Napoli eterno, a alma de uma cidade campeã
O Napoli conquistou um Scudetto emocionante, liderado por Antonio Conte, e protagoniza a Newsletter Meiocampo desta sexta-feira
Newsletter Meiocampo - 23 de maio de 2025
O Napoli oferece uma das grandes histórias da temporada. O Scudetto desta vez parecia improvável, mas Antonio Conte assumiu a equipe e a levou além dos limites. Mesmo com outra conquista recente dos napolitanos, os protagonistas são novos e o sabor também é especial ao clube que representa seu povo como um todo. Na Newsletter Meiocampo desta sexta-feira, ainda abordamos as surpresas na Copa do Brasil (que poderiam ser mais numerosas) e giramos pelo mundo, com especial atenção ao adeus de Luka Modric em Madri. Vem com a gente!
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Extra, extra! A edição extra da newsletter com o Tottenham campeão
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Napoli eterno: de Maradona a Conte, a alma de uma cidade campeã
Com heróis novos e antigos, o Napoli conquista mais um Scudetto, reacende a paixão da Campânia e escreve outro capítulo épico em sua história gloriosa
Por Felipe Lobo
O Napoli sempre gostou de grandes personagens. Contamos a história de Antonio Juliano, que foi uma espécie de anti-Maradona e ajudou a moldar a alma italiana. Maradona é o que todo mundo conhece: alguém muito maior que o jogador, quase uma figura mítica. Foi com ele que o Napoli quebrou a escrita do Norte, afastou fantasmas e conquistou dois Scudetti na era de ouro italiana. Agora, essa grande personalidade não está em campo: está ao lado dele.
Em 2023, o Napoli poderia ter conquistado o título em casa contra a Salernitana, mas o empate frustrou o estádio. O troféu veio na rodada seguinte, contra a Udinese, fora de casa. Desta vez, em 2025, o Napoli não deu sopa para o azar — embora tenha havido um momento de tensão.
Com a Inter apenas um ponto atrás, o Napoli precisava vencer para não depender de outro resultado. E os interistas, no outro jogo, começaram em vantagem, colocando pressão nos líderes. Só que Scott McTominay, decisivo em diversos momentos importantes da temporada, marcou um golaço de voleio para soltar o grito no Estádio Diego Armando Maradona.
A linda arrancada de Lukaku, no segundo tempo, deu a tranquilidade que os torcedores sonhavam, com o segundo gol. A festa de fumaça, de cantos, de choro, de alegria — um êxtase que tomava as arquibancadas e toda uma cidade. O segundo gol da Inter contra o Como não importava mais. O Napoli vivia seus momentos de glória, contando os minutos para celebrar em lágrimas, abraços, beijos e amor azzurri.
O apito final do jogo deu o pontapé inicial da festa. Conte, os jogadores, a torcida, a cidade e uma onda de fãs pelo mundo soltavam seus gritos, suas lágrimas, suas alegrias. O fim de semana seria de festa — uma festa que marca profundamente uma cidade.
De Maradona a Conte, nomes para a eternidade
Se Maradona é o nome que vem à cabeça quando o napolitano lembra dos títulos no final dos anos 1980, neste Scudetto de 2024/25 o personagem a ser lembrado é, acima de todos os outros, Antonio Conte. Um treinador de personalidade forte, de trato difícil, bocudo nas entrevistas, explosivo e indiscutivelmente competente. Cheio de semelhanças com o argentino que conquistou Nápoles mais de 30 anos antes.
Maradona era o craque, a vingança, o deboche e a alma napolitana nas taças de 1986/87 e 1989/90. Depois de ganhar o mundo em 1986, Maradona conquistou o coração dos napolitanos em uma relação que transcendeu tudo o que podemos imaginar em relação a um jogador e seu clube. Nem mesmo a torcida do Boca Juniors experimentou uma simbiose como Diego e Nápoles viveram.
O divórcio litigioso deixou mágoas que o tempo trataria de curar. Maradona é, e para sempre será, Napoli. Não só porque seu nome está no estádio da cidade onde o clube joga, mas porque ele tocou profundamente a alma e o coração de cada napolitano, mesmo daqueles que nem eram nascidos na época. Sua presença em Nápoles é inescapável. É como se ele ainda vestisse a 10, marcasse golaços e seguisse em um eterno aquecimento bailando com a bola.
Os remanescentes
A espera por outro momento como aquele foi longa. Em 2022/23, Luciano Spalletti, que havia começado a temporada questionado pela torcida e teve até seu Fiat Panda roubado por um grupo de ultras, comandou uma campanha sensacional, com Khvicha Kvaratskhelia e Victor Osimhen liderando uma equipe brilhante. Depois de 33 anos, o Napoli voltou a celebrar o Scudetto.
