Sylvinho em novos passos para a história da Albânia
A Newsletter Meiocampo desta sexta fala sobre o trabalho histórico de Sylvinho na Albânia, a França classificada e renovada, a mudança no calendário da MLS e muito mais das Eliminatórias
Newsletter Meiocampo — 14 de novembro de 2025
Ainda é só o esquenta da Data Fifa mais movimentada do ciclo, mas já começou pegando fogo. Das 14 seleções que se classificarão à Copa do Mundo nestes dias de novembro, a França foi a primeira a antecipar o serviço. Outras ficaram bem próximas, como a Noruega, e grandes histórias flertam com a confirmação - a exemplo de Suriname, Curaçao e Haiti na Concacaf. Ainda há os que sonham com a repescagem, onde a ambição se preserva, casos de República Democrática do Congo, Iraque e Albânia.
A Newsletter Meiocampo desta sexta traz as primeiras histórias desta Data Fifa, com muito mais ainda para falar especialmente depois de terça. Nesta edição, exaltamos mais uma façanha de Sylvinho como técnico da seleção albanesa e nos debruçamos sobre a renovação da seleção francesa, bem como giramos pelo primeiro dia das Eliminatórias - do Caribe ao Levante. Analisamos ainda a mudança no calendário da MLS, que encaixará sua temporada nos moldes europeus, de julho a maio.
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Sylvinho em novos passos para a história da Albânia
Por Leandro Stein
Em tempos nos quais o prestígio dos técnicos brasileiros anda tão debatido, fio desencapado para demonstrações de corporativismo com toques de xenofobia, há quem faça sua parte sem depender do alarde dos colegas de profissão. Se não há, de fato, alguém hoje tão qualificado para competir com Carlo Ancelotti pelo comando da Seleção (e existem poucos treinadores com um currículo tão recheado quanto o do italiano), isso não tira outras oportunidades aos brasileiros. Outros caminhos para escreverem seus feitos, com assinatura da própria capacidade, não do protecionismo. E o que realiza Sylvinho à frente da Albânia é digno, sim, de ser reconhecido como um trabalho histórico. O sonho da inédita classificação à Copa do Mundo, com a vaga na repescagem europeia assegurada com uma rodada de antecedência, nunca foi tão vívido aos albaneses.
Ao longo de pouco menos de três anos à frente da seleção albanesa, Sylvinho já sustenta argumentos para ser considerado o maior treinador da equipe nacional em todos os tempos. Pode não parecer muito, em um país de trajetória modesta quando comparado a outros vizinhos de continente, mas já é algo enorme justamente pelas façanhas se emendarem numa nação de orgulhos futebolísticos tão escassos – e, por isso mesmo, tão valiosos. Mais importante, sem negar a influência do treinador nesta guinada.
A classificação à Euro 2024 foi marcante o suficiente para Sylvinho. Substituiu Edy Reja no comando da Albânia e em pouquíssimo tempo deixou clara sua revolução. A vaga no torneio continental podia não ser inédita, algo já concretizado pelo italiano Gianni De Biasi na Euro 2016, mas a repetição da qualificação soava improvável oito anos depois – e veio de forma incontestável. Os albaneses não só acumularam vitórias contra República Tcheca e Polônia, como também fizeram o suficiente para liderar a chave. O futebol eficiente e de propensão aos golaços permitiu a conquista. E, mesmo sem vitórias na fase final da Eurocopa, foi um desempenho louvável num dos grupos mais duros possíveis – com empate diante da Croácia, além de derrotas apertadas para Itália e Espanha.
Que a Euro represente bastante, ainda não se equipara à Copa do Mundo. O Mundial é a afirmação de grandeza perseguida por qualquer seleção. O atual formato das Eliminatórias não prevê vida simples aos postulantes a surpreender na Europa, especialmente quando a Inglaterra é sorteada como cabeça de chave de seu grupo. Mesmo assim, a vaga na repescagem vale muito à Albânia. Não é apenas que o sonho permanece na cabeça: ele é palpável, pensando nos prováveis concorrentes.
E a segunda colocação do Grupo K já tem seu viés histórico à Albânia, após ser sorteada no Pote 3. Não deu para peitar a Inglaterra, realmente. Mas os albaneses fizeram sua parte contra as frágeis Letônia e Andorra, antes de proporcionarem mais uma campanha memorável diante da rival Sérvia. O favoritismo pela repescagem era dos sérvios, com um elenco mais badalado e um passado de respeito em Eliminatórias da Copa, com cinco classificações para os últimos sete Mundiais desde o desmembramento da Iugoslávia. O momento, contudo, era da Albânia. Assim foi também a história.
