Uma análise grupo a grupo do sorteio da Copa do Mundo 2026
Apesar de muitos esforços contrários, as bolinhas rolaram em Washington e o Mundial do ano que vem finalmente tomou forma
Newsletter Meiocampo — 5 de dezembro de 2025
Chegou o momento em que o sonho começa a ganhar corpo. O sorteio da Copa do Mundo de 2026 não é apenas uma formalidade de bolinhas e potes; é o instante em que o abstrato se torna concreto, em que a ansiedade ganha data e adversário. Assim como em 1994, quando os Estados Unidos nos receberam para uma jornada inesquecível, o mapa do tesouro está prestes a ser desenhado novamente em solo norte-americano. Mas enquanto o futuro se define nos telões da Fifa, o presente nos oferece desfechos imperdíveis: analisamos o que o título brasileiro diz sobre a verdadeira força do Flamengo em 2025 e dissecamos o embate de filosofias entre o “Country Club” de Messi e a engenharia tática de Müller na final da MLS. O futebol respira passado, presente e futuro nesta edição.
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A Copa do Mundo começou: uma rápida análise de cada um dos grupos
Por Bruno Bonsanti
Donald Trump, presidente dos EUA, queria muito ganhar o prêmio Nobel da Paz, alegando que acabou com oito guerras. Ou sete. Ou seis. O número exato não importa porque… bom, não é verdade, mas, em sua muito pouco digna cruzada para manter o grande líder feliz até o fim da Copa do Mundo, Gianni Infantino inventou um Prêmio da Paz da Fifa somente para entregar para ele. E nos obrigou a assistir o momento enquanto esperávamos o sorteio dos grupos.
Haja blá, blá, blá em Washington, onde Infantino também disse que a Fifa é a líder em fornecimento de felicidade para a humanidade há mais de 100 anos, e tenho que admitir que desta vez ele tem certa razão, porque o momento em que a papagaiada acabou, depois de uma hora e meia, e as bolinhas começaram a rodar eu fui mais feliz do que em muito, muito tempo.
Temos grupos. Chaves. Confrontos. A Copa do Mundo de 2026 chegou.
Grupo C: Brasil, Marrocos, Haiti e Escócia
No espectro entre o grupo mais fácil e o mais difícil que o Brasil poderia pegar, ficou no meio do caminho, talvez um passinho na direção do mais fácil. Havia poucas seleções mais complicadas que poderiam sair do segundo pote, talvez nenhuma. A Escócia não era nem a mais forte e nem a mais fraca do terceiro e, como havia a possibilidade de um clássico titânico com a Itália saindo do quarto pote, o Haiti ficou de bom tamanho.
Marrocos será o principal adversário. Se Walid Regragui conseguiu levá-lo à semifinal da Copa do Mundo com apenas três meses de trabalho, imagina o que poderá fazer com um ciclo inteiro. A eliminação para a África do Sul nas oitavas de final da última Copa Africana de Nações foi decepcionante. Aquela também foi sua última derrota usando os seus principais jogadores. Classificou-se com oito vitórias em oito rodadas, 22 gols marcados e apenas dois sofridos.
O atual melhor jogador africano é marroquino, Achraf Hakimi, do PSG, e o elenco que terminou em quarto lugar no Catar ganhou uma injeção de talento com as chegadas de nomes como Eliesse Ben Seghir, do Bayer Leverkusen, e Brahim Díaz, do Real Madrid. Não seria chocante um cenário em que a seleção brasileira termina o grupo atrás de Marrocos, principalmente considerando que Carlo Ancelotti está meio que trocando os pneus com o carro em movimento. O encontro mais recente, aliás, um amistoso alguns meses depois do último Mundial, foi vencido pelos africanos.
A Escócia conseguiu a classificação mais épica de todo o ciclo de Copa do Mundo com aquela vitória sobre a Dinamarca no Hampden Park. Um exemplo de como conseguiu ser mais competitiva do que se imaginava em muitos momentos do trabalho de seis anos de Steve Clarke. Sua espinha dorsal, que em certos momentos tinha uma sobrecarga de qualidade na lateral esquerda, agora conta com nomes como Scott McTominay, Lewis Ferguson e John McGinn para auxiliar Andrew Robertson, um pouquinho na descendente da sua carreira.
Até a primeira classificação à Copa do Mundo desde 1998, o grande feito de Clarke à frente dos escoceses era ter se classificado para as últimas duas Eurocopas. O lado ruim foi não ter conseguido ganhar um jogo em nenhuma delas. A última vitória da Escócia em uma grande competição foi contra a Suíça na Euro de 1996. Está clara qual será a sua principal missão na América do Norte.