Assim como naquela vez, depois do primeiro título, não foi preciso esperar muito pelo segundo. Se antes foram duas temporadas, agora o intervalo foi de apenas uma. Depois do título em 2023, em 2025 o Scudetto é novamente dos Partenopei — e com novos protagonistas.
Antonio Conte mostra sua capacidade ao conquistar o Scudetto com a terceira equipe diferente — já havia vencido com Juventus e Inter. E um troféu com o Napoli vale ainda mais, porque o clube não está entre os mais ricos do país.
Alguns dos jogadores daquele time de 2022/23 continuam, como o goleiro Alex Meret, o capitão Giovanni Di Lorenzo e os meio-campistas Stanislav Lobotka e Frank Anguissa. O camaronês era um coadjuvante no título passado e se tornou protagonista no time atual. Lobotka também cresceu em importância, e Meret foi um jogador relevante em toda a campanha. Di Lorenzo recebeu o perdão após tentar forçar sua saída e se eternizou outra vez com a taça nas mãos.
Os novos protagonistas
O time atual conta com outros nomes primordiais que têm tudo a ver com Conte. O mais importante deles é Scott McTominay, escocês que era questionado no Manchester United e se tornou fundamental no sul da Itália. Vestindo a camisa 8, vimos dele algo próximo ao que nos acostumamos a assistir na seleção da Escócia, onde marca gols e se destaca. No Napoli, mostrou toda sua capacidade de chegada ao ataque, seu poder ofensivo pelo alto, por baixo, nos passes ou finalizações.
Na defesa, outro nome escolhido por Conte foi central: o zagueiro Alessandro Buongiorno, de 25 anos. Contratado junto ao Torino a pedido do treinador, foi o melhor defensor da Serie A enquanto esteve saudável. Sua lesão complicou a vida do Napoli, que precisou se adaptar.
David Neres chegou como um jogador em baixa, mas foi essencial para substituir muito bem o craque Kvaratskhelia, que saiu rumo ao PSG em janeiro. O brasileiro se mostrou perigoso e capaz de criar muitas chances de gol pelo lado do campo. Sua lesão, na reta final da campanha, foi muito sentida.
Matteo Politano é outro dos remanescentes do título de 2023, mas na época era reserva. Desta vez, sob o comando de Conte, mostrou versatilidade e chegou a atuar como ala pela direita, trabalhando pelo time.
Ainda dentro da influência de Antonio Conte está Romelu Lukaku. O atacante foi outro dos pedidos do treinador e contribuiu com gols e assistências. Mesmo perdendo rendimento na reta final, foi decisivo e anotou o gol na partida final que será sempre lembrada quando se falar deste título.
Conte consegue um feito ainda mais impressionante que o de Spalletti dois anos antes, porque a Inter, comandada por Simone Inzaghi, era um time mais forte, com elenco mais vasto e um trabalho técnico mais consolidado.
Os rumores sobre a saída de Conte rondam o noticiário há algumas semanas, mas isso pouco importa neste momento. O título é do Napoli e, se for necessário trocar de técnico como há dois anos, que assim seja. O Napoli e seu povo estão acostumados às dificuldades, a enfrentar problemas e encarar a vida com altivez, mesmo nos piores momentos.
A fumaça azul subiu. O Napoli é, mais uma vez, o melhor time da Itália. Os jogadores sabem que escreveram seus nomes na história de um dos clubes mais incríveis do mundo e vivem um sentimento que raras vezes acontece. Mais do que campeão italiano, o Napoli é o dono dos corações de toda a região da Campânia. Se Vinícius de Moraes escreveu “que seja eterno enquanto dure”, os torcedores sabem que este momento será eterno em seus corações.
🎧PODCAST MEIOCAMPO #134
O Napoli campeão também é o tema principal do Podcast Meiocampo desta sexta-feira! Falamos sobre a conquista do técnico Antonio Conte e de McTominay, escolhido melhor jogador da Serie A. Também nos debruçamos sobre o Tottenham, campeão da Liga Europa, pondo fim ao seu longo inverno.