Se a Albânia até passou pela Sérvia na caminhada rumo à Euro 2016, a classificação dependeu de uma vitória nos tribunais. Os albaneses perderam o clássico em casa e só ganharam fora por causa do célebre drone que desencadeou a confusão em Belgrado, com os sérvios punidos pela pancadaria. Desta vez, o time de Sylvinho foi superior no campo mesmo. O empate por 0 a 0 em Tirana não foi o melhor resultado, mas manteve a chama viva. O triunfo em Leskovac, por outro lado, não só possibilitou a classificação: pode ser considerado também a maior vitória da história da seleção albanesa, na casa dos eternos inimigos. Diante de tamanha tensão, num jogo movido da capital para o interior por causa da pressão recente da população contra o governo da Sérvia, mas trazendo um elemento geopolítico com a proximidade da fronteira de Kosovo, o simples 1 a 0 bastou para uma das maiores demonstrações de orgulho vividas nas ruas da Albânia. Foi a afirmação de um país e de seu rico passado, diante dos maiores rivais.
Sylvinho proporcionou esse momento. E conseguiu com um time moldado por sua visão, entre jogadores que conseguiu recrutar para fortalecer o elenco e outros que trazem boa experiência da elite europeia. A seleção da Albânia não é um primor, mas tem seu valor a reunir tantos atletas com vivência nas grandes ligas, em especial na Serie A – como Thomas Strakosha, Elseid Hysaj e Berat Djimsiti. Aos 23 anos, Kristjan Asllani desponta como o talento geracional, e foi dele o gol da vaga na repescagem, no 1 a 0 sobre Andorra desta quinta. Outros claramente cresceram nas mãos do treinador, a exemplo de Qazim Laci, Arbër Hoxha e Jasir Asani. E se o ataque tem figuras sob escrutínio, resolveu quando necessário. Rey Manaj foi o herói em Leskovac, apoiado por Armando Broja e Myrto Uzuni.
Na história das Eliminatórias da Copa, nunca a Albânia tinha ficado entre os dois primeiros de um grupo – nem quando a Europa tinha menos países. Chegou em terceiro em sua chave para o Mundial de 1986, num desempenho surpreendente com vitória sobre a Bélgica e empate com a Polônia, mas sem chances reais de classificação. Igualmente ficou em terceiro nos qualificatórios para 2018 e 2022, mas sem bater de frente com os favoritos. O que acontece rumo a 2026 é uma quebra de paradigma, centrada em um bom trabalho técnico. Se hoje os albaneses são competitivos, é porque possuem um time claramente bem treinado.
O sucesso na Albânia não deixa de esconder os altos e baixos na carreira de Sylvinho. Fez um trabalho péssimo no Lyon e não se sustentou no Corinthians. Por outro lado, enfatiza a sua volta por cima. Depois de ser ridicularizado por parte da torcida e até da imprensa pelo fracasso nos alvinegros, o treinador confiou no seu taco e se mostrou o nome ideal para a Albânia. Entendeu a realidade da seleção, impôs sua ética de trabalho no dia a dia além das Datas Fifa e montou uma comissão técnica igualmente competente. Pesa a trajetória do ex-lateral, com diferentes vivências na Europa por Arsenal, Celta, Barcelona e Manchester City – algo agregado também por Doriva e Pablo Zabaleta como seus auxiliares. Pesa ainda mais a formação do brasileiro como técnico, incluindo suas passagens como assistente de Roberto Mancini na Inter e de Tite na Seleção.
Mais especial é a sinergia que Sylvinho constrói na Albânia. O treinador compreendeu e abraçou o país. Optou por se estabelecer o ano todo na capital, enquanto monitora os convocáveis e traça seu plano de trabalho – num tipo de ação que pode parecer comum, mas nem sempre se nota como padrão entre as seleções. Jogadores compram o seu discurso, enquanto a torcida o apoia fielmente. A partir disso, ele pôde absorver o significado de seu papel e o tamanho da paixão dos albaneses pela seleção. Não é à toa o clima que se vê a cada partida das Águias de Duas Cabeças em casa ou mesmo o valor dado aos grandes jogos, como diante da Sérvia. É mérito de Sylvinho proporcionar isso, entendendo o contexto do futebol de seleções na Europa.
Sem cair na ladainha corporativista, o Brasil têm uma história imponente entre os treinadores do futebol de seleções. Diversos técnicos brasileiros levaram países pela primeira vez a Copas do Mundo, conquistaram competições continentais, foram tratados como reis em terras estrangeiras. Sylvinho pode ser mais um desses, mas com a raridade de triunfar na Europa, onde o espaço aos brasileiros sempre foi mais escasso – apesar da exceção de Otto Glória, semifinalista com Portugal em 1966 e provavelmente o maior exemplo que os técnicos brasileiros podem ter de sucesso no exterior.
