O Arsenal de Arteta, entre a dureza de Hornby e a envolvência de Wenger
Um Arsenal cada vez mais candidato às taças, os problemas de Conte na Champions, o sucesso de Tiago Nunes na Libertadores, a sensação de injustiça no Ninho e muito mais na newsletter desta sexta
Newsletter Meiocampo - 24 de outubro de 2025
O final de semana chegou com uma edição recheadíssima da Newsletter Meiocampo. A rodada repleta de gols na Champions League trouxe luz a algumas histórias, em especial o Arsenal candidato às principais taças da temporada e Antonio Conte diante de seu retrospecto infeliz no torneio continental. Após os jogos de ida nas semifinais da Libertadores, Tiago Nunes se reforça como antídoto aos brasileiros no torneio, à frente da LDU. Já no caso do Flamengo, a semana de uma vitória decisiva foi também da derrota na justiça de todos os que pertencem à torcida, com a absolvição dos réus pelo incêndio no Ninho do Urubu. Por fim, nosso loooooongo giro fala muito de Champions, Libertadores, Sul-Americana, Liga Europa e Conference.
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O Arsenal de Arteta, entre a dureza de Hornby e a envolvência de Wenger
Por Felipe Lobo
A rodada da Champions League foi cheia de goleadas, mas a mais significativa talvez tenha acontecido no Estádio Emirates. Os 4 a 0 do Arsenal sobre o Atlético de Madrid foram uma imposição de um time que cresce a cada temporada sob o comando de Mikel Arteta e parece ganhar uma cara própria. Já não é algo tão próximo ao que vimos com Arsène Wenger, nem tão similar ao mentor do treinador, Pep Guardiola. Arteta constrói um Arsenal que é bastante singular.
O fim de semana teve uma vitória difícil contra o Fulham por 1 a 0, fora de casa. O que se esperava em um duelo contra o Atlético de Madrid era algo similar e até mais difícil. O placar de 4 a 0 desmente isso, mas especialmente porque a equipe do norte de Londres soube aproveitar espetacularmente bem o seu melhor momento no jogo. O quão bem um time consegue capitalizar seu melhor momento costuma ser crucial para que ele vença com constância.
O domínio dos Gunners contra o Atlético foi total, desde o começo do jogo. Isso mesmo depois de um 0 a 0 no primeiro tempo, que pareceu mais sorte do que juízo do Atlético. E, mesmo assim, os Colchoneros tiveram duas chances de marcar primeiro.
Só que o Arsenal tem uma bola parada talvez como nenhum outro clube do mundo. O gol de Gabriel Magalhães, aos 56 minutos, no início do segundo tempo, só mostrou isso. Declan Rice cobrou a falta com precisão para o zagueiro aparecer livre e tocar para o gol. Era tudo que o time precisava. Daí em diante, foi aproveitar o momento.
Quando Gabriel Martinelli marcou o segundo gol do Arsenal em uma jogada em velocidade, o destino do jogo pareceu selado. Os Gunners eram muito superiores, e o terceiro e o quarto gol saíram naturalmente. Viktor Gyökeres fez um gol “feio”, mas essencial, empurrando a bola para a rede, e logo depois fez outro quase em cima da linha, repetindo a dose. Foi uma blitz de pouco menos de 15 minutos: o primeiro gol do Arsenal saiu aos 57 e o último de Gyökeres, aos 70. O Atlético não conseguiu fazer nada para impedir.
Isso é parte da identidade que o Arsenal construiu. O time trabalha muito intensamente para recuperar a bola. Isso levou a uma segurança defensiva grande, porque não depende apenas dos zagueiros, Gabriel Magalhães e William Saliba, que têm jogado muito bem, mas cria um sistema difícil de ser vencido. O time sempre corre para sufocar o adversário quando está sem bola, forçando erros e criando oportunidades a partir disso.
A partida era difícil, e o Atlético poderia ter aberto o placar com Julián Alvarez, depois de um erro do goleiro David Raya. O próprio atacante argentino acertou a trave no começo do segundo tempo. Mas o Arsenal aproveitou a sua bola parada para não só abrir, mas derrubar a porta e destruir a defesa do Atlético naqueles pouco mais de dez minutos de superioridade absoluta.
Os Gunners tiveram dificuldades, que foram enfrentadas com a altivez necessária, insistindo nas jogadas, que é parte do plano de Arteta. É preciso ser insistente e evitar preciosismo nas finalizações. Jurrien Timber e Bukayo Saka fizeram grandes partidas, atuando como perigos constantes do lado direito. E, curiosamente, nenhum dos dois participou diretamente de qualquer um dos quatro gols.
A consistência que o Arsenal de Arteta busca por vezes o torna um time muito forte na defesa e com a melhor bola parada do futebol europeu. E por vezes é isso que resolve os jogos. Mas uma partida como essa diante do Atlético de Madrid mostra que a caixa de ferramentas do time vai além da boa defesa, da força física e da espetacular bola parada. A equipe é veloz, sabe trabalhar as jogadas e, se precisar, sabe martelar até achar uma brecha na defesa adversária.
O que esse time tem mostrado é uma solidez cada vez maior, o que não é pouca coisa para um clube que ficou conhecido por desmoronar em momentos importantes na última década. O Arsenal que conhecemos nas palavras de Nick Hornby era um time duro, sofrido e com um futebol feio mesmo. Arsène Wenger mudou isso nos anos 1990 e 2000, criando uma dinastia de futebol do mais alto nível, ofensivo, envolvente e encantador.
Era esperado que o time de Arteta tivesse algo de Wenger, porque ele mesmo foi jogador do francês de 2011 a 2016. Talvez se esperasse que ele trouxesse mais elementos de Pep Guardiola, de quem foi assistente de 2016 a 2019. Vimos um pouco de cada coisa nos seus primeiros anos como treinador do Arsenal, que ele assumiu em dezembro de 2019.
Mas isso parece uma remota lembrança. O time de Arteta não parece o de Wenger, nem parece um da escola guardiolista. Não irei tão longe em dizer que a equipe está mais perto do Arsenal de Nick Hornby, porque esse time de Arteta é muito mais ofensivo e tem momentos de brilhantismo. Mas vou dizer que tem elementos que podem, eventualmente, lembrar alguns dos pontos mais positivos do Arsenal mais trabalhador, operário e duro daqueles anos.
A equipe é muito mais que a bola parada, mas é inegável que esta seja uma das suas principais armas. A defesa, embora sólida, talvez não seja o principal ponto forte, mas é inegavelmente um deles. O mérito de Arteta é conseguir dar a esse time cada vez mais ferramentas e mais pontos fortes. Provavelmente o que esse time precisava era justamente de mais “casca”. Isso torna a equipe mais dura e, certamente, mais perigosa. Não por acaso é um dos dois times que ainda não sofreu gols na Champions League, junto com a Internazionale.
“A forma como preparamos as partidas é sempre para tentar causar problemas aos adversários o quanto for possível, o mais frequentemente possível. Então, isso é futebol. Às vezes funciona, outras vezes não. Hoje fomos extremamente eficientes e estamos muito felizes”.