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A Copa do Brasil viveu uma semana de surpresas, mas pode mais
Por Leandro Stein
A Copa do Brasil já teve tempos mais prolíficos em relação às surpresas. A participação dos clubes presentes na Libertadores, o que não ocorria até 2012, aumentou o funil. Além do mais, a polpuda premiação em dinheiro faz tantas vezes algumas equipes priorizarem o torneio em vez da Série A. Mesmo assim, há margem a zebras e grandes histórias. A rodada desta semana deu um gostinho desses baques nos 16-avos de final. São 12 times da primeira divisão classificados às oitavas. Enquanto o Athletico Paranaense tirou o Brusque no único duelo sem ninguém da elite, CRB, CSA e Retrô pintaram como orgulhosos intrusos que impediram os 100% de aproveitamento da Série A. E se para o Furacão o resultado não é fora da curva, mesmo na segundona, o trio nordestino sonha mais alto com suas façanhas.
Alagoas atravessa sua melhor campanha na história da Copa do Brasil. É verdade que as classificações de CSA e CRB dizem muito sobre os momentos de Grêmio e Santos, discussões de arbitragem à parte no caso dos tricolores. Nada que reduza os méritos e o tamanho da alegria de ambas as torcidas. É a primeira vez que a dupla de Maceió alcança ao mesmo tempo as oitavas de final da Copa do Brasil. O CRB tenta passar pela primeira vez às quartas, eliminado anteriormente duas vezes nas oitavas, ambas nesta década. Já o CSA não ia tão longe desde 2009, embora tenha sido quadrifinalista uma vez, em 1992.
O Retrô, por sua vez, teve a primazia de despachar um Fortaleza que nesta temporada figura na Libertadores. Em termos de tradição, os pernambucanos não se comparam à dupla de Alagoas. De qualquer maneira, aos poucos o Azulão constrói a sua própria caminhada. São quatro participações na Copa do Brasil desde 2021. Nunca tinha ido tão longe, embora anteriormente já tivesse ficado a uma disputa por pênaltis de eliminar o Corinthians, em 2022, e o próprio Fortaleza, em 2024.
O CRB, em particular, é um dos melhores retratos das surpresas que ainda acontecem na Copa do Brasil. Os alvirrubros estão muito bem estabelecidos na Série B há dez anos, mas ainda assim subiram degraus no torneio de mata-matas, ao derrubarem repetidas vezes adversários de centros mais ricos nas edições recentes. Essa história começa em 2020, superando o Cruzeiro. Em 2021, a vítima foi o Palmeiras. Já em 2024, despacharam o Ceará. É uma lista respeitável de campanhas, que agora adiciona a alegria nos pênaltis diante do Santos e de Neymar.
Faltam, porém, mais mecanismos para que a Copa do Brasil permita ainda mais reviravoltas – como em outros torneios do tipo, a exemplo da Copa da França ou da Copa da Alemanha. O sistema de jogo único, adotado nas duas primeiras fases, poderia ser ampliado para as etapas mais agudas. Seria uma maneira de democratizar mais a competição e também de aliviar o calendário. O ponto é que o risco de zebras também acaba barrado nos bastidores pelos clubes mais poderosos, bem mais interessados em 180 minutos para prevalecer caso algo saia dos trilhos em 90 minutos. Há muito dinheiro em jogo, afinal.
Mudar o regulamento da Copa do Brasil seria uma forma não apenas de abrir o escopo da competição, como até de distribuir melhor essa premiação gorda além da primeira divisão. Contudo, numa CBF tão cheia de clientelismos, em que uma mão lava a outra, não é que darão atenção a clubes sem influência no jogo de poder. Nem os presidentes das federações menores estarão interessados, quando seus salários têm dígitos o suficiente para mantê-los satisfeitos. Se sequer brigam por Série C ou Série D, não vão aumentar o espaço aos azarões na Copa do Brasil.
Desde que a Copa do Brasil voltou a absorver os clubes da Libertadores, em 2013, só um de seus semifinalistas não disputava a Série A no ano em que fez sua grande campanha: o América Mineiro, em 2020. Já o rol de finalistas no período se concentra em apenas cinco estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Passa longe da variedade de uma competição que já consagrou times como Paulista e Santo André ou que fugiu do eixo com taças para Sport e Criciúma. As fases finais andam bem mais maçantes – e previsíveis.
A chance de ir além segue na mesa em 2025. CRB, CSA e Retrô sabem do seu potencial, embora os adversários da primeira divisão também ficarão mais precavidos. A dose de emoção, que enriquece a Copa do Brasil nas primeiras fases e proporciona essas epopeias, deveria ser maior. Perder dinheiro, no entanto, não é muito do interesse dos clubes mais ricos. Perde a competição, que poderia ser mais alternativa e, de fato, mais nacional em suas etapas mais agudas. Nos últimos tempos, a Copa do Brasil soa até redundante com o domínio brasileiro na Libertadores, com os dois mata-matas concomitantes e concentrados em camisas parecidas. Nossa copa nacional poderia ser bem mais brasileira de outras maneiras.