Para chegar no ápice, Sylvinho tem uma repescagem a encarar. A Albânia é o único time confirmado nesta etapa até o momento, mas já dá para vislumbrar adversários duros como Itália e Turquia na disputa. Os oponentes podem ter mais bagagem e mais talentos à disposição que os albaneses, mas nada que intimide o suficiente. Os últimos dois anos mostram que as Águias de Duas Cabeças podem enfrentar qualquer adversário de igual para igual. É uma seleção que descobre sua força e seu orgulho. Que possui um treinador para extrair o máximo em condições que nem sempre são propícias – e ele é brasileiro, mesmo que tantos colegas de profissão do país pareçam se esquecer dele.
NA EDIÇÃO ANTERIOR DA NEWSLETTER…
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França chegará à Copa do Mundo com caras novas e a mesma força
Por Bruno Bonsanti
A atual campeã mundial é a Argentina, mas a principal seleção dos últimos 10 anos foi a França. Finalista e semifinalista da Eurocopa e duas decisões de Copa do Mundo, com um título. A goleada por 4 a 0 sobre a Ucrânia na última quinta-feira (13) confirmou a bicampeã na próxima edição. Ela novamente chegará forte. Novamente como uma candidata. E ao mesmo tempo, cheia de caras novas.
Durante esse período, o seu trunfo foi a qualidade dos jogadores que poderia escolher (certamente não foi o criticado e muitas vezes mediano trabalho de Didier Deschamps) e principalmente a amplitude. Tantas opções que precisou ser convencida a dar mais uma chance a Karim Benzema e demorou para convocar Theo Hernández quando ele era o melhor lateral esquerdo do mundo, entre outros jogadores que seriam titulares nas principais seleções e não foram unanimidade na França.
Alguns destaques das duas finais de Copa do Mundo ficaram para trás. Aposentaram-se da seleção, como Antoine Griezmann, ou do futebol, como Raphaël Varane. Estão coletando os últimos cheques da carreira, como Olivier Giroud e Hugo Lloris, ou não se desenvolveram como se esperava por problemas físicos e outros motivos, como Thomas Lemar, Presnel Kimpembe, Samuel Umtiti e Nabil Fekir. Ou são o Pogba. Seria natural se houvesse uma oscilação, uma próxima geração não tão boa assim para substituí-los. Ao contrário, houve uma renovação.
A França enfrentou a Croácia em Moscou com Lloris, Pavard, Varane, Umtiti e Lucas Hernández; Pogba, N’Golo Kanté, Kylian Mbappé, Antoine Griezmann e Blaise Matuidi; Olivier Giroud. Entraram Steven Nzonzi, Corentin Tolisso e Fekir.
Desses, Mbappé é o único que teve uma participação significativa nas cinco rodadas das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Pavard e Hernández até foram convocados, mas não saíram do banco de reservas. Kanté jogou apenas a partida mais recente.
Quatro anos (e meio) depois, em Doha, a escalação de Deschamps já foi bem diferente. O time titular teve Jules Koundé, Dayot Upamecano, Theo Hernández, Adrien Rabiot, Aurélien Tchouaméni e Ousmane Dembélé, com Axel Disasi, Ibrahima Konaté, Youssouf Fofana, Eduardo Camavinga, Kingsley Coman, Kolo Muani e Marcus Thuram saindo do banco.
Por ser mais recente, é normal que haja mais permanecentes. Apenas Disasi e Fofana desapareceram As participações dos outros dependeram um pouco de condições físicas. Ousmane Dembélé, por exemplo, é o atual vencedor da Bola de Ouro, mas mal conseguiu contribuir à campanha porque passou o segundo semestre quase inteiro machucado. Com certeza está nos planos. Tchouaméni e Camavinga não atuaram tanto por causa de lesões. Por outro lado, Theo Hernández fez apenas quatro jogos em 2025, depois de se transferir à Arábia Saudita. Rabiot e Coman parecem mais reservas no momento.
A França pode se dar ao luxo de relegar medalhões a papéis secundários, ou inexistentes, por causa do novo fluxo de talento que conseguiu formar. Estes são os jogadores com 24 anos ou menos apenas na convocação para as últimas duas rodadas das Eliminatórias: Warren Zaïre-Emery, Rayan Cherki, Malo Gusto, Camavinga, Bradley Barcola, Hugo Ekitiké, Maghnes Akliouche, Michael Olise, Lucas Chevalier, Manu Koné, Khéphrem Thuram e William Saliba. Akliouche (Monaco), Koné (Roma) e Thuram são os únicos que não defendem um dos 10 clubes mais ricos da Europa e, no caso de Thuram, é apenas porque a Juventus passou por um metódico processo de autodestruição nos últimos anos.