O Arsenal do jogo leve e, por vezes, inocente, que era dilacerado na Champions League por adversários pesos pesados como Barcelona ou Bayern de Munique, parece ter ficado para trás. O Arsenal de Arteta pode ser vencido, mas exigirá muito mais dos seus adversários. De certa forma, o Arsenal retoma uma parte da sua história, mas sem desconsiderar o imenso período vitorioso das últimas décadas e que mudaram a percepção do time.
PODCAST MEIOCAMPO #179
O Palmeiras foi engolido pela LDU nos 2.850 metros de Quito? O 3x0 ficou barato para o alviverde, enquanto o Flamengo, no Maracanã, sofreu para garantir a vantagem mínima contra o Racing na Libertadores. Na Europa, a Champions League viveu uma rodada de absoluta insanidade ofensiva: 71 gols em 18 partidas. De onde veio essa chuva de gols? Analisamos o que explica essa tendência, passando pelo caótico 7x2 do PSG sobre o Leverkusen, o colapso defensivo do Napoli (6x2 contra o PSV), a blitz do Arsenal contra o Atleti e o primeiro gol de Estevão na goleada do Chelsea.
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Por que Conte nunca está feliz?
Por Bruno Bonsanti
As declarações de Antonio Conte como um todo não são tão inflamatórias quanto os recortes sugerem, mas ainda é espantoso ouvir um técnico famoso por cobrar reforços, nem sempre de maneira educada, reclamando que o seu clube contratou demais.
Esse foi o diagnóstico de Conte depois de mais uma noite ruim de Liga dos Campeões na sua carreira - ele, infelizmente, tem muito mais do que um treinador da sua qualidade deveria ter.
A goleada por 6 a 2 sofrida para o PSV foi, de certa maneira, circunstancial. A expulsão estúpida de Lorenzo Lucca deixou o Napoli com um a menos, e o placar esteve em normais 3 a 1 e 4 a 2 até os holandeses marcarem duas vezes nos minutos finais.
No entanto, não era para o campeão italiano estar perdendo do PSV nem por 3 a 1, nem por 4 a 2, muito menos por 6 a 2, e isso não tem nada a ver com a qualidade do time de Peter Bosz, que conquistou a Eredivisie com uma arrancada que ainda traumatiza o Ajax.
Foi fácil demais. Pouco da solidez da melhor defesa da última Serie A e de um campeão cascudo que se arrastou às vitórias quando necessário esteve presente em Eindhoven.
Isso, sob qualquer circunstância, seria pelo menos um sinal de alerta. E um do qual Conte está ciente. Ele reconhece que seu time superou expectativas sendo compacto e unido. O problema da quantidade exagerada de reforços, na sua opinião, foi justamente perturbar essa harmonia.
“Nós temos que tentar recriar a química que tivemos ano passado. Quando você traz nove novos jogadores para o vestiário, demora um tempo”, disse. “Nós fomos forçados a ir ao mercado porque tínhamos um elenco muito limitado. Precisamos de tempo e paciência”.
Esse apelo por paciência é relevante porque, em ocasiões anteriores nas quais Conte abriu a boca após derrotas pesadas, era para queimar tudo que estava ao seu alcance. Não pareceu ser esse o tom desta vez. Ele está mais explicando que tem um problema e prometendo trabalhar para resolvê-lo.
Mas por que ele é o único treinador de alto nível que não consegue passar dois anos sem reclamar de alguma coisa - mesmo que tenha razão?
É verdade. O Napoli precisava contratar. Conte chegou no meio de uma transição depois de uma temporada deliberadamente desperdiçada para esperá-lo. Imediatamente teve que lidar com a saída de Victor Osimhen. Seis meses depois, com a de Kvaratskhelia. Ter conseguido trocar os pneus com o carro andando a ponto de conquistar o título foi uma prova das suas imensas qualidades.
Com a grana do título, da Champions League e das vendas, o Napoli foi às compras para montar uma nova espinha dorsal e aproveitar algumas oportunidades de mercado. O poder de compra de clubes da sua estatura financeira é muitas vezes momentâneo. Há mercados em que o dinheiro está sobrando, outros em que está mais curto. É comum aproveitar a primeira situação para contratar mais do que o estritamente necessário.
Isso apresenta desafios. Uma dessas oportunidades de mercado foi Kevin de Bruyne. Ainda com qualidade acima da média, ao mesmo tempo, com 34 anos e longe da sua melhor forma física. Conte precisou mexer no equilíbrio do seu meio-campo e na formação tática para encaixá-lo sem perder a chegada de Scott McTominay, a sua principal arma.
Ele tem razão em dizer que isso exigirá um pouco de tempo. Funcionou algumas vezes, mas talvez nem seja essa a solução. É perfeitamente ok que haja uma outra maneira de ter os dois juntos que ele não descobriu ainda. Esse é o trabalho do treinador. Ainda estamos em outubro. A lesão de Romelu Lukaku não ajudou a manter a familiaridade do time campeão do scudetto, nem as de jogadores como Amir Rrahmani e Stanislav Lobotka, fora dos últimos dois jogos.
Conte é ótimo em chegar a um clube e torná-lo imediatamente competitivo. Ganhou títulos nacionais e com Juventus, Chelsea e Napoli, foi vice-campeão da Liga Europa com a Inter e levou o Tottenham ao quarto lugar da Premier League, tudo na primeira temporada.
No entanto, quando chegam os momentos de adversidade, e eles sempre chegam, parece que a sua única estratégia é soltar uma bomba nuclear, seja ela adequada ao tamanho do problema ou não, o que apenas acelera o desgaste.
Talvez por isso nunca tenha tido um trabalho de mais de três anos.
Essa mais recente foi, repito, até que bem modesta e não há sinais de problemas internos que com frequência acompanham o balde chutado em público.
Duas coisas o impedem de, com o seu currículo na era dominada por Pep Guardiola e Jürgen Klopp, ser uma unanimidade. A primeira é o histórico continental. Na Liga Europa, ele até é razoável: uma semifinal com a Juventus e um vice-campeonato com a Inter. Na Champions, assusta o quanto é pobre. Disputou o mata-mata apenas três vezes. O único time que eliminou (ou venceu pelo menos uma vez) foi o Celtic.
A segunda é conseguir lidar com situações banais da carreira de treinador - como uma reformulação de elenco - sem fazer tanto barulho.
NA EDIÇÃO ANTERIOR DA NEWSLETTER…
A Newsletter Meiocampo conta com duas edições fixas semanais: às terças, exclusiva para assinantes, e às sextas, gratuita para o público em geral. Ocasionalmente, nossos assinantes também ganharão textos extras. Na última terça, falamos sobre a façanha do Mjällby campeão sueco, do “meio-campista” Harry Kane, da turbulência no Nottingham Forest diante das exigências da Premier League, dos reflexos de Marrocos campeão mundial sub-20 e muito mais no tradicional giro final.
