Barça. Conseguiu, ao voar no canto direito para espalmar. Aquele foi um dos penais mais difíceis de se prever, pois qualquer possibilidade estava aberta. "Observei-o atentamente e, a julgar pelo posicionamento de seu corpo, senti que ele chutaria do meu lado direito. Esperei ele bater e defendi", disse Duckadam, ao site da Uefa, em 2009.
Urruti defendeu mais um pênalti logo depois, de Boloni. A partir de então, Duckadam tomou conta da situação e estabeleceu sua guerra de nervos contra os barcelonistas. "Os outros pênaltis eram uma questão de psicologia – ao me colocar no lugar do batedor. O segundo foi Pedraza, que talvez tenha pensado que, como eu já tinha defendido um à minha direita, eu poderia saltar para a esquerda. Sabia o que ele estava pensando porque Urruti tinha mudado de lado e defendido dois. Então o que eu fiz? Pulei para a direita de novo, sabendo que ele chutaria ali, e defendi, mesmo sendo o pênalti mais bem batido deles", salientou. De fato, Pedraza chutou rente à grama e acertaria a bochecha da rede, não fosse o salto explosivo de Duckadam e a mão salvadora que quase chega a tocar a trave.
O zero saiu do placar quando Lacatus soltou um míssil no centro do gol, que tocou o travessão antes de quicar ferozmente dentro da meta do vencido Urruti. Quem viria agora era Pichi Alonso, pai de Xabi Alonso, outro bastante experiente. Duckadam repetiu a estratégia e sequer deu rebote. "O terceiro foi o mais fácil. Era lógico que o jogador pensaria que um goleiro, já tendo defendido dois à sua direita, agora saltaria para a esquerda. Então Alonso bateu na minha direita e eu defendi", rememorou.
Quando Balint deslocou Urruti e fez o segundo gol do Steaua, a taça da Champions ficou ao alcance das mãos de Duckadam. O goleiro sequer perdeu os 100% de aproveitamento. Barrou Marcos, pai de Marcos Alonso e filho de Marquitos, pentacampeão europeu com o Real Madrid nos anos 1950. A esta altura, Duckadam já não sabia muito o que fazer. Mas deduziu que, depois de saltar três vezes para a direita, Marcos imaginaria que o padrão não se alteraria. O arqueiro ludibriou o oponente e mudou o lado: "Para mim, foi uma questão de inspiração. Se você ver o replay com cuidado, verá o jogo mental que fiz. Primeiro, deixei pensar que eu iria para a esquerda. Conforme ele se aproximava, eu me movi ligeiramente para a direita, então de repente saltei para a esquerda. Ele me viu mudar de direção, pensou que eu pularia de novo para a direita e chutou fraco na esquerda".
Ao fazer a defesa derradeira, Duckadam correu com a bola nas mãos, como se ela fosse sua por direito. A história se tornava sua. A imagem eterna do herói, logo depois abraçado efusivamente por companheiros e comissão técnica. Diante de um estádio repleto de barcelonistas, o troféu da Champions terminava em suas luvas. Segundo suas palavras, do outro lado, Urruti, o goleiro vencido mesmo defendendo dois penais, foi o único a cumprimentá-lo.
"Sim, sou o herói da noite. Todos me dizem isso e, portanto, tenho que acreditar", comentou Duckadam, ao Mundo Deportivo, logo na saída de campo. "Eu me sinto atordoado, muito atordoado. Não creio no que aconteceu. Antes desta noite, defendi cinco pênaltis durante a temporada. Passo muitas horas treinando especialmente para isso. Esta foi a noite mais inesquecível da minha vida".
A comemoração restrita ao estádio e ao hotel na primeira noite teve mais pompa no dia seguinte, quando os jogadores do Steaua saíram por Sevilha. Duckadam viu torcedores de Sevilla e Betis pagarem cervejas e pedirem autógrafos em guardanapos. Já na volta para casa, o governo romeno presenteou todos os jogadores com jipes ARO 4x4, de produção nacional, mas de segunda mão. Duckadam vendeu o seu e garantiu um dinheiro extra. Também se consagrou bicampeão romeno ao final da temporada, embora tenha se recusado a entrar em campo num dos últimos compromissos. O Steaua armou o resultado com a defesa adversária para tornar Piturca o artilheiro do campeonato, o que fez Duckadam se recusar a jogar. Foi suspenso pelo clube por duas semanas e multado em dois meses de salário. No fim das contas, o artilheiro da liga nem foi do Steaua: o prêmio ficou para um prodígio do Sportul chamado Gheorghe Hagi.
Mal sabia Duckadam que aquela seria uma das últimas oportunidades de atuar pelo Steaua. Já antes da final da Champions, o arqueiro vinha sentindo formigamentos no braço direito. Durante as férias, o problema se agravou, diagnosticado como um aneurisma próximo à clavícula. "Eu tinha dores no meu braço direito por seis meses antes da final. Tomei remédios para controlar, mas não eram suficientes. Um dia naquele verão eu estava com meus amigos na minha cidade natal e caí. Coloquei a mão para me proteger e o aneurisma bloqueou a circulação de todo o braço", contou, ao livro ‘The Outsider’.
