A Copa do Mundo é um sucesso. Mas…
Declarações de Rummenigge reacendem o debate sobre o calendário inchado do futebol e expõem a contradição de uma indústria que prefere mais jogos a menos gastos
Newsletter Meiocampo - 1 de julho de 2025
O sucesso da Copa do Mundo de Clubes é grande, mas não quer dizer que não haja discussões. Falas de Raphinha, Rummenigge e Klopp colocaram fogo no debate sobre calendário e salários dos jogadores. Em campo, vimos surpresas como as quedas do Manchester City e da Inter, com Palmeiras, Al Hilal e Fluminense como representantes do Resto do Mundo contra os europeus que sobraram. E ainda tem muita coisa sobre mercado no nosso giro.
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A Copa do Mundo de Clubes é um sucesso. Mas…
Declarações de Rummenigge reacendem o debate sobre o calendário inchado do futebol e expõem a contradição de uma indústria que prefere mais jogos a menos gastos
Por Bruno Bonsanti
Tem uma declaração de Karl-Heinz Rummenigge (que nem é nova, ou pelo menos ele já havia dito algo muito parecido antes) circulando pelas redes sociais nos últimos dias, sendo aparentemente usada como resposta a algumas críticas à Copa do Mundo de Clubes. Diz que entende a frustração dos jogadores com um calendário cada vez maior, mas que eles e seus agentes tiveram um papel nesse inchaço ao pedir salários maiores porque obrigam os clubes a buscar mais receitas, e portanto, mais jogos.
Rummenigge é um bom interlocutor para expressar essa opinião, não apenas porque tem autoridade para comentar o mercado de transferências, com décadas de experiência como executivo do Bayern de Munique (ex-CEO e atual membro do conselho do clube) e passagem pela presidência da Associação de Clubes Europeus, mas também porque seu clube é um dos mais cuidadosos com dinheiro entre as principais potências europeias.
Não quer dizer que ele está certo.
Eu aceitaria muito mais esse argumento se percebesse que os clubes estão se esforçando para serem os mais eficientes possíveis com o dinheiro que já têm. Não é exatamente o caso, nem mesmo no Bayern que, por exemplo, pagou cerca de € 65 milhões por um zagueiro, Matthjis De Ligt, e o vendeu dois anos depois por € 45 milhões e parece que toda janela contrata mais um zagueiro.
Tem clubes muito piores (estou olhando para você, Chelsea), mas não dá para expandir o calendário para sempre apenas para financiar a indústria paralela que virou o mercado de transferências, com incessantes rumores e interesses e sondagens e reportagens exclusivas que viram here we go e depois here we go confirmed, e depois here we go official e toda contratação agora tem oito etapas e nenhuma torcida parece satisfeita com seu time sem a endorfina de um tuíte em inglês mal redigido.
O futebol de vez em quando trabalha com a noção de que você não pode simplesmente optar por não contratar jogadores. A gente vê isso no Brasil o tempo inteiro: clubes imensamente endividados que continuam trazendo reforços como se fosse uma compulsão. É a mesma lógica por trás das justificativas de Florentino Pérez para criar a Superliga. Esses caras pensam em todas as soluções possíveis, menos tentar, talvez, quem sabe, só para variar, reduzir os gastos.
Mais uma vez eu alivio para Rummenigge, um dos poucos dirigentes relevantes a pelo menos mencionar a ideia de um teto salarial.
Parte da inflação é sempre inescapável. Se o arroz ficar mais caro, você terá que pagar mais pelo arroz porque não pode simplesmente parar de comer arroz, mas não precisa aceitar o que o jogador ou o agente está pedindo todas as vezes: existe negociação e existe um basta que os clubes de futebol deveriam exercer com muito mais frequência. Se estamos brincando em um sistema capitalista, deveria haver um reajuste quando a demanda salarial não é comportada pelo mercado, e não duas rodadas extras na primeira fase da Champions League.