O brasileiro que virou o tormento do Brasil na Libertadores
Por Leandro Stein
É impressionante como o cenário no futebol pode se transformar em poucos dias. O Palmeiras, que vinha em grande fase, teve uma semana para esquecer. A derrota para o Flamengo no Brasileirão foi dura, mas não necessariamente por uma atuação ruim, nem pelas perspectivas na sequência do campeonato. Contudo, os 3 a 0 aplicados em Quito pela LDU, nas semifinais da Libertadores, batem forte nos palestrinos pela exibição desencontrada e pelo risco de eliminação evidente. Méritos, também, da Liga: expôs fragilidades do time de Abel Ferreira, com uma noite inclemente dos anfitriões, sobretudo no meio-campo. Méritos, sobretudo, de Tiago Nunes. O treinador brasileiro fez um plano de jogo irretocável e lidera uma campanha marcante dos blancos – ao mesmo tempo, tornando-se pesadelo dos compatriotas.
A vivência de Tiago Nunes no futebol é imensa para quem tem apenas 45 anos, mas compreensível por sua rápida eclosão como treinador. Sua passagem pelo Athletico Paranaense é histórica e elevou o patamar do clube, com os títulos da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil. Depois disso, viveu uma série de insucessos quando se imaginava um passo além. Durou pouco no Corinthians, no Grêmio e no Ceará. O Botafogo até concedeu uma chance de se reerguer, mas o técnico foi engolido em meio à hecatombe pela perda do título no Brasileirão de 2023.
Antes da experiência no Rio de Janeiro, Tiago Nunes abriu as portas fora do país. Fez um trabalho interessante no Sporting Cristal, sem título, mas com a terceira colocação no Campeonato Peruano. Só não ficou mais no cargo porque o Botafogo apareceu. Já depois, conseguiu uma oportunidade no Chile, com a Universidad Católica. Assumiu com a temporada em andamento e seguiu à frente do clube após a virada do ano, mas uma sequência de derrotas no início de 2025 culminou na demissão. De qualquer maneira, o brasileiro seguia com bom trânsito além das fronteiras.
A Liga de Quito acionou Tiago Nunes no meio do ano, após a saída de Vitamina Sánchez. O brasileiro pegou uma situação favorável na Libertadores, com a vaga nas oitavas de final já assegurada, embora a sequência do time não fosse boa. Emplacou logo de cara. Nunes conquistou seis vitórias nas primeiras nove partidas pelo Campeonato Equatoriano, durante a pausa do torneio continental, o que ajudou na estabilidade. A LDU está distante do Independiente del Valle, o líder da competição, mas ocupa a segunda colocação e mira a vaga direta à Libertadores. E é na Copa que seus melhores momentos acontecem.
Quis o destino que todos os confrontos da Liga nos mata-matas, até o momento, fossem contra adversários brasileiros. Tiago Nunes consegue aliar seus conhecimentos dos adversários à força dos equatorianos, sobretudo como mandantes. A intensidade da LDU em Quito é uma marca desse sucesso, com a altitude servindo de impulso a um time que também encontra caminhos para ferir seus oponentes. A reviravolta contra o Botafogo teve sabor de vitória pessoal, com a imposição dos blancos dentro de casa. Diante do São Paulo, duas vitórias, com a eficiência ajudando os equatorianos – entre um jogo mais equilibrado do que o placar em casa indicou e a pressão contida no Morumbi.
Por fim, a vitória sobre o Palmeiras em Quito vale muitos aplausos a Tiago Nunes. Foi um primeiro tempo irrepreensível da Liga, com o meio-campo engolindo os adversários e as jogadas de linha de fundo causando tormento. O mapa da mina ficou claro, com os passes recuados para as finalizações no meio da área. Já na segunda etapa, quando os palmeirenses tentavam se recobrar, a LDU conteve a reação e viu seu goleiro aparecer de maneira decisiva.
A boa campanha da Liga de Quito nesta Libertadores tem vários níveis de acerto. Vai desde a hierarquia conquistada pelos clubes do Equador nas competições continentais à própria maneira como os blancos lideram esse movimento, ao lado do Independiente del Valle. O título da Copa Sul-Americana conquistado em 2023 é um selo de qualidade e há vários remanescentes daquela campanha – como o goleiro Dida Domínguez, o zagueiro Ricardo Adé e o atacante Lisandro Alzugaray. O elenco se qualificou mais nesta temporada, ao buscar jogadores tarimbados em suas seleções, em especial no meio, com o equatoriano Carlos Gruezo e o boliviano Gabriel Villamil – este, o grande nome contra o Palmeiras. Tiago Nunes chegou num ambiente favorável e o potencializou.
Há mais 90 minutos e o Palmeiras não pode ser descartado – ainda mais com um bruxo como Abel Ferreira no banco, além da capacidade de um time que vivia a sua melhor fase recente, inspirado por Vitor Roque e Flaco López. O futebol pode virar o tabuleiro em pouquíssimo tempo, e Tiago Nunes precisa ficar atento. Entretanto, o que realiza até o momento já é muito especial, mesmo se a final não vier. E ela está muito próxima, graças à forma como ele entendeu os confrontos num período no qual a Libertadores anda mais desfavorável do que nunca aos adversários do Brasil. Um brasileiro vai conseguindo reverter essa lógica.
Sobre pertencimento, sensação de injustiça e a voz que não pode se calar
Por Leandro Stein
As taças podem te ajudar a escolher seu clube do coração, claro. Mas não são elas que te fazem ficar ali pelo resto da vida, num esporte mais propenso ao sofrimento de um empate sem gols arrastado sob chuva do que à euforia da comemoração de uma conquista na avenida principal da cidade.
É evidente que existem aqueles que torcem por moda, que embarcam no “hype”, que surfam a onda. Porém, torcer de verdade no futebol é perseverar. E fazer parte de uma torcida, acima de se gozar vencedor sempre, é sentir o pertencimento. É integrar. É estar nas boas e também nas ruins, em todo momento. É olhar para o lado na arquibancada e perceber, sendo só mais um na multidão, que a mesma aflição se transmite feito corrente elétrica. Quando o gol vier, o ambiente se eletrificará por euforia.
Você pertence a um clube porque seu pai, sua mãe, sua irmã, seu irmão, seu avô ou sua avó, seja quem for, já torcia por ele. Você pertence a um clube porque ele está na raiz de seu bairro, de sua cidade, de seu estado – ou de seu jeito de se entender no mundo, inclusive quando está mais distante. Você pertence a um clube mesmo quando se encanta por um craque ou por um grande triunfo. Poderia ser sua escolha partir para outra quando a alegria cessa, quando as vacas magras mostram as costelas. Você fica, pois já pertence.
Eu torço para o Flamengo por um misto de circunstâncias. Pelo meu irmão, que herdou a torcida do meu tio. Por um ídolo, Romário, depois de meu irmão já ter se encantado por Zico. Mesmo muito distante do Maracanã, crescido no interior de São Paulo, e só apto a ver meu time no estádio no início da vida adulta, eu escolhi ficar. Eu já pertencia. E olha que, quando comecei a torcer, as taças nem eram tão numerosas quanto agora. Teve um tri do Carioca, o gol do Pet. Teve uma Mercosul e uma Copa dos Campeões que valiam bastante no meu entorno, contra paulistas. Contudo, mais frequentes naquela época eram as brigas contra o rebaixamento no Brasileirão. Esperei por uma década inteira como torcedor para ver uma campanha realmente boa na Série A e mais do que isso para comemorar meu primeiro título. A Libertadores era esporádica no horizonte e, às vezes quando vinha, terminava em sofrimento.