Duckadam repentinamente ficou afastado das atividades profissionais. Surgiram até mesmo rumores absurdos sobre seu sumiço, dizendo que o problema no braço era decorrente de uma tortura realizada pela ditadura. Conforme o boato, Duckadam teria recebido uma Mercedes do presidente do Real Madrid e Valentin Ceausescu, filho do presidente romeno Nicolae e com grande influência no Steaua, se sentiu no direito de possuir o carro. O goleiro então teria recusado a exigência e, em represália, foi atacado - em versões que especulam desde tiros no braço direito a dedos da mão quebrados com martelo. O goleiro, contudo, sempre desmentiu as histórias.
Ao final de 1986, Duckadam foi eleito o melhor jogador do futebol romeno. Também foi o oitavo na Bola de Ouro, empatado com Marco van Basten. Mas não entrou mais em campo. Durante a Copa Intercontinental contra o River Plate, o goleiro até saltou diante das câmeras em Tóquio, mas não pôde atuar por causa de uma cirurgia recente relativa ao aneurisma. Também viu de fora a conquista da Supercopa Europeia diante do Dynamo Kiev, liderada pelo recém-trazido Gheorghe Hagi. A decisão médica, por fim, seria devastadora a Duckadam: o braço direito não mais permitia ao goleiro atuar em alto nível. Sua carreira na elite europeia chegara ao fim.
O Steaua seguiu em frente, ao contratar Silviu Lung, referência da seleção, e até voltou à final da Champions em 1989, derrotado pelo Milan. Já Duckadam não se afastou totalmente do futebol. Também em 1989, de volta a Arad, ele teve uma nova chance. Após outra cirurgia, passou a defender o modesto Vagonul, que subiu da segunda para a terceira divisão na época. Contudo, foi uma estadia curta. Era pouco a quem tinha idade e estrela para compor a geração de ouro da Romênia, a partir da Copa de 1990. Cogitar Duckadam no Mundial de 1994 seria até possível, considerando que teria 35 anos. Ficou o exercício de imaginação para quem se fez gigante na Champions League. A passagem pela seleção se resumiu a apenas dois amistosos, ambos em 1982.
Após pendurar as luvas, Duckadam trabalhou como guarda na fronteira entre Romênia e Hungria. Já na última década, voltou ao Steaua Bucareste para atuar como embaixador. Nenhum outro ex-jogador carregava consigo a aura vitoriosa do clube, afinal. O veterano solícito a dar entrevistas e a recontar minuciosamente sua façanha seguiu presente na mídia até seus últimos meses de vida. "Talvez eu seja azarado. Mas talvez eu seja sortudo também. Se minha lesão tivesse acontecido antes da final, ninguém iria querer me entrevistar agora", afirmou, ao livro ‘The Outsider’. Sua adoração perdurará enquanto existirem torcedores do Steaua. Sua fama continuará reafirmada enquanto a taça da Champions seguir celebrada pela Europa.
Super Mundial da Fifa será transmitido no DAZN
Por Felipe Lobo
O novo Mundial de Clubes expandido da Fifa já tem todos os participantes definidos, local e data para começar, mas até esta semana faltava definir algo fundamental: quem vai transmitir? Não falta mais: a Fifa anunciou nesta quarta-feira um acordo global com o DAZN, serviço de streaming. Não parece uma notícia das melhores.
Primeiro de tudo, esse acordo era fundamental para que o Mundial de Clubes acontecesse. Direitos de transmissão são a maior fonte de receitas de um torneio. Sem isso, a Fifa estaria em maus lençóis para fazer com que o torneio de fato acontecesse.
Segundo comunicado da Fifa, o acordo permitirá que os torcedores acompanhem todos os 63 jogos do torneio gratuitamente. O que é curioso, já que o DAZN é uma plataforma de streaming pago. Além disso, há possibilidade de sublicenciamento para emissoras de TV locais. Ou seja, é possível que o torneio ainda apareça na Band, Globo ou SBT por aqui.
O acordo permitirá que o DAZN leve conteúdo do FIFA+ para dentro do seu serviço. Segundo The Athletic, o acordo vai pagar algo próximo de 1 bilhão de dólares pela competição.
Em um país com acesso à internet tão precário mesmo nos maiores centros urbanos, uma transmissão em TV aberta ajudaria muito o torneio, ainda mais com quatro clubes de peso e de torcida como Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Botafogo. Resta saber se isso acontecerá, ou teremos que nos conectar ao DAZN e torcer para que tudo funcione.
Havia dúvida se esse novo Mundial de Clubes iria acontecer, mas tudo indica que irá. A pergunta agora é: será que ele acontecerá novamente em quatro anos ou será uma edição como foi em 2000? O tempo irá dizer.