E existem outras maneiras de aumentar receita, se for realmente necessário, sem criar mais jogos. Uma criança consegue sentar na mesa com executivos de televisão e falar: “nós tínhamos 50 partidas e vocês pagavam 10, agora temos 60, rola pagar 12?”. Todas as outras fontes de renda - patrocínio, bilheteria, comercial - estão maximizadas? Ou será que não geraria um interesse maior se, em vez de muitos jogos, os clubes entregassem jogos melhores?
O futebol nunca esteve tão ameaçado por outras fontes de entretenimento. Noventa minutos desafiam a capacidade de atenção que as pessoas têm hoje em dia e, se o jogo estiver chato, a qualquer instante você pode ligar a melhor série de todos os tempos, ou seu filme favorito, ou embarcar na abundância de estímulos das redes sociais. Os dirigentes estão cientes desse problema, muitos já o discutiram em público, e a solução é, adivinha? Cada vez mais jogos.
De novo, é a lógica por trás tanto da Superliga quanto do novo formato da Champions League. A hipótese é que multiplicar jogos entre camisas (marcas) importantes e jogadores (marcas) famosos torna as competições mais interessantes e atrai mais público. Eu gostaria de tentar outra: podemos explorar o valor da escassez? Não tem nada como um jogo de futebol que realmente vale alguma coisa, palpável, urgente, vida ou morte, e não precisa o calendário inteiro ser assim, mas a banalização de jogos entre gigantes porque eles acontecem o tempo todo é um risco real.
Se você enxugar o calendário, primeiro, os jogadores estarão mais descansados, física e mentalmente, e por um raciocínio lógico simples, terão mais chances de atuar melhor, mas principalmente, cada vez que o Bayern de Munique enfrentar o Barcelona, ou o Real Madrid jogar com o Liverpool, será um grande acontecimento, todo mundo vai parar para ver. Ou você acha que a Globo realmente interromperia sua programação para a canoagem slalom categoria K-1 1000 metros se rolasse todos os anos e não uma vez a cada quatro?
Existem trabalhos mais difíceis e menos recompensados, mas a moralidade dos salários dos jogadores não é relevante neste momento: eles não podem só escolher não ficar cansados, exaustos mentalmente com uma temporada que não termina. A questão não é se merecem quebrar o joelho porque ganham bastante dinheiro, ou quem se importa com estrelas milionárias, é o quanto um calendário excessivo afeta o jogo e a indústria como um todo.
Por exemplo, Rodri, vencedor da Bola de Ouro de 2024 e que vinha em uma maratona de dois anos em que conquistou a Tríplice Coroa com o Manchester City, e portanto fez quase todas as partidas possíveis do calendário europeu de clubes, e a Liga das Nações e a Eurocopa com a Espanha, e portanto fez quase todas as partidas possíveis do calendário europeu de seleções, articulou exatamente esse argumento - “se as pessoas quiserem ver um futebol melhor, precisamos descansar, quando o número de jogos aumenta, o desempenho e a qualidade diminuem” - dez dias antes de sofrer uma ruptura nos ligamentos do joelho que o tirou de praticamente toda a última temporada.
A Copa do Mundo de Clubes gerou semanas de excelente futebol, mais democrático do que muitos (inclusive eu) imaginavam, engajando torcidas diferentes do mundo inteiro não apenas como meros participantes à espera dos europeus pisarem no acelerador. Isso é um grande mérito. Ela é sem dúvida a melhor de todas as ideias recentes (Champions League maior, Liga das Nações, Liga das Nações maior, Copa do Mundo maior, Copa do Mundo a cada dois anos, que felizmente não aconteceu), mas não existe em um vácuo: precisa ser inserida no contexto de que os organizadores do futebol estão sendo imensamente irresponsáveis com a saúde física e mental dos jogadores para, aparentemente, compensar o quanto são irresponsáveis com as contas.