Claro que na hora do vamos ver, Deschamps terá que buscar um equilíbrio entre os veteranos e os novatos, mas, pelo que estão jogando, alguns se impõem na convocação ou até no time titular. Olise explodiu na temporada passada e tem sido um dos destaques do começo quase perfeito do Bayern de Munique. Saliba se firmou como um dos melhores zagueiros do mundo. Ekitiké é uma das poucas notas positivas da temporada do Liverpool. Será impossível ignorar a dupla do PSG (Barcola e Desiré Doué) e é muito louco que ainda nem tenha começado a era de Camavinga e Tchouaméni como donos absolutos do meio-campo.
Só para se divertir, uma escalação da França com jogadores que não disputaram nenhuma das duas últimas Copas do Mundo teria Chevalier; MaloGusto, LenyYoro, CastelloLukeba e AdrienTruffert; Koné, Thuram, Olise, Cherki e DesiréDoué; Ekitiké. Quartas de final? Isso porque eu fui rígido e ignorei Saliba, que só foi passear no Catar (27 minutos contra a Tunísia). Deixei de fora nomes como Sacha Boey, Bafodé Diakité, Jean-Clair Todibo, Pierre Kalulu, Zaïre-Emery, Enzo Le Fée e Bradley Barcola, entreoutros, e esqueci de Christopher Nkunku. Porque, como Deschamps, eu posso escolher apenas 11.
PODCAST MEIOCAMPO #185
A França está classificada para a Copa do Mundo, mas a Itália vence no sufoco e segue em direção à repescagem. Portugal também se complica ao tropeçar contra a Irlanda, em jogo com Cristiano Ronaldo expulso. Na África, Camarões é eliminado pela RD Congo e está fora da Copa, enquanto a Nigéria de Osimhen avança. Analisamos o cenário completo das Eliminatórias e a mudança estrutural da MLS, que aprovou a adoção do calendário europeu.
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MLS adota calendário europeu e encara inverno para se plugar ao mercado global
Aposta da liga é fugir da NFL, valorizar seus playoffs em maio e vender melhor seus jogadores no mercado de verão
Por Felipe Lobo
A Major League Soccer (MLS) decidiu, em assembleia de proprietários nesta quinta-feira (13), fazer sua aposta mais ousada: adotar o calendário europeu a partir de 2027. A mudança, que alinhará a temporada de julho a maio, é uma fuga estratégica. A liga entendeu que seu maior produto, os playoffs, estava sendo “afogado” pela concorrência da NFL e do futebol americano universitário no outono. Além disso, via seus ativos, os jogadores, serem vendidos abaixo do preço em janeiro ou desmantelarem os times no verão. A MLS aceitou o desafio climático do inverno norte-americano para garantir playoffs em uma janela nobre (maio) e, enfim, se plugar de vez ao mercado global de transferências.
A temporada 2026 ainda será como a atual, de fevereiro a dezembro, mas em 2027 haverá um período de transição. De fevereiro a maio de 2027, será disputada a chamada Spring Season. Serão 14 jogos na temporada regular e depois playoffs que irão até maio. Depois, haverá férias até o começo da temporada já no calendário europeu, no meio ou fim de julho. Haverá, portanto, um campeão de 2026, um de 2027 e um da temporada 2027/28.
Playoffs vs. NFL: por que maio vale mais que novembro
O momento dos playoffs da MLS deveria ser o de maior atenção, mas o período em que acontece (fim de outubro a dezembro) é quando a pauta esportiva americana está dominada pela NFL e pelo futebol americano universitário. Concorrer com a NFL no mercado americano é sempre um mau negócio.
A mudança aposta em mudar esse foco. A temporada regular será disputada de julho a abril, com os playoffs concentrados em maio. A concorrência passará a ser a NBA e a NHL, ambas também em playoffs, mas isso é visto como menos fatal pela liga do que bater no muro da NFL.
Para a TV, isso é uma vantagem estratégica. A Apple TV, dona dos direitos globais da MLS até 2032, terá uma janela melhor para a audiência do seu produto premium. O evento em maio ganha relevância, o que pode aumentar os números (atualmente estimados em 120 mil pessoas por jogo, abaixo dos canais lineares anteriores).
A liga tem a ideia de deixar de ser uma geradora de receita local, com receitas de matchday (seja em presença nos estádios, seja em audiência) para ser uma atração nacional, com os jogos chamando a atenção de mais do que os torcedores de uma região, como acontece nas outras principais ligas americanas.
Para facilitar esse aumento da audiência, a MLS e a Apple TV entraram em um acordo de bom senso: acabaram com o MLS League Pass. A partir de 2026, o passe deixa de existir e todos os jogos estarão incluídos na assinatura padrão do Apple TV. Era algo limitante e, francamente, pouco inteligente para um produto que não é a NFL. Para a MLS, foi uma decisão estúpida da qual, felizmente, volta atrás. É um movimento similar ao que a Fórmula 1 fará nos EUA em 2026, quando a F1TV será integrada à Apple TV no território americano.