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Giro
- Luka Modric pode não ter sido uma contratação de imediato revolucionária para o Real Madrid, mas é o jogador que deu base a revoluções e tantas renovações do poderio merengue. Tão impressionante quanto sua longevidade é a maneira como ele se fez essencial em diferentes eras no Santiago Bernabéu – que, por sua onipresença, até parecem uma só. Chegou em 2012 para dar mais qualidade técnica ao meio-campo de José Mourinho, firmou-se como um dos termômetros nas primeiras conquistas de Carlo Ancelotti, eternizou-se como parte de uma santíssima trindade na meia-cancha de Zinédine Zidane, carregou o piano quando Florentino Pérez errou na escolha dos técnicos e, por fim, serviu como um guia espiritual da nova geração que tomou o protagonismo na volta de Ancelotti. Tal peso rendeu seis títulos da Champions, sempre como uma engrenagem primordial. As últimas temporadas reduziram o tempo em campo do croata, já aos 39 anos, mas não o respeito que suscita. Que o Real Madrid opte por não renovar seu contrato, isso não reduz em nada a gravitação que ele teve sobre uma era tão vitoriosa no Bernabéu. Após 13 anos, dá para colocar Modric inclusive no 11 ideal de todos os tempos dos madridistas. Além da qualidade técnica que fala por si e é comparável com poucos, ele conseguiu se sobressair como um verdadeiro vencedor, por mais que esteja num clube tão acostumado aos triunfos. Nenhum outro na história do Madrid possui mais títulos e mais finais disputadas. Será para sempre um gigante.
- Nesta sexta-feira, enfim, o Real Madrid oficializou a saída de Carlo Ancelotti. É legítima a discussão se o italiano pode ser considerado como o maior treinador da história dos merengues. Em termos de títulos, há argumentos a seu favor. Em simbolismo, também. O maior concorrente é Miguel Muñoz, capitão nos dois primeiros títulos do clube na Copa dos Campeões, que assumiu o comando técnico a partir de 1960. Foram 14 anos no cargo, que permitiram La Quinta e La Sexta, bem como nove troféus em La Liga e dois na Copa do Rei. Munõz promoveu uma importante transição geracional, mas já tinha uma base lendária para seus primeiros triunfos e encontrou uma concorrência mais enfraquecida na Espanha. Antes dele, na década de 1950, José Villalonga e Luis Carniglia venceram duas Champions cada, mas até eclipsados pela liderança em campo de Alfredo Di Stéfano. Luis Molowny e Leo Beenhakker tiveram importância nos tempos da Quinta del Buitre nos anos 1980, enquanto Jupp Heynckes rompeu os 32 anos de jejum na Champions 1997/98, mas as duas taças continentais posteriores valorizam mais Vicente del Bosque, que ainda assim era visto como um treinador de pouca grife e só recebeu o devido reconhecimento como campeão do mundo pela seleção. Com três Champions pelo Madrid, só Carletto e Zidane. Porém, se Zizou tem méritos na gestão do elenco e na manutenção da força para o tri consecutivo, Ancelotti teve mais obstáculos entre lidar com o ambiente belicoso deixado por José Mourinho, romper a seca de dez anos no continente e depois guiar as reformulações para os dois troféus mais recentes. De quebra, levou mais duas Ligas e duas Copas na sua conta. Considerando o imediatismo bem maior que nos tempos de Muñoz, a pressão exercida pelos sucessos do Barcelona na era Messi e a disputa financeira com a Premier League, seus seis anos (em duas passagens) tiveram mais desafios para o tamanho dos feitos. A aura do Real Madrid na Champions se tornou ainda maior com Ancelotti.
- Kevin de Bruyne disputou seu último jogo no Estádio Etihad como atleta do Manchester City, com a vitória por 3 a 1 sobre o Bournemouth na terça-feira. E o primeiro anúncio feito pelo clube após o adeus é de que uma estátua do craque será instalada nos arredores da praça esportiva. Uma comissão especial foi formada para providenciar a escultura, que celebrará "dez anos de sucessos com os celestes". Nos últimos anos, os Citizens exaltaram diversas lendas através de estátuas no Etihad. Entre 2021 e 2022, os tributos foram prestados para Vincent Kompany, David Silva e Sergio Agüero. Um ano depois também foi concretizada uma homenagem ao icônico trio formado por Mike Summerbee, Francis Lee e Colin Bell, referências do time nas décadas de 1960 e 1970. De Bruyne já tinha um mosaico ao lado de figuras como Yaya Touré, Joe Hart, Fernandinho e Ilkay Gündogan.