Por isso que, embora dizer que “abrir mão de férias para jogar algo que você é obrigado”, como se a participação nas outras competições fosse voluntária, seja uma declaração tosca, Raphinha, no fundo, tem razão. Embora chamar a Copa do Mundo de Clubes de “a pior ideia que já implementaram no futebol” seja um enorme exagero, com certeza não foi pior que contratar o Arthur, Jürgen Klopp, no fundo, tem razão - e pelo menos ele não é seletivo: como técnico do Liverpool, reclamou de tudo que existe neste mundão, da Liga das Nações ao horário das rodadas da Premier League, da expansão da Champions League aos replays da Copa da Inglaterra.
A Copa do Mundo de Clubes parece ser uma ótima competição, grande acerto da Fifa, e ao mesmo tempo, o calendário do futebol não pode ser alongado indiscriminadamente para sempre, sem nenhuma contrapartida, sem nunca abrir mão de outras datas, porque é ruim para o jogo, em campo e fora dele, e uma hora simplesmente quebrará todos os jogadores.
As duas coisas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.
🎧PODCAST MEIOCAMPO #146
Dois brasileiros sobreviveram nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes. O Fluminense venceu e tirou a Internazionale, o Bayern de Munique eliminou o Flamengo sem dar muita chance aos brasileiros, enquanto o PSG atropelou o Inter Miami. Chelsea passou pelo Benfica em duelo europeu, enquanto o Palmeiras superou o Botafogo no confronto sul-americano.
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Os jogos da Copa do Mundo de Clubes desde a última edição…
Palmeiras 1x0 Botafogo: Paulinho decide na prorrogação
Lincoln Financial Field, na Filadélfia
O duelo brasileiro na Copa do Mundo de Clubes viu o Palmeiras sair mais feliz. Uma vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, que produziu um dos momentos mais marcantes da competição ao bater o PSG. Foi um gol de Paulinho que definiu o confronto, na prorrogação.
O jogo começou ao meio-dia no horário local (13h no horário de Brasília), com cerca de 30 °C. Por isso, foi disputado em um ritmo menos intenso do que os dois times costumam apresentar.
Abel Ferreira promoveu várias mudanças. Bruno Fuchs foi titular após a lesão de Murilo. Emiliano Martínez voltou ao meio-campo, e Allan ganhou uma vaga no ataque, que ainda contou com Estevão e Vitor Roque. No Botafogo, a principal alteração foi no meio-campo: com Gregore suspenso, Danilo Barbosa assumiu a posição. No restante, a equipe foi a mesma que o torcedor já se acostumou a ver.
A partida ficou aquém do que as equipes podem render. O Palmeiras foi quem mais tentou, mas ambas as equipes criaram pouco no primeiro tempo. Na segunda etapa, o goleiro John fez defesas difíceis que impediram a vitória palmeirense nos 90 minutos. Ainda assim, o jogo seguiu equilibrado.
A decisão veio apenas na prorrogação. Paulinho, que entrou no segundo tempo, recebeu passe de Mayke — outro que saiu do banco — e finalizou com categoria no canto direito do goleiro John. Com minutos ainda controlados neste Mundial devido a uma lesão, Paulinho se tornou o grande nome da partida.
Após o gol, o Palmeiras substituiu Paulinho, já desgastado, e se fechou até o fim. O Botafogo pouco criou durante todo o jogo e manteve a postura nos minutos finais. Quem avança às quartas de final é o time alviverde e terá pela frente o adversário na final do Mundial de 2021: o Chelsea, sexta-feira, no mesmo estádio.
Benfica 1x4 Chelsea: Interrupção, prorrogação e goleada
Bank of America Stadium, em Charlotte
O Chelsea superou o Benfica em duelo europeu na Copa do Mundo de Clubes, em um jogo marcado por uma interrupção, pela prorrogação e pelos gols dos ingleses no final do jogo. Mesmo melhor o jogo inteiro, foi só na prorrogação que o Chelsea fez valer a sua superioridade e definiu o placar de 4 a 1.