O encontro com o Haiti é cheio de simbolismo, não apenas pela parte política, mas porque o país caribenho passou os seus 52 anos de hiato na Copa do Mundo torcendo pelo Brasil. Uma pesquisa do Departamento do Censo americano estimou que havia cerca de 850 mil imigrantes haitianos vivendo no país em fevereiro de 2024, então dá para esperar uma linda festa nas arquibancadas, embora seja uma das duas nações classificadas cujos cidadãos não podem entrar nos EUA.
O Brasil goleou o Haiti por 7 a 1 na Copa América do Centenário em 2016, mas eles melhoraram bastante desde então e até foram semifinalistas da Copa Ouro de 2019, eliminando o Canadá nas quartas e levando o México à prorrogação.
Grupo A: México, África do Sul, Coreia do Sul e Dinamarca/Tchéquia/Irlanda/Macedônia do Norte
O México não teve um ótimo ciclo. Muito pelo contrário. A sequência de classificações às oitavas de final terminou no Catar. Localmente, foi derrotado pelos Estados Unidos em três finais e não precisa passar muito tempo olhando para o seu elenco para concluir que ele já foi melhor. Após sucessivas contratações contestáveis de treinador, parece em mãos seguras com Javier Aguirre, que já o comandou em duas Copas do Mundo e melhorou um pouco a situação. Considerando esse cenário, o grupo poderia ter sido bem pior. A Coreia do Sul ainda tem um pouquinho para tirar de Son Heung-min e vem de uma campanha de classificação invicta, mesmo que nem sempre convincente. A África do Sul retorna para seu primeiro Mundial desde aquele que sediou, com o pedigree de ter sido a terceira colocada da última CAN. O adversário europeu de maior peso que pode sair da repescagem é a Dinamarca, que fez uma campanha decepcionante na última Eurocopa e perdeu a classificação direta para a Escócia. Caso derrote a Macedônia do Norte nas semifinais, decidirá a vaga contra a Tchéquia, que tem um punhado de bons jogadores, ou a Irlanda, embalada pelos seus feitos na última Data Fifa.
Grupo B: Canadá, Suíça, Catar, Itália/Gales/Bósnia/Irlanda do Norte
Eu tenho a sensação de que quase sempre que uma seleção do tamanho da Itália fica para trás na elaboração dos potes ela acaba caindo com uma cabeça de chave mais fraca. Não sei se é tão frequente quanto eu acho que é. Enfim, a Itália ainda tem que passar por Irlanda do Norte, Gales ou Bósnia para chegar lá e, se o fizer, se reencontrará com a Suíça, uma das responsáveis por ter lhe tirado da última Copa do Mundo. Mesmo com alguns dos seus pilares mais envelhecidos, e sem Shaqiri, aposentado da seleção, pinta como uma adversária forte depois de duas quartas de final na Eurocopa e uma classificação sem sustos. O Catar mal conseguiu fazer um bom papel na Copa que sediou e, embora seja o atual bicampeão da Copa da Ásia, teve uma classificação bastante acidentada, obrigado a passar pela repescagem após cinco derrotas em 10 jogos na terceira fase. Inclusive para o Quirguistão. Sem ter disputado as Eliminatórias, é difícil ter parâmetro em relação ao Canadá, mas parece que a empolgação é menor do que na edição anterior do Mundial. Disputou a Copa América ano passado e chegou às semifinais. Ficando à frente de Chile e Peru na fase de grupos e eliminando a Venezuela nas quartas, mas chegou.
Grupo D: Estados Unidos, Paraguai, Austrália e Turquia/Romênia/Eslováquia/Kosovo
Engraçado como os dois gigantes da Concacaf tiveram momentos bem ruins durante o ciclo para a Copa do Mundo que sediarão. Os Estados Unidos, por exemplo, foram goleados pela Colômbia, empataram com a Nova Zelândia e perderam três dos seus quatro confrontos mais recentes com o Panamá, um deles na disputa de pênaltis da semifinal da Copa Ouro - que não conquistam desde 2021. Até a chegada de Mauricio Pochettino demorou um pouco para engrenar. Os resultados dos últimos amistosos são positivos, principalmente porque acabou de vencer tanto o Paraguai quanto a Austrália, além de ter goleado o Uruguai. O Paraguai já teve elencos piores que o atual, que pelo menos conta com um punhado de jogadores importantes de clubes grandes do Brasil. No entanto, caso passe pela repescagem, a favorita do grupo deve ser a Turquia, em franca ascensão sob o comando de Vincenzo Montella.