- Os mata-matas do Torneio Apertura do Campeonato Argentino entregam a emoção que prometeram, e nenhuma história até o momento é maior do que a epopeia do Platense. Os Calamares já tinham eliminado o Racing em pleno Cilindro e, na última terça-feira, frustraram o River Plate no Monumental. A cena que ficará gravada é a do capitão Ignacio Vázquez, que se recusou a olhar para o árbitro antes da disputa de pênaltis, após o favorecimento aos Millonarios no empate por 1 a 1 – o gol dos anfitriões saiu num pênalti inexistente, convertido aos 57 do segundo tempo. Os penais decisivos, então, fizeram justiça aos visitantes, com a vitória dos azarões por 4 a 2, frustrando a boa sequência da equipe de Marcelo Gallardo. Um pouco de perspectiva: o Platense soma 76 temporadas na elite do Campeonato Argentino, mas se ausentou de 1999 até o retorno em 2021. A equipe foi vice-campeã da Copa da Liga em 2023, seu melhor resultado em torneios nacionais desde o vice no Campeonato Argentino de 1916. Já em semifinais da liga, a última aparição ocorrera no Metropolitano de 1967. Faz tempo. O clube ainda tirou uma casquinha do rival Argentinos Juniors, que poderia ser seu oponente nas semifinais, mas caiu diante do San Lorenzo. Na outra chave, Independiente e Huracán também prometem um bom duelo. Os outros três semifinalistas do Campeonato Argentino amargam longos jejuns, guardados seus contextos particulares: o San Lorenzo não ganha a liga nacional desde 2013; o Independiente, desde 2002; e o Huracán, desde 1973.
- O Heidenheim escreveu um dos mais belos contos de fadas do futebol alemão nos últimos anos, ao escalar da quinta divisão até a Conference League, sem rebaixamentos e com o mesmo treinador – Frank Schmidt, há 18 anos no cargo. Entretanto, sua continuidade na primeira divisão está em xeque e pode abrir espaço a uma nova história, do Elversberg, clube modesto que conseguiu uma ascensão mais rápida (jogava a quarta divisão até 2021/22) e pode ser o próximo estreante na Bundesliga. No primeiro jogo dos playoffs de acesso / descenso, o Heidenheim escapou da derrota em casa, mas o empate por 2 a 2 como visitante ainda anima o Elversberg. O terceiro colocado da segundona abriu dois gols de vantagem e só na etapa final que o antepenúltimo da elite buscou a reação. A volta será disputada na próxima segunda-feira, na UrsapharmArena, a casa do Elversberg, que tem capacidade para 10 mil torcedores – capaz de abrigar quase que na totalidade os 12 mil habitantes da cidade na região do Sarre, próxima da fronteira com a França.
- O meio de semana celebrou diversos campeões de copas nacionais pela Europa – sobretudo nos países do leste. O Estrela Vermelha consumou a dobradinha na Sérvia ao derrotar o Vojvodina por 3 a 0. É o quinto título consecutivo dos alvirrubros na copa, um domínio raríssimo para mata-matas, que reflete a hegemonia atual do clube – também octa na liga. Basta ver o exemplo do Ludogorets, dono dos últimos 14 títulos no Campeonato Búlgaro. Os alviverdes também alcançaram a dobradinha, com a conquista da Copa da Bulgária graças à vitória por 1 a 0 sobre o CSKA Sofia, gol do brasileiro Caio Vidal. Contudo, esta é apenas a quarta vez que o Ludogorets fatura a copa. Na Copa da Macedônia do Norte, o campeão foi o Vardar, ao vencer o Struga por 2 a 0. Clube mais tradicional da república durante os tempos de Iugoslávia, os rubro-negros não levavam a copa desde 2007 e dão sinais de reconstrução, após passagem recente pela segundona. O Prishtina foi outro clube relevante do antigo Campeonato Iugoslavo a soltar o grito, campeão da Copa de Kosovo, ao bater o Llapi por 1 a 0. Os alviazuis somam cinco títulos do torneio nos últimos dez anos. Por fim, menção à Copa de Liechtenstein, o único país da Europa que não possui liga nacional – seus clubes disputam o Campeonato Suíço. Grande força local, o Vaduz venceu o Balzers por 3 a 2 e chegou a 51 troféus, 11 consecutivos. O torneio dá vaga na Conference League, a única do país nos torneios continentais.
Até a próxima semana!