O grande destaque do jogo foi a interrupção de quase duas horas no jogo quando o relógio já marcava 85 minutos de jogo. Faltam só 5 minutos para o fim do tempo regulamentar, mas um alerta de raios fez o jogo ser interrompido. Naquele momento, o placar era 1 a 0 para o Chelsea.
Antes de chegar a este momento, o jogo teve o Chelsea melhor que os encarnados, mas não por muito. Os ingleses chegaram mais, mas criaram poucas chances claras. No segundo tempo, o Chelsea encontrou um gol em uma cobrança de falta de Reece James, aos 64 minutos. Ele bateu uma falta lateral direto para o gol e o goleiro Anatoliy Trubin aceitou. O jogo era morno e nada indicava uma mudança.
Só que aos 40 minutos, o alerta de tempestade interrompeu o jogo. Depois de uma hora e 54 minutos de interrupção, os jogadores voltaram a campo e foi a hora de Ángel Di Maria decidir. Ele conseguiu uma falta, levantou a bola na área e a bola tocou na mão de Malo Gusto. Di Maria bateu com categoria e marcou: 1 a 1, aos 49 minutos. O jogo foi para a prorrogação.
A prorrogação ficou animada, com o Chelsea pressionando, mas o Benfica sendo perigoso em contra-ataques. Gianluca Prestianni foi expulso no começo da prorrogação, deixando o Benfica com um a menos. Até que aos 108 minutos, em jogada de Palmer e Caicedo, o equatoriano chutou, o goleiro Trubin falhou, Otamendi não conseguiu tirar e Christopher Nkunku chutou no alto para marcar 2 a 1.
Em um contra-ataque aos 114 minutos, Pedro Neto definiu a classificação. Ele arrancou sozinho quase do meio-campo, teve tranquilidade e tocou na saída do goleiro para fazer 3 a 1. Ainda deu tempo de outro gol no final com Kierna Dewsbury-Hall, que recebeu de Palmer e avançou livre para tocar com categoria para fazer 4 a 1.
Apesar de toda luta, o Benfica foi eliminado. É o Chelsea quem vai às quartas de final para enfrentar o Palmeiras, na sexta-feira, no mesmo Lincoln Financial Field, na Filadélfia.
PSG 4x0 Inter Miami: Nem Messi salva
Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta
Se havia alguma dúvida sobre o PSG nesta Copa do Mundo de Clubes, a goleada por 4 a 0 sobre o Inter Miami não deixa dúvidas. A derrota para o Botafogo foi surpreendente, com grandes méritos para o time brasileiro, mas os parisienses fizeram excelentes jogos contra o Atlético de Madrid e Seattle Sounders e abre a fase eliminatória com um massacre sobre o time do país-sede.
O Inter Miami tinha poucas chances de fazer frente aos campeões europeus. Precisaria de um jogo no seu melhor nível, sem erros, e que o PSG errasse muito e fizesse um jogo abaixo da média. Nada disso aconteceu.
O segundo tempo foi de administração do PSG, que tocou a bola com tranquilidade. Luis Enrique aproveitou para descansar alguns jogadores e usou as cinco alterações antes dos 70 minutos. O ritmo do jogo baixou, a torcida na arquibancada também não fazia mais tanto barulho.
Restou o Inter Miami tentar um gol de honra. Lionel Messi deu um passe fantástico para Luis Suárez, que se atrapalhou para dominar - deveria ter batido de primeira. Messi teve uma chance de cabeça, em cruzamento de Jordi Alba, mas o goleiro Gianluigi Donnarumma defendeu, em uma das suas poucas participações no jogo.
Apesar da goleada sofrida nas oitavas de final, o Inter Miami sai do torneio com algo a comemorar. Conseguiu competir com Al Ahly, venceu o Porto e fez um jogo surpreendentemente aberto contra o Palmeiras. Foi amassado pelo PSG, algo que aconteceu antes com Atlético de Madrid e Internazionale, então não é exatamente um parâmetro.