Escolhi ficar. Pertencia. A minha grande taça, como torcedor do Flamengo, era a certeza de que não há uma torcida como a nossa. A maior do mundo, a magnética, que ninguém segura quando deixa chegar – e falo aqui com uma parte de sinceridade jornalística, mas bem mais como apaixonado torcedor. Pertencer à massa rubro-negra é o que mais faz a gente ficar, naquela apoteose que não se contém quando se vence, que parte para o escracho. Também com uma mania de grandeza que não se perdeu nem nos piores tempos, porque nunca se deixava de pertencer a algo muito grande.
Quando penso na torcida à qual pertenço, duas imagens vêm à cabeça. Aquela do geraldino, a figuraça nas arquibancadas do Maracanã, em plena fantasia e cheio de apetrechos. É a veia popular que salta aos olhos. E também penso no menino sonhador da periferia, aquele que eu também fui, embora no interior de São Paulo e não no subúrbio do Rio. O garoto do Ninho. O guri que dorme abraçado com a bola e sonha em vestir o manto. Que tantas e tantas vezes se viu materializado na forma de Zico, de Adílio, de Júnior, de Leandro, de Adriano, de Vinícius.
Há uma resistência, mas a gentrificação dos estádios no Brasil torna o geraldino cada vez mais parte do passado. Uma das grandes decepções da minha vida de torcedor foi ver o que o Maracanã virou depois da reforma, ao visitar o estádio pela primeira vez. Não era mais o gigante que via pela TV, que recortava nas revistas, que imaginava ouvindo à maioria dos jogos com Garotinho e Canhota nas ondas da rádio AM. Ainda se nota o folclore, mas muita coisa mudou.
O garoto do Ninho permanece. Também são outras perspectivas de um Flamengo das planilhas e do economês, que não precisa tanto recorrer aos seus meninos da base como tábua de salvação. Contudo, eles continuam lá porque o trabalho de formação evoluiu junto com o departamento de futebol nos últimos anos. O que não evita um eterno vazio por aqueles garotos do Ninho, aqueles dez garotos do Ninho, que tiveram suas vidas ceifadas num cenário desesperador dentro do lugar onde deviam estar em segurança, dentro do clube. Onde estavam para dormir e reforçar seus sonhos.
Torcer pelo Flamengo nos últimos seis anos têm uma dose de dilema. É dever da torcida, aquela que pertence, não se esquecer dos dez garotos do Ninho que também pertenciam à massa. E isso em tempos nos quais gente ligada ao Flamengo está interessada em apagar essa memória, em varrer o maior descaso da história do clube para baixo do tapete. Mas é uma ferida que nunca se fechará.
O ano de 2019 foi paradoxal, entre saber que dez famílias viviam o luto profundo e o desespero da falta de respostas, enquanto o Flamengo experimentava seu ano mais vitorioso em décadas. O mínimo é que essas conquistas fossem para eles, os dez garotos do Ninho, embora nem de perto seriam tributo suficiente para o horror que aconteceu dentro do próprio Flamengo.
Gente de dentro do Flamengo, que respondia pelo clube de forma institucional, foi negligente nas mortes daqueles dez garotos do Ninho. Gente de dentro do Flamengo, que respondia pelo clube de forma institucional, teve atitudes péssimas com outros jovens e funcionários que compartilharam o terror. Gente de dentro do Flamengo, que respondia pelo clube de forma institucional, tratou de maneira execrável as famílias que deveriam ser acolhidas. Elas também pertencem ao Flamengo.
Como torcedor, sinto que devo responder pelo Flamengo de forma passional. E a paixão, que em tantos aspectos se mistura com a dor, precisa se sublimar como compaixão e solidariedade incansáveis àqueles dez garotos do Ninho. É nunca esquecer. É mencioná-los sempre que possível, especialmente nas alegrias de uma noite de vitória na Libertadores. O Maracanã abarrotado deve sempre reverberar a voz de dez famílias desamparadas que aguardam justiça – o que nunca bastará para estancar a dor. Aquelas dez vidas nunca mais voltarão. Milhares de vidas ao redor, de familiares e amigos, seguirão com um imenso rombo no peito.
Este texto não entrará em pormenores jurídicos. Não avaliará, sem a base necessária, a decisão de se absolver, nesta semana, os réus do incêndio no Ninho do Urubu. Nem citará os nomes das pessoas, apesar da sensação de que mais gente que deveria responder, porque respondia institucionalmente pelo clube, não tenha sido indiciada. Mas é impossível não se abater com uma sensação de injustiça, sobretudo diante da afirmação de que a investigação da polícia e a denúncia do Ministério Público foram insuficientes.
Quem não quer se esquecer desse episódio viu, ouviu e leu muita coisa para tentar entender um pouco – entender quem eram os dez garotos do Ninho, entender a dimensão da dor das famílias, entender o que os responsáveis pelo Flamengo não fizeram para proteger as vidas perdidas. A leitura do livro “Longe do Ninho”, de Daniela Arbex, é obrigatória. Da mesma forma é o documentário “O Ninho: Futebol e Tragédia”, disponível na Netflix. E para quem tentou entender o que aconteceu, a decisão da justiça se torna incompreensível. Imagine então para as pessoas que vivem este pesadelo nas lembranças e viverão para sempre.
O Flamengo pertence mais aos seus torcedores do que às pessoas que respondem institucionalmente pelo clube. O Flamengo pertence mais à sua gente do que àqueles que convenientemente insistem em esquecer. O Flamengo pertence mais àqueles dez meninos, arquétipos do que é a torcida: sonhadores, humildes, apaixonados. O pertencimento da torcida rubro-negra parte de nunca deixar de lembrar daqueles dez que tanto pertenciam.
Falar dos dez garotos do Ninho deveria ser exercício diário dentro do Flamengo. Se aqueles que respondem institucionalmente não o fazem, a torcida não pode deixar de fazer. Ainda mais diante da impotência pela absolvição. Mesmo quando a empolgação pelas vitórias batem. É neste momento que o clamor por justiça deveria soar mais alto. Nenhuma vitória oculta a maior derrota, a dor irremediável, a perda insubstituível. Se a grandeza do Flamengo parte do pertencimento de tanta gente, a acolhida às famílias daqueles que sempre pertencerão à história é primordial. Quando a justiça não faz sua parte, o mínimo é aproveitar a voz da massa para gritar, para bradar, para cobrar.