Há outro problema esportivo resolvido: as Datas Fifa de setembro, outubro e novembro, que hoje desfalcam os times nos momentos cruciais. Os clubes são obrigados a liberar jogadores e o calendário atual joga em meio às datas Fifa (lembra um outro país aí, mais ao sul). O mesmo vale para torneios como Copa América e Eurocopa. Mudar o calendário resolve isso.
O fim da “temporada de verão”: alinhando as janelas de compra e venda
Um dos maiores problemas do calendário solar no futebol global é o desalinhamento com as janelas de transferências. A mudança da MLS ataca isso de frente.
Atualmente, a principal janela da MLS é no começo do ano, momento difícil para contratar na Europa (meio de temporada e poucos jogadores sem contrato). As principais contratações chegam no meio do ano, com o campeonato em andamento. Vender também é um problema: negociar em janeiro (janela europeia de inverno) desvaloriza o atleta; vender em julho (janela de verão) desmantela o time no meio da competição.
Com o alinhamento, os clubes da MLS podem contratar jogadores sem contrato em junho e vender seus ativos no momento de maior valorização, permitindo que o clube comprador receba o jogador para a pré-temporada.
A MLS se posiciona como uma liga vendedora, similar a Portugal e Países Baixos, algo que era prejudicado pelo desalinhamento. Com o novo modelo, ela se torna mais atraente, embora possa dificultar a contratação de jogadores de ligas sul-americanas que ainda usam o calendário solar.
O preço da mudança: a neve e a longa pausa de inverno
A mudança de calendário tem um problema óbvio: o clima. Cidades do norte, como Toronto, Montreal, Minnesota e Washington, enfrentam invernos rigorosos. Por isso, será necessária uma pausa longa, como na Bundesliga: a MLS irá parar em meados de dezembro e retomar em meados de fevereiro, evitando o período mais denso do inverno.
Alguns clubes podem ter problemas, como o Montreal FC, que não tem gramado com aquecimento subterrâneo. Para os times do sul, por outro lado, o calendário passa a ser uma vantagem, pois deixam de jogar tantas vezes no período mais quente do ano, entre junho e agosto. Mesmo começando em julho, o número de jogos sob calor forte diminui.
Segundo a liga, 91% dos jogos do novo calendário serão realizados na mesma janela dos jogos atuais. Ou seja, a mudança tem um impacto muito menor do que o temido. Ainda assim, medidas serão tomadas para mitigar o problema, como ter mais jogos dos times do norte fora de casa nos períodos de inverno mais rigoroso.
O espelho da MLS (que o Brasil ignora)
Problemas em não respeitar datas Fifa, janela de transferências desalinhada com os principais mercados, questões climáticas. Poderia ser o Brasil, mas é a MLS. E eles resolveram agir.
As janelas desalinhadas fazem os clubes brasileiros perderem jogadores no meio da temporada e só conseguirem suas maiores contratações no meio do ano. Vendas fora de temporada poderiam ser mais lucrativas, sem a pressão de perder uma estrela em meio às disputas.
A questão do clima, dada como um problema grande na MLS pelo inverno, foi contornada com uma pausa. Aqui, o problema seria o inverso, o verão, mas o Brasil já joga de meados de janeiro a dezembro. É possível contornar isso (sim, reduzindo estaduais). E, claro, com uma pausa que fosse do meio de dezembro até fevereiro.
Uma liga jovem como a MLS adotar o calendário europeu antes do Brasil faz pensar. A MLS é, desde a sua concepção, uma liga onde os clubes são sócios. Aqui, os grupos (Libra e Liga Forte) ainda funcionam apenas como vendedores de direitos de transmissão, sem discussões relevantes de organização, arbitragem ou gramados.
Será que a MLS está dando os passos que o futebol brasileiro não tem coragem de dar? Mesmo que tecnicamente a liga seja pior — e isso não irá mudar no curto prazo —, os passos parecem ser para melhor. Se o futebol brasileiro ficar só apontando para o escudo com cinco estrelas, a nostalgia será tudo o que resta.