O PSG volta a campo no próximo sábado, 5 de julho, neste mesmo estádio, em Atlanta, para enfrentar o Bayern de Munique.
Flamengo 2x4 Bayern de Munique: Os implacáveis alemães
Hard Rock Stadium, em Miami
O Bayern de Munique fez um grande jogo e não deu chances para o Flamengo. Os 4 a 2 vieram sem tantos problemas. A pressão sufocante dos bávaros forçou o erro dos rubro-negros várias vezes, com três gols saindo do erro forçado. Harry Kane brilhou, fez dois gols e foi o nome do jogo.
Os primeiros minutos foram de nervosismo do Flamengo e o Bayern pressionou. Em uma sequência de escanteios, os bávaros abriram o placar. Joshua Kimmich cobrou escanteio e Erick Pulgar desviou de cabeça e marcou contra, aos seis minutos.
Não demorou para que o Bayern aumentasse. Aos nove minutos, Georgian De Arrascaeta perdeu a bola para Upamecano, Harry Kane ficou com a bola e finalizou firme de fora da área, no cantinho, com desvio: 2 a 0. Com menos de 10 minutos, os alemães já fizeram dois gols. Arrepios correram pelas veias rubro-negras.
Os alemães arrefeceram, o Flamengo voltou ao jogo e exigiu uma grande defesa em uma finalização de Luiz Araújo. Depois foi Gérson que aproveitou uma bola viva dentro da área para encher o pé e desta vez não dar chance de defesa a Neuer: 2 a 1. Só que os bávaros retomaram o controle e a vantagem aos 41 minutos, quando Leon Goretzka, de fora da área, bateu colocado, pegou Sebastiano Rossi no contrapé e cravou 3 a 1 antes do intervalo.
No segundo tempo, o Flamengo conseguiu diminuir em um pênalti, convertido por Jorginho. Foram instantes que o Flamengo pareceu vivo no jogo, antes do Bayern retomar a pressão e forçar o erro de Luiz Araújo, que Harry Kane colocou na rede pra matar o jogo: 4 a 2.
Durante todo o jogo, a sensação foi que o Bayern controlou o jogo, manteve uma distância segura e sempre que o Flamengo se aproximava, o time alemão pisava no acelerador pra voltar a ter vantagem.
Embora o Flamengo tenha um nível alto, quando falamos dos melhores times da Europa, ainda há uma distância. Não é impossível de ser reduzida nas circunstâncias certas, mas nesse caso, parecia não ter muito mais o que o Flamengo pudesse fazer. Ao Bayern, o desafio agora é o PSG.
Internazionale 0x2 Fluminense: Tricolor além do sonho
Bank of America Stadium, em Charlotte
Com uma grande atuação, o Fluminense venceu a Internazionale por 2 a 0 em Charlotte e colocou mais um brasileiro nas quartas de final da Copa do Mundo de Clubes. John Arias mais uma vez foi muito bem, Germán Cano foi decisivo e o time contou com uma dedicação imensa para ser melhor que a Inter e vencer com méritos.
A vitória veio segurando uma Inter forte, que mesmo cansada, pouco conseguiu fazer. E vimos contra o River Plate que esta Inter poderia causar estragos. Não contra o Fluminense. O time comandado por Renato Portaluppi foi muito bem, com três zagueiros atuando em nível altíssimo: Ignácio, Thiago Silva e Juan Freytes fazendo um grande jogo.
Logo a três minutos, o Fluminense conseguiu abriu o placar em uma boa jogada pela direita. Depois de roubar a bola no meio-campo, Martinelli dividiu na direita, John Arias cruzou para o meio e Germán Cano apareceu livre para tocar de cabeça sem nem subir: 1 a 0.