Giro
- O Flamengo pode não ver o copo totalmente cheio com a vitória sobre o Racing na Libertadores, diante da falta de conforto que o 1 a 0 oferece para o reencontro em Avellaneda, mas foi uma atuação positiva da equipe numa semana tão pesada. Que o início do Fla tenha sido nervoso e a Academia pudesse punir isso com algumas chances claras, o domínio na maior parte do tempo foi rubro-negro. A equipe teve volume ofensivo e criou o suficiente no ataque, com muitas finalizações – o que nem sempre ocorreu em partidas decisivas nos últimos meses. Outro ponto que funcionou muito bem foi o impacto dos jogadores que vieram do banco. O Flamengo foi melhor no segundo tempo muito porque as alterações de Filipe Luís fizeram efeito, enquanto os racinguistas se retraíram. (Leandro Stein)
- O personagem do jogo, no Maracanã, foi a principal novidade do treinador do Flamengo para o time titular: Jorge Carrascal. Embora se soubesse do talento do colombiano, ele consegue entregar mais do que o esperado nesses primeiros meses de clube. Certamente o período com menos visibilidade na Rússia reduzia o cartaz de Carrascal, mas fato é que sua adaptação aos rubro-negros foi imediata e ele virou um grande trunfo. Contra o Racing, chamou a responsabilidade de um jeito atrevido, ao requebrar com o pé por cima da bola e infernizar os marcadores. Criou várias das oportunidades e se movimentou muito bem com Arrascaeta no primeiro tempo, por vezes trocando posições. A versatilidade por jogar em várias faixas do campo, aliás, também fez a diferença no segundo tempo, desta vez para abrir o corredor na esquerda a Samuel Lino e se entender melhor com Plata, entre o centro e o lado direito. E se o gol foi um golpe de sorte danado, pelo chute errado que desviou no caminho feito pinball para entrar, o passe para lançar Bruno Henrique é coisa de quem sabe. (Leandro Stein)
- O Racing também saiu do Maracanã vendo o copo meio cheio, pela forma como competiu e como evitou um placar mais duro, com muitos méritos de seu goleiro. Facundo Cambeses fez um jogo para mostrar o porquê ganha tanto respaldo do técnico Gustavo Costas, numa fase excepcional. O arqueiro de 28 anos veio do Banfield no início do ano passado, mas a presença do ídolo Gabriel Arias não garantiu a vaga como titular absoluto de imediato. O momento de transição veio na própria Libertadores, contra o Peñarol, quando Costas sacou Arias e colocou Cambeses para a provável disputa por pênaltis – que nem aconteceu, com o gol da classificação dos albicelestes depois disso. Desde então, Cambeses tomou conta da posição a ponto de ser convocado até para a seleção argentina, presente no amistoso contra Porto Rico. E a forma como operou milagres contra o Fla, sobretudo no um contra um, exaltou sua aptidão. É quem manteve a chama viva para o Cilindro. (Leandro Stein)
- O Atlético Mineiro transmite uma sensação de time parado no tempo, com tantos nomes à disposição que passaram do seu auge. A temporada de altos e baixos acaba sustentada por espasmos, sobretudo de tantos medalhões que chegaram mais por nome do que por bola nos últimos tempos. E foi exatamente isso que rendeu um resultado satisfatório na ida das semifinais da Copa Sul-Americana, com o empate por 1 a 1 diante do Independiente del Valle no Equador. Se antes os atleticanos já foram salvos por Bernard contra o Bolívar, desta vez foi Dudu quem apareceu. O veterano não tinha nada muito relevante em seu histórico pelos atleticanos, exceto pelo fato de ter virado as costas para o rival Cruzeiro. Seu primeiro gol com a camisa alvinegra, entretanto, foi providencial. Tabelou com Hulk para evitar a derrota, aos 46 do segundo tempo. Mas nada que sirva de garantia, até porque o IDV tem tarimba e time para sair com a vaga em Belo Horizonte. (Leandro Stein)
- Universidad de Chile e Lanús são clubes com um passado glorioso na Copa Sul-Americana, em títulos continentais que os engrandeceram, e isso se refletiu num jogaço dentro do Estádio Nacional de Santiago – uma pena que sem público, pela selvageria naquele duelo dos chilenos contra o Independiente em Avellaneda. O empate por 2 a 2 entregou de tudo e poderia ter tido um placar ainda maior. Foi um início de partida iluminado do Lanús, com dois gols de Rodrigo Castillo, o primeiro numa pintura do meio da rua e o segundo com uma jogadaça de Eduardo Salvio na assistência. La U respondeu com uma pressão sufocante e puniu os vacilos dos grenás, com a igualdade determinada por um pênalti agônico (e contestável) convertido por Charles Aránguiz, aos 48 da etapa final. Antes disso, os dois times tiveram chances e os goleiros fizeram grandes defesas. Se “camisa pesa”, os dois lados fizeram valer a máxima numa competição que conhecem tão bem. (Leandro Stein)
- Minha nossa, sai gol nessa nova fase da liga da Champions League, não sai? A edição anterior já havia batido o recorde, em comparação com os grupos, com 470 gols e média de 3,26 a cada 90 minutos. Na atual, a média está em 3.71 e o total já chegou a 200, antes da metade do calendário. Tirando um ou outro resultado exagerado, como o 6 a 2 do PSV sobre o Napoli ou o 4 a 0 do Arsenal contra o Atlético de Madrid, os placares não foram exatamente surpreendentes. O Barcelona deveria golear o Olympiacos, a Inter deveria golear a Union Saint-Gilloise, o Bayern deveria golear o Club Brugge e, nas atuais condições, até o PSG deveria golear o Bayer Leverkusen. Eu não tenho uma tese favorita ainda. Duas hipóteses surgiram na minha cabecinha em um primeiro momento: ou os clubes estão correndo atrás de saldo de gols porque a diferença de pontuação na classificação tende a ser pequena ou quem está perdendo por dois ou três meio que desliga porque tanto faz, semana que vem tem mais, a vaga direta já era mesmo. Ambas podem ocorrer simultaneamente. (Bruno Bonsanti)
- Após três rodadas, a Champions League tem cinco clubes ainda com 100% de aproveitamento. Em uma ode à simetria, um de cada uma das grandes ligas europeias: Paris Saint-Germain, Bayern de Munique, Inter de Milão, Arsenal e Real Madrid. Borussia Dortmund, Manchester City e Newcastle completam os oito primeiros, embora o que diferencia esse último do 14º colocado seja apenas saldo de gols. A surpresa positiva até agora é o Qarabag (13º), algoz de Copenhague e Benfica, uma das decepções. O time treinado por José Mourinho ainda está zerado, ao lado do Ajax. Fora da zona de classificação aos playoffs também estão a Juventus, o Monaco, o Bayer Leverkusen e o Villarreal, entre times dos quais se esperava uma classificação. (Bruno Bonsanti)