Grupo E: Alemanha, Curaçao, Costa do Marfim e Equador
Está difícil avaliar a Alemanha. Depois de uma boa Eurocopa em casa, o último ciclo foi de altos e baixos, principalmente na campanha classificatória. Antes de golear a Eslováquia para selar a vaga, colecionou atuações fracas mesmo em vitórias e principalmente fora de casa. Ainda é um time treinado por um dos melhores treinadores do futebol de seleções, com nomes como Florian Wirtz e Jamal Musiala. No entanto, o Equador nunca esteve tão perigoso. Mesmo quando surpreendeu em outras edições, não era capaz de escalar tantos jogadores defendendo clubes importantes da Europa, como Moisés Caicedo (Chelsea), Piero Hincapié (Arsenal) e Willian Pacho (PSG). Fez uma campanha bem regular nas Eliminatórias, com apenas duas derrotas e cinco gols sofridos. Também não dá para descartar a Costa do Marfim, que não tem mais Didier Drogba ou Yaya Touré, mas pode reunir um elenco cheio de bons jogadores. Fez excelente eliminatória e é a campeã mais recente da Copa Africana de Nações. E até Curaçao, com um ótimo trabalho de garimpar descendentes no futebol holandês, pode fazer a Alemanha suar.
Grupo F: Holanda, Japão, Tunísia e Ucrânia/Suécia/Polônia/Albânia
Este é um grupo em que qualquer combinação de classificados, incluindo qual europeu saíra da repescagem, não me surpreenderia. A Holanda tem mais camisa e um elenco recheados de bons ou ótimos jogadores. Ainda sinto falta de um cara mais extraordinário para as horas decisivas, como ela teve à disposição em outros momentos. Ainda assim, tem sido bem regular nas duas passagens de Ronald Koeman e vem de duas grandes campanhas em competições internacionais (quartas na Copa-22 e semifinal na Euro-2024). Também passou por alguns percalços nas eliminatórias e não derrota uma campeã mundial desde 2019. O Japão é candidato a melhor time do ciclo fora da América do Sul e da Europa, como o Brasil descobriu em primeira mão no seu mais recente amistoso contra eles. Embora Suécia e Polônia sejam capazes de escalar jogadores do calibre de Alexander Isak e Robert Lewandowski, esta chave da repescagem é bem mais equilibrada do que parece e pode até produzir a Albânia de Sylvinho, um osso duríssimo de roer.
Grupo G: Bélgica, Egito, Irã e Nova Zelândia
A ótima geração belga agora é só a razoável geração belga, com alguns veteranos remanescentes, como Kevin de Bruyne e Romelu Lukaku, ainda que a temporada de Jérémy Doku pelo Manchester City até agora tenha sido sensacional. Não houve muita renovação além disso. Então, ainda bem que ela caiu em um grupo que parece bem acessível. O Irã já apresentou seleções mais competitivas para o mundo. A maioria dos seus jogadores recentemente convocados atua no futebol local e a liderança técnica ainda é o veterano Mehdi Taremi. O Egito conseguiu produzir bons parceiros de ataque para Mohamed Salah, como Omar Marmoush e Mostafa Mohamed, mas também já esteve mais forte e depende bastante de figurinhas carimbadas que passaram dos 30 anos. O próprio Salah parece estar começando a entrar na descendente. E a Nova Zelândia… é a Nova Zelândia.
Grupo H: Espanha, Cabo Verde, Arábia Saudita e Uruguai
Após o ocaso da sua geração dourada, a Espanha passou por uma fase em que gerava uma análise parecida com a da Holanda: um elenco homogêneo que precisava de um bom trabalho coletivo. Tanto Luis Enrique quanto Luis de la Fuente conseguiram entregá-lo. E aí ela ganhou Lamine Yamal, e Nico Williams, e parece que até um centroavante está pintando com a fase em que o volante Mikel Merino se encontra no Arsenal, então não dá para não considerá-la uma das favoritas ao título. O Uruguai deveria ser o seu principal adversário. Tem até um elenco mais equilibrado do que nos tempos de Óscar Tabárez, mas quem sabe o que diabos vai acontecer com um time treinado por Marcelo Bielsa? Talvez nem chegue à Copa do Mundo ainda treinado por Marcelo Bielsa. Então talvez haja uma abertura para a Arábia Saudita, que não desenvolveu a sua seleção na mesma velocidade que o fez com sua liga, parou nas oitavas de final das últimas duas Copas da Ásia e não impressionou nas eliminatórias. Ou mesmo para Cabo Verde, que também fortaleceu o seu time com jogadores da diáspora, chegou às quartas de final da última CAN e jogou Camarões para a repescagem nas Eliminatórias Africanas.