Pelo Mundo
- É bem mais difícil ver uma potência exercendo sua hegemonia numa copa nacional do que numa liga, isso é óbvio. O Bayern de Munique, ainda assim, tinha controle razoável sobre a DFB Pokal enquanto dominava a Bundesliga na década passada. Foram cinco títulos em oito edições da Copa da Alemanha, de 2013 a 2020. E a reabertura recente da liga se reflete de forma mais clara na copa: pela quinta temporada consecutiva, os bávaros não alcançam sequer as semifinais. Nesta semana, a queda aconteceu nas oitavas de final, diante do Bayer Leverkusen, em Munique. Mesmo com a força retomada na Bundesliga, a margem de erro não perdoa na Pokal – o time de Vincent Kompany ainda oscila em confrontos de mais peso neste início de trabalho. A curiosidade fica para a expulsão de Manuel Neuer, a primeira de sua carreira, após 958 jogos.
- Desde que mudou seu formato, com jogos únicos na casa do time de menor divisão, a Copa do Rei se tornou prolífica em surpresas. E a segunda fase, realizada nesta semana, permitiu que quatro times da quarta divisão eliminassem adversários da primeira. O UD Logroñés teve o gosto de tirar um oponente de Champions, o Girona, nos pênaltis. O Logroñés atual é uma das refundações do velho CD Logroñés, que frequentou a elite na virada dos anos 1980 para os 1990 – Oleg Salenko defendia o time quando foi artilheiro da Copa de 1994. O Pontevedra, por sua vez, ganhou por 1 a 0 do Villarreal, até então bem na temporada. Os galegos fizeram jus ao mascote: um osso, referência às seis temporadas na elite durante os anos 1960, quando eram um “osso duro de roer” para os grandes e até ocuparam a liderança de La Liga. Já Barbastro e Deportiva Minera, se não têm a mesma relevância histórica e nunca passaram da terceirona, agora podem dizer que eliminaram, respectivamente, Espanyol e Alavés de uma copa.
- A história do Logroñés ainda merece um destaque especial ao goleiro de ocasião, Pol Arnau, que já tinha feito o gol da classificação contra o Eibar na fase anterior. O lateral de 19 anos assumiu as luvas durante o primeiro tempo da prorrogação contra o Girona, quando o goleiro Kike Royo sofreu uma concussão e seu time não tinha mais substituições. Arnau insistiu ao treinador para que fosse utilizado sob os paus e virou herói, ao defender o pênalti de Abel Ruiz na vitória por 4 a 3 na marca da cal. E há um detalhe que deixa tudo mais sublime: Pol é filho de Francesc Arnau, goleiro reserva do Barcelona na virada do século e com longa passagem pelo Málaga até 2011. O pai faleceu em 2021, mas esteve presente nos pensamentos de Pol: "É algo que vem de família. Para mim está claro que foi graças a ele. Tenho um anjo no céu que me ajuda". María José Camacho, mãe de Pol, também foi jogadora. Seu irmão mais velho, Marc, de 21 anos, é goleiro do Mollerussa.
- O Peñarol de 2024 já seria lembrado com muito carinho por sua torcida diante daquilo que fez na Libertadores, com uma campanha digna da grandeza continental aurinegra. O Campeonato Uruguaio, então, coroa incontestavelmente os carboneros como melhores do país na temporada. Ganharam Apertura e Clausura, caíram nos pênaltis na final do Intermédio e, confirmados na ponta da tabela anual, dispensaram a fase final do confuso regulamento local para já selar o título de campeões uruguaios. Desde 2007 não se via no país um campeão de ambos os torneios curtos. Só reforça a lenda de Diego Aguirre, protagonista em campo da heroica conquista na Libertadores de 1987, mas ainda mais notável como técnico: em sua terceira passagem na casamata, fatura a liga pela terceira vez, como tinha sido em 2003 e 2010.
- O Bodo/Glimt faz um dos melhores trabalhos da década na Europa, sem medo de exagerar. São quatro títulos do Campeonato Norueguês nas últimas cinco temporadas, para um clube que nunca tinha sido campeão nacional até 2020. O troféu de 2024 foi confirmado no último final de semana, apesar das oscilações na reta final. E impressiona como a força resiste mesmo com idas e vindas de destaques. Nomes como Patrick Berg, Jens Petter Hauge, Nikita Haikin e Philip Zinckernagel já foram e voltaram a ligas mais fortes da Europa, sem emplacar com outras camisas, mas foram importantes nesta nova taça. Tal constatação reforça um pouco mais a capacidade do técnico Kjetil Knutsen, este sim presente no comando ininterruptamente desde 2018, promovido de assistente a treinador principal logo após o acesso na segunda divisão. É quem mais me gera interesse sobre o que fará quando se aventurar fora da Noruega.
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A primeira newsletter ficou muito boa! Parabéns e obrigado!
Que alegria voltar a ler os textos de vocês! O antigo site foi constante na minha vida por anos, então é bom reencontrar além do podcast. Um abraço!