- O início da campanha do Sporting na Champions tem um herói brasileiro, Alisson Santos. O atacante de 23 anos rodou por clubes tradicionais do Brasil, mas apenas na Série C (Vitória, Náutico, Figueirense), e defendeu o União de Leiria na última segundona do Campeonato Português. A transferência ao Alvalade é uma chance e tanto, com o novato apresentando seu valor justamente no torneio continental. Enquanto seu primeiro gol aconteceu no vareio sobre o Kairat Almaty na primeira rodada, desta vez ele saiu do banco para definir a virada sobre o Olympique de Marseille em Lisboa. Não foi um gol tão bonito quanto o do compatriota Igor Paixão, que abriu o placar para os marselheses, mas Alisson se provou um talismã ao definir o triunfo por 2 a 1 aos 41 do segundo tempo. Estrela ele tem. (Leandro Stein)
- As boas notícias não cessam para o Bayern de Munique em campo, algo que mais uma vez aconteceu nos 4 a 0 sobre o Club Brugge. A goleada ficou até barata, pelo volume de jogo dos bávaros. E a estrela da noite foi um garoto, Lennart Karl, ponta de 17 anos que começa a ganhar chances na equipe. Anotou o primeiro gol e criou uma porção de jogadaças, com muita qualidade nos dribles. A camisa 42, que era de Jamal Musiala, está muito bem vestida por ele. Não dá nem para dizer que é sorte, a quem só não ganha mais minutos por conta das presenças de Michael Olise e Luis Díaz no 11 inicial – desta vez, Karl entrou centralizado, como meia, mas se alternando na direita com Olise. É interessante notar, aliás, como Vincent Kompany desfruta de ótimas soluções em posições que pareciam carentes. Outra é Konrad Laimer, num início de temporada fantástico como lateral, no que nem parece mais um improviso. Está rendendo ainda mais deslocado à esquerda, tanto que deu duas assistências na goleada. (Leandro Stein)
- O Bayern de Munique fez uma aposta em Vincent Kompany, ex-jogador importante que ainda não tinha tantos argumentos como treinador. Havia provado ser capaz implementar um estilo de jogo moderno e ofensivo na segunda divisão inglesa. Havia provado que ele ainda não estava afiado o suficiente para a primeira, ainda que o tenha tentado em desvantagem técnica e financeira porque, no fim das contas, treinava o Burnley. Não era o currículo que geralmente assume o maior clube da Alemanha e, apesar de ter recuperado a hegemonia na Bundesliga, o primeiro ano foi um pouco irregular. Os primeiros sinais de melhora vieram na Copa do Mundo de Clubes e, neste começo de temporada, o Bayern está avassalador como se espera que seja. A evolução foi premiada com uma extensão de contrato até 2029. Um importante voto de confiança e, como ele foi contratado de um time rebaixado, provavelmente também uma atualização salarial que ele merecia. (Bruno Bonsanti)
- O Chelsea conta com um elenco tão vasto que a escalação repleta de reservas, diante do Ajax, continuava muito forte. Tanto é que os Blues golearam por 5 a 1, com amplo domínio. Pouco a pouco, Estevão conquista os londrinos. O ponta teve mais uma atuação de destaque, em que participou muito do bombardeio. Foram oito finalizações só do brasileiro, além de dois passes para companheiros arrematarem, em 22 tentativas do Chelsea na noite. Arriscou marcar até de bicicleta. E se o gol veio de pênalti, muito bem batido, também ressaltou o moral do garoto. Sofreu a falta e recebeu a bola do capitão Enzo Fernández, que já tinha marcado um penal pouco antes. O crescimento é expresso. (Leandro Stein)
- O jogo com mais aura na rodada da Champions aconteceu no Santiago Bernabéu, onde Real Madrid e Juventus suscitam grandes lembranças na competição – ao longo de várias décadas. Apesar do placar magro, foi um duelo com chances, em que os espanhóis martelaram contra a meta adversária e os italianos também tiveram lances cristalinos. Contudo, as atuações passaram longe da perfeição e os dois times saem com indagações necessárias sobre uma temporada de reformulação – com os questionamentos mais aflorados para os juventinos, embora o revés não tenha sido de todo ruim. Para destravar o marcador a favor dos merengues, só mesmo o talento de Vinícius Júnior. Se o brasileiro perde o protagonismo de outrora, a ginga para desequilibrar continua lá. Sozinho, abriu um rombo na defesa da Juve e a trave o brecou, antes de Jude Bellingham marcar no rebote. (Leandro Stein)
- Durante alguns minutos, o Liverpool estava perdendo cinco jogos consecutivos pela primeira vez desde 1953, o que depois de £ 500 milhões em contratações os especialistas costumam chamar de “ops”, mas a defesa do Eintracht Frankfurt é uma mãe: 22 gols sofridos nas últimas seis partidas. Com vantagem no placar, o jogador mais recuado dos alemães no gol de Hugo Ekitiké estava alguns metros à frente do círculo central. O atacante precisou de apenas dois toques na bola para sair na cara do goleiro e empatar, se negando a comemorar. Os zagueiros marcaram duas vezes em escanteios antes do intervalo e tudo voltou a ficar colorido no noroeste da Inglaterra. Principalmente, o segundo tempo foi relevante porque o Liverpool conseguiu exercer aquele controle que marcou a campanha do título com Arne Slot. Mesmo contra um time ultra-ofensivo, concedeu poucas oportunidades, manteve uma posse de bola segura e criou o bastante para matar a partida e golear. (Bruno Bonsanti)
- Victor Osimhen poderia muito bem ser estrela de uma das cinco grandes ligas, como era pelo Napoli na Serie A, mas não perdeu a importância e nem os holofotes da Champions. O litígio com os napolitanos o levou ao Galatasaray, no que parecia uma solução temporária, mas o centroavante gostou da Turquia e o clube bancou seu alto preço. Nem parece tão caro assim, quando se vê como o nigeriano continua em ótima forma, independentemente de atuar numa liga menos competitiva. Enquanto destrói na Süper Lig, continua letal na Champions, vide a forma como puniu os erros do Bodo/Glimt nos 3 a 1 do Gala em Istambul. As perspectivas de classificação são ótimas e enfrentar Osimhen será um problemaço para qualquer um nos mata-matas.