Grupo I: França, Senegal, Noruega e Iraque/Bolívia/Suriname
Eu estou tentando imaginar quantos gols Erling Haaland ou Kylian Mbappé marcarão se enfrentarem a Bolívia ou o Suriname, e até o Iraque, talvez o mais forte do trio que disputará esta chave da repescagem internacional. Eles podem garantir a artilharia da Copa do Mundo em um único jogo. Isso à parte, o grupo é forte. Senegal ainda tem a experiência de Sadio Mané, Koulibaly e Édouard Mendy, mas também novos protagonistas, como Illiman Ndiaye e Ismaïla Sarr - que nem são jovens, mas deram um saltinho durante o último ciclo. A Noruega compensou a demora para levar Haaland e Odegaard a uma grande competição com uma campanha impecável durante a qual zombou de uma tetracampeã do mundo. A sua experiência como um time realmente bom, porém, é recente e curta e será um teste de fogo enfrentar tanto os senegaleses, que ganharam da Inglaterra neste ano, ou a França, que ainda conta com o melhor elenco do futebol de seleções. Mas adquiriu um hábito perigoso de ser preguiçosa de vez em quando, o que pode custar caro neste grupo.
Grupo J: Argentina, Áustria, Argélia e Jordânia
Não me lembro de um ciclo de Copa do Mundo tão sussa de uma seleção grande quanto este da Argentina. Foi basicamente a turnê “Nós Amamos Lionel Messi”, com um monte de amistosos contra seleções mais fracas. Quando era para valer, liderou as Eliminatórias Sul-Americanas e conquistou a Copa América, então parece que continua forte. Até porque, a sua espinha dorsal é muito parecida com a campeã mundial, embora alguns nomes como Nico Paz ou Franco Mastantuono possam comer alguns minutos dependendo do que fizerem ao longo da temporada. A Áustria tem um elenco médio para os padrões europeus e melhorou coletivamente desde a chegada de Ralf Rangnick. No entanto, me preocupa que seus principais nomes, como Marko Arnautovic, Marcel Sabitzer e David Alaba, tenham perdido o bonde para surpreenderem em uma grande competição. A Argélia é um exemplo de como as Eliminatórias Africanas podem ser cruéis. Não se classificava desde 2014, exatamente o período que abrangeu o auge de Riyad Mahrez. Fez um dos melhores trabalhos de captação de descendentes em outros países e qualificou bastante o seu elenco. A Jordânia é uma das estreantes. Conseguiu classificação direta, à frente do Iraque, e traz o vice-campeonato da última Copa da Ásia na bagagem.
Grupo K: Portugal, Colômbia, Uzbequistão e Congo/Jamaica/Nova Caledônia
Assim, é difícil cravar, mas talvez seja a última Copa do Mundo de Cristiano Ronaldo, 40 anos, e ele nunca teve uma chance tão boa de ser campeão. A seleção portuguesa tem um dos melhores elencos do futebol de seleções e finalmente um treinador que sabe transformar esses jogadores em um time mais competente, aproveitando a base do Paris Saint-Germain, apesar de alguns tropeços na campanha classificatória. A Colômbia ainda carrega alguns veteranos como James Rodríguez e David Ospina e parece que terá um Luis Díaz na ponta dos cascos, com base no que ele vem fazendo pelo Bayern de Munique. Entre as novidades, destacam-se o lateral Daniel Muñoz, do Crystal Palace, e Luis Suárez (outro), do Sporting. Esse grupo deve receber a seleção mais forte da repescagem internacional. Embora não tenha se classificado diretamente, a República Democrática do Congo tem um elenco bastante equilibrado. Uzbequistão estava batendo na trave faz tempo para se classificar. Contará com a experiência de Eldor Shomurodov, tem um jogador do Manchester City que quase nunca joga e um monte de gente da sua liga local.
Grupo L: Inglaterra, Croácia, Gana e Panamá
É difícil medir exatamente a força da Inglaterra no momento. Thomas Tuchel tem apenas um ano de trabalho e, se venceu todos os jogos, com exceção de um amistoso com Senegal, não enfrentou muitas seleções brasileiras de 1970. Quando o bicho pegou de verdade, goleou a Sérvia em Belgrado no compromisso mais difícil do seu grupo e se classificou com a campanha perfeita - 100% de aproveitamento, nenhum gol sofrido. Não quer dizer nada. A Inglaterra é leoa de eliminatórias e isso nem sempre se traduz nas grandes competições. Os pontos a seu favor são que talvez Harry Kane esteja no melhor momento da sua carreira, Phil Foden está se recuperando e Morgan Rogers tem sido uma ótima adição. Contra, a situação estranha entre Tuchel e Jude Bellingham, com indiretas públicas e cobranças de comprometimento. Chegou em outras Copas do Mundo passando mais confiança do que agora. A Croácia está envelhecida. Seu principal jogador ainda é Luka Modric, outro quarentão, e a renovação foi bastante modesta por enquanto. Outrora uma das africanas mais fortes, Gana emendou campanhas fraquíssimas na CAN (uma vitória nas últimas três edições), mas se classificou sem nem ser cabeça de chave no grupo de Mali com uma campanha excelente. Ainda que não tenha conquistado a vaga com a facilidade que se imaginava em uma eliminatória sem Canadá, EUA e México, o Panamá é a quarta força da Concacaf.