Giro
- Se a Noruega enfiou 11 na Moldávia, por que a Itália não poderia fazer a mesma coisa? Não vale dizer que é porque ela não tem Erling Haaland ou porque é treinada por Gennaro Gattuso, ou qualquer outra resposta certa que invalida a minha pergunta retórica (e irônica). A impossibilidade era tão clara que atuou como um time que sabia que não conseguiria chegar nem perto e venceu por apenas 2 a 0. Outra pergunta que eu gostaria de fazer é por que Gattuso, em vez de reclamar da quantidade de vagas da África, não escalou o cara que marcou cinco gols e deu quatro assistências nos últimos quatro jogos em uma partida na qual precisava golear por dois dígitos para pelo menos ter uma chance de vaga direta. Mateo Retegui entrou no segundo tempo. A Itália está fadada à loteria da repescagem mais uma vez. O resultado que complicou a sua vida foi a derrota no confronto direto, mas esse ela ainda poderia devolver em San Siro no próximo domingo. O que a impede de ter uma chance realista de se classificar diretamente é que, enquanto a Noruega fez 16 a 1 no placar agregado dos dois confrontos contra a Moldávia, a Itália ficou no 4 a 0. (Bruno Bonsanti)
- Caso a Noruega confirme sua vaga na Copa do Mundo às custas da Itália, ainda terá um gostinho de revanche histórica. Os italianos foram algozes dos noruegueses nos maiores momentos da sua seleção. As três eliminações dos escandinavos nos Mundiais que disputaram ocorreram justamente diante da Azzurra: nas oitavas de final das Copas de 1938 e 1998, bem como na fase de grupos de 1994 – quando todos os times do Grupo E somaram quatro pontos, e os noruegueses foram eliminados na lanterna com sua única derrota para a Itália. Mesmo o bronze olímpico da Noruega em 1936, feito enorme após eliminar a Alemanha diante de Hitler nas arquibancadas em Berlim, teve derrota para os futuros campeões, os italianos, na semifinal. (Leandro Stein)
- Em uma das cinco entrevistas mais bizarras da história do jornalismo, Cristiano Ronaldo disse que não sonha em conquistar a Copa do Mundo. São apenas oito jogos. Ganhar um torneio não prova nada. E se dá para criticá-lo por outras declarações, como a afinidade com Donald Trump ou a cutucada nos mil gols de Pelé, pelo menos nessa parece que ele não estava mentindo. Porque, na partida que poderia selar vaga de Portugal, foi expulso de maneira idiota, por uma cotovelada que só poderia ter sido dada pelo último homem vivo que não sabe que existe árbitro de vídeo. Ainda saiu reclamando. A última vez que a Irlanda marcou dois gols em uma seleção razoável (excluindo Hungria, Bulgária, Finlândia, Gibraltar, Letônia, e outras das vítimas favoritas de Ronaldo) foi em um amistoso com a Noruega em novembro de 2022. Em jogos oficiais, foi em uma derrota por 3 a 2 para a Sérvia em 2021. Pelo menos, Portugal precisa apenas vencer a Armênia em casa para se classificar à Copa do Mundo. (Bruno Bonsanti)
- Depois de mandar um recado para Jude Bellingham o deixando fora dos jogos de outubro, Thomas Tuchel voltou a convocá-lo e aproveitou para mandar um recado. O que eu posso fazer? O cara gosta de recados. Tuchel deixou o jogador do Real Madrid no banco contra a Sérvia e manteve Morgan Rogers, um dos destaques das três partidas anteriores, na função de camisa 10. Ele havia mencionado a importância de incentivar a continuidade e premiar os jogadores que tiveram uma grande atuação em Belgrado. Não parece ter sido nada pessoal com Bellingham porque Foden também começou na reserva, mas segue sendo uma situação meio estranha. Dois belos tapas, de Bukayo Saka e Eberechi Eze, deram a vitória por 2 a 0 aos ingleses, ainda com 100% de aproveitamento nas Eliminatórias Europeias. (Bruno Bonsanti)
- A melhor campanha da República Democrática do Congo em Eliminatórias desde 1974 não é sem motivos, e ficou mais clara após a classificação sobre Camarões na repescagem. Os Leopardos possuem bons desempenhos recentes na Copa Africana de Nações, incluindo duas semifinais nos últimos dez anos, mas nada comparado à consistência do atual ciclo. É um time que reúne a experiência de Chancel Mbemba e Cédric Bakambu, o bom momento de Fiston Mayele, a opção de jogadores como Aaron Wan-Bissaka pelo país ancestral e a ascensão de talentos como Noah Sadiki. A vitória sobre os camaroneses pode ter vindo apenas nos acréscimos do segundo tempo, com o desvio decisivo de Mbemba, mas os congoleses foram superiores na partida e também em toda a campanha, na qual sucumbiram apenas diante de Senegal em sua chave. Por estas semifinais, se indicam já como representantes africanos mais fortes da repescagem – eliminar a Nigéria na decisão, no próximo domingo, não será nenhuma surpresa. Quem vencer jogará a repescagem intercontinental, em março. (Leandro Stein)