- De todas as goleadas da Champions, a do PSV sobre o Napoli foi a que mais surpreendeu. Obviamente, fala sobre a noite triste dos atuais campeões italianos. Porém, também ressalta os atuais campeões holandeses, que possuem uma produção ofensiva excelente com Peter Bosz – e demonstraram isso mais uma vez. Foram seis gols porque os Boeren criaram para isso, forçando também boas defesas de Vanja Milinkovic-Savic logo de cara. Ismael Saibari e Dennis Man foram os carrascos dos napolitanos. Já o suprassumo ficou para o último gol, com toques de pé em pé, que botaram a defesa celeste na roda. São 37 gols em 13 partidas na temporada, quase três por jogo de média. (Leandro Stein)
- A goleada do Barcelona por 6 a 1 sobre o Olympiacos precisa ser vista com certas ressalvas. A expulsão esdrúxula de Santiago Hezze, logo depois que os gregos descontaram, prejudicou demais os alvirrubros e facilitou os quatro gols finais do Barça num intervalo de 11 minutos. O que não diminui a partidaça feita por Fermín López, autor de uma tripleta, incluindo os dois gols que deram vantagem no primeiro tempo. Se as finanças ainda criam travas no mercado aos blaugranas, o mérito de Hansi Flick é potencializar vários jovens. Neste sentido, aliás, olho também em Roony Bardghji, incensada promessa trazida do Copenhague. A assistência para o último gol de Fermín, com direito a elástico na marcação, é um luxo. (Leandro Stein)
- A maior contribuição para a prolífica rodada da Champions ocorreu na BayArena, com os 7 a 2 do Paris Saint-Germain sobre o Bayer Leverkusen, que enfatizou as armas ofensivas de Luis Enrique. Enquanto ainda lida com desfalques, o PSG conta com vários destaques da temporada passada reafirmando sua importância. Desta vez, Khvicha Kvaratskhelia e Desiré Doué foram fantásticos, ao providenciarem três gols no fim do primeiro tempo. Num momento em que o duelo poderia se complicar, depois da expulsão de Iliya Zabarnyi deixar os dois times com dez homens, os atacantes se combinaram para mostrar como o campo virara um latifúndio ao jogo vertical dos parisienses. Falar de Vitinha e Nuno Mendes, que parecem jogar até mais neste início de temporada, é chover no molhado. Do lado do Leverkusen, lamento para a burra expulsão de Robert Andrich em tempos de VAR, mas a derrota era imaginável para um time em total reconstrução. O prêmio de consolação fica para o segundo gol de Aleix García, numa trivela de fora da área que seguiu sem escalas rumo à gaveta – foi meu favorito dos 71 da rodada. (Leandro Stein)
- É importante dizer que, mesmo com 71 gols, a rodada da Champions teve atuações excepcionais dos goleiros e verdadeiros milagres em quase todos os jogos. Os placares que terminaram zerados, inclusive, dependeram das noites iluminadas dos arqueiros. O Tottenham parou o Monaco no principado porque Guglielmo Vicario estava com o corpo fechado. Foram oito defesas do italiano, num xG de 2.68 gols esperados dos monegascos. Não à toa, foi eleito o melhor da posição na rodada pela Uefa. Ainda que Marco Carnesecchi tenha trabalhado na meta da Atalanta, o responsável pelo zero em Bérgamo foi Jakub Markovic, do Slavia Praga. Realizou cinco defesas, mas num nível de dificuldade extremo, com xG de 2.46 dos italianos. Já no Cazaquistão, o 0 a 0 pareceu muito mais negócio ao Pafos, que teve João Correia expulso com míseros três minutos – novo recorde da Champions. Ainda assim, o empate só foi possível pela inspiração do goleiro Temirlan Anarbekov, do Kairat: cinco defesas, no xG de 2.34 dos cipriotas. Seus dois maiores milagres foram em arremates à queima-roupa de David Luiz. Deu sorte até quando teve azar: um gol do Pafos foi anulado por impedimento, após a bola na trave ricochetear nas costas do arqueiro e entrar. (Leandro Stein)
- A nota oficial de La Liga anunciando que o jogo de Miami foi cancelado é uma obra-prima passivo-agressiva, principalmente pela responsabilidade que atribuiu a uma única partida pela salvação do futebol espanhol. Não realizá-la, afirma o assessor de imprensa com a voz de Javier Tebas, prejudica a geração de novas receitas, limita a capacidade dos clubes de investir e reduz a projeção internacional de todo o ecossistema do futebol espanhol. Caramba, que jogo importante. Eu tenho uma ótima notícia: os americanos já conhecem o Barcelona. La Liga também garante que as instituições competentes garantiram que o projeto não afetava a integridade da competição, o que é mais ou menos que nem dizer que arboristas confirmaram que a árvore não foi derrubada estando ao lado de uma árvore derrubada. Com a delicadeza de um elefante, Tebas nem avisou os clubes. Villarreal e Barcelona descobriram a notícia pelo celular enquanto disputavam a Liga dos Campeões, uma ótima exposição internacional de excelência em organização. Acima de tudo, é sempre importante quando o ecossistema do futebol espanhol, esse que Tebas quer projetar, ou de qualquer futebol, consegue combater o que não concorda. Um lembrete de que cartolas não podem sair fazendo tudo que querem sem resistência. Ainda que o Real Madrid não estar envolvido tenha ajudado. (Bruno Bonsanti)
- É até engraçado como tratamos a Copa do Mundo de 2022 como a “última dança” de Lionel Messi e agora ele tem contrato para jogar até quase a de 2030, ainda que esteja tratando o atual ciclo como o seu último, agora de verdade. A renovação com o Inter Miami era esperada, mas chegou com uma duração um pouco maior do que eu esperava, até o fim de 2028. Isso deve mantê-lo na Major League Soccer por um total de cinco anos e meio. Importante para a liga como um todo por mostrar que ela tem estrutura e atratividade suficiente para convencer uma estrela desse tamanho a não apenas dar uma passadinha, mas não ter pressa de ir embora. Caso cumpra o contrato, Messi atuará até os 41 anos e já começou a contagem regressiva para o seu milésimo gol. Ele precisaria fazer cerca de 37 por temporada até a data de vencimento. Ele tem 71 em 82 jogos pelo Inter Miami até agora. (Bruno Bonsanti)
- Aos 32 anos, Hakim Ziyech tem talento suficiente para atuar numa grande liga, mas sua transferência para o Wydad Casablanca não deixa de ser um negócio estratosférico – e muito mais legal. O ponta não mantém a regularidade desde que saiu do Ajax. Não se confirmou como craque no Chelsea, onde teve problemas de relacionamento; também não estourou no Galatasaray, apesar da recepção calorosa da torcida; e mal ficou no Al-Duhail, do Catar. O WAC representa uma volta às origens do marroquino, embora nunca tenha atuado em seu país ancestral, como nasceu na Holanda e se formou em clubes locais. Terá espaço para brilhar no Campeonato Marroquino e ser tratado como uma divindade, assim como pode correr contra o tempo em busca de uma vaga na Copa do Mundo – basta lembrar como Ziyech fez a diferença na caminhada até as semifinais em 2022, ainda que seus problemas recentes o afastem das convocações desde setembro de 2024. Certamente o técnico Walid Regragui o tratará com o respeito de uma liderança técnica dos Leões do Atlas. Será uma loucura em Casablanca. (Leandro Stein)