Mesmo atrás, o Fluminense ainda criou outra chance, que poderia ter aumentado o placar. A Inter pouco conseguia fazer, misturando uma falta de criatividade com um cansaço e apatia que o time teve em outros jogos da temporada.
No segundo tempo, a Inter avançou, criou chances e até poderia ter empatado, mas o Fluminense continuou sendo perigoso e desperdiçou alguns contra-ataques. Nem as mudanças feitas pelos dois times mudou o panorama do jogo.
Até que nos acréscimos, o Fluminense matou o jogo em um contra-ataque que Hércules recebeu, chutou de canhota no canto, e saiu para o abraço. Os 2 a 0 coroam uma grande exibição do time que se defendeu bem e, quando precisou do seu goleiro, Fábio mostrou a sua presença. No mais, Thiago Silva foi monstro. Mais uma vez.
A Inter de Simone Inzaghi ficou para trás e agora o time parece em um processo doloroso de reconstrução. E terá que fazer isso com uma derrota dolorida como essa para o Fluminense, em um jogo que foi pior que o time brasileiro.
O Fluminense buscará uma vaga na semifinal diante de outra zebra: o Al Hilal.
Manchester City 3x4 Al-Hilal: Arábia Saudita supera os Emirados Árabes
Camping World Stadium, em Orland
O Real Madrid da Ásia mostrou que é um osso duro de roer e fez o Manchester City de Pep Guardiola sofrer. Quem poderia imaginar que o Al Hilal arrancaria uma dramática vitória na prorrogação, com grande atuação dos brasileiros Marcos Leonardo e Malcom?
O City até saiu na frente em um gol de Bernardo Silva logo a nove minutos e o jogo parecia relativamente controlado. O primeiro tempo acabou mesmo com a vantagem mínima para os ingleses. Essa tranquilidade acabaria no segundo tempo.
Logo no começo da etapa final, Marcos Leonardo aproveitou rebote para empatar, a um minuto do segundo tempo. Aos sete foi a vez do brasileiro Malcom, em um contra-ataque rápido, partir com espaço e finalizar bem no canto para virar o jogo para os sauditas em 2 a 1. O empate do Manchester City veio a jato, três minutos depois, com Erling Haaland.
Só que o que vimos depois disso foi um Manchester City que não conseguia mudar o panorama do jogo. O Al Hilal se defendia bem, sem dar espaço. Os dois times tiveram chances para vencer. O jogo iria mesmo para prorrogação.
Para surpresa geral, o Al Hilal voltou a ficar em vantagem aos quatro minutos da prorrogação com Kalidou Koulibaly, de cabeça, em cobrança de escanteio. O Manchester City pressionou e arrancou o empate 10 minutos depois, com Phil Foden, que tinha entrado em campo há pouco.
No segundo tempo da prorrogação, o Al Hilal voltou a ficar na frente. Cruzamento para a área que Sergej Milinkovic-Savic cabeceou para defesa de Ederson, mas Marcos Leonardo apareceu para colocar o rebote para dentro do gol: 4 a 3.
Na tribuna, até o presidente da Fifa, Gianni Infantino, parecia incrédulo. A sua mini-Champions League foi pelo ralo. Porque o saudita Al Hilal vai enfrentar o brasileiro Fluminense nas quartas por uma vaga na semifinal contra Palmeiras ou Chelsea.
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Giro
- O Catar quer sediar a Copa do Mundo de Clubes em 2029. Depois de Espanha e Marrocos, que sediarão a Copa do Mundo de 2030 junto com Portugal (e com jogos no Uruguai, Argentina e Paraguai) e Brasil, o Catar também se candidata a receber a próxima edição da competição de clubes. Caso o Catar vencesse a disputa, quase certamente o torneio seria movido para o inverno, como aconteceu na Copa do Mundo de 2022.
- Chelsea contrata João Pedro, do Brighton. O valor da contratação é aproximadamente £ 50 milhões e os Blues vencem a concorrência com o Newcastle. Ele poderá inclusive se juntar ao elenco do time nos Estados Unidos para o jogo contra o Palmeiras na próxima sexta.