- Impressiona como, em Copas do Mundo, Camarões ainda vive dos louros de 1990. Os Leões Indomáveis venceram três jogos naqueles mágicos dias na Itália, após o barulho causado pelos três empates na Espanha em 1982. Desde então, os camaroneses jogaram seis Mundiais (18 partidas) e só tiveram mais duas vitórias – incluindo contra o mistão do Brasil no fim da fase de grupos em 2022. A eliminação na repescagem é mais do que merecida, de um time que fez pouco desde a fase de grupos, na chave de Cabo Verde. A renovação, apesar de nomes como Carlos Baleba e Karl Etta Eyong, não engrena e o time ainda depende de um figurão como Vicent Aboubakar, em descendente na carreira. Frank Anguissa fez muita falta após se lesionar, Bryan Mbeumo perdeu uma ótima chance de decidir o confronto e André Onana até evitou o gol congolês antes. Mas o grande problema está mesmo na gestão, com Samuel Eto’o envolto por controvérsias na presidência, tantas vezes mais interessado no benefício próprio. E se o governo no passado já influiu de forma positiva, como na convocação de Roger Milla em 1990, não acertou a mão com o técnico Marc Brys. (Leandro Stein)
- A eliminação do Gabão na repescagem, diante da Nigéria, é daquelas que sempre serão lembradas sob controvérsia. Os Panteras poderiam ter saído em vantagem no fim do jogo, quando o placar ainda estava zerado, mas o pênalti foi negligenciado pela arbitragem. O puxão na camisa dentro da área foi claro e o VAR chamou o árbitro para a revisão, o que só deixa mais latente a sensação de favorecimento aos grandões. Não dá para ignorar, porém, que faltaram pernas aos gaboneses e que, mesmo perdendo chances claras, os nigerianos possuem um conjunto mais forte. Foram bastante superiores, apesar da demora para resolver o jogo. Além do virtual penal e de um gol agonizante de bola desviada, Pierre Emerick Aubameyang e Denis Bouanga deram poucos motivos para fazer crer em seu conto de fadas. Por sua vez, Victor Osimhen passou longe de sua noite mais inspirada (foi clamorosa sua falha no lance que poderia ter resolvido a parada nos acréscimos do segundo tempo) e, no entanto, fez os dois tentos que sacramentaram a goleada por 4 a 1 na prorrogação. Mais importantes ainda foi a dupla do Sevilla, Akor Adams e Chidera Ejuke. Ambos despontam em La Liga, ganham merecido espaço na seleção e sustentaram as esperanças com seus gols. Wilfred Ndidi, embora sem tanto prestígio em seu momento atual no Besiktas, também fez o que se espera de um capitão, com a jogada que abriu caminho à tranquilidade na prorrogação. (Leandro Stein)
- A seleção do Iraque costuma decepcionar em momentos decisivos nas Eliminatórias, mas tem motivos para se sentir confiante na última fase do qualificatório asiático, que dá uma vaga na repescagem intercontinental. O empate por 1 a 1 na visita aos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dhabi, foi ótimo e deixa o cenário propenso à classificação em Basra, onde os Leões da Mesopotâmia terão o calor de sua torcida. Os iraquianos abriram o placar e, apesar do empate cedido, só não fizeram mais no primeiro tempo porque o goleiro Khalid Eisa operou milagres na meta emiradense. Já no segundo tempo, a equipe de Graham Arnold recuou e poderia ter sofrido a virada, mas ainda assim voltará para casa com motivos para acreditar. Esperava-se mais de EAU, com o time demorando a engrenar. As entradas dos brasileiros naturalizados ajudou na etapa final, mas ainda assim a criação se viu limitada a chutes de longe e bolas paradas. Soou como oportunidade desperdiçada – mais uma, como foi na eliminação para o Catar na fase anterior. (Leandro Stein)
- A uma rodada do fim da fase de classificação, são três boas histórias próximas de se concretizar nas Eliminatórias da Concacaf, a começar pela possível vaga inédita de Suriname. A equipe de Stanley Menzo encarou como deveria o jogo decisivo contra El Salvador, pela penúltima rodada, e goleou por 4 a 0 em Paramaribo, com destaque aos dois gols de Richonell Margaret – atacante que também desfruta do conto de fadas do Go Ahead Eagles na Holanda. O resultado é essencial não somente por manter os surinameses na liderança do Grupo A, como também por ampliar a vantagem no saldo de gols em relação ao Panamá, segundo colocado. Nada está garantido ainda e o compromisso final deve guardar sua pressão, mas o cenário parece aberto ao Suriname para visitar a Guatemala e só precisar manter a vantagem sobre os panamenhos na tabela. O líder de cada grupo vai diretamente à Copa, enquanto os dois melhores segundos colocados da Concacaf jogarão a repescagem intercontinental. (Leandro Stein)