PODCAST MEIOCAMPO #190
Comentamos sobre o sorteio da Copa do Mundo 2026. Analisamos grupo a grupo. Como ficou o grupo do Brasil? Quem se deu bem e quem se deu mal? Falamos sobre cada um dos 12 grupos da Copa do Mundo neste programa especial.
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O título do Brasileirão é um retrato até mais fidedigno da força do Flamengo de 2025
Por Leandro Stein
Como torcedor nascido nos anos 1990, o Flamengo me foi apresentado como o time mais vezes campeão brasileiro – com cinco títulos até aquele momento. Tal condição fazia parte dos princípios de grandeza para reivindicar o Fla como “maior clube do Brasil”, citado sobretudo ao lado do gigantismo de sua torcida. Algo que, para uma criança, soava feito um direito divino. Demorei 19 anos para comemorar, como flamenguista, meu primeiro troféu no Brasileirão. O título de 2009, inclusive, recobrou um ano depois o rótulo perdido de maior campeão nacional – discussões sobre a Taça das Bolinhas à parte. Pequeno demais para me lembrar de 1992, naqueles 17 anos de jejum o que restava muitas vezes na Série A ao rubro-negro era se apegar ao histórico. Passei anos a fio entre a infância e a adolescência sem ver uma campanha decente no torneio, assombrado pelo temor do rebaixamento, mas orgulhoso pelo fato de ser o maior campeão.
Pouco depois daquele desafogo milagroso em 2009, a conta do maior campeão nacional mudou drasticamente. A unificação do Campeonato Brasileiro com a Taça Brasil e o Robertão trouxe Palmeiras e Santos como maiores vencedores. Além disso, a Copa União se seguiu como uma discussão muito mais jurídica e clubística do que lúcida, para considerar qual campeonato reuniu de fato a principal disputa em 1987. Até o Corinthians, por um momento, chegou a superar o Flamengo no número de títulos nacionais. Entretanto, a mim e a muitos rubro-negros, aquele rótulo de “mais vezes campeão brasileiro” deveria ser inerente. Inegociável. Uma forma de honrar Zico, Júnior, Andrade e os demais que estabeleceram o Flamengo como um irrefutável gigante do Brasil, muito embora sua torcida e outras conquistas irradiadas por todos os cantos do país tenham feito isso décadas antes.
Por tudo isso, fiquei satisfeito quando Filipe Luís indicou que a prioridade do Flamengo para 2025 era a conquista do Campeonato Brasileiro. Recobrar o velho título de “maior campeão nacional” deveria ser um pressuposto dentro do clube – até porque o treinador rubro-negro, assim como eu, foi um daqueles torcedores que cresceram vendo isso como uma espécie de direito divino. Assistir ao Palmeiras abrindo frente nos últimos anos era algo que, particularmente, me incomodava. Meu entendimento do Fla quando criança era outro.
E vou confessar que, antes da definição da final da Libertadores, se me perguntassem para escolher um título ou outro, eu diria o Brasileirão. A decisão contra o Palmeiras mudou bastante o cenário, claro. A partir de então, o que passou a interessar mais era a revanche por 2021 e também um novo direito divino a ser adquirido: o de ser o primeiro clube brasileiro tetracampeão continental. Indo além, o de ser isoladamente o clube brasileiro mais vezes campeão da Libertadores, algo que qualquer torcedor flamenguista nunca tinha experimentado na vida. Mas eu não queria que, de alguma forma, a ambição em Lima botasse em xeque a importância que o troféu do Brasileirão também possui.
Não vou reclamar que, no fim das contas, o Flamengo ganhou os dois títulos. Teve a sua revanche particular, manteve Lima como um solo sagrado ao clube e se fincou como o time brasileiro mais dominante na história da Libertadores, o primeiro tetra. Mas aquele pequeno torcedor rubro-negro que ainda habita em meu peito só ficou plenamente satisfeito quando, nesta quarta-feira, a taça do Brasileirão foi erguida. A primeira em cinco anos, a terceira nas últimas sete temporadas, a nona na história – contando o vencedor “de fato” da Copa União, não só o “de direito” oficial. E minha quarta como flamenguista.
O simbolismo que a Libertadores de 2025 traz para o Flamengo é inegável. Foi uma conquista carregada por certa mística, e numa instância superior, de supremacia no continente. Todavia, o Campeonato Brasileiro de 2025 soa melhor como retrato do que foi o time de Filipe Luís ao longo da temporada. É uma tradução mais fidedigna de suas virtudes, de seus destaques e até mesmo do trabalho de seu treinador. No futuro, a lembrança do Fla de 2025 só estará completa quando se olhar a fundo o que aconteceu na Série A. A Libertadores parece pegar só a superfície – entre o que foi uma fase de grupos errática, a superação no fio da navalha contra os argentinos nos mata-matas e a revanche na final.