- Outro que deve chegar ao Chelsea é Jamie Gittens, do Borussia Dortmund. O ponta inglês, de apenas 20 anos, passou pela base do Reading, do próprio Chelsea e do Manchester City antes de seguir para o Dortmund, em 2020. Agora, há acordo entre os clubes, mas o valor ainda não foi revelado. Seria um reforço especialmente para o lado esquerdo do ataque dos Blues.
- Tem gente também saindo do Chelsea. No caso, o goleiro Kepa Arrizabalaga, de 30 anos. Ele deixa o Chelsea sete anos depois da sua contratação junto ao Athletic Bilbao por um valor recorde de € 80 milhões, em 2018. Ele vai para o Arsenal pela cláusula de £ 5 milhões (€ 5,83 milhões) e chega para ser reserva de David Raya. Na última temporada, Kepa defendeu o Bournemouth, por empréstimo, depois de ser emprestado na temporada anterior ao Real Madrid após lesão de Thibaut Courtois.
- Thomas Partey deixará o Arsenal. O ganês só tinha contrato até esta segunda, 30 de junho, e não chegou a um acordo para renovação. O jogador chegou do Atlético de Madrid em 2020 e completa cinco anos pelo clube. Resta saber para onde ele vai.
- Olivier Giroud deixa o Los Angeles FC. Aos 38 anos, o atacante ficou menos de um ano no clube californiano, pelo qual estreou em 13 de agosto, após deixar o Milan. Ele chegou a um acordo com o clube para saída e deve assinar com o Lille, voltando à França. Seu último clube na França foi o Montpellier, onde ganhou a Ligue 1 como artilheiro em 2011/12.
- Quem também volta à França é Paul Pogba, que assinou com o Monaco. Aos 32 anos, ele volta depois de cumprir punição por doping e vai tentar recuperar a carreira no seu país natal. A punição inicialmente era de quatro anos de suspensão, mas foi reduzida a 18 meses após recurso. Curiosamente, ele nunca jogou profissionalmente por um clube francês. Saiu do Le Havre para a base do Manchester United ainda em 2009 e ainda jogou também pela Juventus. Ele não entra em campo desde setembro de 2023, em seu último jogo pela Juventus antes de ser suspenso.
- Dominic Calvert-Lewin anunciou que deixará o Everton. O contrato do jogador chegou ao fim neste dia 30 de junho e ele decidiu sair a custo zero. Construiu uma grande história pelos Toffees e é um dos jogadores que mais marcou gols pelo clube na Premier League, atrás apenas de Romelu Lukaku e Duncan Ferguson. Agora é saber para onde ele irá.
- O explosivo Jhon Duran deve voltar à Europa. O atacante colombiano, de 21 anos, surgiu no Envigado, foi para o Chicago Fire e depois Aston Villa, antes de ser vendido por € 77 milhões para o Al-Nassr. Ele deve voltar à Europa por empréstimo para o Fenerbahçe, da Turquia. O atacante fez 12 gols em 18 jogos pelo clube saudita desde que chegou ao clube, em janeiro de 2025, que terminou apenas em terceiro no Campeonato Saudita.
- Tammy Abraham vai para o Besiktas. O atacante inglês, de 27 anos, já até apareceu com a camisa do clube turco. A Roma decidiu negociar o jogador depois que o Milan, onde ele jogou emprestado na última temporada, decidiu não contratá-lo em definitivo. Ele fez 10 gols em 45 jogos pelos rossoneri.
- Lorenzo Insigne e Bernardeschi deixam o Toronto FC. Os dois jogadores acertaram a rescisão de contrato e se especula se voltarão à Itália. Insigne, 34 anos, causou alvoroço quando chegou ao clube, em 2022, mas seu destino ainda é incerto. Bernardeschi, de 31 anos, negocia com o Bologna.