- O Panamá, aliás, fez o jogo mais intenso dessa penúltima rodada das Eliminatórias na Concacaf e poderia estar em situação até pior, não fossem os suados 3 a 2 sobre a Guatemala. Mesmo num caldeirão fora de casa, Cecilio Waterman anotou dois lindos gols no primeiro tempo para os panamenhos. Os guatemaltecos, ainda com chances de classificação até aquele momento, renasceram na segunda etapa com dois gols anotados num intervalo de três minutos. Contudo, José Fajardo apareceu para um gol salvador que recolocou o Panamá em vantagem e eliminou a Guatemala, enquanto o goleiro Orlando Mosquera ainda fez milagre nos acréscimos. A Maré Vermelha tem a seleção mais forte dessas Eliminatórias da Concacaf, mas desperdiçou pontos quando não poderia. Porém, mesmo se não ultrapassar Suriname na rodada final, vai em boas condições para a repescagem intercontinental. (Leandro Stein)
- Curaçao também só depende de si na rodada final para a classificação inédita, mas terá que enfrentar uma verdadeira final na visita à Jamaica em Kingston. Os curaçauenses fizeram sua parte nesta quinta e não tomaram conhecimento de Bermuda, com a goleada por 7 a 0 inspirada pelos irmãos Juninho e Leandro Bacuna. Foi uma noite de golaços e muita produção ofensiva dos favoritos. Contaram também com a ajuda de Trinidad & Tobago, que arrancou o empate por 1 a 1 diante da Jamaica em Port of Spain, graças a um gol anotado aos 40 do segundo tempo – que não evitou a eliminação dos trinitinos. Os jamaicanos precisarão vencer na rodada final e possuem um time mais experiente, mas que anda abaixo da crítica em momentos decisivos nos últimos anos. Curaçao tem a seu favor, além da vantagem do empate, também um conjunto mais leve para lidar com a pressão e um treinador que conhece os atalhos como Dick Advocaat. O sonho está vivíssimo. (Leandro Stein)
- O Grupo C vai para a rodada final com três seleções vivas na disputa, mas caminho aberto ao Haiti para disputar sua primeira Copa desde a estreia em 1974. Apesar de não poderem jogar em casa por questões de segurança, os haitianos aproveitaram muito bem o mando em Curaçao para vencer a Costa Rica por 1 a 0. Seu forte ataque preponderou, com o gol decisivo de Frantzdy Pierrot ainda no primeiro tempo, mas o protagonista foi o goleiro Johnny Placide, responsável por uma série de defesaças. Que o ocaso da geração de ouro seja doloroso aos costarriquenhos, havia condições. E permanecem, muito graças à hecatombe de Honduras. Os Catrachos só dependiam de si, mas sucumbiram na visita à Nicarágua, eliminada mesmo ao vencer por 2 a 0. Pouco adiantou o bombardeio dos hondurenhos no segundo tempo. Honduras ainda está à frente na tabela, com os mesmos oito pontos dos haitianos e dois gols a mais no saldo, mas não terá vida fácil no clássico fora de casa contra a Costa Rica – dois pontos atrás e dependendo da vitória a qualquer custo para ir pelo menos à repescagem. Mesmo na segunda posição hoje, o favoritismo é do Haiti, com o mando a seu favor e só precisando aproveitar o duelo ante a eliminada Nicarágua – mas sem achar que será moleza. (Leandro Stein)
- Justo numa Data Fifa tão importante, o futebol se despede de um treinador de notáveis feitos internacionais: Xabier Azkargorta, falecido aos 72 anos, em consequência de um problema cardíaco. Como atacante, o basco não teve grande impacto pelo Athletic Bilbao e se aposentou aos 24 anos, por conta de uma lesão no joelho. Em compensação, começou cedo como técnico e formou-se também em medicina. Azkargorta ganhou projeção antes de completar 30 anos, tornando-se o comandante mais jovem de La Liga durante os anos 1980, à frente de clubes como Espanyol, Sevilla, Valladolid e Tenerife. O país onde o treinador é mais amado, contudo, é a Bolívia – El Bigotón (famoso por seu bigode grosso) virou sinônimo da eclosão da maior geração do futebol local. Assumiu a seleção em 1993, aos 39 anos, e liderou a histórica campanha nas Eliminatórias da Copa, em que provocou a primeira derrota do Brasil na competição e levou La Verde de volta ao Mundial após 44 anos. Teria outra passagem pela equipe nacional de 2012 a 2014, pouco antes de dirigir o Bolívar rumo à semifinal da Libertadores de 2014, no melhor desempenho de um clube boliviano na competição continental. Também treinou Oriente Petrolero, Sport Boys, Atlético Palmaflor e a seleção do Chile na América do Sul. Ao redor do mundo, trabalhou ainda no México, na China e no Japão, onde conquistou a J League pelo Yokohama Marinos em 1998, além de ter sido embaixador do Real Madrid na América. Deixa um legado de grandes aventuras, frases marcantes e um carisma que se espalhou pelo globo. (Leandro Stein)