Se a comparação inescapável do Flamengo nos últimos tempos é com 2019, naquele ano as conclusões sobre o time de Jorge Jesus se misturaram muito mais entre Brasileiro e Libertadores. Óbvio, cada título possui seu valor inestimável sobre o momento: um veio com recorde de pontos e outro com um épico final que encerrou 38 anos de espera. Mas, a despeito da incerteza no início da campanha continental, o suprassumo daquele Fla avassalador é a Libertadores. Em 2025, me soa incongruente não colocar o Brasileiro como tão importante quanto ou até mais para explicar o que foi o time.
A começar pelo grande craque da temporada, Arrascaeta. O uruguaio foi importantíssimo na Libertadores, é evidente, com direito à assistência perfeita que valeu a taça. No entanto, sua versão mais mágica esteve mesmo no Brasileirão. Os gols, os passes, os toques de classe que o firmaram de vez como maior figura rubro-negra neste século. É impressionante como, desde que chegou ao Fla (e desde que surgiu no Defensor, na verdade), o meia persista em seu auge. O ápice técnico, de toda forma, está sendo vivido agora, aos 31 anos. O Brasileirão evidenciou com uma regularidade impressionante de seu espetáculo. É a campanha que cristaliza Arrasca como patrimônio e lenda do clube.
A constância é outra marca que fica desse Flamengo e que transparece bem mais no Campeonato Brasileiro. Que Filipe Luís não tenha chegado como treinador ao recorde de pontos dos tempos de jogador, isso não tira seus méritos pela solidez demonstrada pelos rubro-negros desde as primeiras rodadas. Foi um time que se colocou desde o princípio como candidato ao título, de um jeito que não tinha sido em 2019, por exemplo, ainda sob as ordens de Abel Braga na largada – e isso para não falar das gangorras muito mais intensas de 2020 ou 2009, os outros dois troféus na era dos pontos corridos. Filipe Luís tratou a Série A como norte de sua empreitada e a moldou para os pontos corridos.
Isso não significa que a liderança do campeonato não tenha trocado de mãos algumas vezes ou que o Flamengo não tenha enfrentado suas provações. É praticamente impossível ter um voo de brigadeiro no Brasileirão, em especial nesse formato de calendário, que encavala as retas finais das competições paralelas e provoca desfalques constantes pelas várias Datas Fifa no segundo semestre. Os últimos dois meses foram mais turbulentos, com a maratona final da Libertadores aumentando a exigência. Ainda assim, os rubro-negros cumpriram com sucesso a missão – com um fôlego que o principal rival, o Palmeiras, não teve nas duas frentes.
É um Flamengo que fecha o Campeonato Brasileiro invicto no Maracanã, com 14 de suas 23 vitórias conquistadas dentro de casa. Que possui o melhor ataque da competição desde justamente o time de Jorge Jesus. E que, ainda mais notável, por enquanto tem a defesa menos vazada de um campeão nacional desde o São Paulo de Muricy Ramalho em 2007. Agustín Rossi foi primordial na Libertadores, com defesas decisivas em várias fases, mas os 18 jogos sem ser vazado na Série A são um feito e tanto. Estava lá também como “tapa penales”, ao defender uma cobrança do Palmeiras essencial na vitória dentro do Allianz Parque. E se Danilo acabou agraciado com o papel de herói em Lima, o Brasileirão é que grava a dupla formada por Léo Ortiz e Léo Pereira como uma das mais seguras da história do clube – também entre as melhores da história recente do campeonato.
Não parece coincidência que quatro pilares da campanha (Rossi, Ortiz, Pereira e Arrascaeta) sejam os únicos jogadores do Flamengo que ultrapassaram a marca de 2 mil minutos em campo durante o Brasileirão. Outro trunfo de Filipe Luís foi o elenco, afinal. Tal capacidade competitiva em duas frentes pesadas foi possível pela vastidão de opções em diferentes setores do campo. A maioria das posições tinha duas alternativas em bom nível, algumas até três – em especial, as laterais e as pontas, com muitos nomes que impulsionaram a equipe. E o que poderia ser uma complicação no calendário, o Mundial de Clubes, na verdade auxiliou o Fla. O time saiu mais confiante depois de suas exibições nos Estados Unidos, enquanto o grupo se qualificou bem mais com os reforços.