- Faz mais de uma década que a imagem de Rafa Benítez se descolou do técnico de vanguarda, que conquistou grandes feitos à frente de Valencia e Liverpool. Não deu certo na Inter e tapou buraco no Chelsea, antes de recuperar um pouco do prestígio no Napoli. O naufrágio em poucos meses no Real Madrid mostrou como seu patamar caiu, com Zinédine Zidane imediatamente saltando ao tri na Champions. Desde então, Benítez ganhou carinho no Newcastle, em tempos de vacas magras, e se escondeu na China, até finalmente viver momentos claudicantes no Everton e no Celta, justo no centenário dos galegos. Hoje, seu mercado é ainda mais restrito. A Grécia acaba sendo condizente, contratado pelo Panathinaikos. E talvez em Atenas se dê bem, numa liga onde há um claro sucesso de treinadores espanhóis. O clássico com o Olympiacos, por exemplo, será disputado contra José Luis Mendilibar. O Trevo vai para o seu terceiro treinador na temporada, após demitir Rui Vitória em setembro e Christos Kontis só durar sete jogos. O time é sétimo no Campeonato Grego e perdeu as duas últimas na Liga Europa. (Leandro Stein)
- Se a tônica na Champions foram as goleadas, a rodada da Liga Europa teve uma série de surpresas, com destaque àquela que pode ser considerada a maior vitória da história do Go Ahead Eagles. Os holandeses vivem um momento fantástico, com o título da copa nacional, e começaram bem sua caminhada europeia, com um triunfo sobre o Panathinaikos na segunda rodada. Maior ainda foi a virada por 2 a 1 para cima do Aston Villa, em Deventer. Apesar das instabilidades na temporada, os Villans vinham em boa sequência. E, bem, é Unai Emery na Liga Europa. A eficiência das Águias preponderou, num jogo em que finalizaram cinco vezes, contra 18 dos ingleses. Além dos gols de Mathis Suray e Mats Deijl, a cereja do bolo foi o penal isolado por Emi Buendía na reta final. (Leandro Stein)
- Em termos de vexame, maior foi a derrota da Roma dentro de casa para o Viktoria Plzen, por 2 a 1. Os tchecos fizeram dois gols num intervalo de três minutos, entre os 20 e os 22 do primeiro tempo. Os romanistas não conseguiram buscar, mesmo com tanto tempo para uma reviravolta. Os 4 a 3 do PAOK diante do Lille na França soam como jogaço, mas os Dogues também pagaram caro por seus problemas iniciais, com três gols das Águias de Duas Cabeças durante o primeiro tempo. Na segunda etapa, os gregos também perderam um penal e a reação dos franceses não bastou. Menção ainda aos 3 a 0 do Brann para cima do Rangers, sem apelo na Noruega, além dos 3 a 2 do Ferencváros diante do Red Bull Salzburg na Áustria. (Leandro Stein)
- O principal jogo da rodada na Liga Europa aconteceu na Inglaterra, onde o Nottingham Forest recobrou seu gigantismo continental e venceu uma partida europeia após três décadas, com os 2 a 0 sobre o Porto. Também foi um triunfo para sacudir a poeira da crise no City Ground, com a estreia de Sean Dyche. Foram dois gols de pênalti, mas com a participação ativa de Igor Jesus, que converteu o segundo. Outro resultado de peso se deu em Istambul, onde o jogo ficou aquém das expectativas, mas um gol de pênalti de Kerem Aktürkoglu garantiu o Fenerbahçe 1x0 Stuttgart. Já em Balaídos, noite especialíssima de Iago Aspas (mais uma) na vitória do Celta por 2 a 1 sobre o Nice. O veterano se tornou, isoladamente, o jogador com mais partidas disputadas com a camisa celeste, 534. Para demarcar a ocasião, a lenda assinalou um golaço de fora da área, que abriu a contagem. São 217 tentos pelo clube, há tempos seu maior artilheiro na história. (Leandro Stein)
- Após três rodadas, três times mantêm os 100% de aproveitamento na Liga Europa: Midtjylland, Braga e Lyon. O G-8 inclui várias ligas espalhadas pelo continente, com Dinamo Zagreb, Viktoria Plzen, Freiburg, Ferencváros e Brann. Aston Villa, Lille e Porto, dentre os favoritos no torneio, perderam a invencibilidade, mas se preservam na zona de classificação. Celtic, Bologna e Forest tiveram reações importantes, com as primeiras vitórias de cada um deles, todos com quatro pontos. Já o sinal de alerta fica ligado para a Roma, num modesto 23° lugar, em situação de perigo. Feyenoord e Stuttgart são clubes de peso fora da zona de classificação, apesar do primeiro triunfo dos holandeses em virada sobre o Panathinaikos. Chamam atenção também os zerados Nice, Red Bull Salzburg, Utrecht e Rangers – todos times de quem poderia se esperar mais competitividade. (Leandro Stein)
- As principais histórias na Conference League nesta rodada ficaram para times de ligas inexpressivas que conquistaram vitórias imensas. O Shkëndija contou com um gol contra nos acréscimos do segundo tempo para derrotar o Shelbourne por 1 a 0. É a primeira vitória da história de um clube da Macedônia do Norte na fase de grupos / liga de uma competição europeia. Em Gibraltar, um gol aos 43 do segundo tempo deu a vitória para o Lincoln Red Imps diante do Lech Poznan, por 2 a 1. Também é um triunfo inédito para um representante gibraltarino em fase de grupos / liga dos torneios da Uefa. Além das perspectivas de classificação, os resultados valem pontos importantíssimos dentro dos coeficientes dos países no Ranking da Uefa – o que pode garantir mais vagas continentais. (Leandro Stein)
- Não que a Conference tenha sido imune às zebras, e uma imensa aconteceu em Selhurst Park, onde o AEK Larnaca venceu o Crystal Palace por 1 a 0. Os clubes cipriotas têm feito barulho nos torneios continentais durante os últimos anos e isso se provou graças ao gol de Riad Bajic, que puniu uma saída de bola errada das Águias. O mais importante: o Palace usou sua base titular, mas não conseguiu converter seu domínio em gols. O cansaço será uma questão ao elenco de Oliver Glasner, diante da falta de profundidade para a maratona prevista na temporada. Também relevante foi o empate do Jagiellonia Bialystok em sua visita à França, no 1 a 1 diante do Strasbourg, embalado na Ligue 1. Os franceses, no entanto, pouparam forças. O gol foi anotado numa linda bicicleta de Joaquín Panichelli, destaque do time que entrou no segundo tempo. (Leandro Stein)
- Já numa das partidas mais equilibradas da rodada, o Legia Varsóvia conseguiu um épico ao derrotar o Shakhtar Donetsk por 2 a 1. Rafal Augustyniak abriu o placar para os poloneses com uma bomba de fora da área, mas o centroavante Luca Meirelles, formado pelo Santos, deixou tudo igual para os ucranianos na segunda etapa. O momento decisivo só viria aos 49 do segundo tempo, numa falta para o Legia no limite da grande área. Augustyniak disparou outro míssil no canto do goleiro e a nova pintura definiu a festa de sua torcida. O jogo tinha mando do Shakhtar, mas, por causa da guerra na Ucrânia, aconteceu em Cracóvia e teve um elemento favorável ao clube da Polônia. (Leandro Stein)
- A Conference realizou uma rodada a menos que os outros torneios da Uefa e seis times conseguiram duas vitórias até o momento: Fiorentina, AEK Larnaca, Celje, Lausanne, Samsunspor e Mainz 05. Rayo Vallecano e Raków se unem ao G-8. Strasbourg, Crystal Palace, Shakhtar Donetsk e AZ também estão na zona de classificação, como fortes candidatos. Contudo, mais destaque fica para o sonho de pequeninos como o Shkëndija, o Lincoln Red Imps e o Drita, todos no G-24. Seis clubes não pontuaram ainda: Slovan Bratislava, Hamrun Spartans, Shamrock Rovers, Dynamo Kiev, Rapid Viena e Aberdeen. O desastre dos escoceses é o que mais chama atenção, com a goleada por 6 a 0 aplicada pelo AEK Atenas. Os alvirrubros também são os vice-lanternas no Escocesão e só deixaram a última posição na rodada passada. (Leandro Stein)












Excelente newsletter, como sempre. E com um destaque que precisa ser realçado: que texto soberbo, emocionante, lindo do Stein sobre os garotos do ninho. Espetacular!