Se por um lado este Flamengo entrou no Brasileirão num ritmo mais forte que o de 2019, como naquela versão o clube precisou assimilar diversas novidades e ganhou corpo graças ao mercado de transferências – com o auxílio do Mundial nessa transição. Jorginho é a principal estrela desses novatos, pela maneira como virou termômetro e contribuiu para o controle dos rubro-negros sobre as partidas. Saúl Ñíguez, ao seu lado, também fez grandes exibições no meio-campo. Carrascal virou um novo eixo criativo na ligação e um ótimo substituto a Arrascaeta, mas tão bem a ponto de reivindicar sua titularidade ao lado do uruguaio. Já Samuel Lino, apesar dos altos e baixos, causou um impacto imenso em sua chegada e se recuperou para ter o gosto de anotar o gol do título contra o Ceará.
Também reluz a trajetória de Pedro neste Brasileirão, bem mais que na Libertadores. Por um momento, o protagonista de outros títulos parecia com um pé fora da Gávea, ao entrar em rota de colisão com Filipe Luís. Entendeu as críticas públicas do treinador, trabalhou duro para recuperar a melhor forma e voltou a replicar a sequência goleadora de temporadas passadas. Foram 12 gols e seis assistências, marca excelente para quem disputou apenas 21 partidas no campeonato. Antes de sofrer a fratura no antebraço, infernizou o Palmeiras ao lado de Arrascaeta no Maracanã. Garantiu a vitória mais importante de toda a campanha.
Quando Pedro se ausentou, Bruno Henrique esteve presente, também com seu entrave particular. É de se questionar a leniência da justiça desportiva brasileira com os casos recentes de apostas, dos quais o atacante é uma face central. Mas, diante da pressão que sofreu, foi notável como o capitão recuperou seu papel decisivo. Mais uma vez, provou como não sente o peso do momento. Seus constantes gols nesta reta final da Série A, quando assumiu o posto de centroavante titular, fizeram a diferença para o campeão. Sublinharam um pouco mais seu nome na história do clube, como já gravado desde 2019.
Foi um Flamengo de atuações memoráveis no Brasileirão, com um futebol mais brilhante que na Libertadores. A goleada por 8 a 0 sobre o Vitória propiciou a noite mais imparável deste time, talvez a que melhor marcou seu amadurecimento, depois de momentos em que foi criticado por cair de rendimento no segundo tempo ou por nem sempre transformar em gols o volume de jogo. Mesmo assim, foram algumas goleadas na campanha, em especial no primeiro turno. Foi um Fla que ganhou clássicos importantes, sobretudo o duelo fundamental contra o Botafogo no returno. Mas nada como o peso das duas vitórias sobre o Palmeiras. A vantagem de seis pontos na tabela se estabeleceu pela imposição do Fla nos dois confrontos diretos, que por fim reverberou também na decisão da Libertadores.
Desde que o Campeonato Brasileiro adotou a fórmula dos pontos corridos, ser campeão depende muito mais do equilíbrio e não de um rompante arrebatador. O Flamengo, de forma curiosa, subverteu a cartilha em seus outros três títulos – seja pela decolagem estratosférica a partir das mudanças em 2019, seja pelo “deixou chegar” que contribuiu em edições mais equilibradas como as de 2020 e sobretudo 2009. O Fla campeão em 2025 é aquele que mais se encaixa no ideal de uma competição que cobra fôlego.
Não parece acaso que, nos anos mais recentes, com várias escolhas de treinadores que não vingaram, o Flamengo tenha correspondido melhor na Copa do Brasil do que na Série A. Filipe Luís corrigiu a rota para ser campeão nos mata-matas em 2024 e indicou um novo caminho nos pontos corridos em 2025. Quem sabe, para uma lição que faça os rubro-negros tratarem o Brasileiro de outra forma, como a raiz do planejamento – e os demais títulos que vierem serão consequência do bom trabalho. É dessa maneira que o Fla pode exercer um domínio no Brasileirão que, por sua atual estabilidade financeira, se sugere possível nos próximos anos. É dessa maneira que o Fla pode se reaproximar do Palmeiras na tabela histórica e recobrar aquela condição que, antes da unificação, o colocava como maior campeão nacional. Para muitos flamenguistas, mais do que um sonho, este era um direito adquirido pelos deuses do clube.
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A Newsletter Meiocampo conta com duas edições fixas semanais: às terças, exclusiva para assinantes, e às sextas, gratuita para o público em geral. Ocasionalmente, nossos assinantes também ganharão textos extras. Na última terça-feira, falamos sobre o título do Flamengo na Libertadores, o primeiro tetra brasileiro da competição; falamos também do estranho ano do Palmeiras; e também sobre como o Chelsea pinta como concorrente do Arsenal na disputa pela taça da Premier League.
Na final da MLS, o “Country Club” de Messi enfrenta a engenharia tática de Müller
Em jogo único na casa do favorito, inteligência espacial de Thomas Müller tenta anular o talento de Messi e provar que um time operário pode vencer o projeto de marketing da liga
Por Felipe Lobo
A noite de sábado em Miami promete um espetáculo, mas não será em uma casa de shows tradicional. O Chase Stadium recebe a MLS Cup, a decisão da temporada, opondo duas filosofias antagônicas. De um lado, o Inter Miami, construído como uma extensão da sala de estar de Lionel Messi. Do outro, o Vancouver Whitecaps, que utilizou a inteligência de Thomas Müller para elevar o teto competitivo de um elenco operário.
A final transcende o duelo Messi x Müller; é um embate de modelos de gestão. Miami apostou na importação de química pronta, reunindo talentos que jogam por memória muscular de outros tempos — um projeto com ares de “Barça Legends”. Vancouver optou pelo desenvolvimento de sistema: scouting criterioso, gastos controlados e uma estrela contratada não para carregar o piano, mas para ensinar os outros a tocá-lo. Foi a importação de inteligência tática, não apenas técnica.
O projeto da Flórida é a definição de high stakes. A franquia cercou Messi com seus escudeiros de confiança: Sergio Busquets, Jordi Alba e Luis Suárez. É uma tentativa de replicar, em solo americano, a dinâmica do Barcelona de 2015, campeão da tríplice coroa.
No entanto, reduzir o Miami a um “asilo de craques” seria um erro. O técnico Javier Mascherano entendeu que a biologia é implacável e ajustou o sistema para proteger seus veteranos. Jogadores como Tadeu Allende mostram polivalência e fôlego, tendo sido inclusive decisivos na final de conferência. Este ano ainda chegou Rodrigo de Paul, fiel escudeiro de Messi na seleção argentina, pronto para matar ou morrer pelo camisa 10 — e correr todos os quilômetros possíveis para permitir que o craque jogue com tranquilidade.
Ainda assim, a dependência é clara: se o jogo transitar para o choque físico intenso ou a correria desordenada, a estrutura do Miami sofre. Eles precisam que a bola chegue limpa aos pés de quem resolve; o sistema trabalha para o indivíduo. Quando a bola chega a Messi, ele resolve. O craque argentino marcou 35 gols, sagrando-se artilheiro da MLS, acompanhado pelos 19 de Tadeo Allende e outros 10 de Luis Suárez.
Além dos gols, Messi distribuiu 21 assistências, liderando a liga nesse quesito (seguido por Jordi Alba com 14, grande parceiro do argentino no Barcelona, e Suárez com 11). Messi participou diretamente de 56 gols do Inter Miami na temporada. São 35 gols em 33 jogos, um dado que fala por si só.
O Vancouver Whitecaps opera em outra frequência. A chegada de Thomas Müller no meio da temporada não foi para vender camisas, mas para ordenar o caos. Ele exerce sua função primordial de Raumdeuter — o interpretador de espaços —, atuando quase como um segundo treinador dentro das quatro linhas.
Essa “inteligência operária” potencializou nomes como o meio-campista Sebastian Berhalter — jogador de seleção americana e líder de assistências (10) — e o artilheiro Brian White, autor de 18 gols. Diferente de Messi, que resolve com a bola, Müller resolve sem ela, permitindo que um time tecnicamente inferior consiga competir através da organização coletiva. É uma equipe desenhada para deixar o time da Flórida desconfortável.
O grande problema da MLS, contudo, é a esquizofrenia do regulamento. A liga força uma série “melhor de três” na primeira rodada — um formato que lembra o Brasileirão de 1998/99 e flerta com a NBA — para depois decidir o título em jogo único, na casa de quem teve melhor campanha.
Diferente da NBA, onde a série longa dilui o acaso, ou da NFL, com seu campo neutro, a MLS criou um cenário que, neste ano, protege desproporcionalmente o Inter Miami. Em 90 minutos na Flórida, o talento individual de um time desequilibrado tende a pesar mais do que a consistência de um trabalho coletivo. O formato privilegia o evento televisivo — um “Super Bowl” de futebol — em detrimento de uma disputa esportiva mais interessante, expondo o gargalo de um calendário que busca o show a qualquer custo.
Para a liga, a vitória de Messi em casa é a peça de marketing perfeita, validando a estratégia de montar times ao redor de ícones globais. Mas uma vitória de Vancouver enviaria uma mensagem diferente: a de que a construção de elenco com pés no chão, liderada por veteranos que ainda entregam taticamente, pode superar o glamour. Já vimos essa fórmula funcionar na MLS outras vezes, mas nunca contra um gigante midiático desse tamanho.
Sábado, a MLS Cup decidirá não apenas um campeão, mas qual modelo de construção de time a liga pretende vender para o mundo: a genialidade plástica de Messi ou a ética de trabalho de Müller.
MLS Cup: Inter Miami x Vancouver Whitecaps
Quando: Sábado, 16h30 (horário de Brasília)
Local: Chase Stadium, em Fort Lauderdale, Flórida
Onde assistir: Apple TV
Até a próxima semana!









